Late for Life escrita por Mr Mandias


Capítulo 1
Capítulo 1 - As Correntes Que o Prendem


Notas iniciais do capítulo

Essa história é uma releitura de Bleach.
Estarei escrevendo essa história no meu tempo livre como hobbie e projeto pessoal, já que me encontro com um bloqueio em meus outros projetos.
Gosto muito de Bleach, apesar de não gostar do rumo que o autor deu para a obra, então vou tentar me divertir refazendo do meu jeito.



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Quando ele finalmente voltou a si, estava em pé, encarando seu próprio corpo ensanguentado.

“O que diabos aconteceu?”

Exclamou o ruivo surpreso ao notar onde estava.

“Lamento, garoto, não cheguei a tempo.”

A voz vinha de sua esquerda, era o lojista esquisito que costumava fornecer produtos espirituais para Rukia, estava com os braços cruzados e com a expressão escondida atrás do seu chapéu característico.

Ichigo franziu o rosto.

“Chapéus e Tamancos...” Reconheceu ele em tom confuso. “O que aconteceu?”

“Você não lembra?” Questionou de volta o outro. “Você desafiou um capitão e um tenente.” Explicou ele, ao que o rosto do ruivo se iluminou em reconhecimento, lembrando do dois shingamis que sequestraram Rukia. “Você morreu, Ichigo.”

A ultima frase do homem demorou a fazer sentido.

Seu corpo sangrando no chão do estabelecimento, que agora Ichigo reconhecia como a loja do homem, contava uma história totalmente própria, assim como a corrente saindo de seu peito.

“Eu morri?” Perguntou ele ainda em choque. “Por que eu ainda estou aqui?”

Urahara suspirou, encarando o garoto nos olhos pela primeira vez.

“Você ainda estava vivo quando eu te trouxe pra cá, infelizmente os ferimentos eram muito graves, o homem que o atacou, Byakuya, tratou de garantir que você não sobreviveria.” Explicou ele com calma. “Eu sinto muito.”

“Mas...” Teimou Ichigo dando um passo a frente, ainda relutando em aceitar a realidade. “Rukia...”

“Foi levada para a Soul Society para responder pelos crimes que cometeu.”

A explicação do homem finalmente fez sentido e a feição de confusão no rosto de Ichigo foi substituída por preocupação.

“O que vai acontecer com ela?” Perguntou o jovem preocupado. “Ela não fez nada de errado, ela salvou a mim e a minha família.”

“O que ela fez é considerado um crime grave para os shingami, não tem outra forma de dizer isso.” O homem fez uma pequena pausa. “A situação não é boa, ela será executada.”

Ichigo fez uma careta de raiva antes de dar um passo em direção ao homem em sua frente.

Algo em seu ser rugia em fúria, ele provavelmente vomitaria se ainda tivesse um corpo feito de carne e osso.

“Isso não é justo!” Praguejou o adolescente. “Eu preciso salva-la.”

“Como?” Interrompeu o lojista curioso. “Você morreu e seus poderes de shinigami substituto foram embora junto com suas últimas respirações.” Esclareceu duramente o homem. “Não há nada que você possa fazer agora.”

Ichigo negou veemente com a cabeça.

“Isso não pode ser verdade.” Teimou o garoto. “Tem que haver algo.”

“Você deveria parar de torturá-lo.”

A nova voz veio de outro canto da sala, pertencia, Ichigo poderia supor, ao gato que permanecia sentado calmamente.

“O gato acabou de falar.” Reconheceu Ichigo secamente, temporariamente distraído de sua justa fúria. “Eu não tenho tempo para isso.” Voltou a si o garoto. “O que ele quer dizer.”

“Ela.”

Corrigiu o felino antes de Urahara voltar a falar.

“O que ela quer dizer é que você será inútil se entrar lá dessa forma.” Falou o homem com um giro de seu leque. “Mas há uma forma de mudar isso.” Revelou ele finalmente. “Siga-me, mas esteja ciente.” Começou a alertar o homem virando-se de costas. “Isso não vai ser agradável para você.”

O homem o guiou até uma espécie de alçapão enquanto garantia que ainda havia algum tempo antes da execução e que eles usariam esse tempo ao máximo.

Em algum lugar em sua mente preocupada Ichigo sabia que deveria desconfiar do homem e de sua aparente disposição em ajudar, mas, no fim das contas, ele já estava morto e não havia tempo a perder, ele poderia se preocupar com isso depois.

O espaço do lado de dentro era quase que impossivelmente superdimensionado.

“Antes de mais nada.” Começou o lojista quando ambos chegaram ao fundo do alçapão. “Byakuya fez um bom trabalho mutilando sua alma e seu poder espiritual.” O homem sorriu por baixo do chapéu, ao que o gato preto ao seu lado pareceu revirar os olhos. “Isso foi possível por você ser um espécime muito peculiar... Humano... Shinigami Substituto...”

A pausa do homem fez Ichigo aprofundar sua carranca característica.

“Entretanto...” Recomeçou ele. “O fato de você ter morrido no processo pode...” Uma nova pausa, o homem parecia procurar as palavras certas. “Funcionar ao nosso favor.”

Completou ele finalmente.

Ichigo zombou.

“O que quer dizer com isso?” Perguntou o jovem incomodado. “Não vejo como morrer possa ser considerado uma boa notícia.”

Urahara riu.

“Se você estivesse vivo seria muito mais difícil se acostumar novamente a ter sua alma desprendida do corpo.” Explicou ele. “E isso sem falar do processo de recuperar os seus poderes.” O sorriso sádico no rosto do homem cresceu enquanto ele apontava para a corrente cortado que saia do peito do mais jovem. “Mas, novamente, você vai ter que passar por isso de qualquer forma.”

Ichigo finalmente olhou com mais atenção para a corrente em seu peito.

Só agora ele percebeu que ela parecia estar se deteriorando com uma velocidade considerável.

“Eu...” Percebeu o garoto assustado. “Me tornarei um hollow?”

“Sim...” Confirmou o lojista calmamente. “Se você falhar.”

“Falhar?” Perguntou o mais jovem com a cara fechada. “Eu nem sei o que preciso fazer.”

“É simples.” Apontou o homem. “Se torne um shinigami... Sem truques... Sem poderes emprestados... Um shinigami de verdade...”

“E como eu devo fazer isso?”

A pergunta em tom desconfiado se justificou.

Urahara limitou-se a sorrir apontando para o chão em baixo dos pés do ruivo.

“Assim!”

Mal a palavra havia saído da boca do lojista, um enorme buraco se abriu em baixo dos pés do menino em forma de espirito que, sem poder evitar, caiu inutilmente, mesmo tentando se agarrar as bordas.

Lá embaixo, sentado confortavelmente, estava o homem que Ichigo sabia ser um dos assistentes do lojista excêntrico.

“Bakudou 99, Kin.”

Antes que o garoto pudesse reagir ou, sequer, reconhecer a presença do outro, seus braços foram bruscamente presos em suas costas, no que parecia uma algema elaborada.

“O que diabos! Vocês estão tentando me matar?”

Gritou o ruivo com raiva.

Ichigo ainda ouviu Urahara rir, em pé no topo do enorme poço.

“Matar você?” Provocou o homem. “Você já está morto, garoto.”

“Desculpa, garoto.” 

Falou o assistente voltando a superfície com um único salto.

As desculpas fizeram pouco para aplacar o jovem de cabelos exóticos.

“Agora, Ichigo.” Chamou atenção Urahara, antes que o mais jovem voltasse a seu espiral enraivecido. “Isso faz parte da lição... Você só precisa subir.”

“Subir?” Gritou o espirito adolescente olhando para cima. “Isso é impossível.”

“Você deveria se preocupar mais com a corrosão da corrente em seu peito e menos com o que é possível ou impossível.”

“Eu tenho muito tempo, já lidei com espíritos antes, pode demorar anos até que a corrente do destino se corroa em sua totalidade.”

Apontou o menino.

“Você tem razão.” Concordou o homem de tamancos. “Exceto que no fundo desse poço há um gás muito especial, projetado especialmente para acelerar o processo.”

“O que?”

Perguntou o ruivo assustado.

“Pelos meus cálculos você será um Hollow em pleno direito em menos de setenta e duas horas se não agir logo... Eu sugiro que se apresse...”

Em meio ao seu pavor, Ichigo conseguiu perceber que o homem tinha razão.

A ponta da corrente parecia devorar a si mesmo furiosamente.

“Se torne um Shinigami, Kurosaki Ichigo.” Falou sombriamente o homem no topo do poço. “Ou se torne um Hollow e seja destruído por mim.”


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Notas finais do capítulo

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