Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 56
Capítulo 56




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Sentiu todo o seu corpo tremer com aquele rugido. Ela parecia mesmo um felino selvagem, furioso, mostrando no fundo de seus olhos o que desejava fazer com sua presa, de como pretendia brincar com ela sadicamente enquanto se preparava para encerrar sua curta e sofrida vida.

Um segundo rugido e ela disparou na sua direção. Suas garras – quase o dobro das que seu sensei Kiba fazia – arrancando nacos de terra conforme avançava, seus pontudos caninos felinos quase se projetando para além de sua boca, seus cabelos ruivos arrepiados, mais se assemelhando a juba de um leão oriundo de trevas tão profundas que apenas os antigos deuses deveriam se lembrar de sua existência.

Ele sabia o que tinha de fazer, estava ali para isso. Tinha que faze-lo e ignorar as conseqüências. Era um shinobi, seu sensei contava com ele, seu colega contava com ele.

Mas tudo o que conseguiu fazer foi tremer sem controle e desabar no chão em pânico. A fera dantesca parou diante dele observando-o e levemente lambeu seu rosto. Sua língua áspera o despertou levemente de volta a realidade.

- Na.. nay.. – ele engoliu em seco – Nay.. a.. – engoliu novamente. Na....

- Me chame logo de dona – ralhou ela cruzando os braços e ficando ereta. Apesar de ainda estar com as garras crescidas e com os dentes a mostra, agora não parecia mais ser aquela ameaça de antes.

- Des-desculpe, Nayako-sama! – eu, eu...

- Se apavorou, eu vi – ela olhou intrigada para ele – sinceramente, não acredito que sou tão ameaçadora assim, Jiro-kun. Nem mesmo sou uma kunoichi, apenas me formei gennnin e depois desisti, quer dizer, fui obrigada a desistir disto – vamos – ela desmanchou seu cabelo esfregando a mão nele – Kiba já deve ter feito o jantar. E você também Yoshi-kun! – gritou ela para seu colega no alto da arvore que também devia ter ficado assustado.

Ela começou a saltar pelas arvores como um enorme felino, e ele e Yoshi a acompanharam tentando ficar próximos. Achava impressionante como ela podia se transfigurar em uma ameaça e em seguida voltar a ser aquele doce de pessoa que conhecia tão bem.

Como Ringo não estava com eles, seu sensei preferiu usar esse tempo os treinando, e ao mesmo tempo, dando algum treinamento a namorada – que ao que tudo indicava, tinha um sentimento interior para retomar a vida de kunoichi que nunca conseguiu começar. Embora as vezes parecia que ele e Yoshi eram meros ratinhos com os quais ela brincava da mesma forma que um gato faz pouco antes de devorá-los.

Agora contudo eles tinham uma missão, levar uma mensagem até a vila da Grama e trazer a resposta de volta. Como era uma missão basicamente diplomática e não urgente – do contrário a mensagem seria enviada por alguma ave – Kiba acabou sendo convencido a levar a namorada junto.

Ou melhor dizendo, a namorada o convenceu.

Oficialmente ela estava acompanhando eles como integrante médica, na pratica Kiba estava até preocupado de seus alunos não terem chance de atuar se algo ocorrer. Mais do que eles, ele percebeu as habilidades instintivas dela.

Jiro viu ela saltando alto e aterrissando um pouco atrás seu sensei, que nada vez para demonstrar que a viu ali. De fato, ela pousou com extrema suavidade, tanto que mesmo Akamaru que estava do seu lado parecia não ter reparado nela ali. Ela o enlaçou por trás e lhe deu um beijo em sua nuca, e Kiba retribuiu o abraço por algum tempo.

- Isso ai é o jantar? – disse ela olhando para o caldeirão cozinhando no fogo.

- Não gosta de sopa? – perguntou ele a olhando de forma malandra.

Ela colocou a mão na bolsa dele e retirou uma kunai de lá, indo com esta para o caldeirão borbulhando e espetando esta lá dentro, até fincar em algo. Quando a retirou viu que era um pedaço suculento de carne. Sorriu alegremente e colocou a carne de volta na panela.

- Ainda bem – ela jogou a kunai displicentemente para ele – um Inuzuka que não comesse carne toda hora eu iria estranhar. A única exceção que admito é a sua irmãzinha.

Os dois gennins se aproximaram da fogueira e se sentaram no chão demonstrando estarem cansados. Iriam esperar recuperar o fôlego antes de pegarem algo para comer.

- Como eles se saíram? – perguntou Kiba para ela.

- Acho que estavam com medo de me machucarem – os dois olharam para ela com olhos arregalados quando disse aquilo – não jogaram nenhuma shuriken ou outra coisa, nem pedras!

- Da próxima vez, não dê aquele urro – disse ele pegando uma grande colher e remexendo a sopa – isso deve ter intimidado todos os gennins no raio de dez quilômetros daqui...

- Engraçadinho!

Kiba soltou a colher dentro da sopa e sentou-se um pouco distante, cruzando as pernas e observando o céu noturno. Nayako foi até ele e sentou-se quase que no seu colo, usando seu corpo como um encosto. Ela gostava daquela sensação de aconchego. Kiba aproveitou e lhe abraçou. Akamaru chorou um pouco com ciúmes do seu lado, e ela começou a acariciar a nuca dele. Ambos os gennins mal observavam o que eles faziam, mas tinham certeza de que se estivessem sozinhos, não estariam apenas se abraçando.

- Fale a verdade, você continuou treinando quando saiu da aldeia – começou ele apurando o olfato e avaliando como estava indo a sopa.

- Claro que continuei. Mas fora uma coisa ou outra que com certeza é típica do clã de onde venho, não tenho nada muito excepcional. Se eu puder me equiparar a um chuunin, fico muito satisfeita. Apenas nunca quis fazer nenhum serviço atuando desta forma para não se classificada como nukenin por alguém. E a propósito – ela sorriu levemente – a sopa já está pronta. Vamos comer logo isso!

- Imagino o que o Ringo está fazendo – disse ele para ninguém em especial.

-x-

Era melhor quando apenas se sentia ocioso...

Arreganhou os dentes de dor quando ela o atingiu no antebraço, e ao girar o corpo para efetuar um contra ataque, percebeu imediatamente o resultado. Sua perna foi bloqueada pelo cotovelo dela e sua mão aberta foi com tudo para o seu peito desprotegido, o arremessando a dois metros de distancia. Só não foi mais longe porque Hanabi o segurou, do contrário iria atingir a parede.

- Você ainda está se segurando, Ringo-kun – disse ela com as mãos na cintura – quando vai esquecer minha posição e me encarar como uma oponente?

Ele abaixou a cabeça de vergonha. Sabia que era a pura verdade, mas também sabia que não conseguia se soltar totalmente contra ela. Já foi muito dificil conseguir fazer algo um pouco mais forte contra Hanabi, mas contra a líder do clã? Isso era totalmente impossível.

Ao menos, por enquanto.

- Tudo bem – ela sorriu – vamos jantar. Quero saber das novidades!

Ela estava toda excitada ao dizer aquilo. Os jounins que acompanhavam cada time estavam fazendo isso para relatar seus progressos e atuação para os kages e seus representantes. Já fazia vários anos que a avaliação dos candidatos deixou de ser pelo resultado e sim na forma como conseguiam isto. Tal informação era enviada ao fim de cada dia – mais precisamente ao anoitecer – e chegava até os destinatários no mais absoluto sigilo.

Ou, ao menos, era o que se esperava. Mas não demorou muito para tal informação começar a vazar – os apostadores sempre conseguiam isso - de tal forma que desta vez, após os kages e representantes receberem a informação, esta ficava disponível horas depois para ser consultada. Considerando que no exame atual a primeira prova não tinha como uma pessoa comum ser capaz de acompanhar os gennins em sua busca, tal informação acabou sendo muito preciosa. Justamente para evitar quebras de sigilo ou tentativas escusas para se obter tal coisa, acabaram optando pela liberação. Obviamente fizeram isso após o ultimo time gennin participante ter deixado a aldeia.

- Acha que vamos ter alguma novidade sobre eles? – perguntou Hanabi.

- Temos que ter... – disse Hinata esperançosa.

Ringo as acompanhou se controlando um pouco, pois também estava curioso sobre o que poderia ter ocorrido naquele dia. Soube que um dos membros do time da Grama quase tinha morrido em um combate contra um dos times de Suna, e que depois, este mesmo time tinha roubado o tesouro de seus compatriotas no dia anterior.

Ele estranhou aquilo, mas não demorou muito para ele entender. Se ele e seus colegas estivessem ali naquele exame, era muito provável que tivessem de enfrentar o outro time de Konoha. Uma aliança era muito limitada devido a competição pelos tesouros.

Seguiram andando pela aldeia a qual já estavam se familiarizando, quase sem precisar olhar ao redor para saber onde estavam e para onde deveriam ir. Após uma caminhada razoável – muito atrasada devido a tanto Hinata quanto Hanabi pararem as vezes para observar um produto ou outro nas lojas que encontravam pelo caminho – chegaram a entrada da aldeia marcada por aquela ponte de cordas. Hinata decidiu fazer uma pequena corrida até a “aldeia arena” – como Ringo já estava chamando - abaixo e todos os três começaram a correr pela encosta da montanha.

Somente ali eles teriam as informações que procuravam, afixada em um tipo de quadro de avisos que colocaram bem na entrada do “coliseu”. O motivo era obvio, pois era lá que os apostadores e visitantes de todos os lugares estavam acomodados. Hanabi, Ringo e Hinata eram exceção porque eram shinobis de outras aldeias, e ficavam acomodados na própria aldeia da Nuvem tanto por cortesia quanto para poderem ser vigiados melhor. Um segundo motivo para ficarem ali era menos comentado e até foi omitido de Ringo. Hinata, assim como alguns outros que vieram de outras aldeias apenas para acompanhar e torcer pelos seus compatriotas era alguém importante em sua terra natal. A ultima coisa que o raikage queria para abalar seu orgulho era que algum visitante importante sofresse algo enquanto fosse seu hóspede.

Diferente de aldeias ocultas como Konoha, a “aldeia arena” não tinha muros a cercando. A construção que mais se destacava ali era a arena em si – uma grande construção retangular com o centro aberto – onde os combatentes ficavam – de forma oval e as arquibancadas rodeando este. O resto era composto por várias e varias casas praticamente iguais que eram alugadas pelos visitantes e no centro uma grande área comercial que ficava fechada a maior parte do tempo, só sendo utilizada realmente durante eventos como aquele.

Ao chegarem ao solo, Hanabi comemorou como uma criança por ter vencido, sendo que Hinata ficou de cara fechada enquanto ela fazia isso e debochava da irmã. Ringo achou muito prudente ficar no mais absoluto silencio. Seguiram calmamente pelas ruas espaçosas ali que estavam com muito movimento apesar do horário, e quanto mais se aproximavam do destino, mais e mais pessoas haviam andando ao redor.

Pelo jeito, haviam bem mais informações que antes, e conforme andavam Ringo ouvia algumas vozes abafadas falando de Konoha. Em uma destas ocasiões ele olhou na direção de onde ouviu isso e viu três pessoas conversando, sendo que uma delas apontava para eles. achou estranho tal coisa, mas não se incomodou. Ele também não percebeu que Hanabi estava bem quieta e com os músculos preparados para tudo, pois também estava ouvindo alguns comentários e notava como eram observados por todos.

- Hinata-chan! – disse uma voz distante, mas se aproximando depressa.

Ringo olhou ao redor mas não viu ninguém, até que decidiu ativar seu byakugan para deter minar a origem daquilo. Porem no momento em que fez isso, o dono da voz surgiu diante dele, obviamente terminando um salto.

Seu coração pulou e ele ficou um pouco envergonhado. Se fosse um inimigo teria sido pego totalmente de surpresa. Mas ficou aliviado ao ver que era Konohamaru.

- Konohamaru-kun! – disse Hinata sorrindo – pensei que ia ficar preso por mais tempo na reunião dos kages.

- Eles não queriam muita coisa de mim, só umas informações que obtive em uma missão antiga. Uma que terminei antes de ser sensei. Não me digam que vão tentar se engalfinhar no meio de toda essa gente ai – ele apontou com o polegar para trás – Só para saberem de coisas do meu time que eu já sei agora – ele sorriu alegremente, sugerindo que talvez soubesse de algo mais do que estava indicado lá.

- Ora, ora – Hinata sorriu – informações de ultima hora?

- Bem, sim, mas também sou sua escolta, e deixar você entrar lá no meio não é algo que eu me perdoaria por fazer.

Ringo notou que quando ele disse aquilo, ele colocou a mão no ombro de Hanabi, como se fosse pedir licença para passar do seu lado, mas não percebeu que ele apertou os dedos da mão quando fez isso, indicando alguma coisa para ela.

- Então vamos tomar sorvete enquanto Konohamaru nos conta as novidades – disse Hanabi – mesmo porque estou com muita vontade de comer um.

Dez minutos depois os quatro se sentavam em uma mesa em uma área menos movimentada, mas durante o trajeto Ringo notou que ainda haviam alguns que olhavam para eles. Quando as taças de sorvetes chegaram, Hinata não foi mais capaz de se conter.

- Agora me diga, porque está todo mundo olhando para a gente? Aconteceu algo com Minato-kun e as meninas?

Seu olhar era quase de suplica, e mesmo Hanabi parecia um pouco preocupada. Knohamaru por outro lado apenas coçou a cabeça e com um sorriso divertido olhou para ambas, e apenas esse sorriso já as aliviou um pouco. Era interessante para Ringo ver como aquelas a quem ele se acostumou a ver sempre no topo de tudo agirem como pessoas normais.

- Bem... pode-se dizer que aconteceu algo sim... – começou ele já pegando uma colherada de seu sorvete – eles enfrentaram oponentes hoje... – ele colocou a colher na boca e deliciou-se demoradamente com o gosto do chocolate.

- Konohamaru-kun – disse Hanabi cruzando os braços e o encarando – se não quiser ser escalpelado por duas Hyuugas furiosas, diga logo o que houve!

Ringo olhou assustado para ela. Não era capaz de imaginar que até ela podia estar tão ansiosa por aquela resposta.

- Já que pediu com jeito... vou ser direto. Enfrentaram uma aliança de três times da Nuvem e os derrotaram... e ainda os puseram para trabalhar e reparar estragos que fizeram em um vilarejo pequeno.

As duas ficaram de boca aberta, e Ringo apesar da surpresa começou a perceber o porque das pessoas olharem para eles e fazerem comentários. Haruka e seus amigos derrotaram três times da Nuvem de uma vez?

- E-eles – começou Hinata balbuciando levemente

- Venceram três times – repetiu Konohamaru a observando – ficaram no topo das apostas para o time que for capaz de obter os três tesouros, caso isso interesse.

As duas se levantaram e se abraçaram mutuamente, dando gritinhos um pouco histéricos de alegria. Ringo se encolheu todo de susto e chegou a fazer uma careta observando aquilo. Ainda lhe era dificil ver tanto Hinata como Hanabi sendo apenas mulheres que podiam expressar alegria facilmente como mortais comuns, devido a como o renome de ambas tinha sido martelado nele conforme crescia. Mas quando Hanabi se voltou para ele e lhe deu um beijo na bochecha, imaginou que talvez não fosse dificil se acostumar afinal.

- Três times... – murmurou Ringo – não deve ter sido fácil.

- Não há detalhes – disse Konohamaru dando outra garfada em sua taça – mas imagino que de alguma forma eles devem ter tido vantagens, talvez os tenham surpreendido invocando Gamatatsu e Gamakichi, quem sabe até conseguiram chamar Gamabunta?

Hinata nada dizia, apenas ficava de olhos fechados tomando seu sorvete como uma menininha que tinha ganhado um belo presente. Ringo por sua vez tentava entender o que ele queria dizer com invocar alguém. Seria alguma coisa referente a aquele contrato com sapos?

Ficaram meia hora apenas conversando sobre o time seis, de como poderiam ter feito tal coisa, de derrotar três outros times. Apesar da sugestão de Ringo, todos se recusavam a acreditar que seriam times muito fracos. Só podiam imaginar mesmo que não agiram como times, ou se atrapalharam na execução de qualquer estratégia que tinham definido. Seja como for, Hinata pediu licença para ir ao banheiro e Hanabi também iria, caso não tivesse tido sua perna chutada levemente por Konohamaru por debaixo da mesa. Ringo não chegou a perceber esse movimento, um pouco entretido vendo as pessoas andando a distancia.

Mas percebeu que depois que Hinata saiu, os dois ficaram olhando para ele, como se pensando no que fazer agora.

- Fiz algo errado? – perguntou ele curioso.

- Não, não fez – ele suspirou e olhou ao redor - Ringo-kun, não vou ter tempo de levar Hanabi para conversar a sós com ela, e não vou me arriscar a pedir para você andar sozinho por aqui agora. Portanto vou confiar na sua discrição – ele o olhou fixamente e de forma muito séria – de qualquer forma você é de Konoha e também do clã Hyuuga, e qualquer coisa que possa ameaçar a líder do seu clã cabe também a você, sendo gennnin ou até mesmo civil auxiliar a protegê-la.

Ele apenas abriu a boca ao ouvir aquilo, mas não teve tempo de dizer nada pois Hanabi colocou a mão no seu ombro e levou o indicador aos lábios para pedir para que ficasse quieto.

- O que aconteceu na reunião?

Ele entrelaçou os dedos das mãos e curvou-se para se aproximar mais deles.

- O teor da reunião em si é secreto, mas algumas coisas que ocorreram lá vou participá-la agora. Ao que tudo indica, durante o período em que a aldeia ficou em alerta houve uma invasão nos registros da ANBU. E atualmente foi dada a falta de alguns dados da ficha de Anko e toda a ficha de Hinata-chan.

Ele tentou se controlar. Chegou a morder os lábios para isso, mas seu impulso juvenil foi mais forte. Ele se ergueu da cadeira e quase gritou falando que era inacreditável. Só não o fez porque Hanabi agarrou seu ombro e o apertou com força, o lembrando de que tinha de ser discreto. Aquilo também o lembrou de que precisava aprender a controlar suas reações.

- A ficha inteira? – perguntou ela em voz baixa.

- Até onde eu sei, sim. Infelizmente, não é isso o pior. Ao que as parcas evidencias que obtiveram indicam, isso deve ter sido obra daquela mulher que esteve internada no hospital durante aquele alerta. E essa  mulher...

Ele fez uma pequena pausa aguardando que um grupo animado de pessoas passasse por eles, continuando pouco tempo depois.

- Como eu dizia, essa mulher parece ser aquela mesma nukenin que derrotei, e que foi libertada da prisão do senhor feudal, apesar de ser inacreditável. Mas considerando com quem ela pode estar envolvida, já não acho inacreditável ela agora estar com estatura diferente, pele mais morena, mais jovem... bom, parece que ela tem um corpo totalmente novo mas ainda possui a tatuagem no quadril, uma rosa negra sendo segura por uma mão feminina com unhas rosas.

- E quem é a pessoa envolvida?

Ele olhou um pouco confuso para ela e maneou a cabeça tentando entender a pergunta.

- É mesmo, acabei não dizendo... – olhou para baixo e murmurou – é Kabuto.

- Kabuto! – ela abriu os olhos e para Ringo era evidente que ela estava sem nenhum controle de suas emoções – aquele desgraçado que queria roubar.. – ela calou-se e olhou diretamente para Ringo, que parecia totalmente surpreso por isso.

Mas a verdade era que Hanabi estava apavorada com o que tinha acabado de falar.

- Não sei do que estão falando, mas garanto que ainda não entendi direito – disse Ringo tentando aliviar um pouco a tensão que ficou ali.

- Acho que ela pode lhe explicar melhor depois – disse ele respirando devagar - Hanabi-chan, uma mulher que pode estar envolvida com Kabuto roubou a ficha de HInata-chan – Konohamaru cruzou os braços e continuou – Moegi-chan Também solicitou que seu time viesse para cá, mas o mais importante é que não podemos deixar Hinata-chan saber disto.

Ela ficou em silencio olhando para o tampo da mesa e para sua taça de sorvete quase vazia derretendo.

- Porque não? – perguntou Ringo de repente, e em seguida ficou muito envergonhado por interrompê-los.

- Minha irmã usaria a si própria de isca se isto ajudasse a pegar Kabuto – disse Hanabi sem olhar para ele. Você não sabe Ringo-kun, e nem teria como saber. Mas posso lhe dizer que minha irmã a Kabuto tem assuntos inacabados. Na verdade tem uma fila de pessoas para pegar Kabuto por muita coisa que ele fez, e Hinata é a primeira desta fila – ela olhou para o céu e complementou com um sorriso de tristeza – e acho que a hokage é a segunda.

- Conversaremos melhor em outra ocasião – disse ele observando a porta do banheiro feminino onde Hinata tinha entrado se abrindo – mas eu precisava lhe informar disto e de que a hokage nos requisitou agora para sermos guarda-costas dela, não meramente sua escolta. E Ringo-kun – ele olhou para ele e sorriu levemente – você agora não está mais aqui a passeio. É um dos guardas costas dela também.

Ficou parado sem se mover. Viu ele acenar a mão para alguém mas ainda assim não se moveu. Ele? Um mero gennin sendo guarda costas da líder do seu clã? No fim, não teve muito tempo para pensar no assunto, pois reparou que a pessoa para quem ele acenava era Hinata que estava se juntando a eles novamente. Ainda se encontrava um pouco surpreso com o que ouviu, mas compreendia que tinha que agir como se nada tivesse ocorrido, e assim ele tentou fazer.

-x-

Uma coisa ela tinha que reconhecer, Etsu era mesmo parecida com ela, mas muito diferente também. Como ela, agia como uma mulher comum, como ficou provado quando todas as três foram em um vilarejo proximo comprar roupas – e até que tinha um bom gosto para roupas – mas de forma diversa, não parecia se incomodar nem um pouco com o que Kabuto planejava fazer, muito menos de ser – como ela mesma disse – uma mera marionete em suas mãos.

O que Etsu parecia não perceber – ou mais provavelmente simplesmente não se importava – era ela ser muito mais do que uma experiência bem sucedida. Ainda não tinha tido oportunidade de conversar com Kabuto, e desconfiava agora que o resultado de sua missão não teve o impacto necessário ou talvez nem fosse mais necessária, como já ocorreu antes.

Lembrava-se de outras vezes em que tal coisa ocorreu, como aquela em que ele a mandou na aldeia da Nuvem para matar um shinbobi especifico. Tinha que parecer acidente, e ela precisava obter um pouco de seu sangue também. Ela fez tudo certo, e não houve suspeita da parte deles. Retornou com um vidro de seu sangue e logicamente o mesmo agradeceu por isso. Mas foi só. Meses depois comentando sobre o assunto ele revelou que no fim o sangue não lhe foi tão útil quanto esperava, mas que ainda assim agradecia o que ela fez.

No entanto, mesmo agora estando no seu quarto relaxando enquanto Chizuka aprendia a jogar cartas com Etsu, ela sentia que Kabuto podia estar na verdade decepcionado com ela de alguma forma. Quando Etsu foi entrar no covil dele para lhe dar o recado que a cobra tanto queria que ela fizesse, pediu a esta para avisar que ela estava lá. Ela o fez, mas ele pediu para esta dizer apenas para aguardar um pouco mais.

Pegou outra shuriken e a arremessou na parede com força, fazendo esta se cravar na rocha sólida e se juntando as outras ali que lentamente iam formando um desenho de um touro.

Quando foi fazer compras, ficou sabendo que alguns kages foram comparecer ao exame chuunin que ocorria na aldeia da Nuvem, o que a levou a pensar que o plano de Kabuto tinha fracassado. Ela ainda acreditava que ele queria que os kages ficassem ocupados em suas próprias aldeias. Mas não foi o que houve. Talvez por isso que ele não veio conversar com ela, mesmo já se passando alguns dias desde que chegara.

Segurou outra shuriken na mão e avaliou onde arremessar esta. Queria fazer o olho do touro agora. Pouco antes de lançar esta alguém bateu na porta e ela desistiu de lançar a lamina.

- Entre! – disse ela colocando a estrela de quatro pontas sobre a cama ao lado de sua coxa.

- Heromi-chan! Que prazer em revê-la.

- Kabuto-sama! – murmurou ela surpresa – eu... eu...

- Ainda fica intimidada em minha presença? – ele riu daquela forma suave dele – já disse que não precisa.

- Eu.. desculpe-me. Sabe o respeito que sinto por você.

- Sim, eu sei – ele se aproximou e se sentou na cama do lado dela – mas vamos deixar isso para outra ocasião. Diga-me, como Chizuka se portou?

- Se quer saber se ela fez o trabalho direito? Ela foi perfeita. Mas... o bijuu não está isolado dela.

Ele ficou em silencio por algum tempo observando a falsa janela da parede. Depois virou o rosto na sua direção e sorriu suavemente.

- Eu temia por isso. Vou examiná-la mais tarde, mas não creio que terei alguma surpresa. Ela pode usar o manto do bijuu, mas é só. Não poderá se transformar nele. Eu andei coletando alguns informes de meus espiões no pais da Água e no país da Terra... – ele a olhou e pareceu sorrir mais ainda – vocês duas andaram se divertindo muito, não é mesmo?

- Bom... – ela ficou um pouco encabulada – você disse para demonstrarmos uma grande crueldade e espalhar que um jinchuriiki estava agindo, matando sem piedade os nobres.

- Foi um excelente trabalho.

- Talvez não... – murmurou ela sentida – os kages foram para a aldeia da Nuvem ver o exame chuunin. Pelo menos alguns deles foram. Não ocorreu o que você queria...

- Quem disse que eu não queria isso? – ela abriu um pouco os olhos quando ele disse aquilo – na verdade eu queria uma reunião de emergência que tirasse os kages de suas aldeias, mas principalmente – ele a encarou com um sorriso ferino agora – eu queria a Sakura-chan longe de Konoha.

- Sakura?

- A hokage – disse ele voltando a olhar para a frente – finalmente ela saiu da aldeia, achava que nunca ia fazer ela sair de lá. Foi esse o recado que Etsu me passou alguns dias atrás. Foi tão inesperado que precisei de algum tempo para reavaliar meu planejamento.

Ficou um pouco pensativa. Não tinha lhe ocorrido isso antes, mas fazia sentido. Um jinchuuriki atacando iria mesmo atrair a atenção de todas as grandes nações, e talvez se reunissem para decidir o que fazer. Embora ela acreditasse mais que iriam tentar agir tão depressa que talvez tomassem as decisões apenas se utilizando de comunicação por aves mesmo.

- Infelizmente, ela saiu muito antes do que eu previa – ele continuava falando – de tal forma que não acredito que o aparecimento de uma jinchuuriki seja a única responsável por isso. Não estou totalmente pronto – voltou a olhar para ela amistosamente – ainda há coisas que preciso fazer com Etsu-chan, e preciso de algum material de pesquisa também.

- Sim – ela parecia sentida – sua nova favorita...

- Ciumes, Heromi-chan?

- Eu estou com ciúmes sim – ela pressionou os punhos e o encarou com uma certa irritação – pelo que eu seu você esta com ela há menos de um ano e já a ensinou um absurdo de coisas, até mesmo suas técnicas pessoais!  Porque nunca fez isso comigo?

- Creio que você sabe a resposta – disse ele levando a mão até o seu pescoço e suavemente tocando neste, avançando lentamente para a sua nuca e pressionando uma pequena cicatriz ali.

Heromi abriu a boca levemente com aquela ação. Não imaginava tal coisa. Nem mesmo tinha passado pela sua cabeça Etsu ser uma daquele grupo do qual ela própria fazia parte.

Ela é uma dos quarenta e sete?

- A quadragésima primeira para ser mais preciso – respondeu ele retirando a mão de sua nuca – e sobreviveu de forma excepcional as três intervenções.

- Agora eu entendo – murmurou ela sorrindo também – então ela é na verdade minha irmãzinha.

- É uma forma de ver as coisas, mas eu não quero que comente isto com ela. Pode influenciar na sua forma de agir, e eu a quero agindo da maneira mais natural possível para verificar se há algum efeito colateral.

Ficou um pouco envergonhada por ele ter dito aquilo. Mas foi sua culpa ter escondido o que estava havendo com ela. Tinha ficado tão grata a ele pelo que tinha lhe feito que não queria deixá-lo decepcionado. Mas no fim, ele percebeu e salvou a sua vida, mas isso também a deixou inútil como experimento para ele.

- E como ela tem se portado até agora?

- Maravilhosamente! Já pode dominar todos os jutsus elementares se quiser, sua reserva de chakra está decuplicada, sua auto disciplina a torna apta a aprender a combinação de elementos, coisa que já a flagrei testando. Falta apenas a quarta intervenção para ela ficar completa. Infelizmente para isso ainda não tenho o material em minhas mãos. E desperdicei uma ótima oportunidade que a própria Etsu-chan criou para isso. Acredito mesmo que ela teria sido capaz de raptar uma Hyuuga quando esteve em Konoha, mas só pedi para ela pegar sua ficha.

- Não é tão dificil assim, acho que deve ter algum gennin ou chuunin Hyuuga.

- Verdade – ele suspirou – mas já examinei os jovens. Há uma mudança que ocorre durante o amadurecimento. Preciso de um adulto para confirmar isso. De qualquer forma, vou enviar alguns de vocês em uma missão para Konoha, aproveitando que a hokage não está lá.

- Capturar um Hyuuga?

- Não – ele se levantou – a Hyuuga que eu quero não está lá. Isso foi outra coisa que Etsu me disse quando passou o recado de meu espião. Ela está na aldeia da Nuvem, obviamente assistindo ao exame. Claro que podia ser qualquer Hyuuga adulto, mas quero essa em especial porque vou aproveitar e descobrir algo que me incomoda desde a ultima vez que a vi, quatorze anos atrás.

- E o que seria?

- Isso é pessoal, Heromi-chan – ele riu levemente – nem tudo o que eu faço é apenas para atingir meus objetivos – ele olhou para a figura na parede sendo desenhada com shurikens e depois olhou para ela novamente – Hachibi?

- Sim – disse ela abaixando a cabeça – fiquei com um pouco de inveja da Chizuka também. Mas não sei se seria sábio agora. Chizuka mudou um pouco depois que você selou o bijuu nela.

Não é do meu interesse fazer uma fabrica de jinchuurikis – comentou ele enquanto se movia em direção a porta – mas você ainda é o meu primeiro experimento que sobreviveu, portanto, eu a considero minha primogênita. Se é o que quer, posso fazer isso para você.

- Vou pensar a respeito, Kabuto-sama.


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