Mavericks escrita por AnnaP


Capítulo 1
Mavericks


Notas iniciais do capítulo

Complicado postar aqui. Tive que dividir em duas partes.



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POV Bella

Eu sempre amei música. Desde bebê, a maioria dos meus brinquedos emitiam algum tipo de som e me deixavam fascinada. Boneca? Não, obrigada. Um xilofone desafinado que leva meus pais a loucura? Por favor!

Quando foi a hora de ir para a escola, eu sofri sabendo que não poderia ficar em casa cantando para a plateia de bonecas e ursos. Eu não gostar deles não impedia que os ganhasse de presente. Na segunda semana o pesadelo matutino da minha mãe de me obrigar a sair da cama e me arrastar pelo até a escola acabou: começaram as aulas de música. Mesmo muito pequena para fazer muita coisa além de pintar e aprender letrinhas com a professora, eu entendia que precisava passar por aquele martírio para ter direito a minha aula preferida.

Para a minha sorte, e de todos que conviviam comigo, eu levava jeito com os instrumentos. Não era mais xilofone desafinado, um piano esganiçado, eram instrumentos de verdade que só pioraram a minha paixão.

Quando chegou a hora das aulas de inglês, minha professora preferida no mundo todo, Tanya, viu que eu levava jeito com as palavras e me incentivou a escrever minhas próprias músicas. Ela sabia o monstro que estava criando.

E esse monstro era tímido. Introvertido. Não importava quantos shows de talentos, apresentações para o dia da família, dia da terra ou jogo dos times da escola eles fizessem, eu não me apresentava em nenhum. Sempre na plateia ou nos bastidores afinando alguma coisa de última hora.

A única coisa que eu não fazia era cantar. Apesar de ter a voz para tal, nunca desenvolvi. Fazia um coro aqui ou ali, nada que me obrigasse a fazer exercícios ou concessões.

Aos dezesseis anos me inscrevi para participar de uma promoção para conhecer minha cantora preferida: Rebecca Black. Ela era uma das cantoras POPs de maior sucesso do mundo e estava dando a oportunidade de um fã conhecê-la. Se fosse só isso, eu não teria participado, não mesmo. Para participar dessa promoção, você teria que escrever uma música para ela. Música essa que poderia, ou não, ser gravada pela grande estrela. Foi esse detalhe que me pegou e me fez passar dias e noites escrevendo e apagando letras do meu caderno.

No fim, ganhei a promoção e fui convidada a ir até Los Angeles acompanhar a gravação da minha música. Eu gostava de Rebecca, claro, mas eu estava mais interessada em todo o processo da criação do álbum. Fiz amizade com os músicos, com os produtores, e não só acompanhei todo o processo durante a uma semana que fiquei lá, como também toquei teclado na faixa. Meu nome sairia nos créditos de uma música. Duas vezes!

Eu como musicista estava nas nuvens! Era um sonho sendo realizado, era o meu trabalho sendo apreciado e valorizado.

Eu como pessoa estava no inferno. Voltei para a escola como se fosse algum tipo de celebridade. De repente todo mundo queria falar com a esquisita da música Bella Swan. Cidade pequena era horrível e a "fama", se assim posso chamar, nunca acabou. O álbum saiu e foi ainda pior, eu tive que implorar para não precisar dar mais autógrafos na rua.

Foi quando ganhei os meus primeiros haters. Foi um choque para eles quando procuraram meu nome nos créditos e não acharam. Eu sabia que ele estaria lá e me enchia de orgulho por isso, mas nunca contei para ninguém que estaria como Nella Sean. O idiota do irmão da Rebecca estava preocupado demais me cantando quando escreveu meu nome e errou toda a grafia. Quando eu percebi o que aquilo poderia significar, anonimato, agradeci pela única coisa útil que aquele homem fez.

Fui aceita na Universidade de Berklee e cruzei o país para estudar e me formar com honras. Os contatos que eu havia feito em Los Angeles ainda estavam em stand by e o baterista de Rebecca avisou que eu era maior de idade e estudada. Um mês depois de me formar eles me ofereceram o posto de tecladista na banda, três meses depois nós saímos em turnê pelos Estados Unidos.

Depois disso, é história.

d-_-b

POV Edward

Bati o pé impacientemente no chão do estúdio. A pessoa que deveria fazer o teste para entrar na banda estava quinze minutos atrasada. Eu odiava atrasos.

Só estávamos eu e uma mulher do marketing da gravadora como minha babá. Eu não fazia ideia de onde todos os outros estavam.

Peguei o celular e abri o mesmo vídeo que abria sempre que começava a ficar ansioso com alguma coisa: o primeiro vídeo da banda postado na Internet.

Nós éramos uma daquelas bandas que foram descobertas na Internet. Não era como eu queria ter sido descoberto, mas depois de fazer shows por anos em Chicago sem ser reconhecido, foi o que sobrou.

Começamos com covers de bandas que curtíamos e, mais recentemente, lançamos uma música inédita contando nossa história chamada FYF, ou melhor dizendo Fuck You Friend.

Eu era vocalista e multi-instrumentista, Alec o guitarrista e vocal de apoio, Peter o baterista e percussionista e Jasper multi-instrumentista e DJ.

Assinamos nosso contrato com a gravadora com um puta adiantamento, um puta reconhecimento, uma puta pressão para dar certo. Éramos completamente leigos nos bastidores do mundo musical e estávamos aprendendo tudo na marra.

A banda era perfeita em um segundo, no seguinte não poderíamos regravar nossa própria música para lançar nas plataformas se não tivéssemos um baixista. Alec tocava baixo e guitarra. Eu tocava baixo e guitarra. Jasper tocava baixo e guitarra. Não servia.

E ainda reclamaram que quando o baixo ficava comigo nas músicas eu o soltava para cantar e o instrumento sumia. Nem era por muito tempo, e ninguém reparava. Detalhes.

O que nos trouxe a uma audição para escolher o novo baixista. Não, está tudo errado no que eu falei. A "audição" era para conhecermos A nova baixista. Os grandes executivos da gravadora escolheram da cabeça deles uma pessoa e simplesmente anunciaram que deveríamos recebê-la de braços abertos. Na minha banda. Sem me consultar. Foda-se se era mulher, se era homem, se era uma árvore! Eu queria ter direito de escolha na merda da pessoa que tocaria as porras das minhas músicas do meu lado.

Os outros não se importaram. Não. Nem um pouco. Viram alguns vídeos dela tocando e acharam o máximo. Eu esperava que essas porras não estivessem pensando com a cabeça do caralho e só vissem a porra de uma buceta ao invés de uma baixista boa.

Foda-se, eu falo palavrão para caralho.

Os vídeos que eles viram não eram nem a merda de vídeos dela tocando baixo! Vão tomar todos no cu! Ela era tecladista na banda da cantora fresca Rebecca Black. Uma tecladista de uma bandinha POP vindo para o rock. Todos precisaríamos de sorte. Se esse fosse algum tipo de experimento de merda que ela ou a gravadora estavam fazendo eu enfiaria um processo no cu deles em dois tempos.

Depois do que pareceu uma eternidade, uma horda de pessoas passou pelas portas do estúdio. Era tanta gente que alguém ficou de pé com a bunda na minha cara porque não tinha mais lugar para ficar. Era uma bunda gostosinha, nitidamente de mulher, mas eu virei o rosto para o outro lado pelo bem da moral e bons costumes.

Aos poucos o lugar foi esvaziando e pude olhar para frente de novo.

Contra minha vontade, levantei para conhecer a nova baixista. A dona da bunda. Ela era linda e gostosa, uns olhos escuros enormes que faziam eu querer contar toda a merda da minha vida. E estava na minha banda.

Eu só me fodo.

Bella era o nome dela. Bella Swan. Ela me deu um aceno meio desinteressado, muito preocupada em falar com Garrett, ver Garrett. O interesse dela nesse cara só me irritou mais. Custava me cumprimentar direito? Arrumaram uma metidinha cheia de merda para trabalhar com a gente. Deve se achar diva igual a cantora com quem trabalhava.

— Você ensaiou a música? – Interrompi uma conversa dela, soando ríspido.

Foda-se também, se ela podia ser ignorante comigo, eu podia ser com ela.

Ela franziu as sobrancelhas enquanto Alec rolava os olhos.

— Não liga, Bella, Edward é o nosso velho ranzinza. Ele é amargo assim com todo mundo.

— Vai se foder.

— Viu?

Ela respirou fundo e pareceu incorporar outra pessoa.

— Sim, patrão, eu ensaiei a música.

— Eu não sou o seu patrão. E para que fique claro, eu odeio atrasos.

— Ela se atrasou por nossa causa, dá um tempo, cara. – Alec interveio.

Ótimo, agora tínhamos uma donzela em perigo na banda.

— Vamos logo, eu tenho mais o que fazer.

Saí na frente e abri a porta que dava para a sala de gravação. Estiquei o baixo para a nova baixista pegar. Merda, eu tinha que aprender a chamá-la pelo nome. Bella. Bel-la. B-e-l-l-a.

Vai ficar impossível chamá-la de qualquer coisa se ela ficar olhando com cara de nojo para o meu baixo. Ela, Bella, ignorou minha mão esticada e levantou uma case que eu não tinha visto antes.

Os outros apenas se espalharam em seus lugares e esperaram a ordem para começarem.

Peguei leve na primeira música: Silly Love Songs, por Sir Paul McCartney.

Ela rolou os olhos?

Na dúvida se ela tinha feito ou não, aumentei a dificuldade com Another Bite Of Dust, do Queen. Eu tinha que testá-la mesmo.

Ela definitivamente rolou os olhos agora.

Mandei Money, do Pink Floyd, e agora os caras estavam trocando olhares. Bella estava focada em mim, como se esfregasse o próprio talento na minha cara a cada nota.

E ela foi assim a cada musica, cada desafio que eu achava que estava dando para ela.

Por fim, quando os outros estavam quase jogando os instrumentos na minha cabeça para que eu parasse, emendei a nossa música. Abri um sorriso vencedor quando vacilou um acorde. Os olhos dela se arregalaram e ela ficou puta. Meu sorriso só aumentou assistindo a carranca que se formava no rosto dela.

Minha felicidade não durou muito. Acompanhei o momento exato no qual Bella reconheceu Fuck You Friend. Meu sorriso foi murchando, oposto ao dela, que crescia. A filha da p-mãe não só conhecia a música, como introduziu o baixo perfeitamente e mudou várias nuances.

Eu nunca admitiria que ficou bom para caralho. Afinal, a música era minha. Quem ela pensa que é para mudar alguma coisa?

d-_-b

POV BELLA

Edward nunca admitiu que gostou das mudanças que eu fiz em Fuck You Friend, mas foi a minha versão que nós gravamos. Um dia depois que conheci os rapazes, nós voltamos para o estúdio e começamos a produção da música. Edward reclamava de toda modificação feita, resmungava a cada resultado bom. Só para não dar o braço a torcer. Um ser amargo, incapaz de soltar um elogio.

Edward parecia ter problema até com as pessoas que concordavam com tudo o que ele falava.

Não que fosse muito difícil concordar com ele, Edward tinha um dom incrível e sabia usar! E eu nunca admitiria isso. Seria prazeroso assisti-lo trabalhar se ele não fosse tão implicante. Eu achei que tivesse me livrado do tipo quando deixei Rebecca. A diva do pop era Edward de saia. Sem a beleza e o sex appeal dele, somente um monte de ordens e um nariz empinado. Beyoncé não estava mentindo quando disse que diva é uma versão feminina de estrela do rock. Porém, o que Edward tinha de talento, faltava em Rebecca. Ela não sabia pegar em uma guitarra. Eu vivi o 'não conheça seu ídolo'. Mas essa é outra história.

Quando decidi que queria novos desafios, nunca imaginei que fosse entrar em uma banda de rock. Eu não tinha atitude de roqueira, não tinha uma vida de roqueira. Eu tinha a minha música, e era com ela que eu queria brincar. Os anos que passei com Rebecca foram de bastante aprendizado, ao mesmo tempo, muito engessados. Eu estava enjoada.

Não achei que o universo fosse me jogar no espectro oposto direto no mundo do rock. De vez em quando eu mesma me espantava com a minha decisão. Seria um desafio e tanto, mas eu estava mais do que disposta a sair da minha zona de conforto.

Foi Garrett quem me convidou para fazer parte da Mavericks. Junto com os outros integrantes da banda de Rebecca, ele me ensinou um mundo de detalhes que não se aprende na faculdade. Quando ouviu que a nova contratação da gravadora estava precisando de um baixista, mostrou meu trabalho para a esposa, Kate, uma das grandes executivas manda-chuva, e fechou ali a minha contratação sem nem me avisar. Ele foi como um empresário, que só depois contou o que estava acontecendo e avisou que eu tinha três dias para me decidir.

Acabei levando quatro dias, o que fez Kate ligar desesperada perguntando se eu tinha desistido. Eu estava decidida a aceitar, apenas protelava a ligação. Fiquei feliz por ela ligar mostrando interesse, talvez eu acabasse me fechando na minha bolha confortável e desistisse.

No final deu tudo certo, eu acabei fazendo parte de uma banda de rock com outros quatro rapazes. A banda estava começando a carreira, contrato recém assinado, com a fama nas alturas por causa das redes sociais. Todos queriam tirar uma casquinha. Era tanta gente ao redor que às vezes eu tinha problema para saber quem era quem.

De todos, Edward era o único que eu conhecia muito bem. Claro! O vocalista bonitão e cheio de marra que me infernizava. Alec e Peter tinham apelidos e xingamentos como tratamento que eu não consegui decorar nos três primeiros dias de convivência nos quais nos trancaram no estúdio para gravar Fuck You Friend. De todos, o que me identifiquei mais foi Jasper. Quieto como eu, parecia estar perdido no mundo do rock também.

No quarto dia de estúdio Fuck You Friend estava produzida, no quinto nos levaram para gravar o clipe. Fuck You Friend era sobre amigos diferentes entre si que criaram uma banda de sucesso.

Em dois dias sofridos nós gravamos tudo. Estávamos liberados para seguir enclausurados no estúdio enquanto a equipe de edição se virava para criar algo bom com o material gravado.

Foram cinco dias de expectativa até nos mostrarem o resultado. Tirando nossa péssima atuação, o clipe tinha ficado muito bom!

Dois dias depois o lançamos em uma live no estúdio. Foi nossa primeira aparição como uma banda, a minha apresentação como baixista, e um lançamento surpresa da música e do clipe.

Entramos no estúdio meio perdidos. Eu mais ainda, acostumada a ficar quietinha atrás do meu teclado apenas fazendo o meu trabalho. A Mavericks lançava covers na Internet fazia alguns meses, tinham uma certa desenvoltura com o público virtual.

Antes de qualquer coisa, nos reuniram para instruções. Não podíamos falar sobre assuntos polêmicos ou ler mensagens que poderiam gerar polêmica, era proibido acender cigarros, usar drogas, ou aparecer na frente da câmera com as bebidas disponíveis no frigobar. Eles nem tentaram impedir os palavrões. Sem eles Edward ficaria mudo diante da câmera.

Como eu fiquei. Os rapazes controlaram a maior parte da live e me apresentaram fazendo festa com um confete que alguém da produção tinha entregue e eu não tinha visto. Morri de vergonha, mas sobrevivi. Edward nem parecia o grande pé no saco dos dias anteriores. Falso.

Foi divertido vê-los interagirem com as perguntas que os fãs enviavam no chat. Nós tínhamos uma tela grande para ver a nossa própria imagem, outra ao lado com as mensagens. Era gente querendo saber quando sairia o álbum, quando começaria a turnê, gente querendo casar com os meninos. Sobrou até pedido de casamento para mim. Como a maioria das mensagens relacionadas a esse tópico entrava na categoria de assuntos polêmicos, éramos obrigados a ignorar.

Depois de uma hora, fomos liberados para voltar para casa. Não para descansar, não, precisávamos nos arrumar para uma festa em um restaurante pelos mesmos motivos da live. Agora eu estaria no centro das atenções de várias pessoas em carne e osso e olhos curiosos. Merda.

d-_-b

POV EDWARD

FYF estava prestes a estrear e todos só tinham olhos para Bella. Os executivos da gravadora estavam no restaurante, junto de alguns dos principais artistas, a merda de influenciadores chatos para caralho, nossas famílias tinham vindo de Chicago só para isso, imprensa, e uma porrada de gente que eu não fazia ideia de quem eram. Todos cercando Bella.

Nós tínhamos uma área do restaurante para onde podíamos ir receber instruções da produção, trepar com alguém, dar ataque de estrelismo ou qualquer outra merda que ninguém poderia ver. De tempos em tempos eu via Bella se esconder lá. Ela dizia que estava desconfortável com tanta atenção, mas sempre abria um sorriso bonito do caralho e ficava horas conversando com todo mundo. Ela encantava um por um e fugia para reclamar. Falsa.

Ficávamos o mais afastado possível um do outro na hora das fotos. Ríamos quando pediam, fazíamos comentários bobos com os rapazes, fingíamos que éramos um grupo de amigos se divertindo para valer na maior oportunidade da vida deles. Quando acabava, cada um ia para o seu lado. Dois falsos.

O evento foi um sucesso! Todos comeram na nossa mão, nenhum jornalista ou influenciador estaria reclamando no dia seguinte. Eu fiquei com um medo do caralho quando chegou a hora de tocarmos juntos. Foi a nossa primeira vez em um palco, muita coisa poderia ter dado errado. Não tínhamos ainda feito um ensaio para saber nossas posições, gestos, falas, nada! Digo isso acrescentando Bella a equação, porque com os rapazes a Mavericks funcionava perfeitamente sem nenhuma dessas merdas.

Para o meu total horror, nós tivemos uma sincronia filha da puta! Tínhamos tocado FYF por uns quatro dias sem parar entre produção e gravação, e ela saiu perfeita. Mas o que nós fizemos no palco foi surreal! Adicionar uma pessoa para tocar baixo na banda foi a melhor merda que eles me obrigaram a fazer e eu jamais admitiria. E não era uma pessoa qualquer, era a porra de uma mulher gostosa para o excelentíssimo senhor caralho que sabia o que estava fazendo. Uma provocadorazinha de merda que me deixava louco com umas dancinhas e uns olhares excitantes do caralho.

Minha excitação era tão grande que chamei uma influenciadora gata para ir para casa. A última coisa que vi antes de levantar a janela do carro para sair foi uma careta de nojo de Bella na minha direção.

Não estávamos de folga no dia seguinte da festa de apresentação, estávamos de volta ao estúdio.

Cheguei cedo, como sempre, e sentei no sofá com os fones, ouvindo algumas melodias antigas e tentando criar alguma coisa a partir delas. Rosalie, minha cunhada e empresária da banda, chutou meu pé para chamar minha atenção.

— Bella está chegando, tenta não ser escroto com ela hoje.

— Se ela não for comigo.

— Você veio o caminho todo só reclamando dela. A não ser que tenham dormido juntos no passado e ela errou seu nome, não sei o que fez a você para provocar esse comportamento.

— Ela se meteu onde não devia.

Fiquei puto com a careta de nojo de ontem. Quem ela era achando que podia me julgar? E os olhares que me dava toda vez que eu cantarolava alguma coisa? Não é minha culpa eu não conseguir parar de cantar, ela não precisava me recriminar com a porra dos olhos. Incomodada do caralho. Eu não ia poder nem mais fazer isso?

— Duvido muito. – Rosalie continuou, alheia aos meus pensamentos. – A gente já conversou sobre isso, mas eu vou falar mais uma vez: para de desconfiar de todo mundo. Não vou deixar ninguém obrigar vocês a fazerem o que não querem, não vou prejudicar a música que tanto ama. Não sei qual é o seu problema com a Bella, mas você tem que resolver isso. Ela é perfeita para a banda, Edward.

— Perfeita para quem? Você viu a cara que ela fez quando o Paul falou que comprou a Rover dele? Ela nem gosta da gente!

— Da gente quem? Paul não é da banda, Edward. Ele esfregou na cara de todo mundo que comprou um carro novo com dinheiro das drogas que vende. Era para ela comemorar? Ele deu em cima dela, de mim, da Charlotte, e até da sua mãe na festa. Você acha mesmo que ela julgou seu amiguinho de forma errada?

— Você também não, Rosalie. Parece que só eu sou culpado de tudo, Bella é santinha, ninguém a vê fazendo caralho nenhum.

— Edward, nós crescemos juntos, você não era assim! Você anda odiando todo mundo e sem motivo. Qual é o seu problema? Bella é ótima!

— Muita pressão. Sei lá.

Não, eu não era assim. Com vinte e quatro anos, eu era muito novo para ser chamado de velho ranzinza, mas era o que eu tinha me tornado. Nem sabia como tinha me tornado esse merda, eu só… tinha. A maior parte do meu ataque era em Bella. Era quase certeza que se parasse para prestar atenção não havia nem motivo para eu ter virado a mira para ela. Mas era mais fácil assim. Ela devolvia meus ataques com a mesma intensidade, quase me dando prazer de atacar só para descobrir qual seria a represália. De vez em quando ela fechava os olhos e fazia uma carinha de raiva fofa para caralho.

— Você sabe que se quiser a gente pula fora, não sabe? – Rosalie continuou. – Tem uma cláusula de desistência no contrato. Até Bella concordou com ela.

— Aquela falsa fez mesmo a sua cabeça.

A falsa em questão abriu a porta do estúdio. Rosalie levantou para abraçá-la, deixando um tapa na minha nuca como brinde.

POV BELLA

Vi Rosalie agredir Edward e ri. Ele levantou o dedo do meio para mim pelas costas dela. Eu só suspirei, cansada da criancice dele. Rosalie me apertou mais, sabendo muito bem que ele havia feito alguma coisa sem nem se virar para ver ou eu ter contado.

Ela nos deixou sozinhos por algumas horas para participar de uma reunião, pedindo que nos comportássemos e tivéssemos algo para mostrar quando voltasse.

Não tínhamos.

Ela soltou meia dúzia de palavrões e começou outra reunião com a gente.

— Muitas coisas mudaram. Vocês devem ter entrado nas redes sociais e visto que vazamos um pedaço do show de ontem e o sucesso que foi. Vou passar a agenda de vocês, abram seus telefones e sincronizem no link que enviei para cada um.

— Não vai rolar grupo com todo mundo?

— Isso não é um trabalho de escola, Peter.

Tivemos mais uma hora de reunião até podermos voltar para as composições.

Depois de um puxão de orelha nós acordamos. Edward mostrou uns rascunhos e nós tentamos fazer alguma coisa em cima. Peter, Alec e Jasper ficaram com a parte instrumental, enquanto eu e Edward, acompanhados do produtor musical, fazíamos de tudo um pouco.

Meus cadernos de composição e os de Edward estavam todos abertos e espalhados pela saleta do estúdio, tínhamos a mesma mania de ser espaçosos quando estávamos compondo. Estiquei-me para pegar um dos dele, procurando uma estrofe específica que tínhamos trabalhado mais cedo. Estava folheando as páginas quando o caderno foi arrancado de mim.

— O que você está fazendo?

Eu me assustei e não consegui responder de imediato. Deu tempo de Edward fechar o caderno e guardar na mochila. Ele se jogou no sofá de frente para o meu, pegou outro caderno e jogou em cima da mesa na minha direção. Exatamente na página que eu queria.

— Enfia no cu. – Falei e saí.

Foi impossível manter o profissionalismo depois dessa. Ficou cada um sentado de um lado com seus cadernos e instrumentos. Vez ou outra Edward tirava minha concentração cantarolando alguma coisa e eu olhava para cima achando que ele estava falando comigo. Ele me dava um olhar de desprezo e voltava ao que estava fazendo em silêncio. Até fazer de novo. O produtor estava ficando louco com a gente, e era apenas o início.

Não rendemos nada no dia seguinte também. Para piorar, tivemos que parar tudo e participar da nossa primeira entrevista em uma rádio.

Tínhamos agora a companhia de Zafrina, nossa publicista temporária, e Charlotte, assistente de Rosalie (e também namorada de Peter fazia alguns anos).

Sentaram de frente para a mesa de som: Alec, Edward e Peter. Eu e Jasper ficamos atrás deles. Eu logo atrás de Edward, esperando que ele sentisse meus olhos na nuca e ficasse bastante incomodado.

— Temos em nosso estúdio a Mavericks. – O apresentador começou. – Vocês insistiram, imploraram, jogaram merda no meu carro, eu trouxe essas porras aqui. Eles vão se apresentar agora. Vamos lá rapazes, e dama, jogo rápido para quebrar o gelo. – Ele apontou para Peter. – Nome. Idade, no claro ou no escuro?

Os rapazes gargalhavam enquanto Peter respondia. Mantiveram-se assim até que todos tivessem dado suas repostas para as perguntas engraçadinhas.

— Peter, vinte e sete, o que importa é ela ser gostosa!

No outro canto do estúdio Zafrina anotava alguma coisa no tablet.

— Edward, vinte e quatro, uma boa bunda.

— Alec, vinte e cinco, quanto mais barulho melhor.

— Jasper, vinte e sete, escada de incêndio. – Quietinho, hein? Sei.

— Bella, vinte e seis, rock and roll. – Se ele esperava que eu fosse responder 'sexo' ou 'drogas', ele ia ficar querendo.

Ignorando minha resposta sem graça para os padrões dele, o apresentador começou com as perguntas… sérias:

— Eu assisti vocês em Chicago um mês atrás e você não estava lá. De onde você surgiu, Bella?

Dei um breve discurso sobre minha chegada alguns dias atrás. Como combinamos antes, dei algumas dicas sobre um possível álbum. Ninguém precisava saber que ele estava encruado.

Edward seguiu daí, respondendo vagamente a tudo o que o apresentador perguntava. Ele conseguiu segurar a entrevista apesar das piadas e comparativos desnecessários do entrevistador com outras bandas.

Zafrina ficou bastante satisfeita com o resultado final. Principalmente porque eu e Edward não brigamos em público.

d-_-b

POV BELLA

Pausamos as sessões no estúdio de gravação mais uma vez para começar nossa sessão no estúdio de fotografia para fotos promocionais. Fomos levados para uma mansão nas colinas de Los Angeles às seis horas da manhã.

Os rapazes tinham um quarto só deles com várias araras montadas na prova de roupa que fizemos dois dias atrás. Eu estava sozinha em outro com as minhas. Os mimos por ser a única mulher da banda.

— Um dia eu vou ter uma casa dessas. – Edward comentou de braços cruzados ao meu lado.

Estávamos em uma varanda no segundo piso da casa olhando as infinitas luzes da cidade se acendendo no crepúsculo enquanto Peter era fotografado atrás de nós.

— Para isso nós precisamos terminar o álbum. – Suspirei desanimada. – Comece escrevendo uma música sobre um cara que quer comprar uma casa assim.

Edward estreitou os olhos para me responder, sendo interrompido por um grito.

— Não movam!

O aviso fez os dois virarem para trás.

— Ótima! – A fotógrafa comemorou olhando a máquina. – Agora olhem para frente de novo.

Fizemos isso diversas vezes até ela estar satisfeita. Também tivemos que olhar um para o outro. Foi a primeira vez que eu realmente olhei para Edward sem mentalmente tramar a morte dele. Por um momento esqueci quem estava diante de mim e me permiti admirar a beleza excepcional daquele rosto.

Ambos piscamos meio desorientados quando terminou. Nem me lembrava que tinha gente em volta.

Corri para o camarim antes que comentassem alguma coisa. Charlotte olhou de mim para Edward e chegou a abrir a boca para falar alguma coisa, desistindo quando ambos começamos a falar juntos sobre coisas aleatórias.

Corri o dedo pelas etiquetas da arara até chegar na próxima roupa de uma fotografia na piscina. Peguei a saia preta de couro falso cheia de alfinetes e vi que a outra peça era uma camiseta branca. Para fotos na piscina. Ergui uma sobrancelha para Charlotte enquanto mostrava o look.

— Ela quer fazer um concurso de camisetas molhadas com vocês. – Riu, virando uma taça de champanhe. – As camisas deles também são brancas. – Ergueu as sobrancelhas repetidas vezes, me fazendo rir.

— Deixa de ser tarada por um segundo e presta atenção. Lembro quando experimentamos os figurinos de um sutiã cor da pele e um colete branco peludo.

Nada contra mulheres que não têm problemas para expor o próprio corpo, eu só não era uma delas. Não queria chamar esse tipo de atenção e comentários para mim ou para a banda.

Revirei as araras até achar um top cheio de tachinhas pontudas que não tinha sido usado ainda. Ele não ia combinar com a saia de alfinetes, tive que refazer o look todo. Revirei as peças até achar algo que me deixasse confortável. Meti o top de tachinhas em cima de uma camisa social branca e troquei a saia por um short bem curtinho. Nos pés, calcei uma bota de couro que ia até o meio das coxas. Nada a ver com a roupa que tinham separado para mim.

— Sorte sua que o stylist nos largou aqui para ficar com os meninos. – Charlotte mostrou uma foto de um homem prendendo cordões no pescoço de Peter.

— Eles não queriam atitude rock and roll? – Girei na frente dela e parei mostrando a língua e fazendo o gesto característico dos roqueiros com os dedos.

— Uau, super roqueira você, bebê. Está pronta, rebelde?

No andar inferior, a assistente de produção olhou do tablet para mim diversas vezes. Eu não queria ser chata, mas levantei uma sobrancelha desafiando-a a dizer alguma coisa. A menina enfiou o aparelho debaixo do braço e nos conduziu para fora.

— Irina ainda está lá em cima, ela vai tirar umas fotos aéreas primeiro. – Aéreas, também conhecidas como varanda do segundo andar.

Agradeci e me juntei aos rapazes, corando com os assobios de recepção.

— O que aconteceu com a sua roupa? – O stylist apareceu. – Lauren, traga a roupa certa para Bella trocar.

— Então… Eu fiz umas mudanças porque fizeram umas mudanças na roupa que eu tinha experimentado.

— Meu amor, eu não vou ter meu nome vinculado a esse… - Ele apontou meu corpo de cima abaixo. – Assassinato da moda.

— Não tem problema, eu assumo qualquer responsabilidade.

— Tire ao menos esse cropped de cima dessa camisa. A ideia é todo mundo de camisa branca na piscina.

— Não, desculpa, eu não me sinto confortável com isso. Por que tiraram o sutiã e o colete que tinha junto quando experimentei? Foi com aquela roupa que eu concordei.

— Meu amor, o look sempre foi esse. Você experimentou as roupas semanas atrás e concordou com tudo! Quer uma lista? Eu mostro.

— Tinha um sutiã. – A voz de Edward surgiu na minha direita. – Eu vi. No dia que experimentamos as roupas. E o tal colete.

— Eu tenho fotografias de todos eles experimentando todas as roupas, posso pegar também. – Charlotte interveio, desbloqueando o celular.

O homem nos mandou ir pastar com os olhos enquanto indicava a direção da piscina com a mão.

Alec o esperou se afastar e veio até mim.

— E eu ouvi alguém dizer que não arrumaria confusão. Legal! – Levantou a mão para eu bater com a minha.

POV EDWARD

Enquanto seguíamos gravando o álbum, as fotografias do nosso ensaio foram distribuídas para a imprensa. Eu dei uma gargalhada gostosa quando li os elogios para a roupa maluca que Bella inventou de usar para o horror do stylist. Maluca não, uma roupa que faz o que aquela fez com as pernas de uma mulher nunca pode ser desprezada. Bella ficou com umas pernas do caralho naquele shortinho com aquelas botas. Se procurar tem uma imagem minha babando nas fotografias que tiramos depois que saímos da piscina.

Eu não tinha me recuperado da primeira gargalhada quando abri as redes sociais e vi vários comentários dela tomando para si os créditos da criação e contando da confusão na sessão. O homem deve estar muito puto.

Defender Bella na sessão meio que uniu a banda. O clima no estúdio tinha melhorado mil vezes depois do episódio. Não era nenhuma maravilha, mas tínhamos evoluído para caralho.

Eu tinha realmente feito a música sobre querer aquela casa nas colinas de Hollywood, e mostrei para ela. Consegui não brigar quando disse que estava romântica demais e fez várias modificações. Até admiti que tinha ficado melhor depois do que fez.

Estava tudo dando certo na banda como tinha que ter dado desde o início. Com algumas implicâncias aqui e ali, porque eu ainda era um filho da puta implicante ainda ressentido que tivessem colocado mais um integrante na minha banda, nada muito chocante que fizesse Rosalie me agredir de novo.

Tínhamos acabado de desligar a aparelhagem de som quando Kate entrou com Toshiro, Vladimir e Stefan, todo o time de executivos da gravadora. Nossa sorte foi o humor estar bom, ou a tensão dos dias anteriores teria piorado mil vezes com a presença deles.

Depois de fingirem saber o que estávamos fazendo, anunciaram outra festa. Era lançamento de álbum de outro artista e queriam a nossa presença. Não bastavam as merdas das entrevistas repetitivas que cedíamos, nas quais perguntavam até a cor da nossa roupa íntima, precisávamos estar na boca do povo de toda forma possível.

As únicas pessoas que não comemoraram a boca livre com bebida liberada foram Bella e Jasper. Eles se olharam meio desanimados antes de disfarçarem e confirmarem a presença. Olhei para Bella estranhando o comportamento dos dois, ela me deu um olhar que mandava eu ir me foder e cuidar da minha vida. Achei mais estranho ainda.

Eu estava apoiado no bar próximo da porta quando os vi entrar. Bella e Jasper. Juntos. Ao mesmo tempo. O que estava rolando com esses dois? Não se dariam ao trabalho de contar para o resto da banda que estavam juntos? Eu nem os via conversar muito. Eles se viam fora dos ensaios? Por que eu não sabia disso? Por que Jasper não me contou nada?

Eles me viram e vieram na minha direção. Jasper veio, Bella foi convencida por ele.

— Já está de cara feia, Edward? – Foi o cumprimento de Bella.

Ela estava linda com um penteado que dava a impressão de ser um moicano. Os olhos estavam com uma maquiagem preta, os peitos eram abraçados por um top branco, a pele branca do colo me dando vontade de enfiar a cara.

— Não fode. – Foi a minha réplica.

— Sempre um amor. – Debochou.

— Cara, sem necessidade.

— Eu já estou acostumada, Jasper. – Ela levantou o dedo do meio para mim.

Fechei a boca com força para não falar o que não devia. Eu teria uma puta dor de cabeça ou de dente no final da noite se continuasse assim.

— Oi! Cheguei! – Um ser muito pequeno apareceu entre os dois. – Da próxima vez tratem de aceitar o motorista profissional, não vou ficar dirigindo para vocês.

Jasper se abaixou e deu um beijo rápido na boca da mulher, sussurrando alguma coisa só para ela ouvir. Bella não estava olhando para eles, estava prestando atenção na minha reação, nos meus olhos arregalados.

— O que? – Ergui uma sobrancelha para ela.

— Edward, essa é Alice. – Jasper começou a apresentar enquanto eu ainda travava uma guerra de olhares com Bella. – Alice, esse é Edward.

— O famoso Edward Cullen. Prazer, Alice. – Pela visão periférica vi a pequena pessoa esticar a mão.

— Não tão famoso ainda. – Larguei Bella para lá e abri um sorriso torto para Alice. – Estou no caminho.

— Com esse sorriso você chega lá. – Ela apontou para o meu rosto com as mãos pequenas demais para um adulto. Ela era pequena demais para um adulto. Pequena demais para Jasper com seus quase dois metros de altura.

— Então vocês estão juntos. – Apontei de um para o outro. Bella franziu as sobrancelhas.

— Sim, nós estamos juntos. – Alice respondeu abrindo um sorriso bobo para caralho enquanto olhava para Jasper. Meu amigo respondeu com um sorriso ainda mais babaca. – Bella foi a cupido.

— Não me culpe por isso, nós só saímos para almoçar e para ele não ficar sozinho em casa chamamos para ir junto. O resto foram vocês.

Quando eles tiveram tempo de almoçar juntos? Por que Jasper não me chamou para ficar com ele?

— Vocês sabem que se isso não der certo pelo menos tem que rolar alguma música para a banda, não é? – Falei.

— Fomos avisados. – Alice fingiu olhar feio para Bella.

— É o meu ganha pão. – Bella deu de ombros. – Se vocês vão me dar dor de cabeça com uma separação, pelo menos podem fazer isso gerando renda para pagar minha terapia.

Alice olhou para a amiga e depois para mim, e então para Jasper.

— Você tem razão em querer andar com uma faca, Jazz.

— É isso todo dia. – Ambos riram da piada enquanto eu e Bella nos entreolhávamos sem entender nada. – Quem precisa de terapia sou eu.

Eles pediram licença e saíram. Bella ficou parada do meu lado olhando enquanto se afastavam.

— Não vai junto? – Apontei, doido para ela sair de perto de mim. Não sei porque ela ainda estava aqui. Ela não ia embora? Vá embora, Bella, leve esses peitos para longe.

Bella respirou fundo e se colocou na minha frente para chamar minha atenção. Olhei firme nos olhos dela para evitar olhar para os peitos novamente. Ela estava de cara feia, aquela que a faz parecer um gatinho raivoso, e mãos na cintura para me dar uma dura por alguma merda que falei.

— Você tem algum problema com os dois namorando, Edward?

Era isso. Como se ela não tivesse dito a mesma merda que eu sobre o namoro deles dar errado. Mas quem tem problema nessa merda sou sempre eu.

— O que o Jasper faz com o pau dele não é problema meu.

— Vai a merda, Edward. Ela é minha irmã. – Irmã, não amiga. Como eu nunca tinha visto essa mulher antes? Como nunca ouvi falarem dela? Não é como se eu prestasse atenção a Bella o tempo todo. – Nojento.

— Não menti. – Dei de ombros.

Bella bufou e saiu andando para longe com a bunda gostosa naquelas calças apertadas que ela gostava de usar. No meio do caminho foi abordada por Paul. Ela deu uma meia pausa antes de ver quem era e seguir deixando-o falar sozinho.

— Edward, olá. – Olhei para a dona da voz à minha esquerda, olhei para a bunda se afastando na minha frente. Não, hoje a substituição não seria suficiente.

d-_-b

POV BELLA

O clima no estúdio no dia seguinte da festa estaria melhor se não estivessem todos de ressaca.

Eu tinha uma música para mostrar, sobre dois homens apaixonados pela mesma mulher que não gosta de nenhum deles. Os dois competem por ela e no fim ela foge com com a melhor amiga.

A empolgação dos caras na música foi o que fez a nossa ressaca passar e o clima melhorar de novo.

Como resposta para a minha música, Edward fez uma sobre um cara que pega o melhor amigo e a namorada juntos na cama. Revoltado, ele quebra o apartamento todo.

Era como estávamos funcionando, um sempre tentava criar algo dentro do mesmo tema do outro. E estava tudo bem, estava funcionando, todos estavam satisfeitos.

Eu estava de pé ao lado dele lendo a letra e elogiando. Todo dia eu renovava a esperança de que nós íamos começar a nos dar bem.

— Experiência própria? – Brinquei. – Qual dos dois era você? – Ele arrancou a folha do caderno, fez uma bola e jogou fora.

— Qual é o seu problema? – Catei o papel do chão, desamassei com todo cuidado, dobrei e guardei no bolso de trás da calça. – Essas são as melhores. – Edward ficou olhando como se fosse pegar o papel de volta.

A porta do estúdio abriu com um estrondo contra a parede e Paul entrou.

— Tirem as crianças e os caretas da sala, cheguei! – Abriu os braços.

— Nella Sean! Minha criação! – O grito veio de trás dele. Jacob Black, irmão de Rebecca.

Edward virou o rosto para mim horrorizado.

— Ele descobriu você? – Os olhos verdes dele estavam tão grandes que podiam saltar das órbitas.

— Não! – Falei ríspida. – Claro que não! – Fiquei tão horrorizada com a ideia de Jacob ter alguma a ver com a minha carreira que Edward gargalhou da minha cara. – Ele só errou na hora da digitação. – Expliquei. – E de uma piada incessante acabou saindo meu nome artístico.

— Nella Sean é um erro? – Edward continuou se divertindo. Ele arregalou os olhos de novo, eu já estava torcendo para que tivesse um problema e os dois pulassem de uma vez.

— Eu mandei bem, não mandei? – Jacob esticou o braço e Edward deu um soquinho.

Por que homens são tão bobos?

— Jake! – Paul chamou fazendo-o se distrair com os outros.

Voltamos aos cadernos e ao violão com Edward murmurando 'Nella Sean' de vez em quando e rindo. Ele estava pedindo pela agressão.

A bagunça dos outros começou a atrapalhar nossa concentração e a irritação acabou com o bom humor de Edward. Jasper estava, como sempre, alheio ao mundo, os fones no ouvido enquanto mixava alguma coisa no computador. Como ele conseguia se desligar era um mistério.

Muitos minutos depois Rosalie empurrava a porta e entrava como um furacão. Com uma fúria que nunca vi, apontou para Paul e Jacob contando dinheiro em cima da mesa de som.

— Fora daqui! Agora! Eles precisam se concentrar!

Os dois resmungaram como crianças birrentas. Foi preciso os rapazes se mancarem e colocarem ambos para fora.

— Eu nãoquero ver mais nenhum Zé Droguinha aqui, estamos entendidos? – Rosalie começou o sermão, fazendo Alec e Peter rirem. – Além de vocês dois. E Charlotte. – Revirou os olhos. – Não vou proibir nada, mas precisamos ter limites. Vocês sabem que tráfico de drogas dá cadeia? Vocês sabem que estão atrasados nas gravações?

Deixei-a passando o sermão neles e saí. Fui discretamente para os fundos do estúdio e me escondi perto das latas de lixo para relaxar sem vozes ao meu redor.

Assim como Rose, eu não estava gostando do jeito desleixado que os meninos estavam levando a gravação, isso poderia prejudicar muito a gente. A Twilight era uma gravadora que tratava os artistas como uma mãe, mas ela tem um limite para começar a puxar as rédeas da gravação e nos cobrar produtividade. Eu sempre tive um bom relacionamento com todos, não queria chegar nesse ponto. Fiquei nervosa com o pensamento da banda dar errado.

Estava muito bem no meu mundinho, estressada com a ideia de ter que procurar outra banda para tocar quando Edward apareceu. Eu me afastei apressada da parede.

— Um rato mordeu você, Nella?

— Não começa você também. – Eu não tinha nada contra o nome artístico que tinha caído no meu colo, mas Edward não precisava ficar enchendo o saco com isso. – Vem, vamos entrar. – Desconversei.

— Mas que porra? – Edward olhou para onde eu estava. – Que imundice, Bella. Um cheiro de cigarro do caralho aqui. O que você estava fazendo nessa merda?

— Vai ficar aí? – Insisti. – Eu estou entrando.

— Que pressa do caralho, espera, quero falar com você, porra. – Parei de andar e virei para ouvi-lo. Edward nunca queria falar comigo.

Ele me surpreendeu ao expressar a mesma preocupação. Expliquei o que achava disso tudo, e disse que estava pensando em uma forma de resolver. Edward me olhou meio desconfiado, mas aceitou esperar.

De volta ao estúdio, Rosalie atendeu uma ligação de Toshiro, xingando nada satisfeita enquanto colocava os óculos escuros e saia apressada.

Edward ergueu uma sobrancelha para mim e fez 'estranho' com a boca.

Taquei uma bola de papel nele e me preparei para ligar para Garrett.

d-_-b

POV EDWARD

Bella me chamou para jantar. Nós trabalhamos mais dois dias normalmente no estúdio até ela aparecer com o convite para desenvolvermos o assunto do outro dia. Fiquei curioso para caralho quando descobri que seria na casa dela. Esperava um restaurante chique e reservado com comida mínima, não a oportunidade de estar sozinho com Bella no território dela.

Entrei na casa descaradamente olhando todos os porta retratos espalhados. Uma parede com uma televisão enorme no meio era tomada por uma estante cheia de nichos com prêmios e fotografias. Comecei a olhar um por um enquanto Bella pacientemente me explicava a história por trás de todos eles.

Uma fotografia próxima ao Grammy que ela havia recebido pelo último álbum com Rebecca chamou minha atenção. Era Bella sentada em um sofá, toda de preto, segurando um cigarro e assoprando a fumaça enquanto olhava para a câmera. Eu nem sabia que ela fumava.

E eu odiava cigarro.

Assisti de perto a merda que esse caralho faz na saúde das pessoas. Perdi meu avô para esse veneno. Acompanhei incontáveis dias enquanto ele tentava respirar e o ar não chegava. Era uma agonia vê-lo sufocar e não poder fazer nada. Prometi para mim mesmo que nunca colocaria um na boca.

Mas a imagem era bonita para caralho. Era sexy. Mostrava uma Bella que eu não conhecia, não aquela reservada que quase não falava sobre si. Ela era linda, eu já tinha percebido isso desde o dia que nos conhecemos, mas era muito séria e bruta. Não que eu facilitasse a convivência. Aquela da imagem era a Bella que eu conheceria se tirasse a cabeça do cu e conversasse como um ser humano normal que um dia fui.

Estava dividido admirando e odiando a imagem ao mesmo tempo.

— Você está falando com o porta-retrato? – Bella perguntou com uma voz estranha.

— Pela milésima vez, eu começo a cantar sem perceber. Eu não falo sozinho.

— Se você diz.

— Parou? – Apontei para a imagem para mudar de assunto e, dessa vez, não brigarmos por causa da porra da minha mania de cantarolar. Ela me conhecia tempo suficiente para saber que era música, que eu não a chamava ou falava sozinho. – Nunca vi você fumar. – E nem queria. Então me lembrei do dia em que fui conversar com ela nas latas de lixo do estúdio, o cheiro de cigarro no ar. Era ela!

— Sim. E não. – Fiz um gesto para continuar. – Esse último álbum foi muito estressante. – Apontou para o Grammy. – Acabei… Relaxando de uma forma não muito saudável. Não fumo, mas de vez em quando acendo um cigarro para sentir o cheiro dele. Por isso considero que não parei totalmente.

— Cigarro mata. – Eu parecia um anúncio porco contra o tabagismo.

— Obrigada pelo aviso. – Piscou um olho, me fazendo engolir em seco. Que merda…? – Um dia vou conseguir substituir o cigarro por outra coisa. Por enquanto… - Ela fez um gesto com a mão que me chamou a atenção para outra parte da estante.

Havia um quadro com um print do nosso single em uma plataforma de música digital ao lado de uma fotografia nossa molhados fora da piscina no ensaio da roupa polêmica. Essa não havia sido escolhida para divulgação, estávamos muito sorridentes para o clima que eles queriam passar.

— Futuramente vou colocar um Grammy aí também. – Bella comentou com um puta sorriso gigante olhando o espaço vazio na estante.

— Por que não dois? – Ela não achava que éramos capazes de ganhar uma porrada de prêmios?

— Vai acabar com a estética. – Explicou. – Vem, a gente precisa conversar.

— Ainda tem muita foto para ver. – Apontei para um porta retrato em especial em que ela usava um vestido azul com uma perna deliciosa exposta em uma fenda.

— Depois eu faço um tour e deixo você ver algumas, vem.

— Algumas? Por que não todas?

— Modo de dizer, Edward. Eu tenho bastantes retratos espalhados pela casa. Só no escritório eu tenho uma parede cheia deles.

— Não, não, você especificou muito bem que eu só veria algumas. Tem fotos que eu não posso ver?

— Não. – Falou séria, mas não sustentou o rosto e começou a rir. – Não tem nada, vem logo.

Não acreditei. Estava planejando pedir para ir ao banheiro e procurar o quarto dela. Aposto que as fotos que não quer me mostrar ficam escondidas lá. E devem ser as melhores.

Fomos para a pequena mesa da copa, apenas duas cadeiras, uma de frente para a outra. Parecia uma casinha de boneca, Bella tinha arrumado a porra toda e cozinhado como se fosse receber um convidado importante. Ajudei a tirar dois pratos de macarrão dignos de um restaurante de uma gaveta cheia de frescura para manter as comidas quentes. Não era para isso que o forno servia?

Demorou algumas garfadas para perdemos o medo de abrir a boca para falar um com o outro novamente.

— Então, Bella, encontrou uma solução? – Finalmente falei.

— Acho que sim.

— Acha que sim? Você não me chamou aqui por causa dos meus belos olhos verdes e do meu sorriso torto. Ou chamou?

— Não mesmo. – Arregalou os olhos como se eu estivesse louco por achar aquilo. Machucou, admito. – Deixa eu falar o que tenho em mente. Eu não acho que eles estejam reclamando da gente ainda, mas acho que vão desistir da gente se só entregarmos músicas que criamos a partir das nossas birras.

— Como se a gente estivesse escrevendo merda. Elas são boas, Bella, eles não podem reclamar.

— Concordo. Mas quando chegarmos com aquele monte de música com temas parecidos, eles vão nos chamar de amadores. E aí podem pensar que cometeram um erro.

No cu que eu ia deixar alguém me chamar de amador entregando músicas boas. Eu ia fazê-los morder a língua se falassem uma merda delas. Fui para longe e só percebi quando ouvi meu nome.

— Edward? Ainda está aqui? – Uma mão pequena sacudiu na minha frente. Contei para Bella o que estava pensando. Ela concordou comigo. – Então, o motivo de eu ter chamado você aqui é que eu proponho mudarmos de estúdio. Ficarmos isolados de toda a distração que a fama trouxe e está deslumbrando os rapazes.

— Como ficaríamos isolados em um estúdio?

Bella explicou todo o plano. Nós alugaríamos uma casa que também é um estúdio maravilhoso. Só teria acesso quem fosse trabalhar com a gente, só sairíamos quando terminássemos. Nosso produtor seria Garrett. Dessa parte eu não gostei.

— Eu não vou com a cara desse cara, Bella. O que ele tem demais que toda hora você fala dele?

— Eu deveria mandar você ir se foder e me recusar a responder. Mas vamos lá, vou deixar a bandeira branca da paz hasteada aqui. – Bella fez um teatro sacudindo o guardanapo. – Ele me ensinou muito do que eu sei. Ele é um produtor incrível e seria perfeito para o nosso álbum.

— Ele produz artistas POP, Bella.

— Ele produz música, Edward. – Ela pontuou a frase apontando a faca para mim. Levantei as mãos de brincadeira, fazendo-a pedir desculpa e abaixar o braço. – A gente não está rendendo e não temos muito tempo. Eles vão acabar nos obrigando a gravar músicas dos outros, coisa que nenhum de nós quer.

— Temos que conversar com Rosalie sobre isso.

— Claro! Mas temos que decidir logo.

— Por que você me chamou na sua casa, não enviou uma mensagem pelo celular ou ligou? É por que eu fui conversar com você em uma lata de lixo, agora você está mostrando como se faz?

Bella parou para pensar como se não tivesse entendido minha pergunta.

— Porque é um assunto sério. Achei melhor assim. Não tem nada a ver com a conversa na lata de lixo. Para de achar motivos para brigar, que mer-mania! – Eu achava bonitinho quando ela fazia muito esforço para não falar palavrão. Antes que eu abrisse a boca para me defender, Bella levantou a mão para eu parar. – Edward, não vamos brigar hoje. Vamos terminar o jantar fingindo que somos duas pessoas civilizadas.

Fomos civilizados até demais, entramos pela noite comendo, bebendo e conversando. Terminamos duas garrafas de vinho, algumas de cerveja, e rimos como se fôssemos grandes amigos colocando o papo em dia. Eu acabei conhecendo a Bella da foto, e ela era incrível! Ela teve a porra de uma crise de riso de quase se mijar porque eu me assustei com um arroto dela.

Eu admiti de uma vez por todas que fui mais um a cair nos encantos de Bella Swan. Até hoje cedo eu fazia de tudo para não precisar interagirmos mais do que o necessário, ninguém diria que agora eu estaria contando histórias bobas apenas para fazê-la sorrir para mim.

Uma chavinha ligou na minha cabeça e eu sabia que não olharia para Bella do mesmo jeito depois de hoje. Alguma coisa tinha mudado.

Infelizmente não consegui ver o restante das fotografias, mesmo bêbada Bella, não me deixou ir até o quarto dela. Algo sobre eu ser mais divertido do que esperava.

Nós paramos de beber e eu fui embora cedo demais quando Alice e Jasper apareceram. Eles queriam assistir algum filme merda de herói que nem eu nem Bella gostávamos. Eu fugi para casa, ela para o quarto.

Rosalie não pensou duas vezes antes de aceitar a proposta de trocar de estúdio. Em uma reunião convenceu a gravadora de que ia dar certo. E foi a melhor ideia que alguém poderia ter! Bella foi genial! Por que mesmo eu não gostava dela? Claro, porque eu tinha virado um amargurado que só reclama de tudo na vida.

A única coisa que não paramos de fazer depois da mudança para o novo estúdio foi dar entrevistas. Apenas as que não requeriam ensaios fotográficos junto, essas estavam sendo agendadas para depois.

Não tínhamos visita de traficantes ou amigos, ou tempo para ir ou fazer festas. Pudemos nos concentrar no que importava.

Bella e Charlotte ficaram na casa da piscina, não que Charlotte tenha dormido lá algum dia, e o restante ficou na casa principal.

Bella também não dormiu muito na própria cama, nós dois viramos a maioria das noites no estúdio e revezamos o sofá de merda de lá. O travesseiro sempre era mais confortável quando cheirava ao shampoo de morango dela.

E eu não quero nem começar a falar como era bom acordar ouvindo-a brincar no violão ou no piano enquanto cantarolava. Parecia que eu estava entrando no paraíso.

Quanto ao vício fodido do cigarro, ela parecia ter controlado. Bella não pegou nem em um maço fechado. Eu sei, eu estava fiscalizando. Foda-se se ela achou que eu estava sendo maluco, perto de mim ela não ia fumar.

Agora sim parecíamos uma banda gravando um álbum. Não que eu tivesse muito conhecimento sobre como outras bandas gravaram seus álbuns, só era assim que eu as imaginava fazendo essa porra.

Conseguimos aproveitar muita coisa boa das músicas que criávamos para implicar um com o outro, entretanto, a grande maioria criamos do zero com Garrett.

O cara era do caralho! Não confiei nele no início, mas então finalmente entendi o que rolava entre ele e Bella, era uma puta conexão, parecia que liam a mente um do outro. Eu ficava por vezes só admirando enquanto eles nem completavam uma frase e já sabiam o que o outro queria.

Nos últimos dias eu estava quase fluente no idioma deles, as sessões de gravações fluíam tão bem que a banda parecia ter anos de estrada. Foi do caralho! Eu e os caras estávamos vivendo o nosso sonho.

POV BELLA

A gravação das primeiras músicas do álbum acabou quatro dias depois do combinado. Foram quatro dias a mais convivendo com Edward praticamente vinte e quatro horas por dia. Não foi por problemas de convivência que precisamos alongar nossa estadia, e sim porque não conseguíamos parar de criar. A ideia tinha dado tão certo que eu todo dia me dava um tapinha nas costas por ter pensado nela. Eu estava até me dando bem com Edward!

Tudo bem, não nos primeiros dias. Ele em nada parecia o Edward relaxado que esteve na minha casa cismando que eu tinha fotos sensuais no quarto. Que me fez rir tanto a ponto de eu me esconder no quarto quando Alice chegou para ela não perceber que eu estava triste por ele ter ido embora.

Vesti minhas calças de menina grande e o chamei para conversar antes de cair nas provocações e brigarmos de novo. Edward não explicou muito bem o que estava acontecendo, mas prometeu que se comportaria e tudo daria certo.

E deu. Passamos a trabalhar em uma harmonia fenomenal. Como se tivéssemos nascido para fazer aquilo juntos. Foi satisfatório finalmente conhecer o lado talentoso de Edward que tinha criado Fuck You Friend e feito a banda explodir.

Ele ainda não estava à vontade como na minha casa, talvez por estarmos em um ambiente de trabalho e ambos sermos igualmente sérios com nossos compromissos, mas não precisar ter medo de falar com ele e ser olhada de cara feia já era incrível.

d-_-b

POV BELLA

Na nossa cabeça, ganharíamos alguns dias de folga para regular o sono depois de tanto trabalhar. Ledo engano. Nossa divulgação voltou com tudo depois do álbum pronto.

Inclusive começamos a peregrinação pelos programas de televisão. Era a hora da nossa primeira aparição ao vivo em rede nacional.

Estávamos dividindo o camarim de um famoso programa de televisão em Los Angeles. Não tive o privilégio de ganhar um espaço só para mim dessa vez, tive que ficar rolando os olhos cada vez que um dos rapazes desfilava de cueca na minha frente. Peter simplesmente desfilava pelado mesmo e não se importava.

E de tantos homens semi nus, meus olhos toda vez procuravam por Edward. Quando eu menos notava, estava olhando para ele sem camisa conversando com alguém. Ele era mais o tipo magro com alguns músculos definidos. Do jeito que eu gostava, que não parecia que me esmagaria se me abraçasse.

Por que ele tinha que ser tão insuportável? Edward não podia ser talentoso, lindo e ainda por cima gente boa. Não. Esse defeito ele tinha que ter.

Eu desviava os olhos correndo, morrendo de medo de alguém ver que eu o estava observando. Nem cantarolando ele estava para eu disfarçar e dizer que parecia ter escutado meu nome.

— Bella, seu coturno. – A nossa stylist colocou os dois calçados brancos na minha frente, impedindo meus olhos de começarem a vagar pelo lugar novamente.

Eu já tinha passado pela experiência de participar de programas com Rebecca diversas vezes, em todas fiquei escondidinha atrás do teclado aguardando minha hora de tocar. Agora era completamente diferente, eu era a atração ali, as pessoas estariam prestando atenção em mim, comentariam sobre mim. Um pouquinho do meu estresse voltou.

Olhei para minha bolsa com Charlotte e estendi a mão. Ela achou que eu queria meu celular e me entregou o aparelho. Eu ri com treze mensagens iguais de Edward enviadas em horários diferentes:

"Se sentir vontade de fumar ME CHAMA!"

Timing perfeito para ler isso.

Eu respondi:

"AGORA não. Depois do programa eu não garanto."

Não entendia porque ele ainda não tinha esquecido essa história. Fui burra em contar, deveria ter ficado calada. Edward estava muito concentrado olhando para a foto na estante, fiquei nervosa com o que podia estar passando pela cabeça dele e não consegui manter a língua guardada. Era de se esperar que a intensidade no olhar era uma reprovação pelo fato de eu estar fumando, não admiração.

O que não fazia sentido era Edward não reclamar de Alec e Peter usando drogas, mas sempre olhar de cara feia quando eu saía do estúdio. E todas as vezes eu só ia ao banheiro. Pensar no estresse que seria discutir com ele a essa altura da gravação não valia o esforço de me esconder para sentir o cheirinho do cigarro. No fim das contas, essa constante vigilância estava sendo a distração perfeita para o meu vício.

Ele não precisava saber disso.

Devolvi o celular para Charlotte antes de ter qualquer resposta dele.

— Bel-la. – Ela cantarolou meu nome. – Está de rolo com alguém?

— Não. Por que?

— Conheço bem esse sorrisinho. – Apontou, o sorriso que eu não sabia que tinha no rosto murchando imediatamente.

— Era um amigo me desejando 'quebre a perna' e 'merda'. Ele nunca sabe qual usar, usa os dois. – A história era verdade, eu falava sobre Seth e a mensagem que chegou no meu celular bem mais cedo.

— Eu vi no seu Instagram. Gatinho ele. Vocês já tiveram alguma coisa?

— Não mesmo. Ele é quase um irmão para mim. – Fiz cara de nojo.

— Foi só um comentário. Mas que ele é um gato, ele é. E não é seu irmão de verdade, você não deveria desperdiçar. – Charlotte usou um tom que achou ser sexy e riu quando joguei um pincel de maquiagem nela.

Se ela viu meu Instagram, viu Seth me chamando de irmã, não entendi aonde estava querendo chegar com aquilo.

Meus olhos encontraram os de Edward, ele virou rápido para o outro lado.

Fui pega, que ótimo.

Escondi a cara atrás do celular até a hora de entrarmos no palco para outra apresentação incrível. A adrenalina de estar ao vivo na televisão pela primeira vez mexeu com a nossa cabeça do mesmo jeito que mexeu no show da nossa festa lá no início. Esquecemos todos os ensaios anteriores e tocamos com uma entrega de última apresentação das nossas vidas.

Novamente minha conexão com Edward no palco foi absurda. No ensaio nada dava certo, levávamos tudo para o lado técnico, não nos soltávamos. Na hora que o apresentador deu a deixa para começarmos, nós viramos outras pessoas. Aparentemente eu tinha uma atração por Edward cantando, meus pés me levavam até ele sem eu notar. Quando percebia e voltava para o lugar, era ele quem aprecia do meu lado. Em certo momento precisei ficar de costas e, o mais discretamente possível, empurra-lo com a bunda até o meio do palco.

Eu não tinha participado cem por cento da criação de Fuck You Friend, os meninos tinham trago ela pronta, mas o pouco que eu contribuí me deixou orgulhosa como se tivesse acompanhado desde as primeiras palavras da composição. Era sempre um prazer indescritível ver o público cantando e curtindo algo que tem um pouquinho de você.

Todo mundo se amontoou na mini van para ir embora, ninguém queria dispersar e perder a excitação pós apresentação. Edward acabou do meu lado no último banco. Ele se encolheu até ficar bem próximo a mim, a boca no meu ouvido.

— Você vai… você sabe, quando chegar em casa? – Saber a que ele se referia não impediu meu corpo de se arrepiar todo com as segundas intenções que o tom dele deu a pergunta. E eu não fui a única a notar, o sussurro ecoou e automaticamente o carro ficou em silêncio. – Vão prestar atenção na merda da conversa de vocês, não fode.

Rosalie explodiu em uma gargalhada enquanto os outros tentavam se justificar.

Nós ficamos em silêncio pelo resto do caminho, não tinha como consertar. Restou ficar encolhida no meu canto, tentando não pirar com os caminhos pelos quais meus pensamentos seguiam depois da apresentação e do sussurro no ouvido.

Antes de dormir, enviei uma mensagem para brincar com ele.

"Eu não… você sabe, quando cheguei em casa."

Ele não enviou nada de volta. Deve ter ficado estressadinho com as risadas.

Deitei e fiquei olhando para o teto esperando o sono chegar.

Esperei.

E esperei.

Desisti de tentar dormir e me apoiei na cabeceira para mexer no celular. Acabei lendo os comentários da nossa apresentação. Entre os muitos elogios para a banda estavam outros sobre mim e Edward, sobre a nossa química. Algumas pessoas diziam que ela era melhor do que filme pornô. Eu não sentia tensão sexual antes, mas depois da viagem de carro mais longa da minha vida sentindo o corpo dele ao meu lado, eu concordava completamente com todos aqueles comentários. E parando para pensar… ela sempre esteve presente. Eu a notava como um enorme letreiro piscando em todos os momentos que dividi com Edward.

Nada do que fiz para relaxar desde que cheguei adiantou, uma eletricidade seguiu correndo pelo meu corpo fazendo-o se mexer sozinho. Ler aqueles comentários só tinha piorado isso. Seria melhor ter tomado um banho frio no lugar do quente.

Tomei um susto quando de repente a porta do quarto abriu e Alice se jogou na cama me abraçando.

— Bella vocês foram incríveis na televisão! – Sacudiu nós duas. – Eu nem acredito que não ficou toda tímida, arrasou tocando com o Edward! – Ela se afastou para olhar o meu rosto na penumbra. – Todo mundo amou vocês dois juntos!

— É, eu li. – Soltei um grunhido, ela não precisava reviver os comentários de novo. Eles trariam as sensações, e elas trariam pensamentos perigosos. Alice me abraçou apertado novamente, rindo.

Ela saiu de cima de mim e acendeu a luz do quarto, voltando a sentar aos meus pés depois que encolhi a perna.

— Eu não ia comentar nada porque você é minha irmã e é esquisito, mas… Acho que está na hora. – Rolei os olhos para Alice brincando de falar sério. Estava na hora de que? – Vocês pegam fogo junto, Bella. E eu não digo só no palco, é difícil ficar perto sem ser afetada. Parecem preliminares eternas, eu não sei como você aguenta.

Essa era muito fácil.

— Ele abre a boca e estraga tudo.

— Nossa, Bella, eu não teria tanta resistência assim. Coloca uma mordaça e resolve o problema. Sabe aquelas bolinhas vermelhas que a pessoa fica mordendo? Compra uma.

A imagem me remeteu a um leitão com uma maçã na boca, ignorei a sugestão.

Os pensamentos perigosos me lembraram que enquanto uma pessoa está beijando, ela não fala. Melhor que a sugestão dada.

— Não é difícil resistir quando só agora eu entendi que acontece alguma coisa entre a gente. Achei que fosse só uma atração normal, porque ele é, como ele diria, gostoso para caralho. – Ri me lembrando da boca suja de Edward.

Alice ficou tão vermelha que achei que estivesse com algum problema.

— E você se sente da mesma forma perto de outros homens gostosos?

— Não. Definitivamente não.

— Lerda! Como não percebeu antes que é diferente? Você está a fim dele?

Sim. Não. Não sei. Talvez.

— Alice… Isso nunca aconteceu comigo. É diferente ler sobre e ver acontecer com a gente, não é fácil de reconhecer. Pelo menos não para mim. Nunca tive uma… conexão… O que acontece entre nós, nunca vivi isso com ninguém. Nunca. Eu quero enforcá-lo na maior parte do tempo.

— E na outra parte quer fazer o que com ele?

— Nós estamos nos apresentando. – Fugi da resposta, fazendo-a bufar. – É sério, Alice. Eu não percebia que era tensão sexual. Sinto alguma coisa, mesmo quando estamos brigando, mas é difícil acreditar que venha dele também, entende? Edward é sempre o primeiro a abrir a boca e estragar tudo. Quando acho que estamos nos dando bem, ele faz questão de me irritar.

— Você também dá várias patadas nele de graça. Aliás, nem tanto, Jasper falou que vocês nem estão mais brigando tanto assim.

— Jasper encontrou a língua dele? Vou mandar guardar de novo. – Alice me deu tapa fraco reprovando o comentário.

— Não precisa ninguém falar nada, Bella, a gente vê. Quando cheguei aqui em casa naquele dia e ouvi vocês dois rindo na cozinha foi como se tivesse entrado em uma realidade paralela. Eu queria tirar foto, filmar, ficar escondida ouvindo. Jasper não deixou. – Fez bico. – Os olhos dele sempre estão procurando por você. Novamente eu não ia falar porque é estranho, mas acho melhor vocês aliviarem o tesão, opa, a tensão. – Ela se corrigiu com um risinho como se não fosse a mesma coisa. – Não que eu ache que seja só isso, vocês são iguais. Estão até pegando as manias um do outro e nem percebem. O tanto de palavrão que minha irmãzinha aprendeu... – Respirou pesado como se tivesse me repreendendo. – São um casalzinho sem ser.

A última coisa que eu precisava agora era de algum tipo de esperança de que Edward sentia alguma coisa por mim. De que nós combinávamos.

— Olha, Alice, o ar da casa dos meninos não está fazendo bem para você.

Meu celular vibrou com uma mensagem, a resposta de Edward. Consegui ler logo que a tela bloqueada clareou.

"Eu sim."

Enquanto eu olhava para a mensagem, ela sumiu.

Ele o que? Fumou? Ele… Por que Edward enviaria uma mensagem dizendo que…

— Bella? O que aconteceu?

Abri o aplicativo e vi o aviso de mensagem apagada.

— Edward enviou uma mensagem estranha. – Respondi. – Depois apagou.

Ele ter apagado foi o mais intrigante. Se fosse uma piada, ele não teria apagado. Certo?

— Aconteceu alguma coisa com algum dos meninos? Ele está bem?

— Eu acho que ele estava flertando comigo? Se eu tiver entendido direito a mensagem. Não um flerte, mas uma mensagem íntima demais.

— Explicitamente? Ele enviou uma foto pelado? – Ela se esticou até o celular com um enorme sorriso. Como se tivesse alguma coisa para ver. – O que era?

Expliquei todo o momento vergonhoso no carro, a mensagem enviada quando cheguei e a que li. Alice caiu na gargalhada. Ela ria tanto que não conseguia parar. Eu não entendi o que havia de tão engraçado nisso.

— Mary Alice, pode me incluir na piada, por favor? – Pedi emburrada, fazendo meu papel de irmã dois anos mais velha.

— Eu estou rindo porque você flertou com ele primeiro, Bella. Você! Ele só respondeu.

— Lógico que não!

— Lógico que sim! Se você acha que isso pode ter sido um flerte, você começou. Você sabia que a frase parecia ter segundas intenções e mesmo assim enviou uma que ficou do mesmo jeito. Você deixou o cara sabendo que não… quando chegou em casa. Ele provavelmente ficou pensando em você fazendo isso. Foi lá e fez. E ainda avisou. – Deu outra gargalhada.

Não era possível.

— Alice, não ri de mim. – Choraminguei. – Edward vai achar que estou dando em cima dele. Ele vai achar que sou oferecida.

Por que fui inventar de enviar aquela mensagem para melhorar o humor dele? Que ficasse emburrado.

— Bella, me ouve, se o Edward respondeu sua mensagem desse jeito, eu duvido que se importe. Vai ver ele quis enviar uma provocação. Ficou com medo de você não pensar o mesmo, e apagou. – Deu de ombros.

Edward Cullen a fim de mim. Em outras circunstâncias eu ficaria louca pela atenção dele, mas não acho que ele pense o mesmo de mim. Ou que queira ter alguma coisa com a companheira de banda. Não que eu queira ter alguma coisa com ele. Não que eu não teria se ele quisesse. Eu só… Inferno.

Peguei o travesseiro do outro lado da cama e gritei nele. Um banho gelado teria feito muito mais efeito do que o quente.

— Vai ver ele só enviou para provocar. – Senti a mão de Alice no meu joelho enquanto tentava me passar algum apoio. – Viu que ia ficar muito pesada a brincadeira e apagou. É o que vocês sempre fazem, e você está fazendo um escarcéu por isso.

É isso! Pode ter sido só uma brincadeira.

Mas ele não teria apagado.

— Essa mensagem alugou um condomínio inteiro na minha cabeça, Alice. Meus pensamentos não fazem nem mais sentido.

— Esquece, Bella. Como você disse, tem a banda, e isso pode atrapalhar as coisas.

Eu disse isso? Em que momento? Não lembro nem de ter pensado, quanto mais falado.

— Se nós não estivéssemos na mesma banda… Teria sido perfeito conhecê-lo enquanto ainda estava com a Rebecca.

— Teria sido um alívio para o seu estresse. Mesmo as brigas.

— Nem me fala… - Fechei os olhos e imaginei como teria sido bom ter uma válvula de escape como ele. Edward era amargo como uma boa xícara de café que eu tomava para uma dose extra de energia. Tão gostoso quanto.

Abri os olhos para encontrar Alice sorrindo para mim, minhas bochechas corando.

— Parece que você gosta mais dele do que admite. Ou talvez ainda não tenha entendido que gosta dele. Acho que sua noite vai ser longa.

— Não vai não, Alice. Passou. Ele apagou a mensagem, vou esquecer isso.

— Vai sim. – Debochou.

Ela me conhecia.

POV EDWARD

Era o meu dia de folga, dia seguinte do programa de televisão e da mensagem. Dei uma sorte do caralho de ter conseguido apagar antes de Bella ler. Eu sentia meu pescoço pegar fogo quando me lembrava o que escrevi. Obviamente tinha sido uma insinuação. O que se passou na minha cabeça para achar que ela entenderia o que eu quis dizer? A última coisa que eu queria era Bella horrorizada com meus hábitos de masturbação. Porque seria a essa conclusão que chegaria.

Era óbvio que a intenção dela não foi insinuar nada além de "Não, Edward, eu não toquei em um cigarro." Diferente de mim, que não consegui tirar as imagens dela dançando comigo no palco da cabeça.

Fiquei o dia inteiro pensando nela, nada conseguia me distrair. Tentei uma tática diferente, liguei para meus pais. O que melhor para se livrar de imagens de uma mulher gostosa do que seus pais?

Não deu muito certo, a única merda de assunto que eu tinha era Bella. E só notei que citei o nome dela uma porrada de vezes quando minha mãe comentou. Para mim, a conversa estava ocorrendo normal como sempre.

Eu estava ficando louco, não conseguia parar de pensar nela. Desde o jantar, desde antes dele. E piorou depois do tempo de gravação na casa. E da apresentação. Era quase uma obsessão. Achei que fosse por causa do convívio, porque ela me irritava constantemente. Eu estava inutilmente tentando me enganar. Era muito mais do que eu tinha coragem de admitir ou nomear.

Eu pensava nela porque queria. Porque eu sentia falta dela e queria preencher aquele vazio de alguma forma. Era uma vontade de sentir a presença dela, de poder olhar para ela, de sentir o cheiro, de tocar.

— Você ainda acha que odeia a Bella? — Minha mãe disse logo depois do comentário sobre o nome dela não sair da minha boca. Mães têm um sexto sentido do caralho.

— Ainda odeio. – Não enganei nem a mim.

— Ela foi um amorzinho quando a conhecemos na festa, não parece ser isso tudo que você fala. Você pega muito no pé da menina.

— Mas ela é. Acredite em mim. Eu não posso cantar nada perto dela que me olha de cara feia. E você sabe que eu não consigo não cantar, não sabe? Imagine o tempo todo alguém me olhando de cara feia por isso. É só cantar! O que tem demais? Para Bella Swan, tudo. – Minha mãe riu do outro lado. – Ri mesmo.

— Desculpa, Edward, eu achei que tivesse coisa mais importante para você reclamar dela.

— Ela fuma, mãe.

Automaticamente me arrependi de ter aberto a boca. Bella não pediu segredo, mas eu percebi que ninguém sabia que ela idiotamente cheirava cigarros escondida porque, e isso era estranho para caralho, gostava do cheiro deles.

Quis retirar o que disse, mas era tarde demais.

— Tantas pessoas fumam, Edward. – Minha mãe disse com pesar.

Eu quase disse "Ela não deveria.", parei a tempo. Por que ela não deveria? Por que eu me incomodava tanto com o fato de Bella fumar ou ter fumado um dia? Os caras da banda usavam drogas que acabavam com a vida deles tanto quanto o cigarro acabou com o meu avô, e eu não reservava para eles metade da preocupação que eu tinha com Bella.

— Ela pode perder a voz. – Soltei qualquer desculpa para justificar minha preocupação. – Ela canta, já falei? Nós queríamos que ela cantasse no álbum, mas ela não gosta. Ela é tímida e fica desconfortável fazendo uma coisa que não domina. É foda, a voz dela é linda para caralho. – Como ela. – Porra, imagina se ela fica doente. – Minha voz foi quase um sussurro no fim.

O nó na minha garganta ao lembrar do meu avô ficou enorme. Pensar em Bella tendo o mesmo destino que ele me deixou mal para caralho.

Respirei fundo.

— Edward, você está tão preocupado com a sua banda, acho que vale a pena conversar com a Bella. Você não pode obrigar ninguém a fazer nada, não tente fazer a menina largar o vício dela só porque você quer. Dê bons motivos para ela, os motivos certos.

— Não adiantou com o meu avô.

— Adiantou. Mas era tarde demais. – Suspirou. – Vocês têm os seus próprios motivos para não admitirem seus sentimentos. Respeito, mas não consigo não pensar no desperdício de tempo. Muitas vezes complicamos a vida por bobeira.

Ligar para minha mãe para me distrair definitivamente foi uma ideia de merda. Ela estava me dando uma lição de moral que estava me deixando com mais coisa para pensar do que ajudando.

— Do que você está falando, mãe?

— Da teimosia jovem. – Peguei o computador para mexer enquanto ela falava e bloquear algumas verdades. – Depois chegam em uma situação sem volta igual a do seu avô, cheios de arrependimentos. Não quero isso para você.

— Desculpa, mãe, eu liguei para contar fofoca e deixei você triste.

— Foi um momento passageiro, Edward, está tudo bem. Você me atualizou com fofocas maravilhosas! Exijo atualização, e quero ouvir de você! Não quero ter que descobrir nada por Rosalie.

— Fico feliz sabendo que Jasper ainda se mantém fiel a mim.

— À língua dele, só se for. Não sei como aquele ali nunca fez voto de silêncio.

— Você sabe sobre Alice?

— Sei um pouco que Rosalie me conta quando tem tempo. O que você sabe?

Melhorei o humor da conversa de novo mirando o alvo em Jasper. E curtindo mais postagens de Bella nas redes sociais do que deveria.

Ou ela não reparou, ou não se importou, os dias passaram sem nenhum comentário sobre meu exagero. Também não houve comentários sobre a mensagem apagada, fingi que nada havia acontecido.

Não consegui fugir da conversa sobre a apresentação, todo mundo queria falar alguma coisa. Tive que me segurar para não ficar com a porra do pau duro enquanto relembrávamos. Eu tentei parecer indiferente ao espetáculo que aconteceu no palco, o que deixou Bella visivelmente puta por algum motivo que não entendi. Minha reação foi um balde de água fria para qualquer coisa que se passava na cabeça dela.

O que mais eu poderia fazer? Contar que se as pessoas que assistiram ficaram com tesão eu fiquei uma caralhada de vezes mais? Contar da mensagem? Que se ela estalasse os dedos eu aparecia na casa dela em dois tempos?

Eu entendo que fomos incríveis, entendo o quão importante é separarmos o "ódio mútuo" do trabalho. Só não queria todos vendo o modo como o meu corpo reagia toda vez que me lembrava de como interagimos naquele palco. Toda vez que eu olhava para Bella.

Eu não sabia como fazer isso sem ser um filho da puta.

d-_-b

POV EDWARD

Nosso álbum estava pronto. Não o álbum completo, o EP com as primeiras seis músicas. No dia do lançamento gravaríamos um programa de auditório na parte da tarde, enquanto a entrevista estivesse sendo exibida à noite, nossas músicas seriam liberadas nas plataformas digitais para todos ouvirem.

Primeiro nós faríamos a entrevista, depois nos apresentaríamos.

Outra apresentação.

Eu estava fingindo que essa merda não existia.

O ensaio quando chegamos na emissora foi uma merda. O som saiu tão bom como sempre, mas nossa presença no palco ficou uma merda engessada.

Bella ainda estava puta comigo, e isso impactou no que fizemos. Mil vezes ela brigando comigo do que me evitando. Eu precisava saber qual merda falei para fazê-la chegar ao ponto de evitar olhar para mim.

Eu sabia que não conseguiria minha resposta no meio de um programa de televisão, o que não impediu minha cabeça de ficar a mil.

Eu estava pilhado com o lançamento, pilhado com Bella, troquei minha roupa no camarim e coloquei fones de ouvido para ignorar o mundo até chegar a hora de entrarmos e acabar logo com isso. Se eu ficasse sem os fones, acabaria ouvindo a voz de Bella e acompanharia todo movimento que fizesse. Será que ela estava estressada e tentaria fumar? Puta merda.

— Vamos, porra, caralho. – Alec bateu no meu joelho para eu levantar. Bella disfarçou o riso quando passou por mim.

Fui o último a sair do camarim, andando atrás de Bella. Quase voltei. A calça de couro moldava deliciosamente a bunda dela. Não sei como consegui andar tendo uma bunda como guia.

Sentei no sofá logo ao lado do apresentador, seguido por Alec, Peter, Jasper e Bella. O homem brincou que ela estava muito longe e deixou um monte de marmanjo feio perto dele. Ela apontou para as nossas pernas arreganhadas, enquanto as dela estavam cruzadas na pontinha do sofá. Na mesma hora começamos a nos arrumar para dar mais espaço.

Bella se ajustou melhor, levantando a mão como se fosse fazer um gesto para a gente e desistindo no meio do caminho. Percebemos que ela ia nos xingar e caímos na gargalhada, deixando-a vermelha. Um comentário sobre ela poder sentar no meu colo ficou preso na ponta da minha língua.

Bella olhou para mim e, eu juro por tudo o que é sagrado nesse mundo, ela ficou ainda mais vermelha. Será que tínhamos pensado a mesma coisa? Infelizmente não tinha como saber.

Foi uma entrevista agradável, ainda que repetitiva, na qual explicamos novamente que as primeiras seis músicas seriam lançadas agora, as outras seis de surpresa. Nem nós sabíamos a data certa de lançamento dessas merdas.

Diferente do ensaio, fizemos uma puta apresentação! Nós surpreendemos fazendo uma junção de FYF com uma canção nova chamada Walk Away, a que eu arranquei do caderno e Bella resgatou. Não teve muita interação nossa, ainda estávamos travados, mas fomos do caralho, como sempre.

Bella correu do palco enquanto nós conversávamos com a produção no final do programa. Que merda a estava fazendo fugir de mim?

Fiquei preso sem conseguir ir atrás, tive que esperar voltarmos para o camarim. Encontramos-a deitada no sofá vestindo um conjunto que eu estava em dúvida se era pijama ou apenas parecia um. Os rapazes também estavam preocupados e fizeram as perguntas que eu não conseguia fazer. Eu estava assustado achando que ela estava passando mal. Talvez não fosse sobre mim, afinal.

— Eu estou bem, gente. – Levantou para mostrar que conseguia andar apesar de ninguém acreditar nela. Acho que é pijama. – Era só a calça me apertando, achei que fosse ficar sem circulação nas pernas.

Era isso que a estava deixando retraída? Não, não era. Ela ainda estava me evitando, se dirigindo apenas para os rapazes, visivelmente se segurando fisicamente para não chegar perto de mim e não falar comigo. Ela queria distância de mim mesmo.

Fiz merda. Mas que merda? Por que ela não gostou do que eu falei?

Peter começou a tirar a roupa sem cerimônias depois de descobrir que Bella estava bem. Eu era o único que percebia que ela estava mentindo?

— As minhas estavam ótimas. – Ele jogou a camisa nela, que jogou em Charlotte.

— Estou vendo. Tão boas que você está se desfazendo delas. – Bella riu antes de sair do camarim com Charlotte.

Rosalie não esperou a porta fechar para colocar o celular na minha frente, um vídeo de alguma rede social mostrava nossa caminhada até o palco, minha cabeça um pouco baixa, meus olhos nitidamente na bunda balançando na minha frente.

— Alguém filmou o Edward secando a Bella. – Alec gargalhou do meu lado. Só então reparei que todos estavam assistindo junto.

— Pedi para Charlotte levá-la para fora para conversar com vocês.

— Bella reclamou de alguma coisa? – Perguntei preocupado, agora achando que ela estava puta porque percebeu que eu estava fissurado na bunda dela.

— Não, ela não viu ainda. Depois ela coloca você no seu lugar, não estou preocupada com isso. O que eu quero falar aqui é que as pessoas de fora não sabem o relacionamento da banda, então, podem surgir comentários distorcidos e mentirosos. Não quero que respondam a eles. Estamos acostumadas com vocês, sabemos a realidade por trás dos olhares do Edward na bunda da Bella, e vamos manter isso na banda.

— Chama a mulher para sair logo, seu puto. – Peter achou que era a hora de desabafar o que pensava sobre nós. – Deixa de ser frouxo e toma vergonha na cara, está perdendo um mulherão de bobeira.

— Não faz essa cara de cu, Edward, todo mundo sabe que você é afinzão dela. Seria tão mais fácil admitir do que ficar nessa merda de fingir que se odeiam. – Alec completou.

Jasper e Peter concordaram com ele.

O que estava acontecendo com esses merdas hoje?

Olhei para Rosalie e ela estava mordendo os lábios para não falar nada.

— Vão a merda.

Entramos em um bate boca de crianças até Rosalie gritar e voltar ao assunto.

Encontramos Bella e Charlotte já sentadas na mini van. Não fiquei ao lado de Bella dessa vez.

POV BELLA

Seguimos da emissora para a casa que os rapazes dividiam para acompanhar o lançamento do EP. Pizza, bebidas, drogas, mulheres aleatórias, amigos interesseiros, nada fora do normal.

Sentei no sofá perto de Charlotte e Rosalie, ouvindo-as reclamar de Paul por ter estendido o convite à vontade dele.

Kate entrou na sala dançando no ritmo da música latina saindo das caixas de som, Garrett sacudindo a cabeça atrás.

Ela se jogou do meu lado.

— Bella, vai se divertir, sua boba!

Era muita gente desconhecida em um lugar só. Se fosse apenas a equipe, eu definitivamente estaria festejando junto.

— Eu estou me divertindo daqui. – Mostrei a garrafa de cerveja firmemente segura entre meus dedos.

— Olha, eu estou amando como você e Edward interagem! Aquela de vocês irem se aproximando conforme os acordes da música e a letra vão ficando mais intensos… Nossa! – Ela se abanou. Eu também fiquei quente, tanto de vergonha por ela estar comentando, quanto por me lembrar exatamente como me senti quando, finalmente, tive coragem de assistir. – Hoje vocês ficaram só se provocando nos olhares, foi interessante. Provocativo. – Ergueu as sobrancelhas diversas vezes.

Eu tinha evitado Edward propositalmente hoje. Depois da mensagem e da conversa com Alice, achei erroneamente que alguma coisa havia mudado entre nós. Não tinha nada ali que me fizesse pensar dessa forma, mas quem disse que isso impediu os pensamentos perigosos de se apropriarem de mim? Edward não só não falou sobre a mensagem, como ficou debochando dos comentários que faziam sobre nossas interações na apresentação. Ele regrediu todo o avanço que havíamos feito para ter um relacionamento saudável.

Eu fui tola por achar que poderia acontecer alguma coisa entre a gente. Pior, por perceber que eu queria. Eu tinha ficado tão chateada pela regressão que fui reclamar com Alice. Explicando minha frustração aqui e ali, cheguei à conclusão que não queria: eu estava apaixonada por Edward. Nunca o odiei, desde o início era eu me sentindo atraída sem saber como lidar com isso. Ele se infiltrou pouco a pouco na minha cabeça, até o ponto de não ter como eu negar que o amava. De um jeito rápido, que me assustava, mas impossível de negar.

Minha irmã só não estava com uma placa escrito 'eu sabia' pendurada no pescoço porque não combinaria com as roupas dela. E porque faltava ainda alguma confirmação que ela não quis dizer qual era.

Por conta dos últimos acontecimentos, preferi fazer uma força imensa para ficar na minha e não interagir com Edward sob hipótese nenhuma. Não queria gerar comentários sobre nós dois juntos, e, bem, não queria ficar me lembrando o quanto sou estúpida por esperar alguma coisa dele. Pelo visto não adiantou nada.

Fiquei tão tensa pelo esforço de não me mover no palco que tive cãibra. Corri para fora do estúdio na primeira oportunidade e culpei as calças apertadas pelo comportamento estranho. Somente Charlotte e Edward pareciam não ter acreditado muito em mim, mas não fizeram comentários.

De volta à festa de lançamento, à meia-noite Rosalie conseguiu separar os rapazes do resto dos convidados para abrimos um champanhe. Alguém colocou o álbum para tocar nas caixas de som, e nós brindamos para comemorarmos o lançamento enquanto éramos filmados por alguém da gravadora.

Ficamos separados por um tempo, atualizando nossas redes sociais, conversando com a família, fazendo cena para a gravação. Quando Rosalie avisou que era o suficiente, o espaço ficou pequeno para o tanto de gente que entrou.

— Você não vai embora, vai? – Alice, claramente alterada, perguntou quando aproximei dela e de Jasper.

— Não, vou ficar um pouco de vela de vocês.

— Se quiser ir, eu fico de olho nela. – Jasper ofereceu. Como se ele estivesse muito melhor. – Daqui a pouco coloco essa pequena para dormir.

— Obrigada, Jazz.

— Nella Sean!

Alice fez uma careta e saiu com Jasper. Ela jura que Jacob tem cheiro de cachorro molhado, não consegue ficar perto sem sentir ânsia de vômito.

— Oi, Jacob.

— Que recepção desanimada para quem viu você nascer. – Riu da própria piada. – Mas me conta, como está sendo tratada pela vida na frente dos holofotes?

— Até o momento, bem. Eu me fecho na minha bolha, você sabe.

— Se ela ainda não foi estourada, é um bom sinal. – De vez em quando ele até parecia uma pessoa normal, e não um problema ambulante.

— Jake! – Um tapa soou nas costas dele, fazendo-o se encolher. Eu senti em mim. – Acho que tem um pessoal procurando por você na cozinha.

— Jake vai até eles. Obrigado, Edward. – Eles trocaram um aperto de mão estranho. – Tem certeza que não quer nada?

— Tenho. – Edward falou sério.

— Só estou checando. Fala para ele, Nella Sean, eu não insisto.

— Tchau, Jacob. – Acenei com a mão.

Ele fez uma reverência e saiu.

— Obrigada, Edward.

— Pelo que?

— Por ter feito Jacob sair.

— Realmente tem um pessoal procurando por um cara aí. Eu acho que é ele. Ou pode ser outra pessoa. – Deu de ombros e se afastou. – Cerveja? – Apontou para o balde de gelo perto dali.

— Não, acho que vou embora. – Fiz menção de sair do lugar, sendo bloqueada por Edward que deu um passo para o lado.

— Por que?

Tantos motivos.

Eu tinha vestido a calça de couro de novo para não aparecer de pijama nas gravações, usei-a como desculpa mais uma vez.

— Eu preciso tirar essa calça, minhas pernas estão me matando.

Edward olhou para baixo.

— Elas parecem ótimas para mim.

— Vou precisar cortar essa merda do meu corpo, elas estão grudadas. – Puxei o tecido para dar ênfase ao que falava.

— Meu quarto é logo ali. – Ele disse ainda olhando para as minhas pernas.

Não sobrou uma parte do meu corpo não afetada pelo olhar dele. Algumas foram afetadas até demais.

Eu tinha acabado de ver o vídeo dele secando a minha bunda no programa, agora ele agindo assim…

Não, Bella. O lugar está cheio de gente. Você não está sóbria. Edward não está sóbrio. Continue andando e vá para casa.

Sozinha.

A não ser que ele queira ir junto.

— Edward… - Não sei se foi um suspiro ou um sussurro, serviu para chamar a atenção dele.

— O que? – Ele voltou a si e me olhou.

Empurrei-o contra a parede pelo abdômen e juntei nossos lábios, desesperada pelo contato. Nossos corpos colados, sentindo cada centímetro um do outro. Edward apertou de leve meu ombro, descendo com a uma carícia pelo meu braço até chegar na minha mão e dar outro aperto.

— Bella? – Ele brincou com os meus dedos. – Bella, para onde você foi?

Minha respiração estava ofegante, pisquei atordoada.

A cena tinha se passado toda na minha cabeça.

— Acho melhor eu ir embora.

— O motorista está lá fora, eu acompanho você. – Falou em um tom preocupado.

Não tive coragem de olhar para o rosto dele, com medo da cena acontecer de verdade.

Levamos um tempo enorme para chegar até a porta, sendo parados por alguém a cada passo.

— Obrigada, Edward.

— Avisa quando chegar. – Deu um olhar significativo para o motorista.

— Aviso.

Continuamos os dois parados na porta do carro olhando um para o outro.

— Você tem certeza que não quer ficar?

— Para que?

— Essa festa é para a gente.

— Volta lá e aproveita por mim, ninguém vai perceber que fui embora.

— Eu vou.

Em qual momento tínhamos parado de brigar para falar coisas desse tipo um para o outro? Por que ele não decide qual Edward quer ser? Essas mudanças de humor vão me deixar maluca.

Olhei para a porta do carro aberta e para ele.

— Quer fugir?

Ele olhou para o motorista segurando a porta, para mim e para o carro antes de finalmente entrar.

Ficamos em silêncio o caminho todo, a maior distância possível entre nós. A tensão era pior do que quando estávamos praticamente grudados no outro dia.

Diversas vezes achei que ele estivesse abrindo a boca para falar alguma coisa, mas era apenas a cantoria incessante.

Fomos para a minha casa, fazendo uma parada no banheiro antes de ir para o estúdio. Edward viu o caminho e me puxou de volta.

— Merda nenhuma. Nós conseguimos conviver sem ser dentro da merda de um estúdio.

Virei para voltarmos para a sala, mas Edward tinha outra ideia.

— Lá fora tem uma piscina?

— Sim. Quer ir lá?

Acendi a luz externa bem fraquinha e conectei o celular no sistema de som, deixando o clima aconchegante. Eu precisava relaxar um pouco, estava sentindo a cãibra querendo voltar.

Sentamos no sofá branco de frente para a piscina, esticando as pernas em um pufe. Ficamos em silêncio por tanto tempo que eu achei que Edward tivesse dormido. Cutuquei-o com o pé.

— Essa é a sua maneira delicada de me expulsar?

— Desculpa. Achei que estivesse dormindo.

— Estou quase. Esse lugar é do caralho. Você não conseguia se desestressar aqui? Precisava de cigarro para isso?

— É.

— Puta merda, Bella. O dia que eu tiver um espaço desse vou ser o homem mais feliz do mundo. Minha insônia sumiria em um piscar de olhos. Imagina chegar em casa de um dia de merda e ter isso aqui a disposição! Há quanto tempo você não entra nessa piscina? – Eu não fazia ideia. – Não mente, Bella.

— Não pretendia mentir. Faz tanto tempo que eu não lembro. O que você está fazendo?

Edward ficou de pé e jogou a camisa dele na minha cara. Enquanto eu me livrava da peça, ele puxou os dois sapatos. As meias saíram seguidas pela calça.

Ele estava sem cueca.

Edward foi até a borda da piscina com a bunda branca virada para mim e pulou.

POV EDWARD

Nadei até a borda e me apoiei para olhar Bella ainda sentada no sofá.

— Achei que você estivesse louca para tirar essa calça.

— E estou. – Fez uma careta.

— Tira e entra aqui. Eu ajudo você a relaxar.

Bella riu e mordeu o lábio inferior.

Eu nem me lembrava mais que ela estava puta comigo e me evitando.

Ela me trouxe até aqui. Isso deveria significar alguma coisa.

Desde quando vim na casa dela jantar estavam rolando umas merdas entre a gente parecidas com flertes. Não é possível que eu esteja entendendo errado. Não é possível que essa mulher não sinta o que acontece entre a gente. Ela pode não gostar de mim como gosto dela, mas… nem uma atração? Nada? Não. Ela deve sentir alguma coisa sim.

Com os olhos presos nos meus, Bella tirou os coturnos. Nosso contato quebrou apenas para a camisa passar pela cabeça dela, deixando-a só de sutiã.

Puta que pariu, eu não acredito que isso está realmente acontecendo.

O cabelo foi preso em um nó estranho. Tirar a calça foi mais complicado, Bella teve que dar umas reboladas, puxadas, e seguradas para a calcinha não sair junto. Finalmente livre da peça, ela a jogou em cima do sofá com raiva, o que me tirou um riso.

As pernas dela estavam marcadas por costuras, mas, puta que pariu, que mulher gostosa. Precisei ficar alerta para minhas pernas não bambearem e eu me afogar.

Ela sentou em um dos degraus de ladrilho da piscina, ficando com a água um pouco acima dos seios. Aqueles seios…

— Então, Edward, por que você me odeia? – Perguntou.

Pergunta interessante. Por que demoramos tanto para resolver isso?

Eu não ia conseguir ter essa conversa de pé no meio da piscina. Nadei até ela e me sentei junto.

— Eu não sei. – Minha resposta fez Bella bufar e revirar os olhos. Só faltou a expressão de raiva que a transforma em uma gatinha fofa. – Por que você me odeia?

— Eu não odeio você, Edward. – Foi a minha vez de bufar para ela, trazendo a gatinha raivosa. – É sério! Mas você me deixa muito… - Ela parou, olhando para o alto como se procurasse a palavra perfeita para se expressar. Um sorriso meio de lado ganhou o rosto dela quando, acho, encontrou o que procurava. – Você só me deixa puta para caralho desde o momento em que nos conhecemos, não me achando boa o suficiente para a banda. Além de constantemente descontar suas merdas em mim sem eu ter feito porra nenhuma para merecê-las. – Não gostei do que ela falou, mas gostei da escolha de palavras.

Ela contou essas merdas para a minha mãe. Claro que Esme me passou um sermão do caralho, o que me fez ficar puto com Bella por agir como uma criança fofoqueira que conta as coisas para os adultos. Minha mãe se recusou a dividir o que exatamente Bella tinha contado para eu me preparar para a conversa. A que estava acontecendo hoje.

Merda. Caralho. Puta que pariu. Se eu queria ter algum tipo de relacionamento com Bella, eu tinha que deixar de ser um babaca e me explicar de uma vez.

— Bella, nunca foi minha intenção desmerecer o seu talento. Não propositalmente. Você é do caralho! O problema não é você, sou eu. Eu sou inseguro, entendeu? Inseguro para caralho! Eu virei uma pessoa escrota e desconfiada de todo mundo porque sabia que uma caralhada de gente ia se aproximar de mim por interesse. Eu estava neurótico achando que não gostavam realmente da banda, que tinham colocado você para minar nossa vontade de crescer, eu tenho medo de sermos conhecidos por uma música só. Sei lá! Eu me senti ameaçado quando entrou na banda. Você é um milhão de vezes melhor do que eu. Continua sendo escroto, eu sei. – Ela concordou com um intenso 'demais'. – Foi uma questão de ego que aconteceria com qualquer um que colocassem ali. E eu não queria ninguém, queria que colocassem uma merda de baixista para poder expulsar da banda em dois tempos. Mas como eu vou expulsar Nella Sean da minha banda? O resto eu fazia nem sei porquê. Eu nunca tive motivos para ser do jeito que eu sou, eu só… fiquei assim. – Quais as chances dela ficar puta se eu contar que incitava briga só para ver a cara de brava que fazia? – O problema sempre fui eu. Eu agi muito errado com você, Bella, e sinto muitíssimo por todas as atitudes babacas que tive. Você aceita minhas desculpas? Se quiser eu imploro pelo seu perdão de joelhos.

— Não precisa fazer nada disso, Edward. Eu sei que você não é sempre assim, Rose, Jasper e sua mãe conversaram comigo pedindo paciência. Meu problema nunca foi você me odiar, ninguém precisa gostar de mim, mas sim as agressões gratuitas. – Como Bella não me odiava? Ela tinha motivos para me odiar e jogar merda em mim, e era eu que fazia isso com ela. Sem motivos. – Edward… - Apertou minha mão. – Está tudo bem, você está desculpado. Vamos esquecer isso e seguir em frente. Eu nunca quis entrar nessas brigas, nem nada, eu só era instigada e respondia. – Deu de ombros. – O que mais quero é voltar a ter paz.

— Obrigado. – Respondi sério. – E desculpa mais uma vez.

— Se eu não perdoar vou ter que voltar a trabalhar com a Rebecca. Não é a mesma coisa vê-la seminua no camarim.

— Eu aposto que é incrível ver Rebecca desfilando seminua em qualquer lugar. – Bella levantou uma sobrancelha para mim. – Mas obviamente ver você seminua é melhor, claro. – Olhei o corpo dela sob a água, ainda sem acreditar que era real. Bella estava com as duas sobrancelhas levantadas agora. – Vou calar a boca.

— Melhor mesmo.

— Então… Nós estamos bem? Podemos, de uma vez por todas, decretar a paz?

— Defina paz.

— Você ainda não confia em mim. Entendido. – Respirei fundo.

Era óbvio que Bella não ia acreditar que eu mudei de uma hora para a outra. Mas ela precisava entender que eu não era sempre assim, que eu não era sempre esse ser amargo, que eu sabia ser uma pessoa agradável.

— Edward, estou implicando com você, só para não perder o costume. Nós estamos bem, já falei.

— Para provar que eu não sinto ódio por você, não vou mandar você ir se foder. Apenas ir a merda.

— Quanto amor! Você sabe ser fofo. – Bella cruzou as mãos debaixo do queixo.

— Eu não sou fofo. Não tenho intenção nenhuma de ser fofo.

— Nem se eu pedir? – Ela falou sugestivamente.

Eu fiquei mudo.

Ela queria dizer o que eu achava que ela queria dizer? Eu não queria errar aqui. Nós estávamos provocando um ao outro fazia algum tempo, mas existe uma grande diferença entre provocação e realmente querer partir para a porra da ação. E se ela estivesse tirando sarro com a minha cara?

Foda-se.

— Se você pedir com jeitinho, eu posso ser fofo. Posso ser rude. Posso ser o caralho que você quiser.

Não achei que fosse dar em alguma coisa, mas Bella se aproximou de mim e me beijou. Ela agarrou meu cabelo me puxando para si, eu envolvi meus braços em volta dela e fiz o mesmo. Estávamos os dois desesperados por mais do outro.

Diminuí a intensidade do beijo até parar por completo. Eu ia morrer sem ar.

Bella fez uma cara estranha.

— Que cara é essa, Bella? – Segurei o rosto dela. O que ela estava pensando? Ela estava arrependida?

— Você parou de me beijar. – Não contive o sorriso ao ver o bico frustrado que fez ao reclamar. Puta que pariu, Bella era linda para caralho. Com os lábios vermelhos e pedindo para eu não parar de beija-la era a visão do paraíso. Segurei-me para não avançar nela de novo.

— Eu precisava respirar. – Justifiquei, fazendo-a soltar uma risadinha fofa. – Eu morreria feliz para caralho sem ar por tanto beijar você, mas se esse é o seu plano para se livrar de mim, não vai funcionar.

— Morrer sem ar em um beijo. – Ela sacudiu a cabeça. – Se esse fosse meu plano, você teria feito um bom trabalho em me fazer desistir dele. Eu agora ia preferir manter você preso para torturar. Muito mais prazeroso beijar até quase morrer todos os dias.

— Mais uma vez, eu morreria feliz. A não ser que você queira elevar o nível da tortura, e do prazer, e fazer mais do que só beijar. – A fala fez aqueles grandes olhos castanhos descerem para o meu pau. Se por instinto ou de propósito, não tinha como saber.

Eu gostava dessa Bella. Eu gostava muito dessa Bella.

Quando ela olhou para mim de novo, ataquei sua boca mais uma vez.

— Por que você fica rindo igual a um idiota toda vez que me beija? – Só percebi que estava rindo porque ela falou.

— Porque é bom para caralho.

Nós nos agarramos até as coisas começarem a ficar quentes, com mãos explorando corpos debaixo d'água. Eu estava excitado para caralho e se Bella não parasse de arrastar as unhas dela em mim eu ia gozar na piscina.

— Você tem camisinha? – Bella perguntou.

Que tipo de pergunta é essa? Afastei o rosto do pescoço dela.

— Você não tem? – Entrei em desespero.

— Eu dei para Alice, não achei que fosse precisar.

Gemi frustrado. Bella deu outro risinho fofo do caralho e acariciou meu rosto.

— Ela não tem para a gente roubar? Arromba a porta do quarto, eu pago o conserto!

— Ela e Jasper estão juntos, se tiver está tudo na bolsa dela. – Fez uma careta.

— Merda. – Olhei para as curvas gostosas na minha frente meio escondidas na água, minha mão acariciando a lateral do seio dela, e dei um suspiro alto e profundo. Bella riu mais uma vez. Ela não estava frustrada?

— Deixa eu falar uma coisa, Edward, você precisa ter camisinha. – Eu tinha, em casa. Agora compraria uma fábrica delas. – Não fique dependendo das mulheres terem porque nem todas por aqui têm a boa intenção de usar camisinha para se proteger de doenças ou gravidez.

— Eu não tinha pensado nisso ainda. – Desde a nossa festa de lançamento eu não tinha ficado com ninguém, e nem tive tempo ou vontade. – Puta que pariu.

— Estraguei o clima, não foi? – Agora sim ela suspirou frustrada.

— Um pouquinho.

— Vamos nadar para esfriar a cabeça, então. Não está dando certo ficarmos tão perto assim.

Ela se jogou na água sem me dar tempo de tentar trazer o clima de volta. Admirei o corpo dela flutuando por um tempo antes de ir atrás.

A gente sempre podia comprar camisinha. Pedir para alguém trazer. Porém, diferente do que Bella disse, estava dando certo para caralho ficarmos perto um do outro, como da vez que vim jantar aqui. Eu até consegui ignorar meu pau duro frustrado por não ter nenhuma ação.

Eu estava muito fodido da cabeça por ela, estava satisfeito apenas por estar perto, por ter a atenção dela. Eu queria Bella perto de mim, hoje e sempre.

Nós ficamos na piscina até quase amanhecer e começar a ficar frio demais.

Tomamos banho no chuveiro ali mesmo apenas para tirar o cloro e Bella pegou duas toalhas azuis grossas para nos enxugarmos. Enquanto me enxugava, eu a vi fazer movimentos estranhos para caralho debaixo da toalha. Não entendi o que estava acontecendo, simplesmente deixei para lá ao invés de implicar como pensei inicialmente.

Quando me chamou para entrar, vi na mão que minutos atrás me deixava louco acariciando a minha nuca o conjunto que ela usava. Bella estava nua debaixo da toalha.

Meu cérebro entrou em parafuso. Bella estava nua. Eu a segui para dentro da casa como um cachorrinho. Nua. Segui até a área de serviço, onde pendurou a calcinha e o sutiã molhados para secar. Só com uma toalha. Até a cozinha para bebermos água, até o closet.

Ela parou apoiada na penteadeira, andei até estar de frente para ela.

— Uma pena não termos camisinha. – Olhou por baixo dos cílios, mordendo os lábios enquanto uma mão passeava pela beira da toalha na minha cintura, de um lado para o outro. Eu me arrepiei com o toque dela ao mesmo tempo que um desejo incontrolável possuiu meu corpo. Eu estava enfeitiçado por todas as facetas de Bella.

Eu a coloquei sentada na penteadeira, parando entre as pernas gostosas que por várias vezes nos meus pensamentos desejei em volta da minha cintura. A toalha era tão grande que não fez nenhuma abertura na qual eu pudesse espiar alguma coisa. Eu resolveria essa merda.

— Foda-se a camisinha, a gente não precisa dessa merda.

Ela sorriu. Eu amo essa porra desse sorriso enorme que ela abre. Foda-se, ela nunca tinha sorrido assim para mim. Agora eu entendia porque todo mundo ficava fascinado nela.

Eu a beijei e soltei a toalha, deixando-a nua e aberta para mim. Segurei o rosto dela com a mão, descendo pelos seios pequenos e chegando entre as pernas, sentindo-a começar a ficar molhada. Bella puxou minha mão e levou dois dedos para dentro da boca, chupando-os antes de me guiar até a buceta dela novamente. Enfiei os dois dentro dela.

— Edward… Porra…

Bella quase não falava palavrão, eu achava sexy para caralho toda vez que ela deixava escapar um 'porra' ou mandava eu ir me foder. Meu pau deu um salto debaixo da toalha.

Segurei Bella com uma das mãos e tentei me abaixar entre as pernas dela, a altura não me deixava muito confortável. Segurei-a contra mim e nos virei, deitando-a em um pufe logo atrás e me ajoelhando no chão.

Agora ela estava completamente molhada. Não tínhamos camisinha, mas eu não ia conseguir resistir essa noite. Eu ia ser irresponsável. Foda-se.

Deixei uma mão livre para me masturbar enquanto chupava a buceta dela até que as coxas estivessem apertando a minha cabeça no próprio orgasmo. Outra forma de morrer feliz: com a cara enfiada em Bella.

Enquanto a ouvia recuperar o fôlego depois de gemer meu nome e mais meia dúzia de palavrões, aproveitei a toalha para gozar sem sujar os móveis.

Quando abri os olhos, Bella estava apoiada nos cotovelos mordendo os lábios, um olhar feroz como se fosse avançar em mim a qualquer segundo.

— Da próxima vez eu vou fazer você gozar, Edward Cullen. Estamos entendidos?

Beijei as coxas dela, a barriga, dei uma atenção especial aos seios, e cheguei na boca para arrancar o sorriso presunçoso que ela ostentava.

d-_-b

POV BELLA

Tomamos outro banho e deitamos na cama para esperar amanhecer por completo e Edward ir embora. Ele e os rapazes tinham combinado passar essa folga juntos como nos velhos tempos, sendo um bando de marmanjos idiotas.

— E pensar que alguns dias atrás eu disse para Alice que isso aqui era impossível. – Falei preguiçosa.

Edward estava apoiado em uma montanha dos meus travesseiros enquanto eu usava a coxa dele para me apoiar.

— Você estava pensando nisso antes, Bella? – Perguntou com um sorriso sacana, o qual eu prontamente me arrastei para cima e beijei. Beija-lo era delicioso. Se eu soubesse antes, trocaria fácil meus cigarros pelos beijos dele. Um vício muito melhor. – Enquanto eu achava que era odiado, você estava fantasiando um sexo quente comigo? Se tivesse me contado as suas fantasias, eu realizava para você. Com todo o prazer.

— Poxa, acontece que eu também achava que era odiada. Tive que ficar só na imaginação.

— A realidade fez jus?

Colei nossos lábios mais uma vez. Simplesmente porque podia, e porque queria fazer uma comparação, mas se uma coisa eu aprendi essa noite, é que tínhamos dificuldade em parar os amassos depois que começávamos.

— A realidade é muito melhor. – Respondi quando estávamos os dois sem ar.

— Imagina quando finalmente tivermos a merda da camisinha. Eu quero foder você até você gritar e berrar. Eu vou foder você até nenhum dos dois conseguir andar no dia seguinte.

Meu Deus.

O homem sabe falar sujo.

Não foi normal o jeito que meu corpo reagiu a essa frase. Minhas pernas ficaram bambas mesmo eu estando deitada, um gemido escapou sem eu querer.

Tampei a boca de Edward com a mão, eu não responderia por mim se ele continuasse a falar essas coisas, e nenhum preguiçoso quis levantar para comprar camisinha. Já tínhamos feito coisas demais sem ela por uma noite.

— Edward, você fala demais, sabia? – Ele tirou minha mão e a beijou. – Isso quer dizer que nós vamos repetir a noite?

— O caralho que sim. Eu não me fiz claro? Nós ainda nem começamos, Bella.

— Eu tenho um pedido. – Edward ergueu uma sobrancelha, desconfiado. – Eu quero ser a única, não tenho intenção nenhuma de dividir você com outra. Somos só nós dois nessa, ou nada feito.

Edward esticou a mão, acariciando meu rosto até parar com o polegar nos meus lábios. Ele puxou o ar pelo nariz e soltou em uma lufada forte pela boca. – Foda-se, eu não ganho nada escondendo isso. Bella, eu amo você. Eu sei que não era o que você queria ouvir agora, mas, porra, eu estou fascinado pela mulher maravilhosa que conheci. Eu quero apenas você, vai ser só você.

Como o mundo é louco. Algumas horas atrás eu queria avançar em Edward porque ele debochava de uma ligação que eu achei que tínhamos, agora ele simplesmente diz que me ama. Por que precisamos brigar antes de nos apaixonar?

— Eu sei exatamente o que você quer ouvir agora. – Fiz uma pausa para ver o sorriso de expectativa de Edward. – Eu também amo você. Estranhamente, enquanto queria esganar a sua pessoa, eu me apaixonei.

— Você não tem ideia do quanto eu fico feliz por ouvir isso, Bella.

— Feliz para caralho?

— Puta que pariu, feliz para o excelentíssimo senhor caralho.

— Como pode ter uma boca tão suja?

— Você não estava reclamando quando ela estava chupando a sua buceta agora pouco. Estava até participando.

— Não me lembro disso.

— Não? Eu posso comer você de novo antes de ir embora e refrescar sua memória.

O gemido que deixei escapar foi minha resposta.

Depois que Edward foi embora pela manhã, dormi a maior parte do dia. Ainda estaria dormindo se ele não tivesse me ligado várias vezes seguidas.

— Ei, está acordada?

— Agora estou. O que é?

— Lembra quando Kate pediu uma balada e a gente ignorou achando que ela não ia mais tocar no assunto então o Toshiro pediu também e a gente enrolou e conseguiu não fazer? – Eu tive que recuperar o fôlego por ele.

— Lembro.

— Então, eu fiz uma. Só que tem um puta problema. – Edward fez uma pausa dramática. Era agora que ele me irritava e a gente terminava o que nem começou direito? – Eu fiz para você.

Ele o que?

— Você o que?

— Cantar! Eu fiz para você cantar!

— Puta merda, Edward, mas que porra.

Por um segundo achei que tivesse feito uma música se declarando e fosse cantar para todo mundo ouvir.

— Xinga de novo?

— Xingar o que?

— Qualquer coisa, Bella. Pode me xingar.

— Você está bêbado?

— Não muito. – Riu. – Mas eu tenho a música de verdade. Amanhã eu mostro.

Uma música. Para eu cantar. Eu não era muito de cantar. Fazia vocal de apoio e, de vez em quando, fazia a voz das canções que eu ou Garrett produzíamos para outras pessoas. Era o suficiente. Não consegui esconder meu desconforto, que saiu como um grunhido estranho.

— Você não gostou, não é? Esquece. Deixa para lá.

— Não, não é isso, Edward. Amanhã a gente vê, tudo bem?

— Tudo bem, tudo certo. – Respondeu sério. Merda. Eu não queria que voltássemos ao clima estranho. – Volta a dormir, desculpa perturbar.

— Não perturbou. Onde estão todos? Por que está silêncio?

— Eu estou no quarto. – Falou com um resmungo. – Tem uma caralhada de gente aqui de novo. Como nos velhos tempos é o caralho, eles chamaram um monte de gente. Alice está aqui também.

— Ela nem voltou para casa ontem. Aproveita para dormir um pouco, suas olheiras vão agradecer.

— Estou fazendo isso. Não agora, agora estou falando com você, mas vou dormir mesmo. Se essa merda dessa música alta deixar.

— Não esquece de trancar a porta do quarto.

— Por que?

— Outra dica de Bella Swan para não engravidar ninguém. E você também não quer um desconhecido mexendo nas suas coisas enquanto está inconsciente.

— Faz sentido. Você é muito esperta, Bella.

— Obrigada, boca suja. Agora vai dormir, Edward. Amanhã a gente se fala, tchau.

— Amanhã a gente se fala, tchau. Não! Espera! – Gritou me impedindo de desligar. – Eu comprei camisinha!

— Que bom? Por que você está me avisand- Entendi.

— Não, não. Espera… Você esqueceu? Então eu não comi a sua boceta direito.

Meu Deus…

— Comeu sim. – Respondi ofegante. – Eu me lembro muito bem. De cada segundo que seus dedos ou sua boca estavam entre as minhas pernas ou passeando pelo meu corpo. As minhas pernas ainda estão bambas.

Edward despertava uma Bella que eu mesma pouco via.

— E eu nem fiz o serviço completo. Não se esqueça, ainda vou foder você até você gritar e berrar.

— Edward, você não está em condições de fazer isso agora, é melhor ir dormir e não me provocar.

— Concordo. Eu não faria minha melhor performance. Eu prometi uma foda épica, você vai ter uma foda épica. Até amanhã, Bella. Não esquece uma coisa: amo você. Para caralho.

Meu interior virou gelatina.

— Amo você, boca suja. Até amanhã.

Desliguei o telefone e fiquei olhando para o teto.

Eu dormi com Edward. Eu fiz coisas com Edward. Eu fiquei deitada na cama agarrada a ele contando sobre a minha vida, ouvindo-o contar sobre a dele. Ele acariciou meu cabelo, meu rosto, meu braço, sem nenhuma conotação sexual, enquanto conversávamos. Ele riu de piadas bobas que eu fiz. E eu ri das dele.

Nossas interações estavam o completo oposto de um mísero dia atrás. Se ontem Edward mandou eu ir a merda por conta de uma corda de guitarra solta, hoje ele estava delicadamente tirando um cílio do meu olho porque podia me machucar.

Eu finalmente coloquei para fora o amor que sinto por ele, e recebi o mesmo amor de volta. Quão louca é a vida?

 


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Notas finais do capítulo

O resto já está postado, divirtam-se.



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