Orgulho e Preconceito - Perdida no século XVIII escrita por Aline Lupin


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Gente, hoje vamos ter um baile. E só vai der confusão nele ahahhaha Enfim, essa é a primeira parte. São 3 partes, na verdade. Vou tentar postar tudo hoje. Enfim, espero que estejam gostando e não deixem de comentar.



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A semana passou tranquila para Lizzy. Ela aprofundava sua amizade com Georgiana e com Bingley. Darcy era distante, mas não deixava de ter breves conversas com Lizzy, mas não aprofundava muito. Contudo, ele não se esquecia de tentar arrancar a verdade dela. De onde ela veio quem era Alexander, quem era o homem que trouxe ela para lá. E ele até mesmo fez insinuações de que Alexander poderia ser aquele homem, ou seu amante. Lizzy fez questão de ignorar todas as indiretas, dando respostas evasivas. Mas, isso não fazia Darcy desistir. Então, na sexta-feira, Lizzy resolveu ficar na cama até mais tarde, para não ver Darcy no café da manhã. Todos os dias ela acordou juntamente com ele, para apenas os dois discutirem. E aquela manhã ela não desejava isso. Tentava entender os motivos para Darcy ser tão severo e taciturno, mas era quase impossível. Chegou um momento que ela teve vontade de lhe atirar o bule de chá na cabeça. E não seria interessante fazer aquilo. Seria um grande problema para ela e para ele, que teria que levar pontos. E naquele tempo, não havia antibióticos e ele poderia contrair alguma infecção. Se Lizzy tinha pensamentos dramáticos? Quase sempre.

Todos os dias, Lizzy passeava com Boris pela quadra. E até mesmo, deu banho nele. E ela também tomou um, se arrependendo completamente. Ainda se lembrava de na quarta-feira ter pedido um banho. Lucia e mais um criado trouxeram a banheira de cobre, depois encheram de água quente. E o mais estranho era ver panos ao redor da banheira. Lizzy pediu que Lucia saísse o que deixou a criada mortificada. Ela deveria ajudar a jovem tomar o banho, mas Lizzy se recusava a ser assistida. Ora essa, ela queria tomar um banho em paz. Já que tinha que se contentar em usar o pinico para suas necessidades fisiológicas e fazia questão de esvazia-los ela mesma, no tonel, atrás da casa. Ela sentia tanta saudade do encanamento. Da água encanada, do esgoto. Odiou tanto ter que tomar banho naquela banheira e usar o sabonete, que deixava sua pele irritada. E seu cabelo parecia uma bucha de lavar louça. Ela precisou de ajuda de Lucia para desembaraçar os fios depois, com a ajuda de óleo de cozinha. Para sorte de Lizzy, Georgiana tinha óleos aromáticos, e ela misturou tudo. Se tivesse coco ou banana, poderia fazer um condicionador. Mas, com certeza, não encontraria aquelas frutas na Londres do século XVIII. Bom, não seria nada fácil compra-las, com toda a certeza. Teria que importar da América do Sul, mas ela não sabia se a Inglaterra tinha algum comércio com aqueles países, ainda. Deveria ter prestado a atenção nas aulas de história.

Ela escutou alguém entrar no seu quarto e ela saiu dos seus pensamentos. Boris se levantou da cama, saindo pela porta entreaberta. Era Lucia, com roupas e as botas, que Lizzy não havia largado de maneira alguma. E Lucia não parecia irritada de emprestar. Na verdade, aquela jovem era tão solicita, que Lizzy se surpreendia. E ao mesmo tempo, Lucia perguntava a ela porque Lizzy era tão gentil, afinal, as pessoas de classe mais alta sempre olhavam para criadagem com desdém e superioridade. Lizzy tinha horror aquele pensamento. Ao menos, Darcy e sua irmã se mostravam pessoas gentis com seus empregados.

— Bom dia, senhorita Elizabeth – ela a saudou – Pronta para mais um dia?

— Mais do mesmo? – Lizzy soltou um muxoxo.

— Perdão? – Lucia perguntou confusa.

— Não é nada, Lucia – Lizzy deu de ombros, se levantando – Eu queria demorar mais na cama hoje. Sei que você costuma me acordar cedo, mas hoje quero ficar por aqui.

— Mas...que horas devo vir, senhorita? – Lucia perguntou.

— Quer saber, acho que vou me arrumar. E vou comer na cozinha – Lizzy disse como se fosse uma ótima ideia.

A expressão de Lucia desmoronou.

— Não, senhorita. Deve comer na sala, como todos fazem. A senhorita não pode comer na cozinha. É lugar dos criados.

— Lucia, sem senhorita, por favor. Já bastam os outros. Você é minha amiga. Minha parceira – ela piscou, pois Lucia era a única que a ajudou com as botas e não disse nada do que ela conversou com Alexander, apesar de ter questionado Lizzy sobre tudo que falaram. Lizzy tentou explicar da melhor maneira possível, sem que a jovem se assustasse – Então, me deixa comer na cozinha, vai.

Lucia deu uma risadinha e balançou a cabeça. Deixou as roupas em cima da cama.

— A senhorita vai me arrumar problemas. Isso sim – Lucia disse – Agora, vamos tirar essas roupas.

Lucia ajudou Lizzy a entrar em um vestido de musselina azul claro, muito bonito, com babados no busto e nas mangas curtas. O espartilho, é claro, foi apertado de forma mais frouxa, a pedido de Lizzy. Lucia não entendia os costumes de Lizzy, mas apenas obedeceu, sem questionar.

— Pronto, agora as botas – Lizzy sentou na cama, colocando as meias de seda e a bota que Lucia emprestou – E prometo que hoje vou conseguir outros sapatos. Preciso devolver esses para você.

— Está tudo bem, senhorita. É um prazer ajuda-la – garantiu Lucia.

— Não, não está. Alias, vou pedir mais sapatos para você. Será que o restante do pessoal também só tem dois pares? – ela se perguntou, amarrando a bota.

— Todos nós temos pouco, senhorita. Não temos dinheiro para luxo – Lucia respondeu, sem traço de zombaria.

— Ah, mas isso tem que mudar – ela pensou consigo mesma.

— Só se a senhorita se casar com o senhor Darcy. Então, vai poder mudar algo – Lucia argumentou.

Lizzy corou de vergonha. Casar com Darcy? Não, jamais. Nunca. De jeito nenhum. Tire o cavalinho da chuva, mas ela não iria se casar com aquele homem taciturno e quase homem das cavernas. Nem viver no século XVIII, sem banheiro, sem chapinha, sem seu amado condicionador. Seu cabelo estava gritando por uma hidratação. Sua pele também.

— Não. Claro que não vou me casar com o senhor Darcy. Que loucura é essa? – Lizzy retrucou, rindo, sem o menor humor – Eu heim, Lucia. Está achando que vou ser senhora de casa grande?

Lucia ficou corada de vergonha, segurando o regaço da saia.

— Me perdoe à insolência, senhorita.

— Não, não tem o que perdoar Lucia. Eu sei que não fez esse comentário por mal. Afinal, quem faz as mudanças é a dona da casa. Por isso mesmo, vou falar com Georgiana. Ela vai me ouvir e ver como está à situação dos funcionários. Afinal, ela é a senhorita Darcy e deve ter acesso a contabilidade dessa casa. E agora, você me ajuda com meus pobres cabelos?

— Sim senhorita.

Lucia fez um penteado bonito, deixando alguns cachos para fora do coque de Lizzy. O cabelo estava um pouco frisado, mas Lucia conseguiu fazer milagres nos cabelos dela. Realmente, Georgiana não estava brincando quando disse que demorava em lavar o cabelo. Devia ter soda caustica naquele sabonete. Se bem que Lizzy não sabia qual era a composição química do sabonete e como sempre, estava exagerando um pouco a realidade.

Depois que estava pronta para mais um dia, ela resolveu sair mais cedo com Boris para passear pela quadra. E disse a Lucia que iria tomar o café depois. Quem sabe Darcy não desocupava a sala do café da manhã. E ela poderia ficar tranquila, sem a presença dele. A semana toda foi de um forte embate entre os dois e ela estava exausta. E suas buscas a Alexander era infrutíferas. O que a deixou frustrada.

Boris fez suas necessidades no gramado. Lizzy ficou irritada por não ter nada para recolher os dejetos. Infelizmente, não havia sacolas de plástico para isso. Mas, com a quantidade de cavalos que tinha em Londres, não era de se preocupar com aquilo. Ela deu uma risadinha consigo mesma e voltou para casa. Não sem antes de cumprimentar um cavalheiro charmoso, que passava. Ele estava sob o cavalo e puxou a cartola para cumprimenta-la. Lizzy sentiu-se corar e andou mais depressa. Sempre que estava sozinha, algum cavalheiro a cumprimentava e fazia galanteios. Até na presença de Darcy. Qual era o problema daquela gente? Ela não podia sair que alguém já estava flertando com ela.

Lizzy chegou à frente do portão da residência Darcy e foi recebida pelo lacaio que estava a postos.

— Bom dia, senhor Wood – ela disse, com um sorriso, enquanto puxava Boris pela guia.

— Bom dia, senhorita Elizabeth – ele a cumprimentou, entusiasmado.

Ela seguiu pelo caminho mediano, que era do portão da frente até a porta de entrada da casa. Que logo foi aberta pelo mordomo. Ele não a cumprimentou, apenas fez um aceno, com ar esnobe. O senhor Jones não era de conversar e parecia mais esnobe que o dono da casa. Lizzy conteve o riso.

— Bom dia, senhor Jones.

Ele apenas acenou, fechando a porta. Lizzy deu de ombros e correu para a cozinha, alimentar Boris. Na cozinha, a senhora Spencer a ajudou a colocar um pote de água e um pote de comida para Boris, que comeu no quintal. E Lizzy, ao invés de comer na sala, resolveu ficar por ali, apesar dos protestos da senhora Spencer.

— A senhorita deveria comer a mesa, com o senhor Darcy. Não aqui – ela ralhou, amassando o pão sobre a mesa.

A mesa era grande, e estava coberta de farinha. Lizzy deu de ombros, comendo broa e o restante dos ovos mexidos. Conseguiu até mesmo um chá preto, para complementar o café da manhã.

— Nada melhor do que ficar aqui na cozinha com a senhora – ela disse, com um sorriso.

— Ora, essa. Se acha que vai me comprar como a senhorita Georgiana, está enganada, menina – a cozinheira retrucou, mas deixou um sorrisinho escapar.

Lizzy gargalhou e continuou seu café da manhã, feliz. E logo contou piadas para a senhora Spencer, que não resistiu e acabou rindo com ela. As duas conversavam animadamente, até que Darcy apareceu na porta da cozinha. Seu olhar era sério.

— Senhorita Elizabeth – ele disse – A senhorita está tomando café na cozinha? - ele parecia de certa forma desapontado. Mas, Lizzy não sabia se realmente estava.

— Sim, como pode ver aqui é bem mais acolhedor do que aquela sala enorme. Não acha? – Lizzy disse, com um sorrisinho presunçoso.

Ele franziu o cenho.

— Não gostou da sala? A decoração não a agrada? – ele perguntou.

— Não, não é isso. É que é um lugar tão impessoal para tomar café. E aqui com a senhora Spencer eu me senti em casa – ela respondeu.

— Mas a senhorita não deve ficar aqui – ela reforçou, colocando o pão para assar no forno.

— Ora, mas que coisa – Lizzy ficou um pouco irritada e foi para a pia, lavar sua louça na bacia.

Algo que parecia ter ofendido a senhora Spencer, que a enxotou da cozinha, juntamente com Boris e o senhor Darcy. Ela disse que eles deveriam ficar longe de lá, ou ela iria bater na cabeça deles com uma colher de pau. Lizzy caiu na gargalhada, enquanto que Darcy a encarou com um sorriso pequeno nos lábios.

— O senhor não esta bravo pela insolência dela? – Lizzy perguntou, com lágrimas nos olhos.

— Nem um pouco. Afinal, a senhora Spencer disse que somente me acompanharia até Londres, se ela tivesse a cozinha livre de intrusos. E ela está com a minha família há anos. Nós gostamos muito dela.

Lizzy encarou ele surpresa.

— Então, ela saiu de Pemberley, somente para acompanha-lo? – Lizzy perguntou.

— Sim. A maioria dos empregados fez isso. Eles me acompanham. Eu não contrato novos, apenas se necessário. Eu fico apenas com que eu confio. E todos são bem recompensados.

Lizzy queria contradize-lo e dizer que Lucia não tinha tantas recompensas. Mal tinha sapatos. Mas, se calou. Ela nem sabia como abordaria aquela questão sobre seu vestuário. Mas, precisava falar. Contudo, não no corredor.

— Senhor Darcy, eu não queria abordar essa questão agora, mas preciso encontrar um emprego – ela disse.

Darcy balançou a cabeça, de forma negativa.

— Não, senhorita. É minha hospede, até que possa voltar para casa. E precisamos discutir sobre isso.

Ela suspirou, exasperada.

— Senhor, tente entender estou sem dinheiro, sem como comprar vestes e sapatos para mim. Como posso ficar pegando as roupas da sua irmã emprestadas?

— Então, resolveremos isso. Iremos comprar roupas novas para a senhorita – ele sugeriu como se fosse algo fácil de resolver – E podemos fazer isso hoje mesmo. Tenho tempo livre e posso acompanha-la, junto com Georgiana.

— Não. O senhor não pode. Não sei nem como vou paga-lo – ela tentou argumentar, desesperada para tirar aquela ideia da cabeça dele. Nunca poderia paga-lo, sem um trabalho e nem se tivesse um. Afinal, o salário de uma simples governanta deveria ser bem baixo. E as roupas que Georgiana tinha deviam ser muito caras. E com certeza, ele a levaria em uma modista que cobraria um valor exorbitante por um simples vestido.

— Eu insisto. Será um presente – ele disse – Um presente meu e de Georgiana.

— O senhor nem me conhece para fazer tanto por mim – ela tentou fazê-lo ver a razão – E não seria de bom tom me dar presentes. Eu não sou sua noiva.

Ele assentiu, parecendo entender o ponto dela.

— Então, será o presente de Georgiana. Assunto encerrado. Vamos esperar Georgiana acordar na sala? – ele sugeriu, seguindo o caminho.

Ela o acompanhou com Boris.

— O senhor é impossível! – ela protestou.

— A senhorita igualmente – ele revidou, alfinetando-a.

Aguardar Georgiana se mostrou difícil. Darcy a fitava, sentado na poltrona, com ela no sofá e não dizia absolutamente nada. Ela queria perguntar sobre a vida dele, queria saber mais sobre ele, mas se sentia desconfortável para isso.

Logo Georgiana desceu, arrumada e tomou o café. Encontrou o irmão e Lizzy em uma situação estranha na sala. Ela encarava os próprios pés e Darcy estava encarando Lizzy. Mas, o fato mais interessante era ver a forma como ele a olhava. Ele estava fascinado. E Georgiana gostou de constatar isso.

— Huhum – ela pigarreou.

Lizzy pulou na poltrona e Darcy pareceu levemente assustado.

— Os dois estão esperando alguém ou alguma coisa? – ela perguntou, em tom atrevido.

— Sim, você, querida irmã – Darcy respondeu, com amabilidade, sem sombra de ironia – A senhorita Elizabeth precisa de roupas e calçados. E gostaria de leva-la, mas seria melhor que você fosse junto. Afinal, ela não quer um presente meu – O final da sua frase deu a entender que ele estava provocando Lizzy.

Ela o fitou com um olhar mortal, mas Darcy não se encolheu diante disso.

— O senhor sabe que seria de mau gosto. Algo muito errado. Eu não sou sua noiva – ela tentou explicar.

— Mas, Elizabeth, seria bom ganhar roupas. Afinal, se você não veio com seu baú de roupas, então vai precisar – Georgiana argumentou – E será um presente meu. Para não criar mal entendido. Aliás, como a senhorita veio sem roupas para Londres?

— Eu...er...

— Seu baú foi extraviado – Darcy respondeu por ela – E ela precisa de roupas. Não sabemos até quando ela ficara conosco.

— Espero que fique por muito tempo, Elizabeth – Georgiana disse, fervorosamente.

— Eu não sei quanto tempo posso ficar, mas ficarei feliz de poder ficar aqui, Georgiana. Sou muito grata a vocês – Lizzy garantiu emocionada.

— É um prazer para nós ajuda-la – Georgiana garantiu.

Darcy apenas assentiu.

*

As roupas foram feitas sob medida, na modista mais cara de Londres. Lizzy tentou de tudo para não ser naquele lugar, mas era impossível mudar a opinião de Darcy e Georgiana. Ao menos ela conseguiu que fosse feito apenas quatro vestidos. Georgiana queria dar a ela dez, mas Lizzy não aceitou. Se fosse dez, ela não queria nenhum. Nem sabia como iria pagar por tudo aquilo. Os sapatos, ela pediu apenas três pares. E eram botas e um era um sapato de pano com salto. O que deixou Georgiana confusa. Lizzy disse que eram bem mais confortáveis para andar. E não havia como mudar a ideia dela quanto a isso.

No dia seguinte, Lizzy estava se preparando mentalmente para o baile que aconteceria aquela noite. Infelizmente, teria que ir com o vestido emprestado por Georgiana, pois os seus ainda não estavam prontos. E seriam entregues em uma semana. Ao menos, o sapato para o baile ela havia comprado, pois não poderia usar botas por baixo de um vestido tão bonito quanto aquele que Georgiana emprestou. Era de uma cor azul gelo, com pedrarias no corpete e nas saias. Era de seda, com renda no corpete, deixando-a com um aspecto angelical. As mangas do vestido eram curtas, com babados e o decote era em formato de coração. Infelizmente, o espartilho apertava demais, mas a deixou com uma silhueta perfeita. Ela se sentia uma princesa, ainda mais por causa da tiara que usava na cabeça, com diamantes. Era uma cortesia de Georgiana, que ganhava sempre uma tiara de presente de aniversário do seu primo Coronel Fitzwilliam. Desde que ela completou quatorze anos, ele a presenteava e dizia que ela iria ser primorosa no seu primeiro baile.

Lizzy tentou recusar tudo que a jovem queria lhe emprestar, mas não teve como recusar. Ela havia afirmado que Lizzy precisava estar perfeita aquela noite, devido ao escrutínio da sociedade. E deveria pelo menos usar algumas joias. Ela disse que era sorte ter um cofre naquela casa, com os diamantes da sua falecida mãe. E era com eles que Lizzy iria comparecer no baile. Era um conjunto de colar e brincos. Lizzy se sentia tão estranha, se olhando no espelho. Realmente parecia uma dama dos séculos passados. Mal reconhecia à velha Lizzy, com jeans surrados e óculos. Infelizmente, ela não ter seus óculos com ela, não permitia que ela pudesse ver de longe. Sua miopia lhe traria problemas naquele lugar.

A batida na porta chamou a atenção dela e de Lucia, que terminava de arrumar seu penteado. Os seus cabelos estavam cheios de cachos, devido a uma noite que dormiu com cada mecha presa em tecidos, para deixa-los encaracolados. O penteado deixava uma parte do cabelo solta atrás e preso na parte de cima. Alguns cachos ficaram soltos na parte da frente e a tiara estava fixava no alto da cabeça. Ela temia que a qualquer momento tudo aquilo pudesse cair. Mal mexia a cabeça e já sentia torcicolo.

— Entre – Lizzy convidou que quer que estivesse do lado de fora.

A porta se abriu, revelando uma Georgiana contente. Ela parecia uma princesa de contos de fadas. Lizzy observou o vestido da jovem dama. Era de um tom rosado, no mesmo estilo que o de Lizzy. Ela estava com uma tiara no alto da cabeça e seus cabelos loiros estavam presos em um coque elegante, apenas deixando uma mecha de cabelo solta na parte da frente. Aquela noite ela usava safiras nas orelhas, no pescoço e nos braços. Estava perfeita. Lizzy pensou que Darcy teria muito trabalho para ficar de olho em Georgiana e que os cavalheiros iriam corteja-la sem cessão.

— Lizzie, você está perfeita – Georgiana elogiou, de forma efusiva e pegou as mãos de Lizzy, apertando-as com as suas. Lizzy deu um sorriso para a jovem. Gostava muito dela. Temia o dia em que não poderia mais vê-la – Eu sabia que você ficaria linda nesse vestido. O azul realça a cor dos seus olhos. Tem um tom quente de castanho e avelã. E até mesmo valorizou sua pele pálida.

— Obrigada, Georgie. Mas, quem está radiante hoje é você – Lizzy elogiou a dama a sua frente, com sinceridade. Georgiana corou de vergonha – Ora essa, está linda sim. Pode parar de olhar para baixo, Georgie. Essa noite você vai arrasar.

— Arrasar? Parece uma palavra ruim – Georgiana disse, com os olhos arregalados.

— Não é arrasar, de causar estragos. É arrasar de causar impacto, de impressionar as pessoas naquele baile. E quem não acha-la incrível, não tem senso de estética – Lizzy explicou, com bom humor.

Georgiana deu uma risadinha contida.

— Às vezes você fala de forma tão estranha, Lizzie – ela comentou, soltando as mãos de Lizzy. Ela foi até a cama e se sentou, com uma expressão melancólica, de repente. Lucia a fitou atentamente, com um olhar maternal – Eu só espero que tudo seja conforme Darcy imaginou. É uma das nossas poucas aparições na sociedade, Lizzie. E é tão difícil meu irmão aparecer assim. Ele não gosta de socializar, não depois de tantos problemas que causei. Na verdade, Darcy sempre foi tão...- ela respirou fundo, colocando as mãos espalmadas sobre os joelhos – Sempre foi tão taciturno. Suas únicas amizades são com o senhor Bingley e meu primo Richard Fitzwilliam. E Darcy sempre afastou as pessoas, Lizzie. Ele nunca foi aberto com ninguém.

Lizzy assentiu, escutando Georgiana atentamente.

— Eu tenho certeza de que essa noite será perfeita, Georgie. Com certeza será, não é, Lucia? – ela olhou para a criada, procurando ajuda.

— Sim, sim. A senhorita Georgiana não precisa se preocupar com nada. Está perfeita – Lucia garantiu.

— Que Deus ouça as duas. Pois, hoje estaremos em um baile aberto ao publico de Londres. Lizzie, você verá várias famílias, da classe burguesa a classe alta. E todos eles têm olhares julgadores. Eles vão nos esmiuçar, nos analisar e falar de nós. Eu tremo apenas de pensar que alguém descubra o que houve comigo...eu...- Ela mordeu os lábios, tensa.

Lizzy não perguntou o que havia acontecido com Georgiana. Mas, ela fazia alguma ideia do que poderia ser. Contudo, não iria forçar a jovem. Tentou acalmar os nervos de Georgiana, conversando e fazendo-a rir. Mas, por dentro, também tinha certo medo de comparecer a um evento tão majestoso. Temia envergonhar seus amigos e principalmente Darcy.


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