Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 62
Capítulo 62




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Tinha que agradecer a Moegi por ter lhe dito sobre aquele local, era realmente um ponto com uma bela vista e isolado o bastante para se ter uma relativa tranqüilidade e privacidade. Colocou as mãos sobre a mureta e olhou para baixo, mal podendo discernir onde terminava a montanha onde a aldeia ficava. Olhou adiante e viu apenas uma grande extensão de terra meio amarelada e avermelhada em alguns pontos. Podia ver picos de outras montanhas menores a distancia, como se fossem ilhas surgindo em um oceano de nuvens, mesmo estas nuvens estando ainda ralas a ilusão de que podia estar em uma ilha no mar e não em uma montanha era impressionante.

Deu alguns passos para o lado observando a paisagem ainda. Bem no limiar da visão podia ver algum verde que devia ser de algum bosque ou até mesmo fazendas distantes. Súbito, ela franziu o cenho e olhou ao redor, direcionando seus olhos para baixo. Uma das nuvens menores ali parecia-se com uma cuia de sopa ou ramen.

- Saudades? – murmurou ela para si mesma.

Ficou um tempo assim e após alguns instantes maneou a cabeça de um lado para o outro, precisando mesmo tentar segurar uma risada que tentava escapar de seus lábios.

- De todos os hábitos que você podia ter absorvido de Naruto, essa é a coisa mais estranha – murmurou ela novamente – mas não chega a surpreender. Tudo bem, acho que vou comer ramen no almoço só para te deixar contente...

Afastou-se da murada e ficou mais próxima do centro daquele mirante, onde havia uma mesa cercada por várias cadeiras. Era um local de relaxamento no fim das contas, apesar de que em certas situações deveria também ser usado como posto de vigília.

Sentou-e em uma das cadeiras e recostou-se de forma a ficar o mais relaxada possível. Não foi bem para apreciar a vista que ela tinha ido até ali, mas para ficar um pouco sozinha e ponderar sobre os vários eventos recentes. Com certeza Udon e Moegi estavam por ali próximos, especialmente Moegi que acabou ficando bem super protetora depois que soube das coisas que tinha dentro de si.

Na verdade, agora ela era a única pessoa que realmente sabia de tudo!

O último informe da mizukage dava conta que não foi localizada nenhuma atividade do jinchuuriki, mas ela ainda estava “proibida” de se afastar de seu senhor feudal, de forma que estava enviando um representante no seu lugar. Já o tsuchikage continuava em total silêncio. Nenhuma mensagem, mensageiro, nada! O raikage enviou um de seus melhores times ninjas para tentar descobrir se algo estava ocorrendo por ali no país da Terra, e ela já pretendia enviar os chuunins de Moegi para lá com a mesma missão assim que estes chegassem na aldeia da Nuvem, o que deveria ser naquela noite.

Só não sabia como convencer Moegi a liderá-los, pois quando sugeriu isso no dia anterior a mesma recusou-se a fazer isso e deixá-la ali na aldeia da Nuvem. Na verdade ela chegou a questioná-la sobre o porque de trazer seu time ali para auxiliar na proteção de Hinata se já ia usá-lo em uma simples missão de reconhecimento que poderia ser feito por um time de gennins.

Podia dar uma ordem direta sendo sua hokage e mestra, mas preferia usar tal recurso em algo mais extremo, sem contar que ela tinha razão no argumento. Considerou usá-los porque iam estar ali disponíveis, mas apenas para avaliar se tudo estava bem com o tsuchikage isso não seria propriamente necessário. No entanto sua melhor alternativa era o time de Kiba que estava no país da Grama – ou se já tinha cumprido sua missão, ainda próximo a este - e poderia chegar no país da Terra em apenas um dia.

Mas tinha um certo receio de envolvê-los nisto. Tinha deixado aquela missão para ser feita pelo time dele devido a estarem de folga e também porque Kiba queria algo para seus alunos fazerem, apesar de Ringo já ter sido dispensado – a pedido de Hanabi – para vir com eles a aldeia da Nuvem. A sugestão dele de levar Nayuko no lugar foi até interessante. Depois que fizessem a missão poderiam ir assistir ao exame, pois deveria já ser o momento em que a segunda fase se aproximava. Tanto que não havia pressa para executarem aquela missão, tinham duas semanas para isso.

Agora eles estavam na posição geográfica correta para serem muito mais úteis em uma missão de maior importância, mas ainda relutava em usá-los. Enviar um time ninja inexperiente para outro país e ainda acompanhado de uma civil não lhe parecia uma boa idéia.

Se fosse para ser fria como aquela velha zumbi da Koharu, devia dar a missão para eles, mas teria que ser prudente sobre como informar-lhes o que fazer ali e ainda dar alguma dica para Kiba ficar em total silencio se algo inesperado fosse descoberto.

Algo inesperado chamado jinchuuriki!

Nem ela, nem Gaara e muito menos o raikage sequer comentaram tal coisa em voz alta, mas fora estar havendo alguma guerra civil naquele país, não encontravam motivos que justificasse nenhum comunicado da vila da Pedra. Mesmo que o tsuchikage estivesse totalmente indisponível em alguma missão secreta, iriam receber uma resposta referente a isso, ao menos que “ele não pode ser contatado no momento”.

E mesmo se fosse isso, alguém ficaria encarregado das coisas no seu lugar.

Ponderou mais um pouco sobre o que poderia fazer. O argumento de Moegi tinha peso, mas não pelos motivos que ela imaginava. Ela mandou chamar o time dela ali sim para auxiliar na proteção de Hinata, já que Kabuto parecia ter algum interesse nela. Mas não era uma proteção no sentido de defendê-la, mas de segura-la caso descobrisse que podia estar se tornando um alvo dele.

Enquanto ela estivesse na aldeia da Nuvem, duvidava que Kabuto tentasse algo – apesar de que dentro de Konoha aquela mulher entrou e saiu sem ninguém perceber suas reais intenções. Se ela fosse ser atacada, seria quando estivessem retornando.

Levantou-se devagar e apertou seus punhos, finalmente se convencendo de que não tinha uma real escolha. Ou confiava que os ninjas do raikage descobrissem algo, ou pedia para Kiba dar uma olhada. Mas estava mais inclinada em fazer as duas coisas.

Enviaria uma mensagem a Konoha informando o que deveriam fazer, e iria também ser um pouco mais prudente e liberar alguns ANBUs para assistirem ao exame sem as máscaras. Queria que eles fossem protetores de Hinata quando fossem retornar.

-x-

Verdade que ele tinha uma irritação fora do comum quando chamavam a atenção para a sua baixa estatura. Também era verdade que as vezes os oponentes percebiam isto facilmente para se aproveitar de uma vantagem psicológica. Seu sensei chamou varias vezes sua atenção para isso e ao menos na presença dele, conseguia se controlar.

Mas seu sensei não estava ali.

Seus colegas também brincavam com ele as vezes sobre isso, mas era algo do qual ele estava acostumado, mesmo com colegas de outros times da aldeia. No entanto a Sachi fazer isso com ele no meio de uma luta para tentar pegar posse do único tesouro disponível – os outros dois já tinham sido pegos pelos rivais – tinha sido um efeito disparador de grande raiva.

E depois de vinte minutos a atacando de todas as formas possíveis, percebeu finalmente como foi um idiota em não se controlar.

Ele já estava cansado antes de começar a lutar, e agora estava exausto, bem mais do que quando enfrentou aquela gennin de Konoha no frustrado e vergonhoso incidente em que tentaram roubar a lista deles. Ela também acabou chamando ele de baixinho, mas ali ao menos ele reconheceu que tinha atiçado ela primeiro, e a mesma simplesmente devolveu o jogo.

Não acreditava ainda em como as coisas acabaram acontecendo, mas agora era fato consumado. O time um da aldeia da Nuvem conseguiu a vantagem, e isso – para o seu desespero – graças a sua burrice e sua cabeça quente.

 Olhou ao redor para se certificar de que ela não ia atacar de tocaia, apesar de duvidar ser o estilo de uma ninja médica. Resistiu a tentação de colar as costas na parede da casa e se manteve a dois passos desta, para o caso dela atacar de surpresa a atravessando. Estavam na periferia daquele vilarejo que acabou virando outra praça de combate como daquela vez em que enfrentaram os gennins de Konoha. E desta vez tinha certeza de que não importava quem vencesse, os dois times iriam ser punidos por terem se digladiado por ali.

E ele era o culpado!

Dois dias antes, ele quase quebrou os dedos da mão de tanto socar o chão com raiva quando descobriram que Kothar tinha sido pego por outro time. Pela descrição da bandana que usavam, devia ser de um dos times da Areia. Antes deste, a Estrela do Coração também tinha sido recuperada, e pelo jeito foi pelos gennins de Konoha. A mulher para quem o dono tinha vendido o pingente tinha sido levada presa quando chegaram lá, e depois de invadir sua loja para em desespero procurarem pela jóia, nada acharam que podia encaixar-se na descrição desta. Este de agora era a ultima chance de seu time.

E pelo jeito, talvez fosse a ultima chance do time um também.

Pegou duas tarjas explosivas de sua bolsa e tentou controlar a respiração. Apesar de poder fazer jutsus e da sua afinidade com raiton, seu sensei percebeu que ele era melhor no taijutsu, e decidiu primeiro deixá-lo melhor habilidoso nisto. Mesmo porque sua dificuldade em dosar o uso de chakra lhe daria desvantagens.

Ainda podia ouvir alguns sons distantes de seus colegas lutando contra os outros dois. Makhia iria matá-lo depois que aquilo terminasse, não importando o resultado. E não podia condená-la... ele mesmo se achava merecedor agora.

O único tesouro que tinha sobrado para eles era a “Preciosa”. Uma gema oval totalmente lisa que tinha duas cores, azul e amarela. Dependendo de como a luz a tocava, as vezes podia-se ver uma cor esverdeada entre as cores, quase como se fosse um halo. Da mesma forma que ocorreu com a katana, seu dono original estava morto e a gema foi enterrada no mesmo local onde estava o corpo do dono anterior.

Quando chegaram na aldeia onde a gema foi entregue, descobriram que o cemitério onde o corpo estava enterrado estava em um vilarejo relativamente distante, e quase em desespero correram em direção a este. Quando finalmente localizaram o cemitério desta vila, gastaram algumas horas procurando o tumulo, e começaram a cavar até atingirem o caixão.

Mas não havia nada ali. Nem no interior deste. Foi quando Makhia notou algo na lápide e ao examinarem melhor, imaginaram que a gema tinha sido posta nela, pois havia uma parte ali com um buraco do tamanho de uma bola de bilhar. Ele ficou arrasado! Tudo aquilo para nada? Iam voltar como completos fracassados?

Afastou-se mais de costas com as tarjas em ambas as mãos e tentava perceber qualquer coisa ao seu redor. Os moradores da vila estavam trancados em suas casas e felizmente esta a frente dele era de uma loja. Não sabia o que vendia, mas sabia que era uma porque tinha visto a vitrine e balcões do lado de dentro. Imaginava que ela fosse aparecer ou no teto ou de um dos lados dela. Nunca tinha imaginado que uma ninja médica podia ser tão habilidosa no corpo a corpo.

Eles teriam mesmo retornado assim, fracassando no exame, não fosse Makhia resolver tentar achar os responsáveis pela manutenção do cemitério para fazer perguntas. Já ele e Doka ficaram lá mesmo sentados no chão pensando no que fazer. Cerca de meia hora depois ela voltou e chutou os dois para se levantarem e se apressarem. Ela soube que algumas horas antes três outros adolescentes estiveram ali, e sabia até qual direção tinham tomado.

Ela apareceu no alto da casa já arremessando kunais em sua direção. Ele se agachou e pulou para o alto para se desviar delas. Colou as tarjas uma de costas para a outra e soltou todo o ar dos pulmões em seguida quando ela o atingiu com a perna no seu peito e acabou largando as tarjas que estava preparando também. Ela colocou a outra perna na sua cabeça e impulsionou-se para cima, o jogando para baixo em reação a isso, bem em direção as tarjas.

Elas explodiram antes que ele ficasse fatalmente próximo a elas, e ele sentiu alguns estilhaços atingirem seu corpo e cortando sua roupa e pele. Pelo jeito as tarjas atingiram o chão antes de explodir e ele foi arremessado há cinco metros de distancia. Deixou o seu corpo rolar no chão cheio de pedras para amortecer o impacto e reduzir os danos e tentou se levantar em seguida. E assim que fez isso percebeu que sua perna direita estava com uma ferida maior do que tinha sentido.

Mas a maior ferida ainda era no seu orgulho. Nem por um instante percebeu que ela saltou na sua direção assim que jogou as kunais.

Correram como nunca pela estrada que eles tinham tomado, e pela direção eles não estavam voltando para a aldeia ainda, o que significava uma boa chance de encontrá-los – fossem quem fossem. No meio da tarde chegaram a um vilarejo a beira de um rio, e tudo indicava que a pesca era a maior economia deles. Perguntaram ao redor se viram adolescentes como eles que usavam bandanas mas a maioria das respostas foi negativa. Acabaram se separando para cobrir uma área maior, e Doka tinha avisado para não começar nada sem avisar os outros.

Ele devia ter ouvido.

Ela pousou diante dele com uma das pernas dobradas e com a mão espalmada no chão. Não imaginava o motivo de ela estar nesta posição, mas devia ser para ou efetuar algum ataque ou talvez preparação para um contra ataque caso ele fosse para cima dela antes. Na duvida – e por estar se sentindo bem esgotado – deu alguns passos para trás.

Os longos cabelos azuis de Sachi ainda escorregavam pelas suas costas o fazendo novamente pensar em como ela conseguia os manter lisos, coisa que causava inveja a Makhi. Ela o fitou com seus olhos castanhos e estes juntamente com o sorriso fraco em seu rosto lhe fez pensar que ela ia atacar – ou ao menos fazer algo inesperado – a qualquer momento.

Ele tinha procurado por toda aldeia atrás dos gennins ainda desconhecidos, e por um acaso absurdo, acabou vendo os três sentados em uma mesa comendo tranquilamente. Não demorou nada para perceber que eles eram o time um da aldeia da Nuvem, o mesmo time que sugeriu que fizessem uma aliança contra os gennins de Konoha e assim ter certeza de que obteriam a lista.

Ele ficou alucinado ao vê-los, e sem nem pensar direito saltou bem ao lado deles, que o olharam surpresos. Em nada se lembrou do que Doka tinha dito e ficou ali os olhando por alguns segundos. Preciosos segundos que ele devia ter usado para pensar melhor no que fazer. Seria bem mais simples e fácil fingir a coincidência de tê-los encontrado ali e depois de avisar seus colegas, armarem algum ataque surpresa contra eles quando estivessem descansados. Mas Sachi tinha que lhe questionar sobre porque do baixinho cabeça quente estar cansado e andando por ali. E o idiota acabou lançando uma bomba de fumaça e gritou que estava ali para pegar a gema que tinham pegado do cemitério.

Ela pulou para trás lhe arremessando uma kunai com uma corda amarrada em seu cabo e ele facilmente se desviou dela. O que ele não esperava foi ela puxar a corda de volta e na surpresa de escapar da kunai que voltava pelas suas custas, ela pular em sua direção com ambas as mãos abertas indo direto para o seu tórax. Conseguiu desviar uma delas, mas a outra acabou se espalmando em seu peito. Ela era uma ninja médica e com toda certeza, podia fazer mais do que apenas curar ferimentos com seu chakra, coisa que ele sentiu em seguida. Em um instante, todos os músculos do seu peito ardiam como se pegassem fogo. Ele gritou de dor e pânico por isso, ficando sem defesa para os chutes e golpes que ela deu em sua cabeça e nuca. Caiu estatelado no chão com os sentidos em pura confusão, sem saber direito como seu corpo estava posicionado ou onde era o lado de cima ou de baixo.

Ele teve vantagem quando os atacou primeiro usando a bomba de fumaça, pois foi totalmente de surpresa. Rapidamente deixou Kafen atordoado com um pontapé na têmpora e chutou Ghemo para longe, indo em seguida direto para Sachi que por ser médica, seria bom deixá-la nocauteada de cara. Mas seu erro foi justamente tê-la deixado por ultimo. Ela saltou para longe agarrando sua mochila que estava aos seus pés enquanto estava sentada e pegou bastante equipamento lá de dentro, já jogando shurinkens em sua direção para mantê-lo distante. Ele foi atrás dela logicamente, entre outros motivos para que a mesma não ajudasse os outros dois a se recuperar. Esse foi outro erro! Ele estava sozinho ali e seus colegas ainda estavam procurando pela vila pelos oponentes. Se tivesse ficado lá e pelo menos nocauteado Kafen que já estava atordoado teriam uma chance, mas se deixou levar pela raiva novamente quando ela o atiçou chamando-o de baixinho de novo. Ela simplesmente o manteve longe dos outros dois até estes se recuperarem, mas por sorte seus colegas chegaram onde estavam e começaram a enfrentá-los, deixando Sachi para ele.

A maior parte do que ela fez foi se esquivar e bloqueá-lo, e ele já cansado de ter feito todo o trajeto até ali, mais o tempo em que ficou cavando estava sem condições reais de enfrentá-la, mas só foi obrigado a admitir isso quando ela começou a revidar e ele lento demais para se esquivar foi recebendo mais e mais golpes, a tal ponto que precisou acabar fugindo dela.

E agora ele estava ali no chão, bem confuso e sabendo que iria ser nocauteado a qualquer momento. Tudo culpa dele. Girou o corpo com força e arremeteu seus braços no ar esperando pelo menos a afastar. Acabou não atingindo nada, mas repetiu o feito até conseguir se levantar.

Ofegante e com um dos olhos fechados devido ao inchaço, olhou ao redor procurando-a. Para sua surpresa ela estava com os braços cruzados encostada na parede da loja com um sorriso de sarcasmo para ele. Ela não foi idiota de ficar perto dele quando o derrubou pois sabia bem que ele era desesperado a ponto de fazer qualquer coisa para atingir o oponente.

Estava difícil para ele respirar com o que ela tinha feito em seu peito, e naquele momento estava pensando seriamente em desistir da briga. Talvez tivessem sorte enfrentando outro time pelos tesouros, mas contra o time um já era certeza de que nada conseguiriam. Seus colegas estavam cansados como ele e de forma diferente dele, não enfrentaram Kafen e Ghemo de surpresa. Em resumo, provavelmente não iriam vencer.

Ela jogou shurinkens na sua direção e apesar de tentar, sua perna ferida e sua visão sem profundidade tornou impossível se esquivar da maioria. Sentiu elas se cravarem na sua carne e nos braços que usou para se proteger. Quando retirou os braços que tinha usado para proteger o rosto de sua linha de visão, viu a sola da sandália dela indo direto contra ele atingindo-o no nariz. Sentiu um estalo ali e de forma resignada percebeu que ele estava quebrado. E com certeza Sachi não ia ser amistosa desta vez para consertá-lo.

Foi de costas para o chão e se deixou cair finalmente, ficando ali respirando devagar e com dificuldade. Também sentia lagrimas em seus olhos. Ele tinha estragado tudo! Tinha jogado fora sua ultima chance de seu time obter um dos tesouros.

Ouviu o som de passos dela se aproximando até parar do seu lado. Ao abrir os olhos a viu ali olhando na sua direção com os braços cruzados. Nada havia que ele pudesse fazer agora, exceto fazer um ultimo ato de resistência antes dela o derrotar de vez.

- Continua um cabeça dura, Akemi-kun – disse ela sem demonstrar emoção – e um completo imbecil também. Por que não esperou sairmos da vila para nos atacar de surpresa com o seu time?

Ele nada respondeu. Apenas fechou os olhos e deixou suas lagrimas fluírem. Ficou assim um bom tempo, até que o cansaço e o esgotamento o fizeram perder os sentidos.

Quando acordou já era noite. Olhou ao redor com cuidado e percebeu que não estava na aldeia. Piscou os olhos algumas vezes para entender direito o que via. Havia uma fogueira diante dele, e ao tentar se levantar sentiu algumas dores na perna. Confuso, reparou que alguém tinha tratado seus ferimentos, e ele já não sentia as dores em seu peito.

- Bem vindo a vida – ouviu uma voz atrás dele. Era Makhi. Tinha uma faixa cobrindo seu olho esquerdo e seus cabelos negros estavam úmidos, indicando que provavelmente tinha acabado de se lavar. Mais afastado estava Doka assando algo no fogo.

- Eu... o que houve?

- Sachi-chan te bateu tão forte assim?

Bom, isso indicava que não tinha sido um sonho. Mas estava ainda confuso sobre o que poderia ter ocorrido depois.

- Não ia fazer diferença - disse ele abraçando os joelhos e se sentindo envergonhado – eu estava bem cansado... todos nós estávamos. Eu estraguei tudo, não foi?

Ela o olhou de cara feia, mas acabou suspirando em vez de lhe dar um sermão como ele esperava.

- Nós também estragamos – disse ela olhando na direção do fogo – devíamos ter deixado você ser derrotado e ficado distantes, mas o instinto de lutar pelo time falou mais alto. Vamos encarar, Akemi-kun. Não estávamos preparados para esse exame.

Não disse mais nada. Os dois poderiam facilmente culpá-lo por tudo agora, e ele realmente se sentia culpado.

- Sachi-chan tratou a sua perna – disse ela se levantando – não o bastante para poder andar normalmente, mas o suficiente para evitar uma infecção.

- Por que ela fez isso? – ele estava confuso.

- Somos da mesma aldeia, não? – ela sorriu para ele – não tenho a menor idéia de para onde eles foram, mas a exame acabou para nós. Amanhã vamos voltar para a aldeia. Vamos tratar das feridas, ouvir uma bela bronca do sensei, tentar descobrir o que fizemos de errado... – ela o olhou com os olhos determinados – e começar a nos preparar para o ano que vem. E se da próxima vez você repetir os mesmos erros, eu é quem vou te nocautear. SEU BAIXINHO!

Apertou os lábios desgostoso, mas tinha que admitir que era verdade.

-x-

Estalou as costas enquanto se espreguiçava. Sentia-se também bem cansado mas ele estava lá. Fubalo, uma das mais distantes e famosas aldeias do país do Trovão. Embora essa fama fosse devido unicamente ao senhor feudal – e outros nobres – recorrerem a esta para adquirir bonsais para enfeitar suas mansões.

Como esperava, haviam muitas lojas de bonsais ali, mas também haviam outros tipos de comercio. Outra curiosidade foi reparar que os clientes destas lojas não eram pessoas comuns, mas sim comerciantes de outras aldeias que compravam grandes cargas para seus estoques. Se algo acontecesse na fabrica dessas bonsais a aldeia talvez falisse.

Levou o dia inteiro para descobrir onde poderia se inteirar mais sobre a história do lugar, e também de como chegar em Toronei. Sabia que era uma grande porção de terra pertencente a uma família nobre, mas nada mais além disso. Acabou decidindo entrar em uma daquelas lojas de bonsais para perguntar onde eles obtinham aquilo. Seria o ideal para começar uma conversa a respeito.

Escondeu sua bandana e agindo como um visitante de passagem, entrou na loja e conversou um pouco com o dono, comentando sobre as bonsais – e realmente ele ficou impressionado com elas, sobre como pareciam ser perfeitas miniaturas das arvores normais – e de como conseguiam cultivá-las. Com isso descobriu sobre um evento ocorrido ali décadas antes envolvendo uma princesa e um criador de bonsais. Eles acabaram se casando e a princesa em questão tornou aquele comercio bem lucrativo. Nada como uma mulher com ganância na proporção certa para valorizar o labor do trabalho do marido. Esperava ter sorte algum dia no futuro como esse tal Toronei teve.

Agora já sabia onde ficava a mansão dele, mas também estava um pouco preocupado. Todos os outros tesouros podiam ser roubados sem grandes problemas. Invadir a mansão de um nobre do país do Trovão ia ser mais complicado. Sem contar que não sabia o que seria a grande bonsai. Diferente das descrições dos outros tesouros, nada havia que detalhasse este.

Ficou ponderando se iria passar a noite na aldeia ou se acamparia perto da mansão que seria o objetivo de seu time. Andava pela rua principal da aldeia com as mãos nos bolsos calmamente pensando no assunto, e ocasionalmente observando algumas lojas. Talvez comprasse alguma lembrança para Tomoko em agradecimento a ela ter feito uma copia da mizukage para ele como incentivo para ele ir na frente e verificar se o ultimo tesouro ainda estava lá. Uma loja de objetos de porcelana lhe chamou a atenção e ele foi até ali observar as coisas na vitrine. Eram bijuterias, mas alguns daqueles brincos eram mesmo lindos. Era até difícil de acreditar que eram feitos de cerâmica. Acabou entrando na loja para ver melhor a variedade e ter u ma idéia dos valores dos mesmos.

Saiu de lá vinte minutos depois, bem impressionado sobre como eram caros. Mas considerando que eram tão belos como jóias verdadeiras, até que entendia isso. Foi quanto viu algo andando na rua que o deixou tremendo.

Era um cachorro preto que parecia estar inquieto farejando ao redor, e acompanhava uma moça pelo jeito. O seu susto foi ver essa moça com uma bandana no ombro direito. Uma bandana de Konoha!

Havia outro time ninja ali! E o pior era que havia um ninken com eles. Do jeito que o cachorro negro farejava ao redor, imaginava que talvez estivesse farejando a ele, embora era uma presunção tola. Porque ele faria isso? Nunca tinha se encontrado com aquele time antes, portanto não podiam conhecê-lo, e nem o cão podia saber o seu cheiro.

Viu ela andar mais um pouco e entrar em uma loja de bonsais alguns metros distante dele, sendo que o cão ficou do lado de fora aguardando algo. Como eram chamados mesmo? Não conseguia se lembrar do nome do clã agora, e também não importava.

Precisou sair de onde estava pois tinha parado bem na porta de entrada da loja de cerâmica, obstruindo a passagem de outros clientes. Ficou observando a loja onde a moça tinha entrado e depois de dez minutos ela saiu. Fez um carinho na cabeça do cão e prosseguiu adiante por mais alguns metros até entrar em outra loja de bonsais.

Não tinha nenhuma duvida de que estava ali pelo mesmo motivo que ele, achar a Grande Bonsai. E como ele tinha feito antes, ela devia estar fazendo perguntas naquelas lojas, tentando obter alguma informação.

Precisava segui-la com cuidado para não ser percebido. Moveu-se lentamente para uma área entre duas casas e de lá subiu no telhado de uma delas. Deste ponto alto acompanhou-a enquanto andava pela rua despreocupada. O cão continuava agindo como antes. Farejava ao redor e a circundava, como se estivesse tentando perceber algo nas proximidades.

Inuzuka! Era assim que aquele clã de Konoha era chamado. A moça devia ser deste clã pois tinha um ninken como animal de estimação. Lembrava-se vagamente do que o seu sensei lhes ensinou sobre seus possíveis concorrentes, e dentro os mais problemáticos, os Inuzukas seriam um deles, porque se não tomassem cuidado, não conseguiriam pega-los de surpresa e nem manter a situação sob controle. Os cães que usavam podiam facilmente farejá-los a distancia e avisar seus donos.

Continuou acompanhando ela por algumas horas, até que já tarde da noite ela acabou se encontrando com seus colegas. Ele os observou bem, era uma outra moça e um rapaz loiro. Notou que só o rapaz parecia carregar uma pesada mochila nas costas. Ficaram conversando por algum tempo, talvez trocando informações. Depois disto o rapaz abriu uma folha – provavelmente um mapa – e os três ficaram discutindo algo apontando para este várias vezes. Durante todo o tempo aquele cão negro ficou rodeando-os, as vezes se afastando um pouco, e outras vezes sentando-se do lado daquela moça que devia ser uma Inuzuka.

Uma pena não estar com nada para ampliar sua visão. Devia ter trazido aqueles binóculos que o sensei sugeriu, mas achou que seria idiotice. Agora percebia que realmente nunca se sabe o que pode ou não ser útil em uma missão.

Depois de mais alguns minutos eles guardaram o mapa e começaram a andar para fora da aldeia, exatamente na direção em que ele sabia que estava a mansão Toronei. Eles já iriam para lá? Se sim, não iam perder tempo pelo jeito.

Também não ia ser fácil acompanhá-los fora da aldeia. Haviam poucos locais para se esconder pois esta ficava em uma grande área descampada. Mas como imaginava para onde iam, iria tentar interceptá-los.

Deu meia volta e contornou correndo as casas atrás dele para ficar a frente deles na estrada que ia até a mansão. Correu por esta sem descansar e depois de uma hora começou a ver arvores ao redor. Pelo jeito aquelas terras nobres eram arborizadas. Melhor para ele. Subiu em uma árvore perto da estrada e ficou confortável ali. Só precisava esperar eles chegarem. Coisa que para sua surpresa não demorou muito. Uma hora e meia depois, viu os três andando pela estrada, ou melhor, os quatro, já que o cão estava ali perto deles. Estava farejando tudo ao redor como sempre e por alguns instantes ele suou frio quando viu este farejando algo no chão e moveu-se quase que diretamente na sua direção. Ele estacou de repente e olhou diretamente para a árvore onde ele estava. Mas logo em seguida correu em direção a sua dona.

Talvez ele tenha realmente farejado sua trilha, afinal tinha andado por aquela estrada. Mas percebendo que não era um cheiro conhecido acabou ignorando-o.

Viu eles seguirem pela estrada e os acompanhou pelas árvores. Mais meia hora se passou e um pouco impressionado eles chegaram aos portões de entrada da mansão, e era uma mansão bem grande, situada no meio de uma grande área murada. Haviam jardins bem cuidados dentro daquela propriedade, e um pouco a direita ele viu com certa dificuldade onde devia estar a estufa onde criavam as bonsais. Não podia notar muito mais detalhes a noite.

Viu os três se aproximarem dos guardas dos portões que aparentemente desconfiados conversaram um pouco com eles. Eles se entreolharam por alguns instantes e um deles se afastou entrando pelo portão e desaparecendo na propriedade. Teriam eles sido tão ousados para falar abertamente o que queriam ali?

Dez minutos depois o guarda voltou e disse algo a eles. viu os três se curvando em agradecimento e depois disto se afastaram, retornando pela estrada. Mas não forma muito longe. Apenas se afastaram o bastante e entraram entre as árvores e ali montaram um acampamento. Tanzo acreditou que iriam passar a noite ali e na manhã seguinte iriam voltar a mansão. E sem nenhuma surpresa viu dois deles foram dormir e um deles ficou acordado de vigia, tirando qualquer chance que ele poderia ter de tentar fazer algo aproveitando a noite.

Ele sabia que não podia fazer nada ali sozinho. Kotar e Tomoko só deviam chegar depois do dia seguinte, na parte da manhã. Esperava que eles estivessem descansados porque ele tinha quase certeza que este time iria conseguir pegar o tesouro antes deles chegarem.

Sem mais o que fazer agora, ele se afastou bastante deles e fez uma pequena cama de folhas em uma árvore para passar a noite. Ao menos não perceberam ele os vigiando. Tomoko foi mesmo esperta em sugerir para ele ir na frente. Se tivessem vindo todos juntos, com certeza perderiam aquele tesouro.


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Notas finais do capítulo

Bem... parece que o confronto que alguns esperam está prestes a acontecer.



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