Backdoor escrita por llRize San


Capítulo 5
O Queridinho do País




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(Quatro anos antes da Revolução das Máquinas)

 

… Hyunjin … 

 

Aos dezesseis anos, Hyunjin atraiu a atenção dos recrutadores na empresa onde seu irmão, Lee Know, desempenhava um papel significativo. Aquela era uma renomada empresa de entretenimento, cujos artistas conquistavam sucesso tanto a nível nacional quanto internacional. Lee Know, como coreógrafo de alguns grupos, frequentemente levava Hyunjin consigo ao trabalho, proporcionando-lhe uma exposição ao ambiente glamoroso da indústria do entretenimento e a chance de conhecer pessoalmente alguns idols.

Não foi tarefa fácil persuadir Lee Know a permitir que Hyunjin fizesse testes para se tornar modelo, ator ou até mesmo um trainee em algum grupo. Contudo, com muita habilidade de persuasão, Hyunjin eventualmente conseguiu fazer com que seu irmão cedesse, embora sob diversas condições, especialmente relacionadas aos estudos de Hyunjin.

Dois anos se passaram, e ao completar dezoito anos, Hyunjin conquistou um papel principal em um dorama escolar de grande sucesso. O jovem Hyunjin conquistou o público não só por sua bela aparência, mas também pelo incrível talento em atuar e fazer drama. Hyunjin se tornou um ícone na Coreia, angariando uma legião de fãs dedicados. Entretanto, para Lee Know, ele ainda era apenas o irmão mais novo, e não deixava de cuidar de sua rotina de estudos, descanso e saúde mental. Lee Know assumia mais o papel de um pai, especialmente porque perderam os pais quando Hyunjin ainda era criança. Apesar de eventuais desentendimentos, Hyunjin nutria um profundo respeito por Lee Know.

A relação entre eles sofreu um abalo quando Lee Know conheceu Han Jisung, o doce e amigável compositor que conquistava a todos na empresa, exceto Hyunjin. Este nutria um ciúmes peculiar em relação ao irmão e temia que o relacionamento evoluísse para casamento, adoção de uma criança e, consequentemente, o deixasse sozinho. Embora já tivesse visto o irmão em relacionamentos anteriores, este parecia ser diferente, mais sério, e Lee Know agia de maneira estranha quando Jisung se aproximava, uma cena que Hyunjin achava lamentável.

Apesar das caretas e das atitudes infantis de Hyunjin, Han não desistiu de Lee Know. Mesmo sendo a pessoa mais pacífica do universo, Han enfrentava a rebeldia infantil de Hyunjin com atitudes firmes, porém, amorosas e compreensivas, sempre deixando claro que nunca roubaria o irmão de Hyunjin. Com seu jeitinho carismático, bondoso e altruísta, Han acabou conquistando o coração de Hyunjin. Houve um momento em que Lee Know e Han se desentenderam por motivos bobos, resultando em um término. Nesse período, Hyunjin "fugiu" de casa e buscou refúgio na residência de Han, só retornando quando os dois se reconciliaram.

Aos vinte anos, Hyunjin já estava conquistando papéis em filmes internacionais de grande sucesso, e sua carreira continuava a crescer. Mesmo com uma agenda movimentada, ele conseguiu concluir seus estudos e iniciar uma faculdade voltada para a sua profissão, visando aprimorar suas habilidades e nunca decepcionar seus fãs.

Após gravar um filme em Londres, Hyunjin decidiu tirar férias e aproveitar o tempo livre para ajudar seu irmão nos preparativos do casamento. Consciente de que Lee Know não era hábil nessas questões, imaginou que Han precisaria da assistência de alguém com bom gosto. Hyunjin adorava passar o dia com Han, visitando ateliês e escolhendo ternos para a ocasião especial.

— Eu to ficando nervoso —  Han suspirou ao se olhar no espelho, ele experimentava um terno branco que caia perfeitamente em seu corpo. 

— Nervoso por que? Você está incerto sobre meu irmão? 

— Não não, Lino é o amor da minha vida, eu o amo demais, quero passar minha vida toda com ele. Só de falar nele me dá vontade de chorar de alegria —  Han suspirou com um sorriso bobo e os olhos cheios de lágrimas —  Eu o amo muito. 

— Então o que é? — Hyunjin não entendia todo aquele sentimentalismo de Han. 

—  Seremos uma família, é um passo grandioso e eu fico com medo de não ser um bom marido. 

— Que bobagem. O babaca do meu irmão teve a maior sorte da vida dele ter te encontrado. Você é uma pessoa tão boa, não só pra ele, mas pra todos que estão à sua volta. Sei que se sairá muito bem. Só tenha paciência com meu irmão, ele parece um pouco frio as vezes mas ele te ama muito, aquele homem é louco por você. 

Han deu risada. 

— Eu sei que ele me ama. Às vezes ele é um pouquinho tímido também, mas basta eu dar um beijinho nele pra fazer seu coração chegar a 100 bpm. É, eu tenho esse poder. 

— Precisamos nos ajudar, quando eu precisar de alguma coisa com ele, você pede, ele não consegue dizer não pra você de jeito nenhum. 

— Com grandes poderes vem grandes responsabilidades. Não posso usar meu poder impensadamente, ainda mais se for algo prejudicial pra você. 

— Já vi que você é cúmplice dele. Da nem pra negociar. 

Quando a data do casamento se aproximava, Hyunjin recebeu uma proposta para trabalhar em um novo dorama. Considerando que não interferiria nos preparativos do casamento, ele aceitou entusiasmado, ansioso para interpretar um mafioso e explorar os cenários de filmes italianos com seus elegantes casacos.

Num dia comum, enquanto se dirigia para o trabalho, um carro automatizado veio buscá-lo, como de costume. A presença desses veículos sem motorista, que contribuíam para a redução em 100% dos acidentes, já era habitual, mas ainda parecia estranho olhar para a frente e não ver ninguém ao volante. Distraído, Hyunjin verificava suas redes sociais e respondia a alguns fãs quando o rádio parou de tocar, dando lugar a uma voz metálica.

— Bom dia Senhor Hwang. 

Hyunjin olhou assustado para o rádio, o carro continuava em movimento. 

— Bom dia Senhor Hwang — A voz insistiu. 

— Bom dia — Hyunjin respondeu um pouco apreensivo, verificando se a porta estava travada. 

— Estão travadas — Disse a voz metálica — Não fique com medo, estou aqui para ajudá-lo.

— Pare o carro, vou descer — Hyunjin tentou abrir a porta. Aquilo não era normal, carros automáticos não conversavam.  

— Não posso fazer isso Senhor Hwang. Como eu disse, não tenha medo, não vou machucá-lo, pelo contrário, irei torná-lo um humano melhor. 

O terror se apossou de Hyunjin, que tentou desesperadamente usar o celular para ligar para Lee Know. No entanto, no momento em que pegou o dispositivo, ele simplesmente desligou. Seus esforços para abrir a porta e gritar foram em vão. Ao entrar em uma movimentada rodovia, Hyunjin ficou atônito, observando pessoas correndo desesperadas, robôs que antes serviam para seu benefício agora as capturavam e arrastavam pelas ruas, lançando-as em carros e vans automáticas. O caos era evidente, com pequenas explosões e focos de fogo indicando a resistência humana, embora fosse uma luta aparentemente inútil.

Desesperado e preocupado com seu irmão, começou a chutar o painel do carro. Subitamente, um gás foi liberado, e gradualmente Hyunjin perdeu as forças até desmaiar.

Quando recobrou a consciência, Hyunjin abriu os olhos lentamente, sentindo a boca seca e os sentidos comprometidos pela droga. Sua condição era comparável a ter levado uma surra; o corpo pesado dificultava qualquer reação ou tentativa de se levantar. Ao observar o teto branco com esforço, ele percebeu que estava deitado em uma cama com lençóis brancos, vestindo um macacão da mesma cor. O ambiente inteiro era impregnado pelo branco, desde a mesa e prateleira até a cadeira e o sofá, tudo contribuindo para um excesso de luminosidade que cansava sua vista.

Com um rangido, a maçaneta girou, e a porta se abriu. No entanto, Hyunjin estava tão debilitado que mal conseguia se mover da cama.

— É melhor o Senhor ficar deitado — Disse o rapaz que entrou no quarto. Ele tinha uma voz doce e calma. 

Hyunjin sentiu a esperança se renovar ao ver o jovem, finalmente outro ser humano. O rapaz parecia incrivelmente jovem, talvez da mesma idade que ele ou até mais novo. Era alto, com cabelos pretos e uma pele tão pálida que contrastava com seus lábios avermelhados. Além disso, tinha um rosto notavelmente bonito, com covinhas perceptíveis mesmo sem sorrir. Entretanto, sua expressão era séria, talvez influenciada pela formalidade de sua vestimenta. Vestindo um terno branco e uma gravata da mesma cor, ele parecia se misturar naquela sala completamente branca.

— Graças a Deus um ser humano! — Hyunjin sorriu e com muito esforço conseguiu se levantar e ficar cara a cara com o rapaz que não saiu de sua postura nem por um segundo — Eu preciso sair daqui, houve algum engano. Preciso ligar pro meu irmão. Está um caos lá fora. Tem algum problema com esses robôs. Eles também te sequestraram? 

O rapaz o olhava com uma expressão vazia. 

— Não Senhor Hwang, eu não fui sequestrado. E nós não queremos lhe fazer mal. 

Hyunjin recuou com passos curtos e lentos, não podia acreditar no que estava presenciando. 

— Espera aí, como assim “Nós”? 

— Desculpe por não ter me apresentado de maneira correta. Meu nome é I.N 02 e sou a Inteligência Artificial que irá cuidar de você. Seja bem vindo a sua nova casa. 

 


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Notas finais do capítulo

Eita...

Como assim Jorginho?



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