Uma fagulha de esperança escrita por AndyWBlackstorn
Selina não queria reclamar só para ajudar no sentimento de que o que precisassem fazer fosse mais fácil, mas ainda assim, ela se sentia incomodada. Helena estava prestes a chegar, era uma questão de semanas e, por esse motivo, ela estava cada vez mais apreensiva. Além disso, ela tinha outras preocupações em mente. Precisava atender a um jantar com o Departamento Policial de Gotham, uma formalidade em que os Wayne deveriam comparecer. Antigamente, a cidade e a própria Selina associavam o nome a morte, tragédia, luto, aos falecidos Martha e Thomas Wayne, mas conforme os meses passavam, dava para ver que ela e Bruce estavam mudando essa realidade, transformando o significado do nome da família. Era por isso que estava tentando se motivar a sair de casa, mesmo se achando grande demais, ou feia demais.
—Ainda não está pronta? - Bruce a chamou, a surpreendendo um pouco.
Ela se voltou para ele com o cenho franzido, claramente o inspecionando.
—Você também não está - ela julgou, olhando a gravata ainda não atada e o cabelo ligeiramente despenteado, um olhar de Bruce e ela o notou sua permissão para deixá-la ajustar justamente o que tinha reparado.
Ele se sentou e deixou que ela fizesse o nó da gravata, penteasse seu cabelo mais um pouco.
—Eu sei - Selina acabou suspirando - fiz compras semana passada, mas ainda assim é difícil escolher o que vestir, as colunas de moda ficam loucas pra saber o que vou vestir, não posso desapontá-las...
—Sei que não liga de verdade pra isso - ele comentou - e que não tem muitas opções de escolha de vestuário, então, já que tem que vestir alguma coisa, eu sugeriria o roxo.
—O vestido roxo? Não, Bru, eu não fico bem de roxo - ela objetou logo de cara.
—Você reclamou do amarelo da última vez - ele contrapôs.
—Não era amarelo, era dourado, isso sim, e ficou horrível com aquela iluminação do Salão Principal - ela argumentou - a questão é que, esse não me serve mais, talvez sirva mais pra frente.
—Vamos ver - ele comentou sobre a hipótese - se o roxo não fica bem, qual outra cor que fica bem e ainda te serve?
—Ai Bruce Thomas Wayne, pela milésima vez, não é assim que se fala com uma mulher cheia de hormônios - ela baixou os olhos e balançou a cabeça em negação.
—Achei que gostasse da minha honestidade - ele tentou, em um tom de brincadeira.
—Só tá me deixando mais nervosa - ela avisou, mas acabou rindo, o que fez com que ele risse também, ela puxou a gravata dele para chamar sua atenção.
—Vai ser o azul então, o mais claro, vai tirar esse ar de Gomez e Mortícia que insistimos em ter - ela resolveu.
—Achei que gostasse da família Addams - surpreendentemente, Bruce fez mais uma piada.
—Chega de referências, garoto morcego - Selina cortou toda a brincadeira - te vejo lá em baixo.
—Sim, sra. Wayne - ele se redimiu de toda gozação e fez como ela pediu.
Selina o encontrou como prometido dentro de alguns instantes, ela notou o olhar impressionado, apaixonado sobre ela. Já fazia quase 10 meses que estavam juntos, mas aquele olhar, talvez fosse algo com o qual ela nunca fosse se acostumar, seu cuidado, seu carinho, seu amor, eram coisas muito reais e palpáveis, coisas que faziam a vida valer a pena, até mesmo suportar o que estava parecendo com um jantar chatíssimo.
—Podemos ir? - ela perguntou.
—Claro - ele respondeu quietamente e rápido.
Se encaminharam para o carro e Bruce preferiu dirigir, fazer algo que gostava antes de enfrentar uma situação social da qual não gostava muito era um jeito de lidar melhor com a situação. Chegaram ao local recebidos pelos tão típicos flashes e repórteres. Selina apenas suspirou e voltou a caminhar em frente, meio que se escondendo dentro da figura gigantesca de Bruce, que a envolveu com um braço em torno dela, completamente protetor, afinal, era sua esposa e sua filha que estavam em jogo.
Ele e Selina logo encontraram seu lugar e decidiram sentar ali de uma vez. A seguir, deu-se início aos infindáveis cumprimentos dos policiais aos Wayne. Algo que eles notaram foi que, agora eles sabiam exatamente quem ela era e não o olhavam tão impressionada mente, só se fosse pelo fato de que ela era muito bonita, não de que Bruce Wayne tinha se casado. A maioria dos policiais também era muito sucinta, falavam um boa noite curto, seus nomes e se retiravam. Foi assim até que eles encontraram um oficial particularmente tagarela.
—Boa noite, sr. Wayne, que prazer em vê-lo, quer dizer, revê-lo, não sei se vai se lembrar de mim, mas nos vimos no funeral do prefeito, eu disse um oi de longe - ele foi falando sem qualquer tipo de pausa, como ele ainda tinha fôlego surpreendeu o casal.
—Oficial Martinez, eu presumo - deduziu Bruce, ao menos fingiu deduzir, sabia exatamente quem ele era.
—Isso, isso mesmo, que legal que sabe meu nome, Bruce Wayne sabe meu nome, cara isso é muito legal - ele ficou comemorando, ainda maravilhado com o fato, apertando a mão de Bruce com todo entusiasmo. Selina notou o quanto o marido estava começando a se incomodar com o toque, e depois de rir baixinho, decidiu interferir.
—Pode ser que meu marido te conheça, mas não fomos apresentados ainda - ela disse de modo eloquente - eu sou Selina Wayne, esposa do sr. Wayne, como o nome já diz.
—Claro senhora - o policial limpou a garganta - desculpe os maus modos, prazer em te conhecer, apesar que seu rosto é um pouco familiar, será que eu também já não te vi em outro lugar?
—Ah não sei - ela riu para disfarçar o nervosismo, sabia que o tinha visto na noite da morte de Falconi - da TV, deve ser, sabe como é, repórteres, paparazis, todos atrás de nós, fotos nossas o tempo todo, deve ser isso.
—Ah claro, com certeza - Martinez concordou - aliás, foi de lá que eu vi que vão ter um bebê, meus parabéns.
—Ah obrigada - o cumprimento pegou Selina de surpresa - isso foi muito gentil.
—Imagina, crianças são sempre uma benção - ele respondeu sorrindo.
—Sim, creio que sim - ela teve que concordar, realmente sentia isso sobre Helena.
—Martinez, espero que não esteja importunando os Wayne - Bruce e Selina reconheceram a voz de Jim Gordon atrás deles.
—Certo, claro detetive, me deem licença - Martinez saiu então, um tanto desajeitado.
Ter Jim Gordon ali era um alívio para os dois, um rosto amigo e com quem certamente gostariam de conversar.
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