Backdoor escrita por llRize San


Capítulo 9
Querido professor




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… Bang Chan …

 

(Um ano antes da Revolução das Máquinas) 

 

Bang Chan observava com atenção os alunos, todos concentrados e silenciosos durante a realização das provas. Recordou-se dos tempos em que ocupava o mesmo lugar, enfrentando os exames finais na faculdade. Apesar de não ser um aluno medíocre, mas sim exemplar, a ansiedade sempre o afligia quando o assunto eram provas.

Sua personalidade sempre fora mais reclusa, metódica e organizada, seguindo à risca suas rotinas de estudo. Diversão era um conceito estranho em seu vocabulário... até que conheceu seu melhor amigo, Lee Min Ho, que, de acordo com seus pais, o estava levando para o mau caminho.

Lee Know era o oposto de Chan, sempre muito simpático, interagindo com todos e sendo o "galã" da universidade, o típico garoto popular. Chan inicialmente achava estranho que Lee Know quisesse andar com ele em vez dos garotos populares do curso de medicina veterinária, mas, com o tempo, percebeu que ambos tinham muitas coisas em comum. Essa amizade perdurou além dos anos da faculdade, tornando-se uma ligação duradoura. Chan seria o padrinho no casamento de Lee Know com Jisung, e estava animado para esse dia tão especial, tendo acompanhado todo o trajeto do casal desde o momento em que Lee Know chegou sorridente, contando que esbarrou no homem mais lindo do universo. Não havia ninguém no mundo que torcesse mais por esse casal do que ele. Como presente de casamento, Chan presenteou-os com a viagem de lua de mel dos sonhos: duas semanas em Paris.

Após as semanas de provas, a universidade estava tranquila, sem os alunos perambulando por lá. Chan ainda não estava de férias; precisava corrigir as provas e lançar as notas no sistema, enfrentando uma lista considerável de tarefas. Somente um café forte o ajudaria naquele momento.

Naquela manhã, Chan vivenciou uma situação cômica e diferente, algo raro em sua vida sempre tão pacata. Um pequeno rapaz simpático, com sardas no rosto e um sorriso cativante, "roubou" seu café, e não apenas o seu café. Pela primeira vez, Chan sentiu um frio na barriga ao contemplar o sorriso de alguém, mas o problema era que ele não tinha esperanças de encontrar novamente esse rapaz misterioso.

Quando Chan contou isso para Lee Know, o amigo apenas balançou a cabeça negativamente e fez um comentário: "Só lamento, um dia você vai estar casando com ele e fazendo todas as suas vontades porque simplesmente não consegue dizer não... ele vai te dominar e colocar rédeas em você, e o pior é que você vai gostar." Depois disso, Lee Know se calou ao receber um olhar de reprovação de seu noivo.

Os meses se passaram, e o tão aguardado casamento estava chegando. Chan já tinha encomendado o terno perfeito para ser o padrinho. Sentiria falta dos preparativos, pois tinha aproveitado aqueles valiosos momentos sociais. As reuniões na casa de Lee Know para combinar todo o processo da festa de casamento eram divertidas, embora o único problema fosse que o casal simplesmente sumia de repente. Todos já estavam acostumados com essas fugas amorosas.

Um dia antes do casamento, Chan estava revisando os slides das aulas da próxima semana quando a internet caiu. Tentou reiniciar, buscou contato com a operadora, mas o telefone estava mudo, e o celular não tinha rede. Estavam incomunicáveis.

Desceu até a sala onde seus pais estavam; seu pai cochilava na poltrona, e sua mãe lia um livro enquanto tomava chá, nenhum dos dois notou a falta de internet. As coisas ficaram mais estranhas quando as luzes piscaram e, por fim, a energia acabou. Ligaram velas para iluminar a casa. Chan foi até a rua conversar com os vizinhos para ver se sabiam o que estava acontecendo, mas estavam todos tão perdidos quanto ele.

Pegou o carro e deu uma volta pelo quarteirão; depois, foi até o centro da cidade, e o que viu o assustou: pessoas se aproveitando do blackout para assaltar lojas. Estava um caos, muitos correndo sem entender o que estava acontecendo. O medo se instalava, e ninguém sabia qual era a real ameaça. Chan voltou para casa para verificar se seus pais estavam bem. Quando tentou mais uma vez verificar se o celular tinha sinal, viu o carro de Lee Know se aproximar.

Após constatarem que algo não estava certo, uma mensagem estranha começou a passar na TV. O mais bizarro era que, apesar do blackout, a TV ligou sozinha, como se a energia estivesse viva. Naquele momento, acharam melhor seguir as orientações transmitidas na TV, que indicavam ficar em casa. Por isso, Lee Know e Han voltaram para suas casas, enquanto Chan ficou com sua família, em uma casa completamente trancada e fechada.

As horas que se seguiram eram angustiantes. Ouviam gritos, tiros e pessoas pedindo socorro, mas não podiam sair de casa para ajudar. Chan olhou pela janela e viu apenas androides, semelhantes aos que tinham em sua universidade, transitando pelas ruas. Isso não era normal.

Tentaram dormir um pouco, mas era difícil. Quando Chan estava quase pegando no sono, ouviu um barulho estranho na porta. Sendo o irmão mais velho entre os homens, desceu cautelosamente para verificar o que era. O medo era que pessoas de má índole entrassem na casa para machucá-los, mas, como prometido na transmissão, os robôs estavam protegendo as casas.

Chan foi até a porta dos fundos, tudo estava calmo, sem mais nenhum barulho. Ficou na dúvida se aquilo tinha sido coisa da sua cabeça. Quando resolveu voltar para seu quarto, ouviu um grunhido de dor e alguém o chamando. Era Lee Know. Correu para abrir a porta, e o amigo estava ensanguentado, jogado no chão. Seus olhos sem vida fizeram Chan entender que algo terrível tinha acontecido com Han e Hyunjin.

Naquele dia, a vida tranquila e pacata de Bang Chan mudou completamente. Estava disposto a ajudar seu melhor amigo nesta jornada perigosa para salvar o noivo e o irmão caçula. Chan sabia que Lee Know faria o mesmo por ele. A amizade deles era marcada por lealdade e empatia, e Chan faria o que fosse possível para ajudá-lo.


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