Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 47
Capítulo 47




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Não estava acreditando muito naquilo. Elas ainda estavam discutindo sobre o pequeno incidente ocorrido quando Ayame abriu a porta do banheiro sem nem ao menos estar com uma toalha ao redor do corpo. E ele ali quase em pânico de tentar dizer qualquer coisa para encerrar aquele assunto. Tinha certeza que não importava o que fosse dizer, se fosse concordar com Ayame, Haruka lhe daria um belo tapa, e se concordasse com esta, seria Ayame quem talvez ameaçasse nunca namorar com ele.

Bom... considerando as opções...

- Já chega Haruka! – disse ele a olhando e cortando a discussão delas – o corpo.. alias, o belo corpo é de Ayame-chan e é ela quem decide se devia ter ficado envergonhada ou não.

Ela o olhou com os olhos extremamente arregalados, mais arregalados do que jamais tinha visto antes. Ayame por sua vez estava com a boca semi aberta, e com um sorriso de safadeza daqueles...

- Eu tenho que ser a dama de honra! – disse batendo o pé – e ai de vocês se não casarem depois disso!

Talvez fosse melhor ter ficado quieto aturando aquela fofoca delas...

- Só por me ver ao natural? – disse Ayame debochando – não é o bastante para forçar um casamento. E ainda é muito cedo... vai saber o que vamos estar fazendo em alguns anos...

- Estou mais preocupada com o que vocês vão acabar fazendo logo, logo... – ela deu uma risada.

- Já chega meninas – ele estava quase chorando de agonia com aquilo – estão há meia hora falando disto. Estou quase achando que está com ciúmes, Haru-chan.

- Do que? De você ter visto o corpo inteiro dela e apenas os meus seios daquela vez? – ela sorriu – ta bom... parei. – disse após perceber que Ayame estava mesmo começando a ficar irritada de verdade.

- Bem, meu fofinho – disse Ayame se engraçando um pouco – aqui estamos nós no salão de troféus... que por sinal nem sabia que existia... – ela abriu bem os olhos e olhou ao redor – o que achou de interessante aqui?

Ele ficou um pouco reticente porque viu em um dos cantos da sala uma gennin da aldeia da Areia olhando os objetos. Pelo jeito não ia demorar muito para alguém perceber o que seu clone tinha percebido. Alias, não duvidava que essa gennin não tivesse seguido o seu clone antes.

Bom, os outros iam descobrir mais cedo ou mais tarde, mas ele não queria facilitar para a concorrência. Assim começou a andar devagar observando os chamados troféus. Suas colegas o imitaram, e Shiromaru começou a se interessar por aquela gennin que estava ali. Observava ela a distancia e apurava o seu faro. Esta pareceu perceber e se afastou mais.

- Conta logo, Minato-kun – disse Haruka em voz baixa para ele – o que você achou aqui?

- Acho que já sei – disse Ayame sorrindo -  os tesouros seriam troféus?

Ele não respondeu de imediato, mas sorriu e as levou para o centro da sala, onde havia um pedestal com um mostruário sobre este, e neste mostruário havia um livro aberto. Elas se aproximaram do livro e viram que em suas paginas haviam vários nomes chamativos. “Espada da Decapitação”, “Ofoer”, “Lagrima vermelha”, “Lembrança de Jo-A”. E do lado haviam nomes. Eram nomes que já percebiam que seriam comuns na aldeia da Nuvem. Talvez fossem os nomes de quem tinha obtido o troféu ou doado este. Mas o nome dos tesouros que procuravam não estavam ali. Será que estavam em outra pagina?

- Não está escrito o que estamos procurando – disse Ayame ficando decepcionada.

- Eu sei – disse Minato – mas olhe lá – ele apontou para um mostrador na parede da direita deles. Apenas duas das quatro prateleiras possuíam algum objeto, uma kunai prateada e um chicote – aquela prateleira está bem vazia, e as duas do lado estão preenchidas. E se considerarmos que cada uma possui dez objetos, então estão faltando oito ali.

O grupo se aproximou e quase que colocaram as mãos no vidro que protegia os objetos do interior. Por mais que se esforçassem, não identificavam nenhuma marca que podia ter sido deixada por algum objeto removido, mas era realmente muito curioso que uma prateleira que devia possuir dez objetos como as outras estava com apenas dois.  Teria sido mais fácil retirar um objeto de cada uma das outras prateleiras e os colocar ali, para manter o equilíbrio como ocorria nas outras paredes.

- Tem razão, Minato-kun. Mas não acho que ajude muito... – Haruka não escondia seu desânimo – apenas sabemos que os tesouros que procuramos podem ter vindo daqui, mas não sabemos o que são ainda, quanto mais onde procurar por eles...

- Mas alguém daqui deve saber – Ayame olhou ao redor procurando por alguma coisa – deve ter algum tipo de curador ou responsável por este lugar, alguém que possa nos dizer algo.

- E como planeja convencê-lo a nos contar o que queremos? – Minato a olhava com os olhos arqueados, um pouco envergonhado por não ter pensado naquilo.

- Deixa isso comigo – Haruka sorriu – basta usar minha velha lábia...

- Convencida...

Haruka mostrou a língua para a amiga e por mero habito acariciou a cabeça de sua parceira, que ainda mantinha sua atenção na gennin da Areia. Olharam ao redor procurando por qualquer um que pudesse ser alguma fonte de informações e viram um guarda logo na entrada. Se alguém podia saber de algo seria ele, já se ele diria alguma coisa era outra história.

- Com licença? – disse Ayame parando diante dele – mas... hã... não tem um curador aqui não?

- Curador? – ele o olhou erguendo os olhos, talvez não acreditando.

- Bom, na verdade, quem toma conta deste salão?

Ele olhou para Minato e estreitou os olhos. Pelo jeito não estava acreditando na duvida dele. Até que demonstrando um reconhecimento súbito, ele sorriu.

- Entendo, vocês não são daqui, são de Konoha, por isso não sabem de nada. Não, não há um “curador” porque isso não é um museu, é uma sala onde nossos troféus são exibidos. Lembranças na verdade, coisas que nossos shinobis foram acumulando ao longo de suas vidas, como vocês devem fazer também, como fotos de recordação. Começou há uns quarenta anos atrás quando um jovem ninja decidiu se livrar das coisas que o falecido avô tinha guardado durante sua vida. Alguns ficaram irritados com sua decisão, pois era uma forma de desrespeito a este. Ele chegou mesmo em pensar em enterrar aqueles objetos no tumulo do avô, mas alguém acabou lhe dando a idéia de exibir aquilo para os visitantes em sua sala de estar. Assim o salão de troféus começou ali.

Os três acharam bem interessante a história, mas ainda estava, longe de direcionarem aquela conversa para onde queriam. Ayame começou a dizer algo mas Haruka a cortou quase que imediatamente.

- Deixa eu adivinhar... as pessoas gostaram de visitar a casa dele para ver os objetos.

- Não foi assim tão rápido. Primeiro seus amigos ficaram impressionados com as coisas que o avô dele tinha guardado, e cada uma delas tinha uma história. Aquela kunai prateada ali – ele apontou em direção a prateleira onde eles a tinham visto – pertenceu a um terrível líder de contrabandistas. Foi originalmente de um jounin da aldeia da Grama. Este jounnin quase matou este contrabandista com aquela kunai e este como souvenir, pegou a kunai que quase o matou e a cobriu com essa película de prata, sendo que sempre andava com ela e a usava toda vez que fosse executar alguém. Anos depois ele foi morto pelo avô do rapaz e este pegou a kunai como recordação da dificuldade de cumprir a missão. Cada objeto aqui tem uma história por trás.

- E aquela taça ali? – Haruka apontou para uma grande taça para se beber vinho ou outra bebida fina que sem duvida devia ter pertencido a algum rico comerciando ou algum nobre.

- Não sei muito sobre ela, só que é um pouco mais antiga que todo o resto.

- Sei... – ela começou a esboçar um sorriso – E aquela espada ali? Aposto que deve ter uma bela história por trás.

- Muito provavelmente – ele estava ficando um pouco enfadado pelo seu tom de voz – mas também não sei nada sobre isso. Só sei mesmo sobre a kunai, o pingente verde ali – ele apontou com a mão para outra prateleira – e, se eu não misturar as histórias, sobre a coleira de cachorro e a fita do gato.

Haruka sorriu levemente e cruzou os braços.

- E você é o rapaz que começou a preservar estes objetos, não foi?

- Não – ele sorriu levemente – mas conheci ele quando acompanhava meu pai visitá-lo. Eu achava aquilo idiotice. Verdade que da maneira como ele arrumou a sala, aquelas coisas eram uma bonita decoração. Mas como descobriu que eu tinha alguma conexão com ele?

- Apenas adivinhei – ela riu baixinho – conhecia bastante sobre algumas coisas mas ficava até um pouco irritado quando eu perguntava de algo que não conhecia.

- Me pegou – ele sorriu de volta – eu até que gosto de ficar aqui as vezes, ver alguns destes objetos me lembra do jeito do meu pai e do amigo dele – ele suspirou – ele morreram na quarta guerra.

- Nossos pais também – disse Haruka solidária – somos todos órfãos.

Ele olhou os três e apenas maneou a cabeça. Decerto se solidarizando com eles.

- Mas me diga... – continuou Haruka - como foi que de algumas lembranças em uma sala acabaram criando todo este salão?

- Bom, depois da guerra, houve mais lembranças que ficaram sem donos... – ele olhava para a frente agora, demonstrando um fraco sorriso ocultando sua tristeza – não sei bem quem começou com isso, mas a idéia acabou pegando e alguns foram até o raikage pedir a opinião dele. Para a surpresa de todos, ele gostou da idéia e até doou algumas de suas lembranças.

- Mesmo? – Haruka estava bem impressionada agora, mas Minato acreditava que devia ter passado pela mente dela o mesmo que na sua – e quais são eles? – ela olhou para o centro do salão em direção a uma armadura de samurai que ficava ali – aposto que aquela armadura é um deles.

- Não – ele maneou a cabeça – aquela armadura pertenceu a um soldado que defendia nosso senhor feudal durante a guerra. É um dos poucos objetos que aqui estão apenas para homenagear postumamente alguém. Quanto aos objetos que ele doou, lamento, mas não estão mais aqui. Quase três anos atrás ele os recolheu.

- Por que? – disparou Ayame desta vez se antecipando a pergunta de Haruka, que ficou um pouco irritada por isso.

- Isso também gerou duvidas em muita gente. Na verdade foram surgindo tantos boatos sobre isso que ele acabou publicando uma nota oficial sobre o assunto, dizendo que tinha resolvido devolver aos seus locais de origem. Os que foram presentes foram devolvidos aos donos ou aos parentes mais próximos, e os espólios foram entregues ou aos parentes ou colocados no mesmo lugar que o dono original.

Os três olharam entre si tentando entender o que ele tinha dito.

- Foram enterrados com os corpos – completou ele cruzando os braços – espólios vinham dos mortos.

- E como ele soube onde levá-los?

- Não faço idéia – respondeu se espreguiçando um pouco e abando a mão para manter uma pequena nuvem de poeira afastada que tinha chegado ali com a brisa – mas como eram lembranças dele, é natural que consiga se lembrar de onde cada uma tinha vindo. Bom crianças, se me dão licença, devo voltar aos meus afazeres.

Shiromaru levantou as orelhas e fixou seu olhar naquela nuvem de poeira que tinha incomodado o shinobi da Nuvem. Começou a rosnar levemente, atraindo a atenção de sua parceira que se ajoelhou e segurou em seu pescoço.

- O que há com ela, Haruka-chan?

- Está sentindo a mesma coisa que chamou sua atenção no nosso quarto – respondeu ela para Minato – mas ela não sabe o que é. Apenas sente um chakra próximo, mas seus outros sentidos não conseguem captar ninguém.

Assim que disse isso, a ninken ganiu chorona e começou a farejar o chão, procurando por algo.

- E agora, o que foi? – quis saber Ayame.

- Sumiu – respondeu ela olhando ao redor – mas agora acho que pode ter alguém nos espionando. Só não imagino como!

- Nâo importa o como, importa o quanto soube. – Minato olhou para trás procurando aquela gennin de antes e não a viu. Se culpou intimamente por não ter imaginado que ela podia estar ali justamente para espioná-los.

- Bom... sabemos agora que os tesouros devem ser estes que o raiakge devolveu, afinal ele disse que teríamos que procurá-los pelo país. Mas ainda não sabemos o que são e onde procurar.

- Bom, se eram do raikage, ele com certeza sabe – Haruka sorriu para Ayame.

- E o que vai fazer? Perguntar para ele?

- Até que podemos fazer isso... – respondeu Minato, mas duvido que ele nos diga algo, se é que vai nos atender.

- Vamos tentar isso – disse Haruka mais animada agora – se não der certo, podemos tentar obter isso da ficha dele. Lá deve estar descrito as missões que fez e talvez alguma coisa que ganhou de brinde nelas.

Os dois olharam para ela e puseram as mãos na cintura, não acreditando.

- O que foi? Ele disse que podíamos fazer qualquer coisa para procurar, não foi?

- E acha que vai ser fácil invadir uma sala de registros? E ainda mais procurar pela ficha do kage? – Ayame estava incrédula – somos candidatos a chuunins, não a suicidas.

- A idéia dela é boa – disse Minato, fazendo Ayame abrir a boca de espanto – mas não o local que quer procurar. Se esta é uma sala de lembranças, em algum lugar deve estar descrito a que essas lembranças se referem. Duvido que seja tão protegido quanto as fichas.

- Talvez na biblioteca... – arriscou Haruka – será que tem alguma coisa sobre este lugar lá?

- Há alguns livros sobre a história da aldeia – respondeu Ayame – meu clone viu eles de manhã... – ela sorriu pensativa e logo fez um jutso, criando um clone, sendo que acabou revertendo o jutsu em seguida – pronto, agora ela sabe o que procurar. Enquanto isso... que tal tentarmos fazer uma visita ao raikage?

-x-

Não podia se esquecer daquele detalhe, de que por mais de cinco minutos tinha perdido ela de vista. Mesmo que tenha sido quando ela foi ao banheiro da estalagem.

Já a seguia fazia dias desde que tinha partido da aldeia de Ryushin, e como todos esperavam, a mulher não tinha feito um único movimento em falso. De fato, não estaria a seguindo com tamanha preocupação não fosse a ultima mensagem que tinha recebido dois dias antes...

A de que devia manter estreita vigilância mas não se arriscar em nenhum momento. Um time estava sendo enviado para capturar a mulher e até que este chegasse devia se manter oculto.

Não entendia isso, mas não era sua função entender, apenas obedecer. E se um time de captura estava vindo, a mulher talvez fosse muito mais perigosa do que tinha imaginado.

Apesar disso, apesar de estar agora agindo mais sutilmente do que nunca, não conseguia vê-la como alguém perigosa. Tinha até colhido algumas flores silvestres pelo caminho e feito um pequeno buquê que carregava junto com sua mochila de mão. Quando esta tinha ido dormir, examinou mais de uma vez seus pertences e nada de estranho foi encontrado. Talvez estivessem enganados – e não seria a primeira vez – mas era melhor ter de se preocupar com desculpas do que correr riscos.

Ela andava calmamente pela estrada, e aquele local em que se encontravam era mesmo ermo. Estavam há poucos quilômetros da fronteira do país da grama, sendo que era bem provável que invadissem aquele país para capturá-la caso o time que esperava não se apressasse.

Era até esperado que ela voltasse ali depois de ver os avós, exceto que ela não tinha feito isso. Simplesmente saiu de Ryushin e seguiu naquela direção, pegando carona duas vezes com caravanas de passagem e seguindo a pé quando nada aparecia.

Em seu íntimo, estava duvidando que ela estivesse indo para lá. Talvez tivesse um pequeno vilarejo como destino. Haviam vários na área da fronteira. Seja como for, sua missão prosseguia. Acompanhar e vigiar as ações da mulher.

Duas horas depois, ela parou de andar por alguns instantes e ficou olhando para frente na estrada. Ele chegou a pensar que talvez ela estivesse vendo alguém a sua frente, e se fosse isso, era provável ser algum bandido. Bom... se ela era perigosa, iria descobrir isso.

Súbito ela virou para a sua esquerda e andou descendo um forte declive, saindo totalmente de sua vista. Talvez tivesse visto mesmo alguém adiante e estava se escondendo. Ele pulou para a mesa direção que ela e subiu em um arvore baixa das imediações. Infelizmente aquela região não tinha muitas arvores depois que foram demasiadamente exploradas pela sua madeira, do contrario poderia pular entre elas e se aproximar mais rapidamente.

Percebendo que não conseguia ver a mulher, desceu da árvore e na direção que ela tinha seguido. Abaixou-se e rolou para ficar oculto na grama relativamente alta ali, mas não conseguia vê-la. Talvez ela também estivesse deitada na grama. Preocupado de que talvez ela o visse, decidiu retirar a mascara e a capa, ficando de pé em seguida e indo para a estrada. Se o visse agora pensaria que era outro andarilho.

Tinha feito isto para verificar se tinha mesmo alguém andando na estrada adiante, vindo naquela direção. Mas para sua surpresa, não viu nada. Olhou para baixo na direção em que a tinha visto seguir antes que desaparecesse e também não viu nada. Ficando mais desconfiado, ele voltou alguns passos até o exato local em que ela saiu da trilha, identificando facilmente a grama pisada por ela ali. Mais adiante havia outra marca onde ela tinha posto a outra perna.

Foi seguindo aquelas marcas com os olhos até que elas desapareciam depois de vinte metros. Andou lentamente até aquela direção, mantendo seus sentidos atentos a tudo. Quando ficou de pé no ultimo local em que ela havia pisado na grama olhou ao redor.

Não haviam árvores, arbustos, nem mesmo um riacho próximo onde ela pudesse estar escondida. A árvore mais próxima estava há cem metros de distancia. Mesmo para um ninja era uma distancia muito grande para ser percorrida com apenas um salto. Portanto, tinha que estar por ali em algum jutsu de ocultamento.

Sua pergunta era... porque teria feito isso agora? Estavam distando de qualquer lugar já faziam varias horas. Ela podia tranquilamente continuar andando que ele não ia fazer nada, apenas continuar vigiando-a.

Ele tinha ordens de não se arriscar, mas dada a situação que seu alvo tinha desaparecido, precisava fazer algo para localizá-la novamente. Assim fez um jutsu de bola de fogo e o soprou para a frente, depois fez um outro e o soprou do lado de onde o primeiro tinha ido antes. Se ela estava oculta por ali, teria que se mover ou ficaria bem ferida.

Quando foi fazer pela quarta vez, percebeu algo se mover com seus olhos. Cruzou os braços na altura do peito a tempo deles receberem um forte impacto feito com os joelhos. Até aquele instante, não tinha certeza de quem o atacava, mas quando seu oponente pousou de pé há alguns metros diante dele, confirmou sua suspeita.

Era ela!

E não estava mais com aquela roupa de antes, agora usava uma outra mais colada ao corpo, lhe garantindo facilidade de movimentos, bem como podia notar que haviam duas bolsas de couro presas ao cinto grosso que tinha na cintura, bem como umas aberturas onde shurikens estavam bem acondicionados. Na foi a toa que não localizou nada de estranho em seus pertences, ela devia ter mantido isso com ela o tempo todo. Mas como conseguiu isso? Ela não foi liberada do Konoha com aquele equipamento, e ele manteve vigilância o tempo todo.

Menos naqueles cinco minutos que ela usou o banheiro na ultima estalagem.

Só podia ter sido ali que ela pegou aquilo, e continuou andando calmamente apenas para ficar em algum local isolado, talvez um que ela conhecesse o terreno.

- Não estou disposta a enfrentar você e os seus amigos – disse ela sorrindo – uma pena... até que você é bonitão – ela sorriu de forma um pouco lasciva e pegou os shurikens de seu cinto arremessando todos para ele em seguida.

Ele se desviou deles e pegou algumas kunais de sua bolsa durante o salto, apenas para impressionado ver ela fazer um movimento como se fosse dar um soco no ar e cobras saíram de seus pulsos, atingindo o seu braço fazendo soltar a kunai e também seu ombro e pelo menos quebrando uma de suas costelas.

Logo em seguida, ainda antes dela pousar ela fez alguns jutsus e colocou as mãos na boca, soprando as chamas da fênix. Ela também dominava o katon?

Ele pulou para trás e logo percebeu o seu erro. Atrás dele o terreno era muito íngreme, de forma que ficou no ar muito tempo sem meios de se desviar. Não foi a toa que ela resolveu agir logo ali. Sentiu algo penetrar fortemente na sua barriga e ao olhar ali viu o cabo de uma kunai que ela deve ter arremessado contra ele.

Como ele foi idiota! Subestimou sua adversária, arriscou-se quando tinha recebido ordens de não fazer isso. E considerando o que ela tinha dito antes, talvez já soubesse que havia alguém vindo atrás dela.

Quando ele finalmente tocou os pés no solo novamente, ela tinha saltado em sua direção, e havia um chicote de suiton no seu braço direito que ela girava violentamente. Dobrou o corpo para escapar deste mas novamente foi pego de surpresa pelo seu outro braço e as cobras que saiam deste, sendo que desta vez as cobras agiram como lanças, não como porretes, atravessando sua perna esquerda e prendendo esta no chão. A dor quase o fez perder sua concentração.

Pegou duas tarjas explosivas de sua bolsa e colou uma na cobra cravada em sua perna e a outra manteve enrolada em sua mão. Vendo aquilo, a mulher recolheu aquilo e segurou por alguns instantes a tarja explosiva, sendo que com um sorriso ela se abaixou rapidamente poucos instantes antes da explosão.

O estrondo e o deslocamento de ar o fez perder os sentidos por alguns instantes, mas ao contrario do que temia, não foi atacado neste período. Com certeza ela deve ter saltado para longe instantes antes.

Olhou para trás e lá estava ela, com a mão no chão e sorrindo para ele. parecia que ia saltar em sua direção, e ele se moveu no sentido de poder interceptá-la se fosse essa sua intenção. No entanto, ela mandou um pequeno beijo com os lábios e desapareceu de sua frente. Simplesmente sumiu, sem usar nenhuma bomba de fumaça. Que tipo de jutso era aquele?

Virou-se rapidamente ao sentir algo nas costas mas não foi rápido o suficiente. Sentiu sua coluna estalar e perdeu a força das pernas, desabando ao chão e de uma forma estranha, sentiu que a kunai que ainda estava presa em seu abdômen foi empurrada mais ainda para o interior de seu corpo. Ele devia ter caído sobre ela.

Moveu sua mão para a sua bolsa tentando pegar algo útil ali – ainda não entendia como ela desapareceu de sua frente sem nenhum vestígio ou indicativo de para onde tinha ido – mas percebeu que ela não estava mais lá. Virou a cabeça para trás mais foi impedido por fortes dedos que travaram os músculos de seu pescoço.

- A kunai na sua barriga está envenenada – disse ela de forma calma e tranqüila, sem demonstrar nenhum sarcasmo – mas se quer saber qual foi o seu erro...

Ouviu um som como se algo roçasse em algum metal. Logo depois um pequeno vidro aberto caiu na sua frente. Parecia que algum resquício de vapor saía dele.

- Coloquei isso nas suas frutas ontem – disse ela bem perto de seu ouvido – nunca leve mantimentos consigo quando for vigiar alguém meu caro... sempre os pegue apenas na hora em que vai consumi-los. Seus amigos devem chegar aqui em alguns minutos. Talvez ainda o encontrem vivo – ele sentiu algo ser cravado em suas costas, atingindo o seu coração e ficando fixo lá. Cada vez que seu coração pulsava, sentia uma dor terrível no peito.

- Acredite... sei muito bem o que esta sentindo. Se ainda estiver vivo quando eles chegarem... diga que Etsu ainda está viva e com boa saúde. Quanto a mim... – agora ela soltou uma pequena risada zombeteira – já fiz o que tinha de fazer. De qualquer forma, você já está morto.

Ela o soltou e apesar de tentar se concentrar, não conseguia usar nenhuma técnica para paralisar seu coração temporariamente. Ela sabia bem onde atingir. Alem disso ainda havia o veneno na kunai em sua barriga.

Ouviu um som de uma explosão abafada atrás de si e virou dolorosamente a cabeça a tempo de ver as roupas e o cinto dela caírem ao chão. Mesmo em sua condição ele abriu a boca ao perceber que na verdade ele tinha enfrentado apenas um clone. Um clone que pegou kunais e equipamento de verdade apenas para atacá-lo quando podia simplesmente ter desaparecido desde o começo.

Ela tinha planejado aquilo! Devia ter feito o clone naquela estalagem horas atrás e dado para este aquele equipamento. Um clone que durava horas e que parecia ser bem resistente.

Apesar da dor que sentia no coração, moveu a cabeça para observar o pequeno vidro que ela tinha jogado na sua frente. Ela sabia o tempo todo que estava sendo vigiada e usou isso a seu favor, o drogando para minar suas capacidades. Não foi a toa que tinha perdido tão facilmente, embora acreditasse que se a enfrentasse com todas suas capacidades, ainda assim ela o derrotaria.

Tentou se mover, mas ao sentir um grande fluxo de sangue saindo de sua barriga e uma tontura acompanhando isso, abaixou-se novamente deixando a kunai ir mais fundo dentro de si. Ela tinha razão... ele já estava morto. A menos que algum ninja médico muito competente viesse com o time...

Mas...

Porque ela tinha dito que eles chegariam em minutos? Como podia saber disto se ele mesmo não sabia?

Já estava sentindo que seu coração não doía tanto quando sues ouvidos pés farfalhando na grama alta. Podia ouvir vozes distantes, mas naquele instante estava sentindo muito sono. Sentiu seu corpo ser movido muito suavemente e alguém parecia murmurar – embora o tom fosse de gritos – alguma coisa sobre trazer uma mochila ali. Também ouviu algo sobre alguém precisar ir adiante para localizar alguma coisa... ou alguém.

Logo depois disto, ele fechou os olhos e tirou um delicioso cochilo, como há muito não o fazia. Mas acordar daquele descanso foi muito doloroso.

Quando abriu os olhos viu apenas manchas diante de si. Manchas tremulando e uma total escuridão atrás destas manchas. Ouvia alguns sons também, mas não entendia o que eram. Acabou fechando os olhos novamente por mais alguns segundos – pelo menos ele acreditava que eram segundos – e quando os abriu, viu apenas um azul difuso, e novamente algumas manchas rosadas. Também ouviu sons, embora agora se parecessem mais com palavras abafadas. Mas sentia-se muito cansado e desejoso de continuar dormindo, de forma que novamente fechou os olhos.

Quando novamente os abriu, pode ver um céu escuro com estrelas um pouco borradas. Alguns momentos depois viu um borrão maior, mas desta vez reconhecia que era um rosto. Era como se ele estivesse usando óculos muito mal projetados para sua córnea – alias, ele nem usava óculos – mas apesar disto, estava reconhecendo as coisas. E os sons também. Ouvia vozes distantes.

- Shizune-san – disse uma voz forte de homem cujo som lhe fez sentir dores de cabeça – ele acordou novamente, e parece mais vivo agora.

Mais vivo? Ficou bem confuso com isso. Logo após isso, viu outro borrão rosado a sua direita que também sabia ser um rosto. Podia identificar a linha dos olhos, do nariz e da boca, mas sem muitos detalhes.

- Não tente se mover – disse uma voz vindo daquele rosto – vamos chegar a uma aldeia em breve onde poderemos cuidar melhor de você. Apenas continue sendo forte como um touro e não ouse morrer!

Forte como um touro... realmente ele tinha uma grande resistência, coisa adquirida de sua mania de lutar sempre com taijutsu ocasionalmente usando katon. Na verdade aprendeu katon mais por imposição de seu sensei de sua época de gennin, décadas atrás. Desde criança tinha sido um lutador, mas permitia seu corpo se recuperar bem antes de forçá-lo. Isso acabou permitindo que resistisse o suficiente para Shizune – que fez questão de estar no time selecionado para capturar a mulher – pudesse salvar sua vida. Além disso, ela também estava bem acessorada por Satoki, que juntamente com o resto do time Moegi tinha sido selecionado para a missão. Isaki e Ikkou ficaram dias tentando localizar algum rastro da mulher, sem sucesso.

- Etsu – murmurou ele arregalando os olhos e se esforçando para se manter consciente.

- Fique calmo e relaxe – ordenou Shizune.

- Não... - ele ofegava, sentindo falta de ar – Etsu... a mulher... disse que...

- SATOKI! – gritou ela colocando as duas mãos no peito dele e se concentrando. Logo em seguida Satoki se juntou a ela colocando as mãos na testa dele e fazendo seu chakra fluir, tentando induzir-lhe ao sono enquanto Shizune mantinha seu coração estável. Ele ainda estava muito ferido e fraco para se esforçar daquela forma.

- ...saúde... viva... Etsu... – murmurava ele enquanto adormecia.

Shizune e Satoki mantiveram as mãos sobre ele por vários minutos, se assegurando de que ao menos por enquanto, ele ficaria estável. Depois disto Shizune se levantou e olhou para o céu, pensando no que tinha ouvido.

- Etsu é um nome de mulher? – Perguntou Satoki.  

- Sim – disse Shizune de forma fria – Isaki-chan, pegue um pergaminho com falcão. Preciso mandar uma mensagem urgente para Konoha.


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