Mavericks escrita por AnnaP


Capítulo 2
Mavericks


Notas iniciais do capítulo

Tive que dividir em dois. A vida não é justa.



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No dia seguinte Rose foi até minha casa se mostrar nada surpresa quando contamos que estávamos juntos. Ela preferiu que mantivéssemos na nossa bolha de familiares e equipe por um tempo, torcendo para nenhum dos dois, Edward, falar demais nas entrevistas.
Da minha casa nós seguimos separadamente para várias consultas médicas e reuniões legais espalhadas pela cidade. Um lado nada glamuroso da fama. Troquei mensagens com Edward o dia inteiro, coisa que não fazíamos antes, e não discutimos uma só vez. Essa realidade paralela estava agradável demais para ser verdade.
Os outros integrantes da equipe fizeram tantas piadas e comentários sobre finalmente estarmos juntos que eu tinha certeza que meu rosto nunca mais abandonaria o tom vermelho.
Só consegui ficar sozinha com Edward três dias depois, em Nova Iorque. Nós chegamos para aproveitar uma noite de folga. Foi o tempo de eu tomar um banho e bater na porta do quarto dele.
Ele abriu com a toalha amarrada na cintura, a cara amassada de sono e enormes olheiras. Pela primeira vez ao me ver não rolou os olhos ou bufou, abriu um sorriso cansado e me puxou pela cintura para dentro, enfiando o rosto no meu pescoço. Não me restou outra coisa a não ser abraçá-lo de volta. Edward cheirava a sabonete, creme de barbear e desodorante, cada um com um aroma diferente, os três deixando-o com um cheiro só dele que eu estava acostumando a associar a conforto.
Subi uma mão até o cabelo dele e fiz carinho nos fios molhados.
— Melhor eu colocar uma roupa. – Deixou um beijo na minha testa antes de sair.
Eu poderia ter pedido para ele ficar de toalha mesmo, mas nós precisávamos conversar e eu não teria concentração nenhuma se tivesse Edward Cullen semi nu a minha disposição.
Ele voltou vestindo apenas uma cueca branca e pegou o violão de cima da cama.
– Você quer que eu toque a música, não é?
Toalha, cueca branca, não eram muito diferentes. Pelo menos ele pegou o violão, então eu não precisava mais de concentração para convencê-lo a me mostrar a música.
– Lógico! Ou acha que vou admitir que é por causa dos seus belos olhos verdes? – Ele abriu um sorriso enorme que eu ainda não estava acostumada a ver dirigido a mim. – Vai, mostra a música logo, Edward!
Eu não sei porque estava tão interessada em ouvir essa música. Eu não era cantora e não gostava de cantar, podia simplesmente deixar para lá.
– Seja sincera, ok?
– Tenha certeza de que se for uma merda eu vou avisar.
Edward puxou a cadeira da escrivaninha e se sentou para tocar. Sentei de pernas cruzadas na cama e peguei o caderno, o mesmo que um dia foi puxado da minha mão, para acompanhar a letra. The Only Exception (A Única Excessão) contava a história de uma pessoa que não acreditava no amor até encontrar alguém que a estava fazendo mudar de ideia.
Ouvir Edward cantando uma balada romântica era uma das experiências mais deliciosas do mundo. Eu estava quase implorando para ele mesmo gravar a música e lançar, só para eu ter uma desculpa de ouvi-la repetidas vezes. Eu podia ter gravado escondida para ficar ouvindo depois.
– Você não gostou? – Nem percebi que não tinha feito comentário algum quando terminou.
– Edward, eu estou assim, – Uni o indicador e o polegar. – De dizer que odiei. Só para você mandar eu ir me foder e dizer que vai gravar mesmo assim com a sua voz.
Ele jogou a cabeça para trás gargalhando. Fiquei acompanhando o pomo de Adão se mover como se fosse a coisa mais fascinante do mundo.
– Sem chance. – Falou ainda com o enorme sorriso. – Essa só sai se for por você, Bella.
– Essa é a sua cartada final para me azucrinar? – Ele murmurou ‘azucrinar’ com um sorrisinho. – Você tem que gravar, Edward, ficou perfeita no seu timbre.
– Não, eu forço demais para ficar assim.
– Conta outra. Está caçando elogios?
– Confia em mim, fica muito melhor na sua voz. Eu escrevi com ela na cabeça. – Ele apontou para o caderno e começou a introdução de novo. – Canta com vontade, não faz qualquer merda para me enganar.
– Vai a merda.
Cantei do jeito que pediu, acompanhando-o ficar cada vez mais convencido por estar certo e a música ficar muito melhor na minha voz. Assim que acabei meu celular apitou.
– Ótimo. Peter está perguntando quando pode adicionar a bateria. – Apontei para o quarto do outro lado da fina parede na esquerda.
Edward pegou o celular dele em cima da cama, logo em seguida o meu apitou de novo.
– Vamos deixá-los escolher a melhor versão. – Ele tinha nos gravado escondido e enviado no grupo da banda que Rosalie foi convencida a fazer.
– Seu filho da puta! Edward, eu vou matar você!
– Não vai não. Quem vai jogar seu corpinho nessa cama mais tarde e foder gostoso até amanhã, se não eu?
– Você tem um ponto. Se eu não estivesse ansiando por esse momento de novo, juro que faria picadinho de você.
– Aliás, o que nos impede de ir para a cama agora? Nossa primeira vez foi uma rapidinha antes da Rose chegar na sua casa no outro dia, está difícil fazer a foda completa assim.
– Eu quero ouvir mais sobre a música. Depois sou toda sua.
Edward rolou os olhos antes de contar orgulhosamente o processo de criação. A música realmente não era sobre mim. Depois de conversar com os pais, casados há vinte e muitos anos, ele não conseguiu dormir imaginando como seria se tivesse crescido assistindo o amor dos dois acabar. Como aconteceu com muitos amigos.
Quem perde uma noite de sono pesando em realidades hipotéticas assim? Só Edward mesmo.
Como sempre acontecia quando nos comportávamos como seres humanos normais, ficamos tão distraídos conversando que não percebemos quando as reações às gravações começaram a chegar no grupo. Um telefonema de Kate nos fez finalmente lembrar dos celulares e ver as notificações acumuladas. Edward ria lendo o grupo enquanto eu falava com Kate. Mais ouvia do que falava, nossa executiva de estimação estava jurando o mundo nos meus ouvidos.
– Bella a gente faz um documento registrado no cartório prometendo que você nunca vai precisar cantar essa música ao vivo, mas você precisa gravar isso! Eu imploro!
– Deixa de ser exagerada, Kate.
– Sou mesmo. Por favor, Bella! Pensa com carinho.
– Vou pensar, Kate. Você vai ouvir a comemoração do Edward de onde estiver e vai saber que aceitei.
– Eu sabia que aquela história de se odiarem era balela. Vocês só estavam perdendo tempo. Ou esquentando as coisas. Espero que essa seja a primeira de muitas músicas boas que trarão para a banda. Agora vai lá pensar com carinho no que eu falei. Deixa o Edward convencer você, aposto que ele consegue.
– Tchau, Kate. – Encerrei a ligação correndo enquanto ela ria.
O sorriso no rosto de Edward era enorme. Mesmo não tendo ouvido nada do que falamos, ele sabia muito bem o que tinha acontecido.
– Olha, você tem sorte que eu amo essa sua carinha linda, Edward. Eu deveria socá-la, sair desse quarto e só manter contato em caso de extrema necessidade.
– Eu sei. – Ele abriu um sorriso orgulhoso. – E fico feliz que não tenha feito nada disso até agora. Vamos lá, Bella, a gente só precisa colocar a música no álbum. Eu posso até cantar em um show ou outro por você se insistirem.
– Kate disse que eu não preciso cantar se não quiser.
– Puta merda, Bella! Eu faço o que você quiser, por favor, grava essa música.
– Eu não sou cantora.
– Conta outra, Bella. – Jogou minha frase contra mim. – Eu prometo que fico sem implicar com você por uma semana. Um mês!
– É tão importante assim para você eu colocar minha voz na sua música?
– É. – Respondeu sucinto.
Eu não sabia o que tinha por trás disso. Se tinha alguma coisa por trás. Provavelmente não, provavelmente eu estava sendo doida.
– Tudo bem. Eu gravo.
– Como é que é? Não ouvi.
– Vai se foder, Edward.
– Quando você ficou com a boca tão suja, Isabella? – Quando eu coloquei seu pau nela.
Meu Deus, o que estava acontecendo comigo? De onde vinham esses pensamentos?
– Aprendi com o melhor. – Respondi corando. Por sorte Edward não perguntou o motivo.
– Obrigado. – Ele falou sério, e eu sabia que não era pela brincadeira.
– Não se acostuma. E você não precisa ficar sem implicar comigo por uma semana.
– Você gosta, não gosta? – Abriu um sorriso safado. Lembrei-me da fala de Kate sobre estarmos esquentando as coisas enquanto brigávamos e corei mais uma vez. Aproveitei que Edward não estava curioso hoje e respondi a pergunta dele.
– Não, eu não gosto, só não quero você explodindo com o esforço. Sei que discutir é uma parte intrínseca do seu ser, principalmente comigo. Sou a única outra pessoa da banda que sabe cantar e, como estamos vendo, não quero ter que fazer isso após sua explosão.
– Bella, desculpa se fui insistente. Não precisa cantar se isso deixar você desconfortável. Eu escrevi pensando na sua voz, mas entendo se fui muito avançado e for demais. Imagina, Nella Sean, uma letrista do caralho cantando algo meu, é um sonho. – Edward mostrou as inseguranças das quais falou no outro dia na piscina. – Mas você não precisa mesmo, eu não vou ficar chateado.
Chamei-o para sentar comigo na cama. Continuei com as pernas cruzadas, as dele para baixo com o violão a tiracolo.
– Só existe Bella Swan, e eu amei sua música. Você também é do caralho, Edward. Por que acha que preferi ouvir sobre a criação da música a ir para a cama com voce? O problema é apenas a minha insegurança em cantar em público. Talvez um dia eu resolva isso, talvez não.
Graças a Deus não fumei tanto e por tanto tempo para estragar minhas cordas vocais.
– Já falei que amo você para caralho, Bella?
– Algumas vezes.
– Quer tocar mais alguma coisa? – Apontou para o violão.
– Não. – Tirei o instrumento e sentei no colo dele. – Você falou que ia me foder até eu implorar e alguma outra coisa que não lembro. Muito tempo se passou e nada. Tive só uma amostra grátis. Agora que tiramos a música do caminho, é hora de você pagar sua promessa.
– Gritar e berrar. – Ele levantou comigo no colo e fez uma manobra para me jogar de costas na cama. – Eu falei que vou foder você até você gritar e berrar.

d-_-b

POV BELLA

Dois meses haviam se passado desde que Edward me convenceu a entrar em um estúdio e gravar uma música completa. Dois meses que estávamos mais envolvidos do que um dia eu achei ser possível.
Ele praticamente morava comigo e Alice agora. Alguns dias atrás fomos flagrados fazendo compras. Foi a alegria dos fãs e da mídia. Depois disso, fotógrafos tentaram nos fotografar como um casal em ensaios com a banda, repórteres tentaram arrancar confissões nossas também em trabalhos relacionados à banda. Era cansativo, era preciso muita paciência para lidar com a falta de privacidade.
Estávamos em um hotel em Londres dessa vez, havíamos acabado de cumprir uma agenda cheia e estávamos descansando antes de começar tudo de novo no dia seguinte.
A porta do quarto abriu enquanto eu ia ao banheiro.
– Você tem meia hora para se arrumar. – Edward falou entrando com um pequeno buquê de flores. Ele parou no meio do caminho quando me viu. – Ou não.
Eu vestia apenas uma lingerie sexy, estava planejando fazer uma surpresa quando ele voltasse de uma reunião com Rosalie. Era eu quem estava recebendo a surpresa, ele definitivamente não estava em reunião nenhuma. Edward estava delicioso com uma camisa social branca arrumadinha para dentro da calça e sapatos pretos brilhantes. O cabelo estava na bagunça maravilhosa de sempre.
Era engraçada a reação das pessoas quando viam algum integrante da banda na rua e percebiam que não usávamos sempre as roupas pretas clichês de roqueiros. Tinha o grupo que nos chamava de falsos por causa disso. Uns dias atrás saí com um conjunto de moletom rosa chiclete e chinelos felpudos da mesma cor, os paparazzi focaram tanto na minha roupa que perderam a caixa de camisinha e o lubrificante que Edward carregava na sacola.
– Qual é a ocasião? – Perguntei cheirando o discreto buquê de Áster ainda na mão dele. Era a flor do mês do meu aniversário, setembro. – Você não está tentando me convencer a cantar em público, está?
– Não. – Ele riu. – Vou levar você para jantar fora.
Essa era nova. Não tínhamos saído em público ainda, e nem pretendíamos. Ele realmente estava em reunião e Rosalie deu alguma boa notícia?
Eu devo ter feito alguma expressão de surpresa, Edward riu e se aproximou lentamente.
– Sim, Bella… - Confirmou enquanto me olhava como um leão prestes a jantar um delicioso cordeiro. – Nós vamos sair na porra de um encontro.
Não sei se fui eu quem não resistiu ao olhar faminto que ele me lançava, ou se foi ele quem não resistiu ao banquete, o chão sumiu dos meus pés e o gelado da escrivaninha do quarto encontrou minha bunda.
– Caralho… - Edward sugou o ar com os dentes cerrados quando coloquei a mão por dentro da calça dele. – Bella, eu estou tentan- – Ele se interrompeu, fechando os olhos e respirando fundo. Raspei os dentes na orelha dele, me deliciando ao perceber o arrepio que causei. – Bella, eu estou tentando falar sério. – Disse ainda de olhos fechado.
– Sério? O que é? – Afastei na hora. Os olhos dele se abriram rapidamente ao ouvir a confusão na minha voz.
Tirei a mão de dentro da calça dele e me arrumei em cima da escrivaninha.
– Hoje é o meu aniver-
– O que? Mentira! Por que eu só estou sabendo disso agora?
– Eu escondi.
Por isso o filho da puta não me deixou entrar nas redes sociais esses dias. E eu estava tão distraída e cansada que nem liguei.
Edward se aproveitou da minha distração, de novo, e deixou um beijo demorado no meu pescoço, arrancando-me um gemido alto.
– Bella, responde uma coisa que está me distraindo, antes que eu termine o que tenho para falar: para onde você estava indo toda gostosa desse jeito?
– Eu ia fazer uma surpresa, a reunião estava demorando tanto, achei que fosse chegar estressado. Agora entendi o motivo. – Dei um beliscão no braço dele.
– Não há estresse aqui, mas tesão tem para caralho. Mais tarde a gente resolve isso.
– No primeiro encontro? Eu não vou para a cama no primeiro encontro, Edward Cullen.
– Quem disse que a gente precisa ir para a cama? – Ele envolveu a mão no meu cabelo e puxou minha cabeça para cima, beijando meu pescoço até chegar na minha boca, mordendo meu lábio inferior e soltando. – A gente pode foder atrás da porta mesmo. – E se afastou. Eu fiquei travada no lugar. – Você tem dez minutos.
Claro que Edward estava exagerando na hora e nós conseguimos chegar no horário. Chegamos de mãos dadas, pouco nos importando se alguém veria ou não. Era um local sem fotos, o que não impediria da fofoca chegar nas redes sociais.
Sentamos em uma mesa no meio do salão, não era um lugar para se apreciar a vista, e sim a comida. Fui entender o que tinha de gostoso e encontrei um anúncio na última página do cardápio. Não era um anúncio propriamente dito, era um certificado de ‘melhor ravioli de cogumelos do mundo’.
E eu amava ravioli de cogumelo!
Comentei da coincidência com Edward, assistindo-o ficar sem jeito.
– Eu sei. – Foi o que falou quando resolveu parar de fazer mistério. – Por isso eu escolhi vir aqui.
Era aniversário dele, e eu é quem estava sendo agradada. Como se precisasse. E nem era para se dar bem no final da noite, a parte do sexo ele tinha garantida.
– Eu não lembro de ter contado para você que essa é uma das minhas comidas preferidas.
– Lembra quando estávamos na casa gravando e você ficou puta quando queimei a janta? – Duas horas da manhã, sem nenhuma outra comida na casa, claro que eu lembro. – Falei que ia comprar hambúrguer para todo mundo e você mandou eu enfiar no cu. Quando voltei da loja de conveniência ouvi você choramingando no telefone com a Alice que daria tudo por um prato de ravioli. Que estava morrendo de fome, mas ia dormir assim mesmo.
– Você ouviu e perdeu a oportunidade de esfregar o hambúrguer na minha cara? Caramba!
– Eu estava indo oferecer um de boa vontade, então ouvi suas reclamações. Dei meia volta. Quase mandei enfiar o telefone no cu.
Eu ri com o final da história de mais uma “briga” sem sentido entre a gente e inclinei para frente, incentivando-o a fazer o mesmo do outro lado da mesa.
– Por que a gente tem mania estranha de mandar o outro enfiar coisas no cu?
– Não sei. – Voltou para o lugar depois de rir. – Mas eu prefiro que você não tente. – Ergueu uma sobrancelha.
Edward achava que ia erguer essa sobrancelha para mim e eu ia deixar barato? Eu tinha que provocar.
– Por que? – Foi a minha vez de erguer a sobrancelha, que estava perfeitamente feita e causava muito mais impacto que a dele. – Você pode e eu não?
– Justo. Mas ainda estamos no primeiro encontro e eu ainda estou sóbrio para concordar com qualquer coisa.
– E precisou de algum encontro ou bebida para você tentar comigo? – Falei séria, assistindo os olhos de Edward se arregalarem. Eu me segurei para não chamar atenção com a minha risada.
– É só um dedinho, Edward, relaxa. – A cor fugiu dele e dessa vez tive que esconder o rosto com o guardanapo. Eu ria tanto que minha barriga doía.
Eu estava quente, suada e lacrimejando quando finalmente consegui me controlar. Edward tinha pedido para o garçom trazer mais água para mim. Agradeci enquanto me abanava, tentando não voltar a rir e me engasgar.
– Ai, Edward, sério, obrigada pela diversão.
– Que bom que eu entretenho.
Ele tinha aproveitado o garçom para fazer nossos pedidos, que não demoraram muito para chegar. O ravioli era realmente delicioso, pena que acabava no auge da gostosura. Os pratos foram pequenos demais e não mataram a fome de duas pessoas burras que não pediram a entrada para forrar a barriga. Tivemos que repetir.
Estávamos em uma discussão idiota sobre limão ser amargo ou azedo quando o garçom trouxe nossas sobremesas. Pedimos uma torta de amora para cada um, com medo delas serem pequenas demais e não darem conta da nossa vontade. Estávamos certos.
– Essa torta é simplesmente a melhor coisa que eu já comi na minha vida. – Coloquei outra garfada na boca, sentindo a massa derreter na língua.
Edward estava igualmente extasiado, não conseguia nem falar. Ele perdeu a oportunidade de fazer uma ótima piada.
– Isso deveria estar em destaque no cardápio com o ravioli. – Apontei para o doce com o garfo. Um prato foi empurrado na minha direção. – Você não precisa me dar a sua, Edward, obrigada, eu posso pedir outro pedaço.
– E se não tiver? Pode ficar com a minha.
– Só há um jeito de descobrir.
O sorriso no rosto dele quando ele pôde ficar com a torta foi imenso.
– Nossa, eu escreveria uma música para essa maravilha na minha frente.
– Ei, se escrever sobre mim, vai ter que cantar.
– Estou falando da maravilha torta, engraçadinho.
– Sem música para mim? – Fez bico.
– Eu tentei. Você ocupou a minha cabeça tempo o bastante para eu tentar escrever algo e exorcizar meus pensamentos. – Edward arregalou os olhos, surpreso pela minha confissão. – Pois é. Era você narrando como odiava todo mundo sem motivos. O nome era ‘Amargo’.
– Praticamente uma biografia. Por que nunca mostrou?
– Ela saiu em um ritmo que não combina com a gente, deixei engavetada. E não, você não vai ouvir.
– Tudo bem, não me importo. Você é uma puta compositora e duvido que tenha criado uma merda, mas não quero trazer aquela Bella que me xingava de volta. Ou o Edward. Consigo esperar para ouvir uma música boa sobre mim.
– Continue assim e, talvez, seu desejo seja realizado. – Pisquei para ele. – Então, você disse que tinha mais coisa para falar e eu estava distraindo. O que era?
– Eu ia explicar que é meu aniversário e eu não comemoro desde que meu avô começou a apresentar problemas de saúde. – Estiquei a mão com a palma para cima, convidando-o a colocar dele ali. – Esse ano quis dividir a data com você. Eu só queria agradecer por não me odiar, por ter me aturado quando fui um pé no saco, e estar do meu lado hoje. Desculpa não ter contado, eu enrolei, acabei perdendo o timing. Desabafando mais cedo com o Jasper, apavorado com a ideia de você ficar puta comigo, tive a ideia do jantar.
– Como eu posso ficar com raiva quando você fala desse jeito? – Apertei a mão dele. – Eu amo você, Edward. Faz tempo que estamos cozinhando esse relacionamento, pouco tempo que de fato estamos juntos, mas eu não mudaria nadinha do que nos trouxe até aqui, eu amo o que somos juntos.
– Eu definitivamente não mudaria caralho nenhum do que nos fez chegar aqui hoje. – Edward apertou minha mão.
– Talvez só- – Interrompi a brincadeira que faria notando uma movimentação atrás dele. – Então, acho que não vou ser a única a comemorar seu aniversário com você.
O garçom chegou com nossos segundos pedaços de torta, a de Edward tinha uma vela acesa em cima.
O homem colocou os pratos na mesa, fez um discreto movimento com a cabeça para Edward, e nos deixou sozinhos novamente.
– Rose. – Falamos juntos.
– Feliz aniversário, Edward. Que você se liberte de vez do que faz sua cabeça duvidar de si próprio, que deixe de odiar o mundo, que seu próximo ano traga tudo de bom que você merece. Se depender de mim, estarei bem aqui torcendo por você e ouvindo sua coleção de palavras sujas por mais um ano. Amo você para caralho, boca suja.
– Obrigado, Bella. Amo você para caralho. – Edward fechou os olhos e assoprou a vela. – E depender de mim, você estará aqui no próximo ano, e nos seguintes também. Agora termina sua torta, tirar essa merda de lingerie vai ser meu presente de aniversário e eu estou ansioso para caralho por isso.
– Que lingerie? – Pisquei.
– Mas que caralho, Bella.

d-_-b

POV BELLA

– Um, dois, três. – Arrumei os objetos na estante e analisei se estavam bons. Não estavam, mas os ansiosos olhos verdes ao meu lado não se importavam.
– Quatro, cinco, seis. Faltam esses aqui, Bella.
Acrescentei os outros três e fiz uma careta.
– Falei que mais de um Grammy acabava com a estética.
Era outro espaço na estante. Nesse havia uma fotografia da banda em um festival de música no qual fomos atração principal, a capa do nosso álbum completo (que acabou com dezoito músicas no total) e a miniatura do cartaz da nossa primeira turnê. Edward queria agora adicionar os seis Grammys que ganhamos, três meus, três dele. Ele estava tão eufórico com a conquista que só queria exibir tudo, não importava como, nem aonde.
O primeiro espaço não tinha mais lugar para colocar nada, Edward estava quebrando completamente a estética da minha decoração. Fazia quase dois anos que dividíamos o teto e agora a decoração da estante. E do resto da casa, claro.
Edward ficou estudando o cubículo.
– Não tem como isso ficar bom, Edward, escolhe um e guarda o resto. – Ele soltou um gemido qualquer, sem prestar atenção ao que falei. – Escolhe logo. Melhor Gravação, Álbum ou Canção?
– Complicado.
– Vou deixar você resolver essa, então, bonitão. – Passei acariciando o ombro dele.
– Vai aonde?
– Tomar banho.
Edward olhou da estante cheia de prêmios para o meu decote e ficou ali. Tínhamos acabado de voltar da premiação e eu ainda usava um revelador vestido lilás. Edward estava delicioso em um terno de três peças cinza carvão com a gravata solta. Ele sempre estava delicioso.
O nosso cansaço e o estresse pós premiação, e performance, cortaram toda a excitação inicial de quando nos vimos vestidos, só queríamos um banho quente, comer e dormir. Mas Edward brigava com os olhos cansados enquanto resolvia a exibição dos prêmios. Eu não sabia mais se ele estava olhando para os meus peitos, ou o cansaço desligou a mente dele e o olhar ficou congelado ali.
– Eles ainda estarão aqui quando você terminar. Vai, anda, termina isso. – Virei-o para a estante e fui tomar meu banho.
Quando saí ele estava nu na porta do banheiro se preparando para entrar.
– Fiz uns sanduíches para a gente, estão em cima da ilha.
Foi a minha vez de debater se iria para a cozinha ou se aproveitava o que estava diante de mim.
– Ele ainda vai estar aqui quando eu terminar. – Passou por mim, se abaixando para dar um beijo na minha bochecha.
– Que bom. Obrigada pelo sanduíche. Eu espero por você para comer.
Não tinha nada saudável para bebermos na casa, peguei duas garrafas de soda esquecidas na geladeira e levei para cima da mesa junto com os sanduíches.
Abri minha garrafa e fiquei brincando com a tampinha enquanto ele não chegava.
– Está comendo sem mim? – Edward parou do outro lado da ilha da cozinha. Ele olhou para baixo, roubando minha tampa de garrafa e girando-a de lado entre os dedos.
– Olha, mais um talento de Edward Cullen. – Bati palmas, empurrando o prato dele e revelando o meu ainda intocado.
– Eu estava pensando… - Deixou a frase inacabada enquanto ainda rolava a tampinha para lá e para cá.
– Em que?
Edward esticou a mão para mim. De primeira eu não entendi porque estava me oferecendo a tampinha da soda na palma da mão, então ele segurou entre os dedos e eu entendi que era um anel. O arco era em ouro, um único diamante oval deitado.
– Era da minha avó. Minha mãe fez eu pagar um serviço especial para trazê-lo quando contei que estávamos juntos, queria que eu tivesse comigo quando soubesse que era a hora certa, para não ter perigo de deixar a oportunidade escapar. – Abriu um sorriso tímido.
Como se eu precisasse de um anel para dizer sim para ele.
– Eu aceitaria até se você pedisse com anéis de papel. Desculpa, você não pediu nada! – Tampei a boca com as mãos.
Edward jogou a cabeça para trás rindo de mim enquanto dava a volta para ficar de pé na minha frente. Ele meneou a cabeça e segurou minhas mãos em uma das mãos gigantes dele.
– Eu estou pedindo, Bella. Aceita passar o resto dos seus dias deixando esse homem perturbado irritar você com a cantoria aleatória dele? – Pontuou a frase beijando minha bochecha. – Aceita esse estraga prazeres negar todo cachorro que você tenta trazer para casa? – Beijou outra bochecha. – Aceita o carpinteiro frustrado que nunca terminou a estante no estúdio e nunca arrumou a bagunça? – Dessa vez o beijo foi na minha testa. – Aceita esse homem que foi um escroto com você e tenta todo dia reparar o estrago? – Fiquei frustrada quando não encerrou o pedido beijando minha boca.
– Edward, é para eu aceitar, ou você está fazendo campanha contra si? Adianto que não vai funcionar.
– Eu não sou perfeito, Bella.
– Eu sei muito bem disso, boca suja. Assim como eu estou longe de ser. Mas amo o seu jeito imperfeito, amo você, amo nós dois juntos. Eu aceito o meu roqueiro bonitão boca suja do jeitinho que ele veio para mim.
– Eu cheguei todo fudido da cabeça, Bella.
– E mesmo assim não resisti aos seus belos olhos verdes. Eu não sei porque me apaixonei por um cara que mandava eu ir me foder todo dia, mas aconteceu e foi uma das melhores coisas da minha vida. Foi assim que nós chegamos aonde estamos hoje, eu apenas aceito.
– Caralho, eu amo você para caralho, Bella.
– Eu também amo você para caralho, Edward. – Minha barriga resolveu roncar. – Agora pergunta de novo para eu poder comer logo, minha barriga está roncando. – Mentira, a fome eu resolvia depois, eu só queria que ele perguntasse mesmo. Eu queria colocar o anel da mãe de Esme no dedo e exibir orgulhosa que iria casar com Edward.
– Você não prefere comer e depo- - Arregalei os olhos, evitando fazer a cara feia que ele cisma em dizer que parece uma gatinha raivosa. – Estou brincando. Viu, e você ainda quer casar comigo.
– Eu não disse sim ainda.
– E a história de me amar para caralho e aceitar casar comigo até com anéis de papel?
– Nunca antes um pedido de casamento foi tão enrolado. – Rolei os olhos.
Edward riu antes de segurar meu rosto e me beijar.
– Você aceita continuar dividindo os seus dias comigo? Casa comigo, Bella?
– Sim! Você é meu parceiro na música e meu parceiro na vida, é claro que aceito. – A barriga dele roncou dessa vez. – Agora coloca de uma vez esse anel. – Fiz a dancinha da Beyoncé com a mão. – Antes que a gente morra de fome e ninguém fique sabendo que eu disse sim para você.
Edward pegou minha mão e mordeu meu dedo antes de colocar o anel.
– Sou muito feliz por termos chegado aqui, boca suja. – Sacudi os dedos fazendo o diamante brilhar na luz.
– Imagina eu. – As duas barrigas roncaram juntas dessa vez. – Somos parceiros na fome também. Sorte que seu noivo é um homem preparado. – Ele virou para trás e pegou mais dois sanduíches de dentro da gaveta de esquentar comida.
– Afinal, qual sua tara por essa gaveta, noivo preparado?
– Um dia eu conto.

FIM


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Notas finais do capítulo

Que luta para postar aqui! Olha...

Espero que tenham curtido a história desse ano. Eu sempre quis usar Nella Sean em uma história, e achei a oportunidade perfeita!
Não esqueçam de prestigiar as outras histórias do projeto. Até o próximo!



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