Uma fagulha de esperança escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 4
Capítulo 4




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Apesar da vida de vigilante continuar para os dois, ainda precisavam acertar a questão do casamento. Se tinha uma coisa em que os dois concordavam, era que não queriam festa, não queriam extravagâncias, não queriam chamar atenção. Mas, mesmo sendo reservados, não queriam que a ocasião passasse em branco. Alfred teve algumas ideias sobre isso e disse a eles para não se preocuparem. Sendo assim, confiando no mordomo, foram resolver as questões burocráticas.
De forma discreta, foram até o cartório da cidade, com Bruce esperando que sua presença ali não causasse estardalhaço. Assinando os papeis necessários, voltaram para a mansão, sem muitas palavras. Pensavam em coisas parecidas, como seria a vida agora que estavam casados. Certamente, não mudariam muito. Estavam vivendo praticamente juntos há um tempo, trabalhavam juntos, isso continuaria. Mas para Selina, ela não era só esposa do vigilante, mas também do empresário herdeiro bilionário.
Selina esqueceu um pouco disso tudo quando voltaram à mansão. Havia um cheiro delicioso e inebriante no ambiente, boa comida fresca. Alfred tinha preparada o jantar especial para os dois, com direito a velas, flores e sobremesa.

—Que encantador! - elqla elogiou, genuinamente.

Bruce apenas sorriu, agradecido, logo puxando uma cadeira para que ela se sentasse. Ela lhe agradeceu também, com outro sorriso.
Antes de jantarem, ele tirou algo do bolso do paletó, uma caixinha que, com certeza, para a dedução de Selina, continha um anel.

—Isso teria que vir antes, na verdade - ela comentou, brincando - somos mesmo estranhos.

—Bom, isso aqui é pra deixar as coisas menos estranhas - ele respondeu de volta - não seria uma esposa sem um anel.

Terminando de falar, ele lhe ofereceu a aliança, uma joia tradicional de aro de ouro e pedra de diamante. Tradicional, mas impressionante. Selina conhecia joias como aquelas das suas missões e roubos, mas nunca pensou que ganharia uma daquela maneira, de graça, por um gesto de amor. Bruce a notou um tanto hipnotizada e acabou sorrindo.

—Posso fazer as honras? - ele propôs, se oferecendo para colocar o anel no dedo dela.

—Claro, claro - ela o apressou, sem tirar os olhos do objeto.

Selina admirou a joia em seu dedo, um misto de emoções a invadindo, sentindo um bolo na garganta, uma vontade de chorar. Era por gratidão, alegria.

—Fico feliz que gostou- ele comentou, meio tímido de repente.

Bruce ia colocando a aliança dele a seguir, considerando para si mesmo o que disse a ela, sobre casados usarem alianças.

—Deixa que eu faço isso - ela o impediu delicadamente - estamos sendo tradicionais nessa parte, não?

—Pelo jeito, sim - ele resoondeu,  um pouco mais tímido ainda, deixando Selina colocar a aliança no seu dedo.

Bruce admirou a joia por um momento no dedo dele, e depois olhou para ela, encontrando um olhar surpreso e agradecido, diferente do jeito sempre tão destemido e forte. Poucas vezes tinha encontrado vulnerabilidade em sua esoosa, mas ele tinha certeza de que, independente do que ela estava sentindo, queria confortá-la.

—Obrigada - ela finalmente desabafou - obrigada por tudo que está fazendo e... me acolher, se importar comigo como ninguém nunca fez antes, isso é só... incrível demais e, às vezes um tanto assustador, mas eu sei que você é verdadeiro, Bruce.

—Eu te agradeço, por tudo isso que disse e por tudo que já passamos juntos -  ele respondeu de forma decidida - você mudou minha vida, Selina, e pra melhor, acredite. É uma verdadeira loucura como nos conhecemos e o que fazemos, mas no fim das contas, eu encontrei você e é tudo que importa, e... eu estou feliz, pela primeira vez em anos, só por você estar aqui comigo, agora.

Ele notou umas lágrimas se formando nos olhos delicados dela. A manifestação externa dos sentimentos dela tocou seu coração, o fazendo se inclinar para a frente para secá-los. Selina se sentiu ainda mais amada pelo gesto de carinho. A seguir, ela o beijou por gratidão, por tudo de feliz que a mera existência dele a estava proporcionando.

—Bem, achei que não teríamos votos, mas foi exatamente o que fizemos - ela interrompeu o clima com uma observação travessa.

—Considera isso votos? - Bruce perguntou a ela.

—Claro, fizemos toda a tradição de confessar nosso amor um pro outro e você me fez chorar! - ela riu - você me paga por isso, Bruce...

—Não foi minha intenção te aborrecer, de modo algum - ele tentou se defender.

—Eu sei, estou brincando, mas... - ela deixou o clima descontraído por um ar mais preocupado - tem algo me incomodando sim, mas não quero estragar o jantar, todo esse jeito mole deve ter feito ele esfriar.

Bruce apenas deu uma risada silenciosa e contida, concordando com ela e começando a comer também.

Estava delicioso, como tudo que Selina já tinha comido por ali, nada parecido com a comida simples com que estava acostumada durante toda sua vida. Era uma coisa simples, que iria mudar a partir de agora. O pensamento simples a fez pensar em mudanças mais complexas, reforçando com o que já estava preocupada.


—Cedo demais pra perguntar o que te está te incomodando? - Bruce desfez o silêncio, direto como sempre.


A falta de traquejo social do marido, por mais que estivesse melhorando, fez Selina sorrir.


—Sempre tão direto, tá aí uma coisa que precisamos trabalhar, sutileza - ela apontou um dedo para ele de forma brincalhona - mas eu amo isso em você, como é observador, repara em coisas que a maioria dos homens nem notaria.


—E isso é realmente bom? - ele teve dúvidas genuínas sobre isso.


—É sim, por um lado, mas... o que tá me perturbando é o fato de que agora eu simplesmente me tornei a mulher de um bilionário - ela finalmente desabafou - tipo, essa mansão, é minha também, eu acho que terei certas liberdades aqui, uma redecoração quem sabe, mais coisas coloridas...


—Sei que está brincando - ele comentou rapidamente.


—Não duvide disso, posso estar falando sério - ela cortou o clima sério por um momento - mas é que, eu sei que tem trabalhado na sua figura pública, as pessoas são meio obcecadas com você, não o Morcego, o sr. Wayne ricaço, e pode ser que descubram nosso casamento e eventualmente, me descubram. Sei que não sou nada pra esse tipo de gente, meus problemas são com o submundo oculto, é só que... eu nunca fui uma madame e não vou saber me portar como uma.


—É isso que te preocupa? Pra ser sincero, eu também não sei lidar com esse lado direito, você mesma disse que estou trabalhando minha figura pública, eu entendi que ela é essencial também, mas eu estou tropeçando, tanto quanto você, então... não se cobre tanto - ele acabou dando de ombros.


Selina entendeu que esse gesto de Bruce não era exatamente descaso, mas só como ele lidava com a situação. 


—Só... - ele voltou a falar - desfrute do que quiser, você merece.


—Você é mesmo um docinho, meu amor - ela acabou elogiando, satisfeita pela resposta simples, um homem direto era o seu marido, realmente.


Bruce deu outro sorriso discreto diante do elogio. Seria uma questão que os dois se ajudariam e resolveriam juntos.


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