— Namjoon, eu posso explicar! — Disse HaNi com desespero ao ver que Namjoon se afastava cada vez que ela tentava se aproximar dele.

— Explicar o que? Agora tudo faz sentido, eu fui um idiota. 

Namjoon estava com o coração despedaçado, observava atônito a cena diante de seus olhos. Seus lábios trêmulos mal conseguiam articular uma palavra, enquanto lágrimas amargas escorriam por seu rosto, reforçando a terrível realidade da traição. Seu peito ardia de dor, como se um punhal afiado tivesse sido cravado em seu coração. Sentia-se traído, enganado e completamente devastado pela tristeza. Seu mundo parecia desabar ao seu redor, e a sensação de impotência o dominava, deixando-o arrasado e sem esperança. Cada respiração era um esforço, cada batida do coração um lembrete constante da dor profunda que agora o consumia. 

— Namjoon, eles me obrigaram a vim — Ha Ni segurou o braço de Namjoon, tentava a todo custo fazer ele olhar pra ela.

Apesar da dor que Namjoon sentia ao se deparar com o verdadeiro caráter de sua esposa, Jungkook não conseguiu deixar escapar uma risada sarcástica. Seu ódio com aquela situação era evidente, ele mais do que ninguém estava ciente do mal que uma traição pode causar. 

— Vai continuar mentindo pra mim até o fim? — Disse Namjoon com a voz trêmula — Conheço os dois, são alunos da faculdade em que leciono e sei que não fariam algo assim... Todo esse tempo, você se divertiu rindo da minha cara enquanto ficava com outros homens?  

— Namjoon, não é o que parece, deixe eu explicar... Eu, eu bebi demais, acho que eles colocaram alguma droga na minha bebida, não estou consciente dos meus atos.  

Jungkook pegou seu celular e colocou o áudio que denunciava todas as atitudes sujas de HaNi. Namjoon ouviu aquilo tudo em silêncio, sua expressão era triste, não podia imaginar que a pessoa a quem se dedicou tanto o enganou esse tempo todo. 

— Estou sentindo muito ódio e nojo de você. Não quero mais ver a sua cara na minha frente, vá para casa dos seus pais, ou pra onde você quiser, só não apareça na minha casa. Mandarei suas coisas para casa dos seus pais, só a verei novamente para assinar os papéis de divórcio.  

HaNi chorava, gritava e tentava de todas as formas acusar Jungkook ou Taehyung alegando veementemente sua “inocência”. Tentou abraçar Namjoon, mas ele a afastou, apesar do ódio que sentia não queria fazer nenhum mal a ela.  

— Não toque em mim. Só por favor, some da minha frente.  

— Namjoon, a gente não pode terminar assim, você me ama.  

Namjoon riu com ódio. 

— O mais engraçado é que você diz que eu te amo, ao invés de dizer que me ama.  

— Namjoon, eu te amo, é sério, eu sei que você me ama e que não viveria sem mim... vamos pra casa resolver isso só nós dois. Isso é um mal entendido.  

— HaNi, espero que eu tenha sido bem claro sobre você não aparecer na minha frente — Namjoon pegou a carteira, tirou algumas notas de dinheiro e as jogou na cama — O quarto já está pago, durma aqui essa noite. O que você vai fazer a partir de amanhã já não é mais problema meu — Namjoon saiu do quarto sem olhar para trás, ela tentou segui-lo, mas Jungkook a barrou.  

— Nem pense nisso — Disse Jungkook se colocando na frente da porta.  

— Vocês armaram pra mim. Se não fosse por vocês, Namjoon não teria ido embora.  

— Você fez tudo isso, a culpa é só sua. Se amasse ele estaria em casa com ele, e não em uma balada procurando alguém, sua vadia — Jungkook respirou fundo, por mais que não quisesse levar aquilo pro lado pessoal, estava levando —, acha mesmo que iriamos se interessar por você? Se enxerga piranha.

— Vocês vão se arrepender disso! 

— Nossa, que medo — Jungkook revirou os olhos — Não apareça mais na frente de Namjoon. O aviso está dado. Vamos Tae, o ar aqui está poluído.  

Taehyung o seguiu, um pouco assustado com toda aquela situação. Ha Ni sendo uma pessoa desprezível e traidora, Namjoon descobrindo que a esposa sempre o enganou e Jungkook revivendo feridas dolorosas demais com toda aquela situação. 

... 

Namjoon desabava em lágrimas, sua mente atormentada por pensamentos confusos e dolorosos. Ele se questionava incessantemente sobre o que poderia ter feito de errado, tentando desvendar os motivos que levaram sua esposa a traí-lo. Durante todo o tempo, Namjoon se esforçou para ser um marido dedicado, carinhoso e romântico, buscando constantemente agradar sua parceira de todas as formas possíveis. Não compreendia onde falhou e por que ela decidiu magoá-lo dessa maneira devastadora.

A campainha ecoou por toda a casa, cortando o silêncio carregado de tristeza. Namjoon, relutante, ergueu a cabeça e olhou para a porta, sem qualquer vontade de atender a visita inoportuna. Inicialmente, tentou ignorar o som, mas a persistência e o incômodo do toque forçaram-no a se levantar, sentindo-se tomado por uma ira momentânea. Com a expressão carregada de irritação, ele se dirigiu à porta, pronto para fechá-la abruptamente na cara de qualquer pessoa. Naquele momento, não estava disposto a receber visitas, não estava de humor para interações sociais.

Ao abrir a porta, Jin estava parado diante dele, com os olhos rasos d’água.  

— Joonie, Tae me ligou. Eu sei que você está sofrendo e não quero que passe por isso sozinho — Namjoon olhou pro chão, em silêncio, seu rosto vermelho e seus olhos inchados — Me desculpe, eu devo estar te incomodando, eu vou embora.  

Jin se virou para ir embora, deu um passo adiante, mas Namjoon segurou seu pulso. 

— Jin... — Namjoon o puxou e o abraçou — Fica comigo, por favor.  

— É claro que ficarei com você — Jin o abraçou e acariciou seus cabelos. 

Namjoon desabou em lágrimas, buscando refúgio nos braços de Jin. Ele se entregou ao choro, afundando seu rosto no ombro reconfortante de Jin, como se encontrasse um porto seguro em meio à tempestade de decepções que o assolava. Naquele abraço apertado, Namjoon sentia uma mistura de tristeza, alívio e vulnerabilidade, enquanto as lágrimas banhavam suas bochechas. Jin permaneceu ali, acolhendo-o sem julgamentos, transmitindo uma sensação de conforto e apoio, como se fosse um bote salva-vidas emergindo em meio às ondas turbulentas de suas emoções. Juntos, eles compartilharam aquele momento de intensa conexão, onde as palavras se tornaram desnecessárias, pois a presença e o abraço de Jin eram o bálsamo que Namjoon tanto precisava naquele momento difícil.

— Jin, me desculpe. Um homem como eu, desse tamanho, chorando em cima de você como se fosse uma criança, deve ser estranho.  

— Namjoon, não pense assim, são seus sentimentos e não tem nada de estranho ou errado nisso. Chore o tanto que você sentir vontade, sei que está passando por algo difícil, mas estou aqui pra te ajudar. Você vai conseguir superar isso.  

— Obrigado por estar aqui comigo em um momento tão difícil — Namjoon sorriu, seus olhos cheios de lágrimas. 

— Estou com você em todos os momentos. Sejam eles bons ou ruins.  

— Obrigado de verdade Jin — Namjoon o abraçou novamente, estava emotivo com toda aquela situação. Se afastou minimamente, suspirou cansado e olhou para Jin — Vamos entrar e beber alguma coisa. Acho que é disso que preciso.   

— Trouxe cerveja porque eu sabia que poderia ser útil.  

— Por isso eu gosto de você, Jin — Namjoon deu um sorriso triste. 

Namjoon se acomodou no sofá e, com um gesto silencioso, convidou Jin a se sentar ao seu lado. Ele abriu duas latinhas de cerveja, oferecendo uma a Jin e segurando a outra em suas mãos trêmulas. Enquanto o líquido dourado deslizava pela garganta, eles começaram a compartilhar suas emoções e pensamentos sobre o doloroso acontecimento. Namjoon derramava lágrimas de tristeza e angústia, deixando escapar as mágoas de ter sido traído. Jin, com sua presença solidária e palavras reconfortantes, tentava aliviar a dor de Namjoon, oferecendo-lhe um ombro amigo para apoiar-se. Entre lágrimas e suspiros, Namjoon encontrou um espaço seguro para se abrir, expressar seus sentimentos e buscar consolo. 

— Eu tenho que agradecer por vocês terem me mostrado quem ela era. 

— Eu não iria permitir que ela te enganasse.  

— Pelo visto, se tratando de amor eu não tenho sorte.  

— Não diga isso, Namjoon. Você vai conhecer a pessoa certa, alguém que te ama de verdade.  

— Essa pessoa existe? 

— Sim, ela pode estar mais perto do que você imagina. 

— Então vou andar com meus olhos bem abertos pra não perder ela de vista — Namjoon riu. 

— Você já está bêbado? É muito fraco pra bebida.  

— Infelizmente ainda não estou bêbado, acho que o álcool não está fazendo muito efeito hoje. De qualquer forma, é melhor eu parar por aqui, não quero fazer algo que te magoe de novo.  

— Você realmente não se lembra o que fez naquela noite?  

— Me desculpe por eu ter esquecido. Por favor, me conte — Namjoon implorou.  

— Quero que você se lembre por si mesmo.  

— Já tentei e não me lembro. Eu te xinguei? Te bati? Te maltratei de algum jeito?  

— Você não fez nada de ruim comigo, pelo contrário.  

— Se não foi nada de ruim, então foi algo bom?  

— Sim, quer que eu te mostre o que você fez? 

— Por favor, a curiosidade dessa memória perdida está me matando. 

— Tudo bem. Vou fazer exatamente como você fez naquela noite  — Jin queria fazer Namjoon esquecer um pouco tudo o que tinha passado nas últimas horas. Queria distraí-lo. 

Namjoon olhava fixamente para Jin, seus olhos cheios de curiosidade e surpresa. Em um gesto ousado, Jin puxou o colarinho da camisa de Namjoon e, sem hesitar, o beijou com uma intensidade que transbordava amor. Os lábios macios de Jin encontraram os de Namjoon, e a sensação era arrebatadora. Inicialmente, Namjoon sentiu uma pontada de susto, um impulso para se afastar, mas conforme os beijos continuavam, algo dentro dele despertava. Seu corpo respondia a essa nova experiência de forma desconhecida, e uma onda de prazer e desejo percorria seu ser. Era uma sensação completamente nova para ele.  

No entanto, Jin interrompeu o beijo, deixando Namjoon um pouco confuso e frustrado. Ele ansiava por mais daquela conexão, desejava que o beijo continuasse a desvendar as emoções e os desejos que emergiam em seu coração.

— Jin, eu… te beijei naquela noite? — Perguntou, sua respiração ofegante. 

— Sim, você me beijou. Mas estava bêbado demais pra se lembrar disso. 

— Me desculpa, eu nem sei o que dizer — Namjoon fitou o chão. 

— Está pedindo desculpa pelo beijo ou por se esquecido do beijo?

— Pelos dois. Primeiramente eu não deveria ter tido essa audácia de te agarrar assim e segundo, pior ainda, por ter esquecido. 

— Nam, está tudo bem, não precisa se desculpar. Temos coisas mais importantes para se preocupar agora. 

— Isso também é importante. Tudo que eu menos queria era te magoar. 

— Fiquei magoado no dia, mas já passou. Estamos bem. 

— Obrigado Jin… e sobre o beijo… — Namjoon suspirou, seu rosto ficou corado — Foi um bom beijo — Ele passou o dedo nos próprios lábios, ainda sentia a sensação do beijo. 

— Eu tenho que carregar o fardo de além de ser lindo, beijar bem — Jin deu risada e o clima ficou leve. Namjoon sorriu junto com ele. 

... 

Hoseok percorria apressadamente os corredores da escola em busca de Yoongi. Seu telefone tocou, era Jin do outro lado da linha, oferecendo um convite para almoçarem juntos. Porém, Hoseok recusou educadamente, sabia que Jin estava preocupado com ele e desejava passar um tempo juntos para se certificar de que tudo estava bem. No entanto, Hoseok estava evitando qualquer proximidade com Jin, pois sua mente estava totalmente voltada para encontrar Yoongi, a pessoa que ocupava seus pensamentos e desejos no momento.

Assim que encerrou a chamada telefônica, Hoseok avistou Yoongi a certa distância e, sem hesitar, correu em sua direção, ansioso por encontrá-lo.

— Oi Yoon, tudo bem com você? 

— Oi Hobi, tudo bem sim e você? Como foi o fim de semana?  

— Pra falar a verdade eu não estou muito legal ultimamente, me sinto sozinho. Sabe que minha família mora em Londres né? Então, as únicas pessoas que eu tinha aqui eram meus amigos, mas parece que estão todos me abandonando, agora eu só tenho você Yoon. 

Yoongi pegou em sua mão, comovido por aquelas palavras.  

— Que bobeira, não diga isso, todos te amam. Ninguém está te abandonando.  

Hoseok sabia o ponto fraco de Yoongi e se aproveitava disso.  

— Yoon, almoça comigo hoje? É tão triste almoçar sozinho, ninguém quer a minha companhia.  

Yoongi o olhou com remorso e dó.  

— Claro Hobi, eu almoço com você sim. 

Yoongi tinha combinado de almoçar com Taehyung, mas se sentia triste por deixar Hoseok sozinho, então mandou mensagem para o namorado avisando que iria almoçar com o amigo. Taehyung respondeu que tudo bem ele ir e finalizou com um eu te amo e vários corações.  

Durante o almoço, conversavam sobre diversas coisas e riram muito. Sem perceber, Yoongi sempre colocava Taehyung no assunto. Quando falava dele, falava com empolgação e admiração, o que fazia Hoseok ferver de raiva por dentro, mas tentava disfarçar com alguns sorrisinhos falsos.  

— Então o namoro está indo muito bem?  

Yoongi ficou um pouco desconfortável quando percebeu que falava muito de Taehyung.  

— Bem… então…

— Yoon, eu já te superei, eu não gosto mais de você dessa forma, só estou perguntando como amigo.  

— Sério que está tudo bem pra você agora? 

— Claro que sim. Somos amigos, quero ver você feliz. 

— Obrigado Hobi... — Yoongi sorriu, feliz e aliviado, como se tirasse um peso das costas — Sobre a sua pergunta, o namoro está indo bem, eu amo muito o Tae e ele me ama muito também. É tão bom passar o tempo com ele. Estou completamente apaixonado.

— Que bom Yoon, fico feliz por você — Inveja e ciúmes o consumia por dentro — Pode ter certeza que eu prezo pela sua felicidade.  

... 

Kai estava concentrado lendo algo em seu tablet enquanto desfrutava de um café em um restaurante movimentado da cidade. De repente, levantou os olhos ao perceber a presença de alguém que havia parado bem à sua frente.

— Que bom que chegou, estava ansioso te aguardando. 

— O que quer comigo? Eu nem te conheço. 

— Temos muito o que conversar, pois temos algo em comum. Sente-se, essa conversa será longa.  

— O que temos em comum?  

— Ambos queremos separar Jin de Namjoon... HaNi é o seu nome, não é? Adorarei fazer uma parceria com você.