Uma fagulha de esperança escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 8
Capítulo 8




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Bruce acabou interrompendo o que estava fazendo, mesmo sendo um caso que julgava importante desvendar para ver no que resultaria tantas caixas que viu serem carregadas de um lado para o outro praticamente o dia inteiro. No fundo da sua mente, esperava que Selina não estivesse carregando esse peso todo e que estivesse tomando cuidado com os esforços. Foi então que se levantou e viu o que ela estava fazendo afinal de contas.

O cômodo o deixou impressionado, mal tinha ido ali desde que tinha deixado Gotham para estudar fora e retornado, mas parecia outro lugar, outra atmosfera, outra casa. Selina estava enchendo o armário de roupas, um vestuário minúsculo para quem ainda nem tinha nascido.

—Isso é impressionante - ele acabou anunciando sua chegada.

Selina acabou se sobressaltando um pouco, apenas revirando os olhos, acostumada ao jeito soturno dele.

—Obrigada - ela se voltou pra ele - eu acabei escolhendo e arrumando tudo. Não esperava que fosse gostar, ou dizer o que achava sobre tudo isso, na verdade.

—Entendo, foi uma coisa que eu deixei mais pra você, ou melhor, você tomou a iniciativa de organizar, mas isso tudo me deixa bastante feliz, mas ansioso - ele se explicou um pouco melhor.

—Ansioso? Entendo, faz tudo parecer mais real - ela compreendeu - mas é, é bem real o fato de que em breve nós seremos uma família.

—Sim, está cada vez mais notório - ele deu um olhar direto para o ventre dela, era uma gestação já de 4 meses.

—Ah nem me fale, estou começando a perder as minhas roupas, vou precisar de umas novas em breve - ela comentou num tom mais de humor e descontração, embora não achasse má ideia.

—Você sabe que pode fazer isso quando quiser - Bruce a deixou decidir.

—E eu vou, eu vou - ela garantiu.

—Tem uma coisa que nós ainda não falamos - ele levantou o assunto de repente, o que intrigou Selina.

—Sobre o que? - ela se sentou ao lado dele, num pequeno sofá aconchegante que fazia parte da decoração do quarto.

—Não sabemos se é um menino ou uma menina - ele revelou o assunto.

—Ah claro, isso, e precisamos de um nome, com certeza - ela complementou - você tem preferência?

—Preferência? - ele estranhou o termo que surgiu de repente na conversa.

—É, de ser um menino ou uma menina - ela explicou, com um pouco de impaciência.

—Eu nunca parei pra pensar muito nisso - ele confessou - eu ouvi algo assim na empresa, que pais geralmente desejam filhos.

—Um menino pra você ensinar exatamente a ser como você, a jogar bola, quem sabe beisebol, seguir com os negócios da família - Selina citou.

—Eu não desejaria que meu filho fosse exatamente como eu - ele desviou o olhar, um tanto distraído, um tanto envergonhado.

—Bruce, isso é uma coisa horrível de se dizer - ela acabou comentando, chegando a segurar a mão dele como uma forma de consolá-lo.

—Bom, você sabe o que quero dizer, crescer sem os pais, só pra começar, e depois ser considerado o esquisito da turma, mesmo estudando num colégio onde se acredita que as pessoas sejam mais educadas, e aí depois, passar o tempo enfurnado numa garagem, montando e desmontando um carro porque é isso que resta a fazer e é a única coisa que te dá alguma alegria - ele explicou, conseguindo olhar para ela novamente eventualmente.

—Entendi, eu não quero que nosso filho passe as mesmas coisas ruins que nós, mas que ele aprenda coisas boas da gente, você não é tão ruim assim - ela deixou claro ao marido.

—Nem você, está aqui me consolando, cuidou desse quarto sozinha e está sempre disposta a ajudar quem precisa - Bruce a elogiou também - minha esposa é admirável,

—Bom, estamos saindo um pouco do foco, eu acho que gostaria de uma menina, acho que você ficaria encantado se fosse - ela retomou o assunto, constrangida pelos elogios.

—Seria bom de qualquer maneira - ele comentou sobre a escolha - acho que tem algum nome em vista, se tem tanto essa preferência.

—Ah não tenho, nem cheguei a pensar nisso, sério - ela confessou, rindo um pouco - mas podemos decidir agora.

—Agora? - ele estranhou a pressa.

—Sim, agora! - ela o apressou ainda mais - por que não?

—Não se decide o nome de uma pessoa de uma vez dessa maneira, é algo que ela vai carregar pelo resto da vida, que tem um peso e significado, precisa ser bem pensado - ele argumentou.

—E é o que vamos começar a fazer agora - Selina decidiu - anda Bruce, não deve ser tão difícil.

—Hum, vamos ver - ele ainda tinha suas próprias dúvidas quanto ao assunto - Você tem alguma ideia de um nome de menina?

—Há os mais comuns, Grace, Mary, Molly, Sally, coisas assim, mas não acho tão bons - ela deu de ombros.

—Algo mais fantasioso então? - ele sugeriu.

—Não, mas algo significativo, como você disse - ela explicou melhor - você tem razão, não é nada fácil.

—Helena é um bom nome, me parece bem forte, não acha? - Bruce acabou sugerindo.

—Sim, também acho, acho que gosto desse, achei que talvez, não sei, se fosse uma menina, talvez você quisesse que fosse o nome da sua mãe - Selina tocou no assunto delicado.

—Bom, minha mãe recebe muitas homenagens ainda, ela e meu pai têm isso, e pra ser sincero, não sei se conseguiria lidar com o fato da minha filha se chamar Martha, seria um constante lembrete do que aconteceu e, eu lembro disso sem nem que me lembrem - ele suspirou - parece ofensivo, não? Eu deveria gostar do nome, e não que eu não goste, é só... o que eu sinto...

—Eu entendo - Selina fez questão de dizer, o assegurando que estava tudo bem de verdade.

—Talvez com a sua mãe você não sentisse esse tipo de coisa, e ela é uma pessoa que merece ser lembrada também, ela foi especial para você - Bruce tentou inverter as posições.

—É, acho que não está errado - ela olhou para ele melancolicamente ao responder - ela foi uma boa pessoa, completamente injustiçada, mas fez o melhor que pôde enquanto pôde, está aí, acho que combinaria então, Helena Maria.

—Helena Maria Wayne, bom nome - Bruce concordou quietamente.

Acabaram ficando num silêncio reconfortante, o assunto sobre suas mães tinha sido um tanto repentino, então precisavam de um tempo para se recuperar. Sentados ali, apenas recostados um no outro, sentindo que eram reais, que o filho ou filha deles estaria ali logo, logo.

 

 


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