(Um ano antes da Revolução das Máquinas) 

… Jisung …

Han suspirou profundamente; mal havia começado o dia e já se sentia exausto. Não que não gostasse do seu trabalho; muito pelo contrário, ele o amava. Criar músicas proporcionava-lhe felicidade, permitindo-lhe expressar em letras todos os seus sentimentos. Escrever músicas românticas era fácil, principalmente porque vivia um romance encantador com o coreógrafo mais cobiçado da empresa. No entanto, quando se tratava de desilusões amorosas, precisava incorporar personagens ou buscar novas experiências para transmitir autenticidade em suas composições.

Jisung amava compor; em cada letra, depositava todo o seu amor, e a alegria inundava seu coração ao ver cantores com vozes tão doces dando vida às suas criações.

Mas nem tudo era um mar de rosas. Jisung enfrentava seus desafios diariamente, e Lee Know estava sempre lá para ajudá-lo em tudo. Mesmo antes de começarem a namorar, Min Ho cuidava dele com todo zelo, protegendo-o, ouvindo seus dilemas e proporcionando conforto. Jisung ficava grato por todo esse cuidado e carinho, mas ao mesmo tempo, não queria depender completamente de Min Ho. Odiava parecer frágil diante do homem que amava, e por isso começou a esconder alguns abusos que sofria em sua empresa. Temia que Lee Know o enxergasse como inútil. A ideia de Lee Know presenciando situações em que ele não conseguia reagir diante dos abusos era uma vergonha dolorosa para Han. Ele desejava ser forte como Lee Know, mas, por mais que tentasse, não conseguia.

Outro compositor estava constantemente sondando Jisung, inicialmente cultivando uma amizade para conquistar sua confiança. Han não percebia as verdadeiras intenções do rapaz e acreditava que ele genuinamente buscava seu bem. 

As coisas começaram a se complicar quando esse compositor passou a utilizar chantagens emocionais para conseguir o que queria. Não adotava uma abordagem romântica, nem faltava com respeito, pois tinha plena consciência da paixão e do imenso amor que Jisung nutria por seu noivo coreógrafo. Assim, suas tentativas nesse sentido não surtiriam efeito. Optando por explorar a maior fraqueza de Han – sua dificuldade em dizer não –, o compositor não buscava envolvimento sexual com Jisung. Seu objetivo era usurpar a posição e o status de compositor aclamado que Jisung ocupava, além de interferir em sua vida amorosa. Ele acreditava que Han não era merecedor de todas as bênçãos que possuía, tanto no âmbito profissional quanto no amoroso.

Han começou a perceber as coisas, reconhecendo que aquela falsa amizade estava lhe fazendo mal. Sabia que aquilo era prejudicial, e se odiava amargamente por não conseguir lutar contra isso. Sentia vergonha e desejava esconder-se por sentir-se tão fraco. No entanto, precisava seguir em frente, mesmo que não fosse fácil. Chorava no banheiro para não demonstrar sua angústia na frente de Lee Know, pois sabia que seu noivo faria de tudo para protegê-lo, até mesmo caçar o rapaz nas profundezas do inferno se fosse necessário. Além disso, temia que Lee Know o achasse patético. Na empresa, precisava continuar sobrevivendo da melhor forma possível. Ao menos, consolava-se com a certeza de que, ao chegar em casa, teria o carinho e o afeto de seu noivo, algo que recarregaria suas energias.

Han estava planejando um jantar especial, na verdade, estava se organizando para pedir um jantar especial para Min Ho. Quando se tratava de cozinhar, o noivo era um profissional, enquanto Han quase incendiara a casa nas poucas vezes que tentou. Ele percebeu que a culinária não era o seu forte. Preferia recompensar Lee Know de outras formas, e já tinha tudo planejado. Lee Know tinha gostos peculiares, envolvendo algemas, chicotes e velas, algo que Han achava empolgante e inspirador.

Han chegou em casa e encontrou Lee Know atolado de trabalho em seu escritório. Apesar de ser coreógrafo, a vida dele não se resumia apenas à dança. Lee Know estava pessoalmente envolvido no marketing do novo grupo, utilizando a coreografia como meio para construir uma imagem positiva e transmitir a proposta do comeback. Ele dava o seu melhor, como sempre fazia em tudo. Han ficou observando-o enquanto trabalhava. Mesmo sério, Lee Know emanava uma sensualidade que encantava e atraía Han. Cada detalhe daquele homem o fascinava.

Uma vontade ensandecida de beijá-lo tomou conta, mas ele estava em reunião e não seria ético beijar o noivo no meio de uma reunião de negócios na frente de todo mundo. 

Lee Know estava vestindo uma camisa social, mas por baixo usava um short que, conforme ele sentava, deixava suas coxas grossas e torneadas em evidência. Han sentiu um frio na barriga contrastar com um calor ardente que subia pelo seu corpo. Estava ficando animado só de ver o noivo de short. Respirou fundo e desviou o olhar, pensando que um banho gelado poderia ajudar a acalmar seus ânimos. Contudo, isso não funcionou muito bem, já que seu desejo se tornava ainda mais latente.

Decidiu ir até o escritório, onde encontrou Lee Know ainda em reunião. Seu coração estava acelerado, o corpo quente, as pernas bambas e as mãos suadas. Apertou a barra da blusa na tentativa falha de controlar-se. A visão provocante do noivo não estava facilitando em nada.

Lee Know olhou para ele e sorriu abertamente ao notar sua presença silenciosa. Aquele sorriso foi a faísca que faltava. 

Min Ho fez um sinal de que faltava meia hora para acabar a reunião, mas Han não conseguiu prestar muita atenção; seu foco estava na beleza natural e atraente que seu noivo carregava. 

Han respirou pesadamente e ofegante. Não conseguia controlar mais. Se abaixou e engatinhou até Lee Know, que travou o olhar nele, perdendo totalmente o foco na reunião. Han entrou por baixo da mesa, parou entre as pernas do noivo e distribuiu beijos por suas coxas. Lee Know prendeu o ar, surpreendido, soltando o ar de forma sugestiva. Precisou mentir, dizendo que o gato tinha arranhado sua perna, para justificar a reação.

Lee Know tentava a todo custo não demonstrar o motivo de seus suspiros na call conforme Han subiu seus beijos. Sua respiração descompassada já estava evidente, todos olharam preocupados e perguntaram se ele estava bem, já que seu rosto corado denunciava que ele não parecia estar normal. Lee Know deu uma desculpa qualquer e disse que não se sentia muito bem, o que na verdade era o oposto. Pediu licença para se retirar, desligou a câmera e saiu da reunião, olhando para Han com uma expressão de desaprovação, mas a verdade era que estava agradecido por ser tirado de uma reunião chata e desnecessária para fazer algo divertido. Han sorriu e mordeu os lábios ao ver que tinha conseguido a atenção que queria.

…

Após um longo e relaxante banho com seu noivo, Han foi secar os cabelos. Lee Know costumava fazer isso, mas precisava entregar uns documentos, e Han reconheceu sua culpa por atrasá-lo, segundo Lee Know era o "melhor jeito de se atrasar". Quando, por fim, estava com seus cabelos secos, ouviu o noivo o chamando.

   — Oi vida. 

   — Amor, nós pagamos a conta de telefone? 

Aquela pergunta parecia simples e corriqueira, mas foi ali que a Revolução das Máquinas começou e o destino de todos foi traçado.