Uma fagulha de esperança escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 7
Capítulo 7




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/805922/chapter/7

Era difícil lutar contra o próprio sono e, por mais que Selina estivesse monitorando a missão através das lentes e comunicação de Bruce, anotando informações relevantes para novos casos, ela acabou cochilando na cadeira de escritório. Completamente desconfortável, mas teve que ceder ao sono. Quem acabou a acordando foi seu próprio marido, um tanto arrebentado por uma noite dura lá fora.

—Selina... - murmurou o nome dela delicadamente, tocando seu ombro levemente, esperando para ver como ela reagia.

Sua esposa apenas remexeu os lábios, revirou o ombro que ele tinha tocado e se remexeu tentando achar outra posição confortável. Bruce a chamou de novo e dessa vez, acabou despertando. Ao abrir os olhos, viu a figura soturna dele, os olhos destacados pela sombra preta, o cabelo bagunçado por ficar embaixo do capuz.

—Eu disse pra você descansar - ele prosseguiu falando.

—Eu... eu ia... é só que... peguei no sono aqui... - ela deu um bocejo, o que acabou provando o que ela tinha acabado de falar.

—Entendo, mas agora estou aqui, você já pode ir deitar num lugar decente - ele recomendou.

—Eu vou, eu vou - ela o assegurou, apressadamente, já se levantando - mas você está bem, eu vi o jeito que está se encurvando, se machucou, não foi?

—É, tem razão, mas posso cuidar disso amanhã, por favor, você precisa descansar - ele insistiu de novo.

—Bobagem, deixa eu ver como você está primeiro e depois, eu posso dormir o dia inteiro amanhã, pode ser? - ela propôs, já sem muita paciência e se levantando - afinal, não tem muito o que fazer por aqui, além de te vigiar.

—Está certo - ele acabou se rendendo.

Selina o ajudou com a armadura novamente, ouvindo os gemidos dele de dor. Além da vestimenta ser pesada, tirá-la arranhava os feridos recém feitos.

—Um inchaço no abdômen - ela ponderou, examinando o local inchado, olhando para ele logo em seguida - não sangrou, não é?

—Não - Bruce a respondeu, olhando para ela - acertaram com um taco, um cara baixinho, fora do meu campo de visão, sabia exatamente o que tava fazendo.

—Acho que um gelo resolve, eu vou buscar, não saia daí - ela ordenou, mesmo não muito severa, claramente aliviada por ele estar bem.

Bruce deixou que ela cuidasse dele, chegando até mesmo a relaxar sob o toque dela. Selina notou os olhos fechados, mesmos cheios de sombra, ainda assim era um bom sinal.

—Obrigado - ele murmurou, realmente grato.

—Não foi nada, docinho - ela acabou aproveitando o momento para beijá-lo no rosto - vou estar sempre aqui por você.

Foi então que finalmente, os dois puderam descansar daquela rotina nada convencional, cedendo ao que um tinha pedido ao outro.

No dia seguinte, Selina teve que lidar com outro dilema. Havia algo diferente no olhar de Bruce quando ele havia voltado da Wayne Enterprise naquela tarde. Geralmente ele era um homem pensativo, sempre com algo na cabeça, geralmente um caso, mas o que Selina percebeu ia muito além disso.

—O que foi que aconteceu? - ela o questionou diretamente, sem muitos rodeios.

—Nada, eu... bem, vou precisar da sua ajuda, sua e do Alfred - ele tentou focalizá-la com o olhar, mas estava um tanto perdido, procurando por algo atrás dela, ao menos parecia isso.

—Senta um pouco e se acalma, tá bom? - ela se pôs na frente dele, o assegurando que fizesse isso.

Bruce assentiu distraidamente, indo atrás de Alfred que logo lhe preparou um chá, vendo seu estado. O homem tomou um gole e então se pôs a falar.

—Eu assinei os últimos documentos autorizando a reforma do orfanato - ele explicou, mais calmo agora - mas, a diretoria quer que eu faça o anúncio oficial, o que quer dizer que vou ter que fazer um discurso.

—Bom, sabemos que falar em público não é bem seu forte, mas acho boa a iniciativa - Selina comentou.

—Um novo recomeço para o nome dos Wayne, mas não deixe que isso te amedronte, vai se sair bem - Alfred disse sobre o assunto.

—Tudo bem, mas eu preciso começar, digo, ninguém espera que eu apenas diga que vamos reconstruir - ele apontou.

—Hum, começa pelo que acha que tudo isso significa, pra Gotham, pra você, mas principalmente pelas crianças - Selina sugeriu.

—Certo - Bruce assentiu e foi atrás de alguma coisa para escrever.

Começou a esboçar algumas ideias, colocando no papel o que pensava a respeito.

—O que pretendemos fazer é abrir uma porta, uma oportunidade para aqueles que realmente necessitam, garantindo que eles terão tudo o que precisam, para crescer e se desenvolverem - murmurou ele enquanto escrevia - por isso vamos reformar e reinaugurar o antigo orfanato Wayne.

—Me parece bom, curto, mas objetivo - Selina opinou.

—Não precisa de muita correção - Alfred concordou - mas agora vamos ver sua eloquência.

—Quer que eu recite? - Bruce perguntou.

—Isso mesmo, vá em frente - o mordomo pediu, esperando para ver o que ele faria.

—Certo - Bruce o olhou meio desconfiado, mas prosseguiu, limpou a garganta, o que provocou uma risada de sua esposa - Qual o problema?-

Nada, você fica fofo nervoso - ela explicou de bom humor.

—Acredite, isso é muito mais difícil do que parece, ao menos pra mim - ele desabafou, tentando se acalmar, respirando fundo.

—Eu sei que não é nada fácil falar em público, mas você consegue - ela o encorajou - vamos tentar de novo.

—Muito bem, aqui vamos nós - ele fechou os olhos, sem muita paciência, respirando fundo outra vez, tentando entender porque todo aquele esforço era importante - nós da Wayne Enterprise, eu, como seu representante, entendemos que é importante criar uma oportunidade para os verdadeiramente necessitados em nossa cidade. Sei que as circunstâncias são bastante contraditórias e até mesmo adversas, mas o que querermos criar aqui é a oportunidade para que essas crianças tenham uma boa infância, a melhor que conseguirmos oferecer e é por isso que iremos reformar o antigo orfanato, oferecer essa nova chance mais uma vez. Nos certificaremos de que todo o apoio e todo financiamento realmente estarão sendo usados para esses objetivos.

—É isso aí, conseguiu! Está ótimo - sua esposa o elogiou sinceramente.

—Tem certeza? Não precisa de uns ajustes? - ele considerou, ainda não se achando tão bom assim em fazer discursos.

—Talvez você deveria anotar tudo e repetir mais algumas vezes, assim vai ficar natural pra você, vai saber exatamente o que está dizendo e as chances de que esqueça ou gagueje vão ser bem menores - Alfred comentou.

—Certo, vamos lá de novo - Bruce concordou com a estratégia e se pôs a tentar de novo.
Disse a mesma coisa quase cinco vezes inteira e viu que seu fiel mordomo tinha razão, as falas se tornaram naturais e ele quase conseguiu esquecer que teria que dizer tudo isso em público.
O pequeno exercício acabou ajudando, ele conseguiu fazer o anúncio e ainda causar uma boa impressão na mídia de Gotham, elogiando o bilionário, comentando que para alguém até então recluso, ele podia ser bem eloquente. Bruce esperava que a partir de então, suas aparições públicas se tornassem algo mais fácil para ele.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma fagulha de esperança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.