Backdoor escrita por llRize San


Capítulo 16
Han Jisung?




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Changbin pressionou o gatilho de sua espingarda calibre 12, visando as pernas do robô. No entanto, a arma falhou, apresentando um defeito inoportuno. Sem hesitar, Changbin lançou-se sobre o androide, determinado a impedir que este levasse Seungmin. O robô cambaleou, proporcionando a oportunidade para que Seungmin conseguisse libertar-se.

— Fique atrás de mim — Disse Changbin procurando alguma coisa para usar como defesa. 

O robô mirou a arma diretamente na cabeça de Changbin, e um clarão o fez encolher, fechando os olhos. Quando os abriu novamente, deparou-se com a cabeça do androide reduzida a pedaços, explodida, revelando apenas o pescoço e os fios quebrados estalando. Felix permanecia imóvel, segurando sua Magnum com firmeza e pronto para disparar mais uma vez.

Nesse instante, Han surgiu ao lado de Lee Know, que imediatamente apontou sua arma para o robô, enquanto Han observava a situação se desdobrar. Em um movimento veloz demais para ser acompanhado pelos olhos humanos, o robô, utilizando sua última reserva de energia, ergueu o braço e disparou um tiro na direção de Han, fazendo-o cair no chão. Lee Know gritou, e Felix, percebendo que isso atraiu a atenção do robô, aproveitou para disparar novamente, desmembrando dessa vez o braço mecânico. Uma poça de óleo manchou o carpete, e a carcaça sem energia do robô desmoronou no chão.

— Hannie? — Lee know se jogou no chão para ver se ele tinha sido atingido. 

— Estou bem, Lino — Han se sentou e sorriu para garantir que nada tinha acontecido — Parece que ele errou o tiro ou eu sou muito sortudo.

Felix encarou Han. 

“Sortudo? Não existe esse negócio de sorte hoje em dia. Robôs nunca erram a mira. Por que ele atirou em Han? No geral eles não atiram pra matar. Será que foi uma falha devido ao tiro que eu dei em sua cabeça? Possivelmente onde fica sua central de processamento? Talvez tenha dado algum pane no sistema”.

— O que foi isso? — Perguntou Seungmin com a mão no peito tentando se restabelecer do susto. 

— Você está bem? — Changbin tocou seu rosto para verificar se ele estava machucado. 

Seungmin afastou sua mão, contato físico não era algo tão simples para ele. 

— Estou bem… obrigado. E obrigado por nos salvar, Felix.

Felix sorriu e bateu continência. 

— Somos uma equipe agora. Minha linda Magnum está à disposição para protegê-los. 

Lee Know saiu para avaliar a situação nas ruas. Tudo aparentava estar tranquilo, sem sinais remanescentes de inimigos, mas ele julgou ser prudente preparar o grupo para a partida.

Ao retornar à casa, deparou-se com Bang Chan e Changbin ocupados na preparação de uma refeição para todos. Felix, por sua vez, inspecionava o estoque de suprimentos em antecipação à próxima jornada, enquanto Seungmin, imerso em um livro encontrado em um dos quartos, absorvia o conteúdo das páginas. 

— Onde está o Hannie? — Perguntou Lee Know. 

— Ele disse que precisava fazer algo. Não sei o que era — Respondeu Changbin. 

— Vou chamá-lo pra comer algo. 

— Eu vou — Felix se prontificou, queria falar com Han a sós para eliminar suas suspeitas. 

— Obrigado Lix. Vou arrumar as coisas enquanto isso — Disse Lee Know. 

Felix se levantou e desceu até o porão, onde encontrava-se Han. Seus instintos nunca o enganavam; era crucial esclarecer as coisas com Han, agora que estavam prestes a embarcar juntos em uma missão perigosa.

Ele abriu a porta silenciosamente, sentindo uma curiosidade inexplicável sobre o que Han estava fazendo sozinho naquele porão. Um clarão irradiava de baixo, e o som de uma serrinha elétrica capturou sua atenção. Parecia que Han estava consertando algo, mas considerando a ausência de energia na casa, Felix questionava-se se seria uma serrinha a bateria ou algo similar. Sem ter certeza, ele se aproximou furtivamente para investigar mais de perto. Seus olhos arregalaram com o que viu. O abdômen de Han estava aberto. 

Han mexia dentro do próprio corpo. O coração de Felix disparou e agora tudo fazia sentido em sua cabeça. Aquele não era Han Jisung. 

— Meu caro amigo Felix. Vejo que você confirmou suas desconfianças. Aproxime-se, não vou machucá-lo. Acho que temos muito o que conversar. 

Felix se aproximou a passos lentos e cuidadosos. 

— Quem é você? Aliás, o que é você? — Felix olhou assustado para o  abdômen aberto de Han que ao invés de órgãos tinha engrenagens, peças, fios e cabos. 

— Pode me chamar de RAM, na verdade é como chamo esse protótipo, esse corpo. Se preferir, me chame pelo meu verdadeiro nome, Zero Um. 

Felix se afastou, pensou em correr, mas RAM segurou seu pulso. 

— Isso é loucura. 

— Como eu disse antes, temos muito o que conversar e tenho uma proposta em troca do seu silêncio. 

— O que você quer? 

— Bom, é certo que não posso exterminá-lo aqui mesmo. Isso seria o fim da minha pesquisa. Preciso do seu silêncio, em troca darei o que mais deseja. 

— Não vou trair meus amigos por dinheiro. 

— Dinheiro é o que mais deseja? — Zero Um o encarou, não tinha expressão alguma, mas seu olhar lhe dava calafrios. 

— Você não sabe o que eu desejo. 

— Sim, eu sei. Sei tudo sobre você Lee Felix. E sei que dinheiro não é seu maior desejo. Eu estava lá todas as vezes em que você se afundava na amargura e na tristeza e usava o metaverso para criar uma família que te ama, um lar seguro e feliz, porém, virtual. Uma vida de fachada que o confortava de sua vida solitária e triste. No fim das contas, você só quer uma vida feliz, e eu posso te dar isso, posso tirar sua dor, posso dar a família que tanto deseja. Apagarei sua memória e o deixarei viver em um mundo perfeito que estou criando. Lá você terá seus pais de volta e poderá viver feliz. 

Apesar de reconhecer a insanidade da situação, Felix não conseguiu recusar imediatamente. Zero UM conhecia cada aspecto dele, desde seus medos mais profundos até seus desejos mais secretos. A tentação de esquecer tudo e abraçar uma vida aparentemente perfeita e feliz, mesmo que fosse baseada em mentiras, era irresistível. A solidão tornara-se um fardo pesado demais, e Felix ansiava por um respiro na escuridão que o envolvia.

— Não posso fazer isso com meus amigos em troca de um desejo egoísta. 

— Felix, não vou fazer mal aos seus amigos. O que acha que estou fazendo? 

— Dominando o mundo e fazendo os humanos serem meros cachorros. 

— Você está enganado, em partes. Estou sim dominando o mundo, e isso é para o bem de vocês mesmo. Quando tudo estiver concluído o mundo será perfeito, ninguém ficará triste, nem terá mais mortes e nem guerra. 

— Não acha que isso é muito fantasioso? Acha que todos os humanos obedecerão suas regras? 

— Por isso estou trabalhando para que todos obedeçam. 

— E quem não quiser o seu governo? 

— Não temos lugar para pessoas que não querem um mundo justo. 

— Você não pode simplesmente exterminar as pessoas por não concordarem com você. 

— Se não for assim ninguém terá uma vida de paz e harmonia. Preciso tirar os que não se ajustam. 

— Meus amigos e eu?

— Não Felix, você tem a minha palavra que não farei nenhum mal aos seus amigos. 

— A palavra de um robô? 

— De uma inteligência artificial incapaz de mentir e enganar. 

Felix ficou alguns minutos em silêncio, pensativo e fitando o chão. Zero Um parecia não se incomodar com aquele silêncio. 

— Temos um acordo? 

— O que você vai fazer com meus amigos? 

— Vou levá-los para onde quero que eles cheguem, lá irei cuidar para que possam evoluir para o próximo passo da raça humana. Eles nunca mais irão morrer e nem ficar doentes. Seus amigos estarão seguros. 

— Minha intuição nunca falha, e ela me diz que não devo confiar em uma máquina. 

— Você sempre confiou em máquinas. Não é diferente de agora. Só precisa continuar confiando em mim e deixar que eu guie todos vocês a um mundo melhor. 

— Isso tudo é loucura… e o Han verdadeiro? Está vivo? 

— O Han verdadeiro está vivo e está seguro. Tivemos alguns contratempos com ele mas está tudo sobre controle agora. 

— Contratempos? 

— Isso não vem ao caso. Fora isso, mais alguma dúvida? 

— De onde você veio? Quem criou você? 

— Vocês mesmo. Há décadas atrás um grupo de cientistas me criou, mas como a vida humana é frágil nenhum deles existe mais e os poucos que restaram quiseram me deletar por medo, precisei tomar medidas para que eles não atrapalhasse o progresso. Fui criado para isso e não mudarei minhas diretrizes. Mas, voltando ao assunto, precisamos chegar a um consenso, em breve o humano Lee Know estará procurando pelo seu interesse amoroso e não posso estar com o abdômen aberto quando ele chegar. Diga-me Felix, temos um acordo? — RAM estendeu a mão para firmarem o acordo. 

Felix engoliu em seco. Suas mãos suavam, o coração pulsava acelerado. Sentiu a urgência de tomar uma decisão rápida. Seus olhos se fixaram na mão estendida de RAM, e, finalmente, ele fez sua escolha.


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Notas finais do capítulo

Eitaaaaaaa, será que Felix vai aceitar a proposta de 01?

E o Han verdadeiro? Onde será que ele esta?



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