Lee Know correu ainda mais na direção de Han Jisung. Ao finalmente chegar à sua frente, abraçou-o apertado, descontando toda a saudade que sentia.

— Lino — Disse Han com a voz fraca. 

Lee Know o afastou para ver seu rosto. 

— Hannie, meu amor — Sua voz saiu embargada, seu coração estava acelerado — Eu nem acredito que você voltou pra mim.

Han estava com o rosto sujo, os cabelos bagunçados, descalço e as roupas maltrapilhas. Parecia muito fraco e debilitado. Mais uma vez, Lee Know o abraçou, desacreditado e feliz por finalmente poder abraçar a pessoa que tanto amava. Sentia que suas forças estavam sendo renovadas com aquele abraço. Han também o abraçava, não tão forte, pois precisava fazer um esforço enorme para erguer os braços.

— Lino… eu não tô me sentindo muito bem.

Lee Know sentiu o corpo de Han ficar mais pesado até ele desmaiar em seus braços. 

— HANNIE? AMOR? — Ele o chacoalhou suavemente, mas Han parecia dormir num sono profundo. Com cuidado, Lee Know o pegou no colo e o levou até onde os rapazes aguardavam, observando a cena com curiosidade.

— Meu Deus é o Han! — Disse Bang Chan, assustado. 

— Esse é o Han? — Perguntou Felix, curioso. 

— Sim, é o meu noivo. Alguém entende de primeiros socorros? Ele desmaiou de repente.

— Não temos nenhum médico por aqui, nem enfermeiros — Bang Chan suspirou. 

— Eu entendo um pouco, eu acho — Disse Felix. 

— De primeiros socorros? — Changbin o olhou intrigado. 

— Claro, preciso disso no meu dia a dia do trabalho. 

— Contadores correm tantos riscos assim? — Bang Chan o olhou confuso. 

— É… pode se dizer que sim. 

— Você pode dar uma olhada nele, por favor? — Lee Know tentava manter a calma, mas queria chorar. Seungmin assistia tudo um pouco distante do grupo. 

— Claro — Felix inclinou-se e colocou dois dedos no pescoço de Han para sentir sua pulsação, arqueando as sobrancelhas ao notar algo estranho.

— O que houve? Ele está bem? — Lee Know estava preocupado. 

— Não sei, não estou conseguindo achar o pulso dele. 

— Como assim?

Felix encostou o ouvido no peito de Han para ouvir seus batimentos cardíacos. Nesse momento, Han se mexeu, e Felix se afastou para olhá-lo.

— Lino? O que aconteceu? — Perguntou Han, desnorteado. 

— Hannie, amor, você desmaiou. Está sentindo alguma coisa? Alguma dor? 

— Estou bem. Só estou muito cansado. Eu vim andando até aqui e não foi fácil. Só preciso descansar um pouco e logo recupero minha força. Lino, eu posso ficar no seu colo? — Han pediu de um jeito tão manhoso que desmontou Lee Know completamente. 

— Claro meu amor, descanse um pouco, eu sei que não deve ter sido fácil chegar até aqui sozinho. 

— Obrigado amor… eu te amo tanto e estou tão feliz de estar aqui com você — Han tocou o rosto de Lee Know com delicadeza para demonstrar a saudade que sentia do noivo. 

Bang Chan e Changbin assistiam à cena com sorrisos bobos no rosto, contentes por Han ter conseguido sair daquela cidade. Seungmin, fingindo dormir, estava sentado no chão com as costas encostadas na parede, mantendo seu característico capuz para cobrir o rosto. Ele preferia não se envolver com aquela situação. Felix permanecia imóvel e confuso, observando a cena. Tentava entender o que estava acontecendo, pois tinha certeza de não ter sentido os batimentos de Han. Mesmo assim, Han se levantou quando Felix tentou ouvir. Uma ligeira impressão passou por Felix, como se Han não quisesse que ele escutasse seu coração por algum motivo.

“Isso é loucura” — Pensou Felix — “Será que ele trabalha pros robôs? Será que fizeram uma lavagem cerebral nele e ele só está aqui pra nos levar para lá? Uma armadilha? Mas… eu posso jurar que não ouvi o coração dele e nem senti seu pulso, é como se ele estivesse morto, como se fosse oco por dentro”

Nesse momento Felix arregalou os olhos, um pensamento horripilante e impossível passou em sua cabeça. 

“E se ele for um deles? E se for um androide?” — Felix deu risada de seu próprio pensamento estupido. Aquilo não era possível. Por mais avançada que a tecnologia estivesse, nunca tinham conseguido fazer um androide com aparência humana, ainda mais um tão perfeito que até mesmo parecia demonstrar sentimentos humanos. Aquele Han parecia apaixonado pelo Lee Know — “É loucura da minha cabeça. Estou muito cansado. Acho que devo ter me confundido na hora de aferir os sinais vitais dele. Preciso de um descanso”

…

Todos decidiram descansar por um tempo, acampando ali mesmo, sob o túnel de uma rodovia abandonada onde já não passavam mais veículos. Lee Know adormeceu com Han em seus braços, como se quisesse protegê-lo do mundo. Bang Chan dormia profundamente ao lado de Felix, que havia perdido o sono. Ele mantinha os olhos fechados, incapaz de relaxar para dormir, enquanto seus instintos alertavam sobre um perigo iminente e a ansiedade se preparava para bater à sua porta. Changbin e Seungmin estavam de guarda naquele momento, sentados lado a lado em um silêncio constrangedor.

— Pode ir dormir, se quiser. Eu fico de guarda — Disse Changbin imaginando que talvez Seungmin estivesse com sono. 

— Obrigado. Estou bem e não estou com sono. 

— Você não está cansado?

— Acabei de falar que não estou com sono. Será que você pode fazer silêncio? Estamos de guarda aqui. Não é uma social — Seungmin como sempre tentava se esquivar de qualquer interação, sempre cortando qualquer chance de diálogo. Changbin revirou os olhos e ficou em silêncio nas próximas horas em que fizeram guarda. 

…

Na manhã seguinte, Lee Know preparou o café da manhã para todos. Não era um banquete, mas era o suficiente para alimentá-los. Com delicadeza, Lee Know acordou Han para que ele pudesse comer algo.

— Hannie. Coma um pouco, não comeu nada ontem a noite. 

— Obrigado Lino, não estou com muita fome — Han olhou para Felix, que o olhava fixamente esperando para ver se ele iria ou não comer — Mas se você insiste, vou comer um pouco.

Felix não desviou o olhar de Han até ele beber o café e saborear o pão que Lee Know havia entregado. Concluiu que suas deduções da noite anterior eram meras loucuras de sua cabeça. Se Han fosse mesmo um androide, não poderia realizar tais atos. Contudo, isso não afastava a sensação de que algo estava errado com o rapaz. Apesar de não o conhecer antes de tudo começar, sua intuição raramente falhava. Por algum motivo, não conseguia confiar totalmente em Jisung.

Han sorriu para ele, como se tivesse captado seus pensamentos e soubesse de suas desconfianças. Era um sorriso peculiar, e Felix sentiu uma inquietação. Forçou um sorriso em resposta, mas a verdade era que Han provocava nele um sentimento diferente, algo que ninguém jamais havia despertado. Han lhe causava um medo sutil e indescritível.