Por Detrás das Sombras escrita por they call me hell


Capítulo 3
Esclarecendo as Coisas


Notas iniciais do capítulo

O próximo capítulo será narrado por outro personagem. Quem vocês acham que será?
Espero que gostem! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807840/chapter/3

— 4 —

Esclarecendo as Coisas

 

Sean fica furioso comigo, mas tenho outras prioridades agora e decido conversar com ele em outro momento. Depois de alguma burocracia, saímos os três juntos de Azkaban e levamos seu pai para ver o mundo outra vez depois de quase duas décadas. Seu choque é perceptível, por mais que não veja muita coisa em nosso caminho, e eu posso apenas imaginar como sua mente está admirada.

Concluindo meu plano inicial, já organizado antes de falar com Sean na estação, checo o hotel onde reservei a hospedagem de ambos — um lugar filiado ao Ministério com segurança extra, criado para receber Ministros estrangeiros e outras autoridades importantes, mas que servirá bem ao meu caso — e levamos Ludwig para tomar um banho agradável, vestir algo novo e fazer seu cabelo e a barba. Tudo isso é feito visando devolver sua dignidade e torná-lo mais cooperativo, é claro, mas me sinto fascinada pela oportunidade única e até um pouco estranha de encontrar alguém como ele, e poder ver suas reações genuínas sobre as coisas mais simples. Até o almoço rápido dos dois me parece um estudo de caso fascinante.

Quando ele está pronto, levo os dois para a minha sala no Ministério, onde poderemos conversar com maior privacidade. Preciso da ajuda de ambos e, por isso, decido ser um pouco mais transparente sobre a situação.

— Houve um caso peculiar há alguns meses, investigado inicialmente pela equipe de Aurores — começo, enquanto ocupamos nossas respectivas poltronas. — Um ônibus foi encontrado em uma área inóspita da cidade e estava completamente dominado por uma substância muito parecida com âmbar. O ônibus, os passageiros e o motorista estavam todos intactos, como se estivessem congelados no tempo. Não preciso dizer que ninguém nunca havia visto algo do tipo antes.

Sean me olha com descrença, ainda irritado por eu retirar seu pai de Azkaban. Ludwig, porém, parece muito atencioso e interessado.

— Eu não teria tido ciência desse caso se não tivesse criado uma divisão independente no setor para investigar um assassinato que suponho estar ligado a um grupo cujo objetivo é quebrar o Estatuto do Sigilo.

Pela expressão de Sean, vejo que ele entendeu o tamanho do risco sobre o qual o avisei. O Ministério, apesar de não estar ciente do que estou fazendo, certamente apoiaria qualquer iniciativa, por mais controversa que fosse, desde que fosse garantida a integridade do acordo que mantinha os bruxos ocultos entre os trouxas. Isso era algo com o qual a grande maioria dos bruxos, independente de suas visões pessoais, concordava e lutava para ser mantido.

— Esse… âmbar — Ludwig questiona, buscando as palavras corretas. — Como era a sua coloração?

Sean o olha inconformado.

— Ela está falando sobre ataques terroristas e sermos expostos aos trouxas, e você está preocupado com a cor de uma gosma?!

Ele encara o filho com muita tranquilidade.

— É por isso que estou aqui, certamente.

O mais novo não parece convencido e se levanta, ficando a poucos passos de sua poltrona.

— Eu não sei porque me meti nisso, sinceramente — ele começa a andar de um lado para o outro, devagar.

Foco no seu pai que está certo e pode me ajudar com essa questão.

— Ela é avermelhada, Sr. Primrose. Sei que trabalhou com algo muito parecido no passado.

O vejo concordar com um breve gesto de cabeça e isso faz Sean reconsiderar sua posição, apoiando as mãos no encosto do assento. Não o julgo, ainda que sua petulância seja irritante ocasionalmente. Ele não tem contato com o pai desde a infância e suponho que o relacionamento dos dois nunca tenha sido ótimo, considerando que os poucos arquivos que encontrei sobre o DDM diziam que Ludwig até mesmo mudou-se para o seu laboratório durante uma época. Porém, mesmo não sendo um pai presente e exemplar, é inegável que se trata de um dos homens mais inteligentes em nossa sociedade e que tem muito para compartilhar em relação ao seu conhecimento único.

— Inicialmente tratava-se de um medida protetiva para casos em grandes escala e não deveria durar mais do que poucas horas em seu estado sólido, o suficiente para que os Aurores pudessem apreender grandes grupos em segurança durante ataques em massa — ele esclarece enquanto pego algumas fotos em minha gaveta e as coloco diante dele. — Era muito difícil estabilizar o composto e ele nem sempre funcionava muito bem quando combinado com o feitiço que deveria extingui-lo. Quem fez isso estava testando o composto, sem dúvidas.

Enquanto ele estuda as imagens feitas no armazém de evidências forenses do Ministério, Sean parece preocupado.

— Então o trabalho do meu pai está relacionado a ataques terroristas… — ele suspira, passando uma das mãos pelo rosto. — Já passou pela sua cabeça que ele pode estar ligado a isso e que você o soltando apenas colaborou para um grande desastre?

Ludwig o ignora, então me adianto:

— Isso seria impossível, Primrose.

— Eu acharia uma hipótese muito considerável.

— Seu pai não recebeu visitas ou correspondências em todos esses anos, é impensável que esteja ligado aos ataques — sou enfática, querendo tirar isso do caminho de uma vez por todas. — Além disso, ele não foi o único a trabalhar com esse experimento no DDM e, assim, é a nossa fonte mais próxima e confiável sobre aqueles que estiveram ligados e podem ser os nossos suspeitos.

Ele parece compreender, mas nada diz. É orgulhoso demais para admitir que pode estar errado. Pensei em tudo isso antes de decidir por libertar seu pai e não o teria feito se não fosse a única alternativa viável. Só quando terminamos nosso breve debate é que Ludwig se manifesta:

— Suponho que tenham coletado amostras, certo?

— Não só amostras, mas todo o ônibus está preservado.

Ele sorri, claramente animado.

— Excelente! Precisarei do meu laboratório para examiná-las.

— O… seu laboratório?

— Sim, é claro. Os laboratórios no DDM são particulares e tenho certeza de que meus equipamentos ainda estão lá, em algum lugar. São intransferíveis.

Após explicar os últimos acontecimentos para Harry e Ron, tentamos pensar em uma forma de conseguir acesso aos equipamentos antigos de Ludwig. Não é uma tarefa fácil, já que o DDM é insubordinado e sua chefe não é uma das mais amistosas no Ministério, mas precisamos agir com urgência. Fica decidido que Harry, sendo o chefe dos Aurores, dará um jeito nisso.

— Tenha cuidado, Mione — Ron diz, ainda um pouco chocado com tudo. — Esse Primrose parece ser uma fonte de informação muito útil, porém, pode ser um problema lá na frente.

— Eu sei — respiro fundo, deixando meus ombros caírem. — Mas não posso me preocupar com isso agora, já são coisas demais no momento.

Harry me olha com compreensão. A melhor parte do meu trabalho é ter os dois próximos, não sei o que faria se tivesse que lidar com tudo isso sozinha.

— Já são quatro horas e garanto que você sequer almoçou — ele se levanta, pegando uma pasta dentro do seu armário enquanto fala. — Encerre o dia por hoje e deixe o resto com a gente.

Eu nem pensei nisso, para ser sincera. Estava tão focada em obter respostas que agora pareço ter o cansaço visível pela primeira vez no dia e acabo concordando.

— Obrigada por me apoiarem — sorrio, me levantando e deixando a sala.

Com a promessa de avanços no dia seguinte, levo os Primrose para o seu hotel e estou pronta para ir para a minha casa, mas vejo uma loja de flores do outro lado da rua que muda meus planos. Compro duas dúzias de gerânios vermelhos e aparato em Saint Mungus. O médico que me recebe no interior do prédio me acompanha até o quarto de Oliver, o que eu estranho, mas entendo assim que passo pela sua entrada. Não sou autorizada a entrar, mas posso vê-lo pela grande janela de vidro e é assustador.

— A substância com a qual ele teve contato durante o acidente está deteriorando os tecidos — ele me esclarece, olhando na mesma direção que eu. — Ainda não conseguimos identificar uma causa e tampouco uma cura, nunca vimos isso antes.

Sinto meus olhos marejarem. Ele tinha a mão cortada quando o retirei do galpão e através das suas memórias eu soube que estava analisando frascos com um líquido estranho quando o galpão explodiu. Eu gostaria de poder ter um deles para facilitar as pesquisas do hospital, mas é impossível. Entretanto, talvez possa haver outra solução. Se Ludwig for capaz de descobrir o composto do ataque, pode também conseguir identificar o que está causando isso em Oliver.

Estou em uma constante luta contra o tempo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se puder, deixe um comentário dizendo o que mais gostou, o que precisa ser melhorado ou o que tem achado da história. Isso me motiva a continuar escrevendo e me ajuda a melhorar minha escrita! :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Por Detrás das Sombras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.