Orgulho e Preconceito - Perdida no século XVIII escrita por Aline Lupin


Capítulo 29
Capítulo 29




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/806879/chapter/29

 

Lizzy não esperava pelos momentos que viriam a seguir. Na verdade, ela nunca imaginou que veria novamente ele. E que tudo mudaria em um piscar de olhos. Contudo, essa história é para outro momento.

Antes de tudo acontecer, o fato crucial que mudou sua vida, ela estava entrando no salão de baile e viu Darcy vir em sua direção, como se fosse a coisa certa a se fazer. Os dois se olharam por longos instantes e ela não conseguia ver mais ninguém ao redor deles. Eram apenas os dois, se observando, se analisando. Um desejando estar nos braços do outro. Pelo menos, ela acreditava que ele sentisse isso. O desejo de estar perto dela. Quando pode ver seus olhos azuis diante dela e ver sua alegria, ela tinha certeza que Darcy sentia o mesmo que ela. A emoção de estar perto. O sentimento de estar sendo preenchido de fora para dentro, como se estivesse queimando cada parte do seu ser. Infelizmente, ela não poderia abraça-lo ali. Mas, ele fez um movimento sutil, de puxar sua mão enluvada, recostada no seu quadril e deixar um beijo cálido e gentil, sem desviar o olhar. Fez o mesmo com a irmã e depois, disse:

— Me concede a honra da primeira dança da noite, Srta. Elizabeth?

Ela sentiu todo seu corpo de amolecer pela fala macia dele. Seu olhar era intenso, escurecido. Ela não sabia que sentimento ele estava escondendo ali, mas sabia que devia ser o mesmo que ela sentia. Era paixão. Simples e visceral.

— Sim – ela respondeu, em sopro.

Ele sorriu, de forma satisfeita e convidou ela e Georgiana para cumprimentar Jane e Bingley. Lizzy sentiu todo o sentimento de formigamento no corpo e quentura desaparecer no momento em que viu Caroline Bingley ao lado do irmão, com um olhar altivo. Trajava um vestido esmeralda, com cintura alta e mangas curtas. As luvas eram de seda, em tom prateado, na altura dos cotovelos e seus cabelos estavam decorados com uma tiara de flores. Lizzy sentiu-se inadequada com seu vestido frondoso, com espartilho apertado. A Srta. Bingley estava tão modesta em suas vestes, com as saias fluidas, até o chão, mas parecia a imagem da elegância e opulência. Lizzy se sentia muito espalhafatosa com sua saia frondosa e com o decote do vestido em U, deixando entrever o vale dos seus seios. Estava arrependida de não ter escolhido outro vestido. Mas, Georgiana estava similar a ela, a diferença era na tiara e talvez, na sua elegância ao andar. Ela era uma princesa. E Lizzy sentia-se uma plebeia.

Ao se aproximar, pode ver o sorriso contido de Jane Bennet. Ela estava linda com um vestido de baile marfim e as luvas brancas até os cotovelos. Os cabelos loiros estavam em um coque elegante, com alguns fios soltos a frente e ela usava uma pena branca sobre a cabeça. Já Bingley estava elegantemente vestido com uma calça bege, botas hessian e uma sobrecasaca verde floresta, com botões dourados. Ao contrário de Darcy, que estava trajado todo de negro.

— É um prazer revê-la de novo, Srta. Elizabeth – Jane cumprimentou, enquanto as duas trocavam beijos no rosto.

Lizzy não conseguia conter o sorriso. Mas, logo murchou ao ver o olhar avaliativo da Srta. Bingley. Por que aquela mulher estava olhando para ela como se fosse cravar uma adaga em seu peito?

— O prazer é todo meu, Srta. Jane – Lizzy disse – Me conte as novidades.

Ela sorriu para Bingley, que parecia muito contente. Estava igualmente sorridente e não soltava o braço de Jane.

— Claro. Querido, eu vou dar uma volta no salão com a Srta. Elizabeth. Volto em um instante – ela disse a Bingley, que anuiu com a cabeça, soltando o braço dela.

Ele puxou sua mão, antes que ela pudesse se afastar e a beijou. Depois, deixou que ela partisse. Georgiana ficou junto a ele, assim como Darcy. A Srta. Bingley também ficou ali, perto da saída para o jardim, o que deixou Lizzy receosa.

Jane enganchou no braço dela e as duas começaram a circular pelo salão. Havia muitas pessoas desconhecidas para Lizzy naquele salão. Alguns tinham olhares curiosos sobre ela e Jane, mas não se aproximaram enquanto as duas andavam.

— Me conte como foi tudo, Jane. Estou curiosa para saber como é estar noiva do Sr. Bingley.

Jane deu uma risadinha e ficou ruborizada. As pessoas naquele tempo pareciam muito comedidas em suas ações. O que surpreendia Lizzy.

— Bom, ele é um ótimo noivo, Elizabeth – ela respondeu, com um olhar sonhador, enquanto caminhava de braços dados de Lizzy – Ele é paciente e muito sensível. Gosta de conversar e fala tanto. Eu às vezes apenas permaneço escutando ele, ouvindo sua voz. É tão reconfortante.

— Você o ama, não é mesmo?

— Sim. O amo profundamente. Estou feliz que tudo tenha dado certo. Eu somente me preocupo com sua irmã. A Srta. Bingley. Ela não parece feliz.

— Com certeza, não está. Apenas veja o rosto dela – Lizzy apontou com a cabeça.

A Srta. Bingley estava calada, do outro lado do salão, enquanto Darcy e Bingley conversavam. Georgiana também trocava algumas palavras com eles. Mas, Caroline Bingley parecia incomodada com algo. Batia o pé esquerdo repetidamente no chão.

— Eu não entendo o motivo para ela não gostar de mim agora – Jane confessou, parecendo arrasada. O que deixou Lizzy indignada. Como Jane poderia ser tão inocente? Era óbvio que a Srta. Bingley não aprovava o casamento entre ela e o irmão. Afinal, Jane não tinha qualquer fortuna ou dote para compartilhar com a família Bingley – Quando nos conhecemos em Meryton e depois, quando fiquei na casa dela, em Netherfield, ela parecia gostar de mim.

— Até o instante que você fisgou o irmão dela, Jane. Mas, sabe você não deveria se sentir mal por isso. O Sr. Bingley amava você e isso que importa.

— Espero que realmente importe Elizabeth. É só isso que espero.

Então, elas não falaram mais. Era óbvio que Jane estava nervosa com o casamento próximo e a rejeição da cunhada. Lizzy conseguia compreender perfeitamente isso.

Quando se aproximou mais uma vez perto da saída para o jardim, a Srta. Bingley tinha a mão sobre o braço de Darcy. Ele tinha uma carranca no rosto e não parecia escuta-la.

— Sr. Darcy, estou tão feliz de estar aqui. Realmente o baile está esplendido. A decoração é magnifica – Ela olhou para Georgiana e disse: - Fez um ótimo trabalho, Srta. Darcy. Tudo está perfeito. Desde os criados de libré e o champanhe que está sendo servido em taças de cristal. Estou realmente impressionada.

— Obrigada, Srta. Bingley – Georgiana respondeu, de um modo educado. Mas, não era efusivo.

Lizzy tentou não fervilhar de raiva pela forma como a Srta. Bingley estava próxima de Darcy. Afinal, ele não parecia feliz. E apenas abriu o leve sorriso para Lizzy, quando a viu voltar. Isso a deixou mais confiante. E até sentiu certa pena da irmã de Bingley. Pois, ela não sabia o papel tolo que estava fazendo diante de todos, tentando flertar com Darcy. Era óbvio que ele não estava apreciando. Tanto que se afastou, para se colocar ao lado de Lizzy.

— Senti muito sua falta, Srta. Elizabeth – Bingley disse, no seu modo sincero e afetuoso – A senhorita sempre iluminou nossos dias com sua presença, não é mesmo, Darcy?

— De fato, ela ilumina realmente – Darcy concordou, sem tirar os olhos de Lizzy.

Dessa vez, Lizzy não pode deixar de corar. Era difícil não ficar envergonhada quando era alvo daqueles dois cavalheiros. Apesar de Bingley não estar flertando com ela, apenas sendo educado e amigo.

— Também senti sua falta, Sr. Bingley. É muito gratificante estar em sua companhia – ela disse, de forma verdadeira.

Isso o fez sorrir mais. Estava mais uma vez de braços dados com Jane.

— Não posso esquecer-me de estender o convite de casamento meu com Jane. Vai ser daqui três meses. E espero muito que a senhorita esteja lá.

— Com certeza, estarei – Ela confirmou, mesmo não sabendo o que viria acontecer em três meses. Esperava ainda estar ali, mesmo que fosse contra sua vontade. Ela estava ali apenas pelo amor que sentia por Darcy e por Georgiana.

— Estaremos lá. Eu levarei Elizabeth com toda certeza – Darcy disse, colocando o braço em volta do de Lizzy. Ela sentiu-se um pouco hesitante, devido ao olhar dardejante que recebeu da Srta. Bingley. Mas, enganchou o braço em volta do dele.

— Soube que tem um anuncio especial essa noite, Sr. Darcy – Jane comentou, com um sorriso cumplice para Lizzy, que retribuiu.

— Sim de fato, eu tenho – Darcy respondeu, com bom humor – E espero fazê-lo quando for meia noite.

Faltava pelo menos três horas para meia noite e Lizzy estava ansiosa para que o tempo passasse. Sentiu tanto medo de saber que ele queria se casar com ela antes, mas naquele momento, era somente isso que queria fazer. Queria realmente se casar com ele e ouvir seu pedido. Não em frente a todo mundo, mas se era assim que ele desejava fazer, ela aceitaria de bom grado.

— Com certeza o anuncio será algo que ira mudar o futuro de alguém – A Srta. Bingley disse, de forma efusiva, olhando intensamente para Darcy. O que deixou Lizzy revoltada. Caroline era muito descarada – E estou ansiosa para ouvi-lo.

Darcy ignorou o comentário dela, dizendo a Lizzy que deviam se colocar na pista de dança. Ela começou a sentir o corpo inteiro tremular. Como iria dançar com ele, sendo que mal sabia dançar? Ele deve ter percebido seu medo, pois sussurrou no ouvido dela, enquanto andava para a pista:

— Está tudo bem. É só me acompanhar. Se pisar no pé de alguém, tudo ficara perfeitamente bem.

Lizzy deixou uma risada escapar e ele a acompanhou. Várias pessoas ao redor olharam com espanto para Darcy. Ninguém nunca ouvia seu riso. Era um evento em tanto vê-lo sorrir, ainda mais rir para alguém.

Posicionados, eles dançaram o minueto. E Lizzy sentiu mais uma vez que estava causando um alvoroço. Várias vezes ela escutou dos cavalheiros que ela devia olhar para onde estava indo. Quando chegou aos braços de Darcy, pode respirar aliviada, mas pisou em seu pé. Ela não era tão ruim para dançar, mas talvez, estivesse muito nervosa para se concentrar. Havia o pedido de casamento que viria. Além do fato de estar diante de tantas pessoas desconhecidas, é claro.

Quando a dança terminou, ela respirou aliviada. O que só causou mais risos da parte de Darcy.

— Que bom que sou motivo para seu riso, senhor – ela provocou, enquanto os dois se afastavam da pista.

— Eu estou adorando sua companhia – ele confessou, com um sorriso enorme – Eu nunca gostei de bailes, Elizabeth. E você tornou tudo mais fácil essa noite. Estou apreciando muito tê-la em minha vida. Acho que nunca ri tanto.

Ela sorriu de volta para ele, sentindo-se eufórica por ele confessar aquilo a ela. Então, os dois se colocaram mais uma vez na saída para os jardins. Dessa vez, somente Bingley e Jane estavam. Georgiana dançava uma contradança com um cavalheiro de cabelos escuros. O que deixou Lizzy feliz. Mas, não havia sinal do coronel. O que era estranho. Onde Richard poderia estar? Ele deveria estar ali, lutando por Georgiana, mas, ao que parecia, ele estava disposto a permanecer longe.

— Vejo que Darcy sobreviveu, Srta. Elizabeth – Bingley alfinetou, com um sorriso.

Jane fitou o noivo com um olhar repreensivo.

— Realmente, ele conseguiu se provar heroico – Lizzy embarcou na brincadeira.

— Ora, mas Charles não deveria falar algo tão rude – Jane ralhou com Bingley.

— Não se preocupe. O Sr. Bingley sabe como seu terrível para dançar – Lizzy interveio.

Darcy, que não havia soltado o braço dela, aproximou sua boca do ouvido dela, enviando arrepios por sua coluna.

— Que bom que não sabe. Assim, nesse baile, poderá ficar comigo a noite inteira.

Lizzy engasgou com as palavras dele. Havia algo possessivo e quente na forma como ele a reivindicou. Nunca imaginou que iria apreciar isso em um homem. Normalmente, fugia de caras que fossem muito pegajosos. Darcy se mostrava um homem obstinado, até mesmo muito possessivo em relação a ela, mas isso não a estava incomodando nem um pouco.

— Eu adoraria permanecer ao seu lado, Sr. Darcy. Sua companhia é cativante – ela provocou, olhando-o de forma coquete.

Ele apenas sorriu para ela, com um brilho diferente no olhar.

As próximas danças, ela ficou ao lado de Darcy, enquanto conversava com Bingley e Jane. Depois, dançou com Bingley, e fora algo divertido. Ele não parava de agradecer a ela por sua ajuda. E que se não fosse por Lizzy, ele não teria se casado com Jane.

Depois, houve várias apresentações. Lizzy conheceu alguns conhecidos de Darcy. Todos eles eram educados, mas havia um olhar julgador sobre ela. Alguns, não pareciam vê-la com maus olhos. Mas, ela não sabia como estava sendo recebida pelos conhecidos de Darcy. Será que ao saber que ela se casaria com ele, eles a condenassem? E virassem as costas a Darcy, como consequência da sua relação com ela? Era o que Lizzy mais temia. Não queria nunca atrapalhar a vida de Darcy.

Logo, Lizzy pode escutar o relógio dar doze badaladas. Era meia noite. Ela segurava uma taça de champanhe, ao lado de Bingley e Jane. Georgiana não estava em parte alguma, mas então, Lizzy a avistou ao lado do rapaz moreno que havia dançado com ela, horas atrás. Estava do outro lado do salão. E parecia impecável. Lizzy se perguntava se Georgiana fora beijada por aquele cavalheiro. E se tivesse, era muito bem feito. Richard não apareceu em nenhum momento do baile. Ele apenas adentrou por entre as portas duplas naquele instante. E se adiantou a ficar ao lado dela, de Bingley e de Jane.

— Desculpem-me pelo atraso – ele pediu.

Lizzy queria brigar com ele, mas não estava no direito de exigir qualquer satisfação. Logo Darcy se posicionou no canto mais afastado do salão, chamando a atenção de todos. Estava com uma taça de champanhe na mão e parecia nervoso. Todos se viraram para ele, curiosos.

— Bom todos devem saber que promovi esse baile para reabrir mais uma vez as portas da casa dos Darcy – ele disse. O burburinho de assentimento podia ser escutado – Depois da morte dos meus pais, eu me afastei do convívio social. Por um longo tempo. E percebo que é necessário voltar a confraternizar com meus pares. Principalmente, promover a entrada da minha querida irmã, Georgiana, na sociedade – Os olhares se dirigiram a ela, que apenas fez uma pequena reverencia, parecendo confiante – E não somente abri minha casa para os senhores, apenas para isso. Meus pais, principalmente, minha mãe, Anne Darcy, gostava de bailes. Ela apreciava muito. Como devem saber, não sou afeito de bailes ou da dança – O riso foi geral. E Darcy não parecia incomodado – Mas, abri uma exceção. Pela memória dela e do meu pai, mas também, porque preciso fazer um anuncio. Algo muito importante.

Nesse momento, a Srta. Bingley se aproximou de Darcy. Não estava ao lado dele, mas próxima demais. O que deixou Lizzy confusa. Darcy não parecia se importar com a presença dela, pois continuou seu discurso.

— E espero que tenha o apoio de todos aqui presentes – ele disse, dando uma pausa proposital. O silencio era expectante. Todos pareciam ávidos para escuta-lo pronunciar o seu anuncio – Eu vou me casar – O “oh” fora geral no salão – E estou muito feliz pela minha decisão. Querida, pode vir aqui por favor?

Lizzy ficou com os pés fincados no chão, quando ela escutou Darcy a chamando. Ela não sabia o que fazer. Ele a olhava, ansioso. Então, ela pode ver que a Srta. Bingley se aproximava dele.

— Elizabeth? – ele chamou mais uma vez.

A Srta. Bingley parou de caminhar. Quem estava próximo podia ver o rosto dela ficar avermelhado pela indignação. Os lábios estavam comprimidos e ela se afastou, deixando o salão em seguida.

Lizzy saiu do seu lugar. Ela sentia-se nervosa, mas não iria deixar Darcy sozinho naquele momento. Afinal, o pedido de casamento era para ela.

Chegou a frente a ele. Ao homem que nunca imaginou que fosse conhecer, nem chegar a amar. E nunca, nem um milhão de vidas, imaginou que ele iria retribuir seus sentimentos. De repente, ele se ajoelhou no chão, puxando uma caixinha de veludo da sua sobrecasaca negra. E a abriu.

— Elizabeth, você me dá a honra de se casar comigo?

Ela abriu e fechou a boca, sem saber o que dizer. Diante dela havia um anel solitário, com uma safira encrustada, com pequenas pedrinhas de topázio ao redor. Ele se lembrou de que ela gostava de pedras azuis. E lhe dera um anel de safira, algo que ela nunca esperou ter em toda sua vida.

Parecia que todos ao redor tinham prendido a respiração. Inclusive ela. E Lizzy não tinha percebido, mas começou a chorar silenciosamente.

— Querida? – ele chamou, com um olhar expectante, desesperado, talvez – Você está bem?

— Sim...eu...- ela passou a mão pelo rosto, limpando as lágrimas – A Darcy...isso é tão...

— Inesperado? – ele completou, parecendo inseguro – Eu pensei...bom...o anel não é do seu agrado? Deveria ter sido diamantes? Com certeza deveria ter sido...eu...- ele balbuciava e ela começou a sentir pena dele. Não devia deixa-lo sem uma resposta.

Ora essa. Ele estava ajoelhado diante de uma multidão de pessoas, esperando uma resposta dela.

— Darcy, querido. Isso é tão maravilhoso. O anel é perfeito – ela disse, com a voz embargada – Por favor, se levante.

Ele se levantou hesitante, ainda com a caixinha de veludo aberta.

— Você não me desejava Elizabeth? – ele murmurou. Parecia ter esquecido das pessoas ao redor.

— Não...quero dizer...sim...eu quero me casar com você – ela respondeu.

Ele suspirou, parecendo aliviado.

— Isso é bom – ele sussurrou, olhando-a com carinho.

Darcy colocou o anel no dedo anelar de Lizzy. Ela engoliu a seco, ainda sentindo os olhos marejados. A emoção que sentia naquele momento era grande. Queria tanto abraça-lo e beija-lo. Depois que ele deslizou a aliança de noivado no dedo dela, beijando seus dedos, sem nunca desviar o olhar. Ele também parecia emocionado.

— Eu amo você, Elizabeth – ele sussurrou.

— Eu também o amo, Darcy. Muito – ela enfatizou, sentindo as lágrimas descerem por suas bochechas.

— Espero que essas lágrimas sejam pela felicidade de ser minha noiva – ele disse, com um sorriso presunçoso.

— Sim, são sim – ela respondeu, deixando um suspiro escapar.

As palmas de aprovação era algo que Lizzy não esperava escutar. Mas, ela exatamente isso que estava acontecendo. Todos no salão estavam aceitando o enlace entre os dois. Vários convidados cumprimentaram os noivos. Alguns, com curiosidade, outros realmente felizes e alguns com soberba, olhando para Lizzy com um olhar arguto e julgador. Lizzy não conseguia ver em nenhuma parte a Srta. Bingley. E sentiu-se mal por ela. No momento em que Darcy a pediu em casamento, era possível ver o olhar de decepção em Caroline.

Depois, eles dançaram. Uma dança apenas dos noivos. Uma contradança, o que os deixava mais próximos. Lizzy se perguntava quando iria existir a valsa, pois com certeza, naquele momento, seria perfeito dançar com ele bem colado. Porém, as normas de etiqueta pediam que ela estivesse afastada do seu noivo e que não o beijasse. De maneira alguma.

— Darcy – ela sussurrou, quando estavam pertos – Me encontre na biblioteca.

— Mas...por que? – ele perguntou, confuso.

— Quero dizer algo a você – Na verdade, ela queria beija-lo – E precisa ser a sós.

— Tudo bem. Agora? Estamos no meio do baile.

— Por favor.

Ele soltou um suspiro e balançou a cabeça.

— Tudo bem. Eu a encontro lá.

— Obrigada – ela respondeu, animada.

Ele sorriu para ela.

— Não consigo negar um pedido seu, sabe disso, não sabe?

— Ah, é? Isso é ótimo. Então, vou me lembrar disso quando eu pedir algumas coisinhas a você – ela provocou.

— Espero que não seja nada imoral, senhorita – ele advertiu, de forma severa.

— Nossa, mas você não tem confiança em mim mesmo – ela disse frustrada, mas estava se deliciando com isso.

— Eu não sei se devo – ele respondeu, com um sorriso hesitante – Mas, já posso antecipar o motivo para querer falar comigo a sós. E estou um pouco...digamos, animado por isso – ele estava vermelho, envergonhado. E ela estava adorando isso.

— Mal posso esperar – ela disse, com uma voz baixa.

Os dois se separaram e ela saiu primeiro do salão. Seguiu pelos corredores, se perdendo, mas logo encontrou a entrada da biblioteca. Os corredores estavam iluminados por lamparinas, o que facilitava muito a visão dela.

A porta da biblioteca estava cerrada. Eram portas duplas, de madeira maciça, com trincos dourados. Ela estava prestes a empurra-la, quando sentiu alguém tocar seu ombro. Ela se virou, achando que veria Darcy, mas quando virou a cabeça por cima do ombro, deparou-se com alguém que nunca imaginou que veria de novo.

— Alexander? – ela exclamou.

— Oi, Lizzie – ele cumprimentou, parecendo nervoso – É melhor não entrar ai.

— Mas, por quê? E, aliás, que diabos faz aqui?

Ela trincou o maxilar. A presença dele só poderia significar uma coisa. Ou ela voltaria para casa, ou havia problemas. E ela não queria voltar para casa, nem queria mais problemas.

Lizzy se virou para ele, cruzando os braços sobre os peitos. Estava furiosa por vê-lo de novo.

— Acredite ou não, eu não queria estar aqui, mas você fez algo que não deveria – ele disse sério e puxou algo de dentro do bolso. Era um celular. Ah, não – Está vendo isso? Resgatei ontem. Por que você enterrou o celular? Por Deus. Sabe como é difícil criar um desse?

— Ah, claro. Como se eu soubesse o quanto isso é importante – ela disse, de forma sarcástica – Eu fiz isso porque não quero mais voltar para casa.

— Eu sei que não. Eu sabia que não iria querer – Ele parecia contente. Sorriu de forma estranha, fazendo a cicatriz do seu rosto esticar.

— Espera, você sabia o tempo todo? – ela perguntou, indignada – E me fez passar por tudo isso? Por toda essa confusão? Por que não me disse meu futuro?

Se ela soubesse o que viria acontecer, não estaria tão ansiosa, tão desesperada. Odiou cada segundo que passou naquele século, mesmo amando cada dia que passou ao lado de Darcy. Se soubesse que seria feliz ao lado dele, tudo teria sido mais fácil.

— Não podia dizer nada a você, Lizzie. Tente entender isso – Alexander respondeu, com um olhar de certa forma, culpado. Ótimo, que ele tivesse um pouco de remorso pelo menos. Pela confusão que causou, ela pensou amargamente – Se você soubesse o que viria a seguir, talvez, não quisesse isso. Talvez, entrasse em pânico. E isso influenciaria no seu futuro. Tudo poderia mudar e não ser como deveria ser. E você precisava aceitar o pedido de casamento de Darcy. Fazia parte do plano.

— Ah é? E qual plano? – ela perguntou irônica – Você nunca fala a verdade. Sempre esta escondendo algo de mim, Alexander. E estou cansada disso.

 - Lizzie, se eu explicasse tudo, você iria mesmo acreditar em mim? – ele perguntou. Bom, ela não sabia, mas não custava ele tentar explicar. E foi isso que ela disse – Eu sei que não iria acreditar. Conheço sua mente cética. Você sempre esta questionando tudo e o melhor era deixar as coisas fluírem. E deu tudo certo no final, não deu?

— Claro, depois que eu tive vários mini infartos, tendo que me acostumar com essa vida precária. Sem banheiro, sem escova de dente, sem papel higiênico...- ele começou a rir, de repente – Alexander, dá pra parar de rir!

— Tá, tá bom – ele disse, respirando fundo, com um olhar risonho – Mas, agora, falando sério, antes que sejamos interrompidos e mal interpretados, fique com o celular. Apenas por alguns dias.

Ele estendeu o aparelho para ela e Lizzy o fitou desconfiada. Não queria pegar o celular de volta. Temia o que poderia acontecer. E se o objeto a levasse de volta para seu tempo?

— Pare de fazer tantas perguntas – Alexander pediu como se estivesse lendo a mente dela – Eu sei o que você está pensando. Mas, não precisa ter medo. Apenas pegue.

Ela tomou o celular da mão dele. E fitou o celular com a tela preta, apagada.

— E agora, o que acontece? – ela perguntou e voltou o olhar para frente, mas Alexander não estava mais lá – Para onde ele foi?

Ela olhou para a esquerda e para a direita, mas somente viu Darcy se aproximando. Ele chegou perto dela, com um sorriso. Então, seu olhar voltou para o objeto que estava na mão direita dela. Ele franziu o cenho.

— Achei que tivéssemos nos livrado disso – ele disse, confuso.

— Bom, é uma longa história – ela explicou, ficando nervosa. Como iria explicar para ele que sua fada madrinha ou APAM, como Alexander gostava de se chamar, devolveu o aparelho para ela?

— Temos tempo. Tenho a vida toda para ouvir suas explicações – ele disse, com certo humor – Então vamos entrar?

Algo cutucou em sua mente, de repente. Alexander pediu que ela não entrasse na biblioteca. Ele a estava alertando de algo. E ela havia compreendido isso tarde demais.

— Darcy, acho melhor nós não...- ele já havia aberto as portas – Entrar.

Foi então que ela entendeu exatamente o motivo de Alexander para não entrar na biblioteca. Georgiana estava sentada no colo de Richard e estava o beijando. E parou imediatamente, quando ouviu Darcy trovejar:

— Tire as mãos da minha irmã, seu patife!

Lizzy sentiu as pernas virarem gelatina e a pressão baixar, de repente. Por que teve a brilhante ideia de encontrar Darcy na biblioteca?  

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Orgulho e Preconceito - Perdida no século XVIII" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.