The Hurting. The Healing. The Loving. escrita por Minerva Lestrange


Capítulo 22
Capítulo 21




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Wanda havia se fechado. A partir do momento em que acordou na manhã seguinte e se virou para encará-lo, um tanto confusa pela posição estranha e desconfortável no sofá, com os olhos verdes demais sob a luminosidade clara da manhã, se levantou sem dizer nada e seguiu para o próprio quarto em silêncio. 

Desde então, havia se mantido mais fechada em si mesma, conversando apenas o necessário e buscando ficar mais sozinha. Não sabia se tinha mais a ver com o que descobrira a seu respeito ou com seu objetivo ali, mas tinha certeza, era cristalino como algo nela parecia ter mudado depois daquele dia, tão perceptível na forma como falava e também como o encarava, séria e silenciosamente.

Da varanda da cabana, franziu o cenho para a figura ruiva encostada ao pé da grande árvore próxima ao lago, frondosa o bastante para se inclinar naturalmente sobre a água de cor verde escura criando um quadro interessante, como um casulo de proteção. O tempo já não era mais tão ensolarado, mas naquele dia parecia especialmente acinzentado em razão da tempestade que se firmava no horizonte fazendo a brisa balançar os arbustos e folhas, criar relevos na água geralmente calma e bagunçar um pouco os cabelos da mulher que observava. 

Aquilo que a misteriosa figura dissera na casa da bruxa não saía de sua cabeça, pois, reconhecia que estava, realmente, pisando em um território totalmente inexplorado de maneira irreparável. Era como se, agora que a tivesse visto em nuances que nunca imaginara, passado a compreender ao menos um pouco sobre como agia - tanto nos momentos de calma, quanto quando perdia o controle -, não havia como voltar. 

Era um caminho só de ida e isso o aterrorizava quando colocava em perspectiva, mas não quando a olhava e só conseguia pensar em solidão. Wanda era tão complexa que ‘frágil’ era uma palavra muito incerta para descrevê-la, embora fosse tragada por momentos de vulnerabilidade, maiores e mais incontroláveis do que ela. No entanto, gostaria de ver quando se firmasse como maior do que isso e qualquer outra coisa ao seu redor, presenciar o controle, pois ela estava constantemente caindo demais tendo tão pouco para se segurar. 

Com um suspiro, desceu os degraus da cabana e seguiu pela grama mais amarelada pelo outono na direção da ruiva, que não moveu um centímetro de sua posição concentrada quando se aproximou, estacando com as mãos dentro dos bolsos. 

Por um momento, enquanto observava a postura de ombros relaxados e a face serena, era como se nem tivesse ouvido ele chegar, mas duvidava muito conhecendo a escala de seus poderes. Ela apenas não se preocupava com ele, o que o satisfazia de certa forma: Wanda aparentava se encontrar em alerta a todo o instante, não precisava desse nível de cuidado com mais alguém. 

— Gosto do seu silêncio. - Ela declarou sem se mover, os dedos juntos sobre as pernas estendidas retas e o queixo altivo demais para alguém sempre vulnerável. 

— Achei que houvesse dito que meus pensamentos eram altos demais. - Algo parecido com um sorriso muito pequeno se repuxou no canto direito dos lábios dela e Bucky se aproximou um pouco mais, a encarando em análise. 

— Sim. Mas posso bloqueá-los quando quero. Na verdade, é assim que prefiro, gosto de olhar nos se… - Ela se interrompeu, de repente, abrindo os olhos e recuperando o ritmo normal da respiração antes de encará-lo quase em resignação, parecendo mudar de direção repentinamente. - Gosto como me deixa em silêncio também… Enquanto o mundo prende a respiração e espera por respostas e pedidos de desculpas da minha parte. 

Entendia o que ela queria dizer, pois também não possuía as respostas que queria, que a pertenciam de fato. Era realmente injusto que todos esperassem explicações de alguém que sequer se conhecia de forma propriamente dita. Por isso, escondeu as mãos nos bolsos e ensaiou um dar de ombros. 

— Você não me deve nada disso.  

Ela sorriu amarga, como se considerasse alguma ironia da qual ele não tinha conhecimento, e retomou a atenção aos próprios dedos hesitantes, prolongando o silêncio ecoante daquele lugar em torno do lago e da brisa chuvosa. 

— Lembra quando contei sobre o livro e falamos sobre Chthon? 

Ela falou, quietamente, de maneira quase repentina, mesmo que mantivesse o tom baixo. Sabia que era um assunto inacabado, mas não conseguia encaixar aquelas informações às demais que tinha, pois toda aquela realidade era completamente nova e absurda.

— Você disse que vinha tentando entender melhor de onde vinham seus poderes. - Concluiu em concordância, vendo-a molhar os lábios. - Para tentar controlar o que considera… O Caos dentro de você. 

Ela meneou a cabeça, cada vez mais resignada. Era tão previsível para onde iria todo aquele caminho, que sequer precisou se esforçar para concluir, afinal os objetivos dela sempre pareceram obscuros demais. Desde o início, havia algo que evitava contar, que entendia dizer respeito apenas a ela, mas que não deixava de incomodá-lo lá no fundo. 

— Essa não é toda a verdade. Não é só por causa dos poderes e nem apenas sobre o fato de por séculos terem relacionado este lugar, Wundagore, à Chthon, de quem vem a Magia que cria e alimenta as Feiticeiras Escarlates. - Bucky não conseguiu evitar franzir o cenho, no que ela notou com um pequeno sorriso compreensivo, se dispondo a explicar. - Consegui desvendar mais um trecho do livro. Houveram várias ao longo da história, eu não fui a primeira e provavelmente não serei a última. 

— Entendo…

— O quanto ouviu sobre Westview? 

Ela quase sussurrou, tirando os olhos perturbadoramente claros do colo e se voltando a Bucky, que se agachou ao lado dela para diminuir a impressão de que tentava se explicar para ele quando não era necessário. Por todo aquele tempo, não havia exigido informações e explicações para estar ali, apenas lhe concedeu tempo, espaço e confiança. Examinou as feições temerosas da mulher, tentando adivinhar se ela queria um quadro amplo ou uma informação superficial. 

— Soube que criou uma realidade alternativa se utilizando daquela cidadezinha, das pessoas que viviam nela. Para viver com Visão a vida perfeita… O sonho americano. - Ela desviou o olhar para o colo, pensativamente. 

— Eu tomei as mentes daquelas pessoas para meu interesse pessoal. - Bucky não discordou, porque era a mais pura verdade. Wanda havia ultrapassado os limites. - Mas também… Criei coisas que não existiam em Westview. Que só existiam para mim e por minha causa. Meus filhos, Billy e Tommy. 

Ouvira falar sobre as crianças, mas, se fosse completamente honesto, não prestara atenção suficiente nisso. Para Bucky, se tratava apenas de mais um detalhe sinistro na imensidão de coisas questionáveis que ela fizera durante aquele período.

— Certo.

— Quando o Hex se desfez, eles também se foram. Não havia como protegê-los fora daquele… Pequeno mundo, entende? - Observou quando a pretensa expressão vazia se desfez para os olhos verdes darem vazão à profunda tristeza que sempre a acompanhava, assim como a voz embargada. - Então, eu… Voltei a ficar sozinha denovo. E agora… Nem mesmo meu passado é meu. 

Bucky tentou conectar as razões que ela apresentava e, embora todas estivessem voltadas à eterna e quase permanente solidão em que vivia, não conseguia compreender como o fato de ter feito novas descobertas sobre seu passado se encaixava ao acontecido em Westview. 

Então, tomou a liberdade de usar uma das mãos para - o mais delicadamente que podia - contornar seu rosto, fazendo com que se voltasse à ele. Usava luvas, como sempre, mas era um toque íntimo demais, notou, de quem se conhece há muito tempo ou possui permissões que ele não tinha ali. No entanto, queria tanto compreendê-la, percebeu de repente, que isso parecia um detalhe menor, algo que a própria Wanda não pareceu se importar muito, pois apenas o olhou de volta, sem se incomodar com os dedos em seu queixo. 

— O que realmente veio fazer nesse lugar?

Questionou quietamente, embora tivesse a impressão de ter visto algo no fundo dos olhos dela brilhar em escarlate no momento em que piscou, engolindo em seco e voltando a desviar os olhos ao juntar as pernas contra o peito, abraçando os joelhos em sinal de encolhimento e proteção. 

— Mesmo que eles tenham desaparecido, eu continuo os sentindo, entende? - Ela murmurou. - O tempo todo, sei que eles não estão em algum lugar do universo, buscando pela minha ajuda, eu só preciso… Encontrar um jeito de trazê-los pra mim novamente.

Bucky piscou assimilando aquilo, aquele desejo maior do que a realidade que viviam. Pelo o que sabia, aquelas crianças não eram exatamente reais, mas produtos da mente de Wanda. Tentou cruzar aquela nova informação com outras que já tinha, como o conhecimento do livro antigo e daquela projeção estranha da Feiticeira no quarto de hóspedes para fazer perguntas que ela pudesse responder de boa vontade. 

— O livro pode te ajudar nessa tarefa?

— Quem sabe… - Ela deu de ombros e tinha a impressão que a paisagem nublada à frente era a última a figurar em seus pensamentos, pois parecia muito longe dali. - Aqui, meus poderes parecem mais despertos que o normal, por isso eu vim, e já tive algumas pistas… Quando eu conseguir compreender esse caos que habita dentro de mim, dominá-lo invés de ser dominada… Então, eu vou trazer Billy e Tommy de volta. 

A determinação nos olhos dela era latente, assim como a distância. Ainda que concentrada naquele objetivo, antes obscuro para ele, parecia perdida em si mesma e em todo o seu potencial. Além disso, nem mesmo o tom de voz vazio o lembrava Wanda, a garota frágil que consolara pela repentina perda de seu passado. 

Perguntou-se se por trás das feições fechadas e olhos de fundo vermelho, naquele momento ela poderia ser mais Feiticeira e Caos do que Wanda Maximoff, mas não havia como concluir nada, o que só notou naquele momento: nunca houvera como separá-las em caixas e tratá-las a parte uma da outra, eram uma só colidindo em emoções, desejos frustrados e convicções balançadas.  

O vento trazendo a tempestade que se formou ao longe começou a bagunçar os fios ruivos, mais frio que o normal para a época, tão avassalador quanto a mulher que não parecia se importar com a natureza agitada ao seu redor, pois tudo em seu interior deveria ser exatamente como aquilo: girando em direções diferentes sem pedir permissão, tão incontrolável quanto a brisa que bagunçava as copas das árvores, os arbustos e a água ao redor deles. 

— Essas crianças que deseja resgatar… Eles são reais, Wanda?  - Não conseguiu evitar perguntar. - Ou são criados pelo potencial mágico de sua mente?

A viu retesar por um instante, antes de se voltar à ele para examiná-lo melhor. Agora, mesmo as roupas pareciam contrastantes com o que via obstinado no fundo dos olhos dela, mas não recuou, pois sabia que a ruiva tinha a intenção de intimidá-lo e provavelmente afastá-lo para se fechar em si mesma naquela obsessão. 

— Eu podia tocá-los, sentir o perfume deles, colocá-los na cama… - Ela divagou. - Podia identificar a magia emanando de cada um deles, de formas e intensidades diferentes. Porquê o que está na minha mente não pode ser considerado real também? Eu faço ganhar vida, é a minha realidade. 

Ela o fitava, como que desnudando-o de dentro para fora, mas não era uma pergunta. Wanda não esperava respostas dele ou de qualquer um que a cercava, pois já havia tomado uma decisão. E, mesmo que esperasse, não tinha resposta para tanto, pois a magia realmente era algo com que Wanda convivia, então aquele tipo de conquista poderia ser normal à ela, embora incompreensível e não natural para o resto, inclusive ele. 

— Você quer saber como eles são? 

O olhou cheia de expectativas, quase fazendo-o recuar ante a devoção que carregava em nome daquelas duas crianças que Bucky não sabia como classificar. Mesmo depois de tudo o que presenciara emergindo das sombras como parte da realidade, ainda soava complicado colocar aquela criada por Wanda dentro de algo aceitável. 

No entanto, quando falava e se recordava deles havia alguma delicadeza, não relacionada à fragilidade quase inerente a ela. E, além disso, era como se fizessem tão parte do que ela se tornara, que despertava nele a curiosidade traiçoeira que sempre o levava a ceder para tentar desvendá-la. Agora conseguia compreender o que a bruxa dissera, Wanda era um mistério instigante demais para deixar de lado e Bucky se via cada vez mais envolto por tudo que a envolvia.

— Sim. 

Não sabia o que viria a seguir, nem teve tempo para pensar como ela o faria. Esperava uma foto ou algo do tipo, mas no momento em que Wanda levou a mão ao seu rosto soube que seria muito mais imersivo do que isso. Diferente de quando o tocava, ela não usava luvas e os dedos frios tomaram tempo circundando primeiro sua mandíbula e, então, subindo para a têmpora até se instalarem ali enquanto os olhos o analisavam, como que decidindo se valia a pena ou não apresentar aquilo que era tão íntimo dela à Bucky. 

Assim, antes que pudesse perceber, quando o dedo dela perpassou suavemente por sua sobrancelha e seus olhos estavam tão concentrados no brilho magnético dos esverdeados dela, sua mente começou a ficar mais leve e, logo, o cenário da cabana e do lago se desfez para dar lugar a algo mais silencioso e aconchegante. 

Ao final de um corredor de paredes de madeira e chão de taco envernizado, uma porta estava meramente encostada e o som de uma canção de ninar preenchia todo o ambiente de forma ecoante. Não era natural, Bucky imediatamente soube, era magia. 

Hesitante, se virou notando que o corredor acabava numa escada também de madeira numa estrutura curvada e as demais portas estavam fechadas. Era estranho como, ainda que soubesse não se tratar de algo real e tivesse consciência de que, fisicamente, se encontrava na cabana aos pés da montanha Wundagore, sua mente continuava a manter os reflexos do soldado com os quais estava acostumado. 

Não deveria, sabia, mas o caminho relativamente curto até aquela porta não deixava de ser ameaçador, assim como tudo ao redor, e estava rodeado por… Wanda. Ela poderia estilhaçar sua mente em milhares de pedacinhos, caso quisesse, concluiu sem muito esforço.  Estar ali era estar totalmente vulnerável à ela, ponderou ao dar o primeiro passo na direção do som suave que imperava pelo cômodo, mas, como vinha fazendo por todo o tempo em que estivera sob o mesmo teto que a ruiva, decidiu seguir seus instintos e, lentamente, empurrar a porta - a mão de metal enluvada cuidadosamente fechada ao redor da maçaneta redonda. 

Contudo, nem toda a tensão daquele momento havia preparado Bucky para o que via - ou presenciava. Não era inesperado, mas… Diferente de tudo o que já idealizara sobre ela. O quarto era simples, com uma janela sobre o berço de madeira repleto de pelúcias e outros objetos decorativos em cores pastéis, assim como a cortina quase etérea contra a luminosidade e o tapete fofo. No canto oposto, no entanto, logo ao lado de uma pequena cômoda jazia uma poltrona grande e confortável, onde uma versão menos carregada e mais vívida da ruiva, usando cabelos cacheados presos de mal jeito em um coque, segurava dois bebês em seus braços. 

Eles se mexiam, mas estavam mais ao ponto de finalmente dormirem ao som conhecido da voz dela, que os olhava em completa adoração. “A projeção de Wanda”, ponderou quase cruelmente ante a imagem tão tranquila que pintava naquele ambiente. Se aproximou com cautela, esperando que a mulher na poltrona percebesse que estava ali, imaginando se se tratava de uma lembrança real ou qualquer outra coisa. 

Eram duas crianças, Billy e Tommy, completamente normais, assim como Wanda seria uma mãe completamente normal, não fosse todo o contexto de tudo aquilo. Percebeu, no entanto, que uma das crianças havia perdido uma das pequenas meias brancas que usava sobre o macacão e com uma rápida olhada no chão ao redor, localizou, próximo à cômoda, o par faltante que devia servir em seu próprio dedo. 

Era estranho que pudesse tocar o que quer que fosse dentro daquela miragem, manuseou a pequena pecinha entre os dedos se voltando à ela. Wanda estava projetando aquilo na mente dele ou o havia projetado à dela? Tudo ainda soava muito confuso para Bucky, ainda que a imagem fosse… Realmente adorável, como se a ruiva houvesse nascido para aquele papel ou, de alguma forma, sido destinada à ele.

Ela não tinha mais uma família, então criara a própria e, pelo que o via, além do que recentemente soubera, a idolatrava e seguiria lutando por essa realidade. Se aproximou para deixar a meia sobre o colo dela, notando que agora o olhar esverdeado sobre os dois bebês rosados que apoiava era muito mais sério e melancólico do que antes. Será que sabia quão frágil era seu sonho? 

— Você quer tocá-los? 

A voz murmurada o assustou e teve que se virar para ver a versão que conhecia de Wanda logo ao seu lado, aquela que vivia na cabana de cabelos lisos, rosto cansado e moletom, não a mulher completamente diferente sentada à poltrona, que o lembrava mais uma personagem encanando a mãe perfeita, ponderou ao voltar à examiná-la.

— Eu não sei. - Ponderou em tom baixo como se a outra pudesse ouvi-los. 

— Minha mente… Revive certos momentos com bastante vividez. - Todos que conhecia dariam tudo para ter aquela habilidade, poder manter e recordar com tanta riqueza de detalhes, mas Wanda soava apenas… Triste em sua essência. - E continua em looping com o que “poderia ser”. Então… É desse jeito o tempo todo. 

— Sinto muito. - Disse de maneira incerta, vendo o sorriso resignado dela ao encará-lo.

— Não sinta. - Ela pegou a pequena meia que ainda segurava e, estranhamente, se aproximou de sua outra versão fazendo questão de calçar o pequeno pezinho com o tecido, deixando tudo em ordem, sem que que a notasse. - Eles não estão apenas na minha mente mais, é como se estivessem em cada poro meu… Me motivando, me levantando, me dando forças para crescer. 

— É assim que sabe que eles não se foram? 

A observou se afastar, soltando o pequeno pé do bebê à esquerda, o qual sequer percebeu a movimentação tão profundo era seu sono. Wanda se virou para ele, analisando-o pensativamente até que soltou um sorriso lacrimoso apenas meneando a cabeça.

— Sinto falta de ser a mãe deles. - Ela analisou melhor a própria imagem, longe de ser um reflexo de como estava agora, juntando as mãos num gesto ansioso. - De ter uma família que seja só minha. 

Antes que pudesse responder, no momento em que a Wanda da poltrona franziu o cenho, fixando o olhar no pé calçado de meia do bebê, como se notando que algo estava diferente ali e começando a ativar seus instintos, a mulher ao seu lado o olhou num aviso e Bucky abriu os olhos num abrupto segundo onde tudo o que conseguiu ver inicialmente era ela à sua frente - encostada à árvore próxima ao lago, ainda mantendo os dedos na altura de sua têmpora e os olhos perturbadoramente fixos nos dele. 

Não retirava o que havia dito dias atrás: mesmo que não fosse uma criança, Wanda ainda se parecia com uma que ficou sozinha por tempo demais, uma que precisava de compreensão e buscava conforto da única forma que sabia, ainda que pouco ortodoxa.  

Enxergava o enorme apelo que Billy, Tommy, Visão e possivelmente todo um mundo construído por ela possuíam, mas, ao menos para ele, era até decepcionante que fosse tudo tão… Fabricado, pois Wanda merecia mais, merecia algo real, mais estável e tranquilo do que uma realidade pelo qual estivesse sempre lutando.

De repente, o ambiente ao redor se tornou mais vívido e pode notar que a realidade da cabana, da montanha e do lago se expandia para além dos olhos dela. Deveria ser fácil para Wanda deixar qualquer um desorientado com facilidade, mas se sentia cada vez mais nesse estado quando se tratava dela. 

Instintivamente engoliu em seco, mas o vento muito mais forte e úmido da tempestade anunciada foi como uma rajada sobre eles e Wanda desviou a atenção para o horizonte, finalmente deixando seu rosto e estreitando os olhos contra a brisa que bagunçava todos os seus fios. 

— O que foi? - Em resposta, ela apenas se levantou e examinou, os olhos vermelhos um contraste com o céu acinzentado que parecia ter vontade de desabar sobre eles e a cabana a qualquer momento. 

— Não gosto do que vem com a tempestade. - Ela se virou decididamente, sem qualquer outra explicação. - Vamos voltar à cabana. 

Bucky ainda olhou inutilmente ao redor, como se fosse capaz de enxergar ou compreender o que ela via e queria dizer, mas simplesmente a seguiu ainda com a imagem da ruiva e dos bebês marcada em sua mente - tinha a impressão de que conviveria com ela por muito tempo.


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Notas finais do capítulo

Eu, simplesmente, amo este capítulo e espero que vocês gostem também. Amo esses grandes pequenos momentos, cheios de coisas para se dizer entre eles, ainda que não digam muito, porque é só o começo! Sinto que eles ainda têm muito a conectar e compreender um sobre o outro ♥

Me deixem saber se estão gostando do desenvolvimento, os comentários são muito importantes!

Até breve ♥



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