Por Detrás das Sombras escrita por they call me hell


Capítulo 1
Confie em Seus Instintos


Notas iniciais do capítulo

Durante a última história que escrevi, "Girassol", eu escrevi sobre uma investigação policial, mas acabei desistindo porque não encaixava com o resto da proposta. Agora cá estou para saciar esse desejo que me perturba tanto! haha.
É a minha primeira história do gênero, então me diga o que achou e o que precisa ser melhorado. Espero que goste. ♥



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Confie em Seus Instintos

 

 Um currículo exemplar, um trabalho estável e uma postura impecável eram as três coisas que eu havia lutado a vida toda para conseguir. Depois da guerra, deixara o mundo bruxo por alguns meses, quase um ano, e me isolara com meus pais em uma pequena casa no campo, como se tentasse recuperar o tempo perdido de inocência e risos juvenis. Foram muitos velórios, muitas despedidas regadas à lágrimas, mas aos poucos aos coisas ficaram mais leves e deram lugar aos casamentos e nascimentos. As pessoas pareciam ter pressa e eu não podia julgá-las, não depois de tudo o que haviam vivido e da incerteza que permaneceu no ar até que a vida voltasse ao normal.

Mesmo tendo concluído meus estudos em Hogwarts e o curso avançado de Transfiguração, a verdade é que eu ainda me sentia um pouco deslocada entre os amigos que começavam a constituir suas próprias famílias. Então foquei no trabalho, o que fazia de melhor. Harry havia se tornado o chefe dos Aurores no Ministério da Magia e precisava de uma pessoa de confiança para o Esquadrão de Execução da Lei da Magia, a divisão mais importante do Departamento de Execução das Leis da Magia, responsável por todo o operacional das investigações. Sei que fui sua escolha óbvia, mas não podia simplesmente aceitar um cargo de chefia sem experiência, então decidi começar por baixo e me tornei uma investigadora, descobrindo uma paixão que jamais poderia ter imaginado.  No geral, era um trabalho minucioso e que envolvia não apenas a parte em campo como também muita papelada e reuniões ocasionais, e tudo isso era a minha cara.

 

O que me levou ao começo do dia que teria sido como qualquer outro, começando com uma grande caixa de papelão sobre a minha mesa. Era comum receber aquele tipo de coisa do Departamento de Aurores e eu sabia exatamente o que me esperava: itens apreendidos pelo Ministério. Quando um bruxo era investigado, a minha parte do trabalho era inspecionar artefatos confiscados em busca de irregularidades e falsificações, o que terminava muitas vezes em processos por posse de objetos mágicos não registrados, como vira-tempos, os mais raros e, particularmente, meus preferidos de examinar. Dedico atenção total à eles e quando termino, um relatório ao lado da caixa chama a minha atenção. Era sobre o encerramento de um caso que eu havia apenas ouvido falar, a morte de uma jovem nascida-trouxa em circunstâncias que todos pareciam considerar como "acidentais", porém, que me deixavam inquieta. Agora eu sabia que ela era a dona daqueles itens e ler o relatório apenas  me deixou ainda mais incomodada. Por que uma jovem com todo um futuro pela frente terminaria daquela forma, sendo encontrada em um beco perto da Travessa do Tranco? Nenhuma testemunha entrevistada jamais a vira ali antes, não fazia sentido. Foi nesse momento que eu decidi que precisava ir mais à fundo.

 os papéis em mãos, caminhei até a área ao lado, pouco mais de três ou quatro metros da minha sala, e encontrei Harry e Ron. Era sempre bom vê-los e já havia se tornado uma tradição tomarmos café juntos no refeitório do Ministério, mas eles não me esperavam naquele momento e isso ficou nítido nas suas expressões curiosas.

— Aconteceu alguma coisa? — o ruivo questionou em um leve tom de preocupação.

Balancei a cabeça negativamente, me sentando na cadeira ao lado dele, diante da mesa de Harry. Coloquei os papéis sobre ela, vendo os dois espichando o pescoço para ver do que se tratava.

— Esse caso não pode ser arquivado.

Harry suspirou. Eu já havia o questionado algumas vezes sobre o rumo daquela investigação, já que ela fora designada à outra pessoa na época por eu estar no meio de um outro caso. Ele não entendia o meu interesse por ele e confesso que tampouco saberia explicá-lo, entretanto ele sabia tão bem quanto eu que o meu instinto era muito bom e que era sensato confiar nele.

— Não vejo o que mais pode ser feito sobre ele — seus ombros se ergueram um pouco em um gesto que eu já conhecia bem. — Verificamos locais, testemunhas, registros... não há nada que aponte um suspeito. A não ser que você tenha descoberto algo nos itens dela, estamos estagnados no momento.

A verdade é que eu não encontrei nada mirabolante, mas eu tenho uma desconfiança sobre tudo isso e preciso tentar.

— Há uma caixa de madeira com o fundo expandido entre os itens — cruzo minhas pernas, apoiando as costas no encosto da cadeira. — Ela tem um nome gravado, mas parece ter sido riscado e é impossível lê-lo.  Essa não é a parte interessante, de qualquer forma. Dentro dela haviam cartas e uma delas, em específico, me chamou atenção. Fala sobre um "Manifesto" e uma reunião que seria feita. Você sabe onde eu quero chegar com isso.

As sobrancelhas de ambos se erguem e eles se olham por um momento. Ron é quem se manifesta primeiro:

— Você acha que há a possibilidade de ameaça?

— Eu suspeito que algo está acontecendo lá fora e o que quer que esse grupo esteja debatendo, pode resultar em problemas. As revoluções no passado começaram assim, com pequenos grupos e ideias soltas, mas os Comensais também se organizaram da mesma forma.

Harry pousa ambas as mãos em sua mesa em uma postura confiante. Se antes era um adolescente facilmente conduzível e muitas vezes passivo, hoje em dia parecia até uma nova pessoa. Ele precisava ser incisivo na posição em que estava.

— Investigue com discrição, Hermione — acena para mim, me dando a carta branca que eu tanto queria. — Não queremos que as pessoas enlouqueçam e criem rumores, e será mais fácil conseguir pistas se ninguém souber que estamos de olho. Se alguém pode encontrá-las, é você.

Me sinto orgulhosa por confiar em mim mesma e ter o seu apoio. Eu poderia fazê-lo por conta própria e posteriormente compartilhar minhas descobertas, mas há algo entre nós que me impede de esconder qualquer coisa. E se isso realmente estivesse ligado à algo perigoso, eu com certeza iria querer ter alguém protegendo as minhas costas. Já me arrisquei muito na minha vida para saber que ela é valiosa e deve ser cuidada, além disso, todas as coisas pelas quais passamos só foram possíveis por termos trabalhado juntos.

— Aviso assim que tiver novidades.

— Conto com isso — Ron sorri para mim, me fazendo levantar e deixar a sala.

Seu sorriso me acompanha na tragetória de volta para a minha mesa. Houve um tempo em que estivemos muito próximos e consideramos um relacionamento, mas ele acabou não dando muito certo por vários motivos. O primeiro deles foi o momento em si, ainda cercado pelo caos da guerra que não me permitia focar em qualquer outra coisa. Depois, anos de amizade próxima e chance de tudo ser destruído se um dia algo desse errado de alguma forma com alguém saindo machucado. E, por último, o fato de que eu me sentia mais mãe dele do que uma possível namorada. Eu poderia cuidar dele e corrigir cada um dos seus defeitos, perfeccionista como sou, mas não queria fazê-lo. Seria desgastante para nós dois. Eu o amava, como amigo, exatamente como ele era. E, assim, desistimos da ideia por completo sem que nada precisasse ser dito.

 

Com Oliver Talpin - meu parceiro de trabalho - já ciente das minhas suspeitas, finalmente temos um plano de ação. Encontramos um depósito na parte trouxa de Londres que está vinculado ao nome da vítima e vamos investigar pessoalmente, ansiosos pelo que virá. Como a pesada porta de ferro está trancada, Oliver fica responsável por abri-la e eu fico há alguns metros cuidando de quaisquer pessoas que se aproximem. É um momento tenso e precisamos ter cuidado, pois estamos fora da área bruxa e não podemos ser pegos utilizando magia ou teremos problemas.

— Consegui, Mione! — ele grita para mim, acenando com uma das mãos.

— Ufa! — dou risada, feliz por sermos capazes de fazer o nosso trabalho.

Ele guarda a varinha no bolso das vestes e abre a porta de ferro com uso de força bruta, o que causa um grande barulho. Nós não temos um mandato de busca, então os riscos ainda não acabaram.

— Vou dar uma olhada e trocamos em seguida pra você poder ver, sim?

Aceno positivamente em concordância, o que o faz curvar os lábios antes de sumir para dentro do galpão. Fico ali, sentindo a ansiedade corroer meus ossos, enquanto vigio a entrada. Já posso imaginar todo o tipo de bizarrice lá dentro, mas também posso encontrar apenas alguns móveis velhos. É muito comum entre os trouxas ter aquele tipo de local para armazenar coisas que não podem levar consigo em mudanças, ainda que eu ache isso tudo pouco prático.

Se passam apenas cerca de cinco minutos quando um barulho muito alto ecoa atrás de mim e sou jogada para frente com brusquidão. A neve amortece minha queda e consigo olhar por cima do ombro para encontrar o galpão pegando fogo, o que me faz levantar com pressa da melhor forma que posso, apesar do choque, e correr até ele. Não tenho muito tempo, pois o barulho com certeza atrairá gente, então desisto de apagar o fogo com minha varinha e me concentro em atravessar as chamas em busca de Oliver. O encontro caído ao chão e ergo seu braço para passado ao redor do meu pescoço, o carregando comigo para fora. É difícil, visto que ele é pesado, então decido apenas aparatar com ele antes que nos peguem ali e as coisas fiquem mais complicadas.


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Notas finais do capítulo

E então, o que achou?
Deixe a sua opinião, ela me motiva a continuar escrevendo e me ajuda a melhorar minha escrita.
Obrigada por ler! :)



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