Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 46
Capítulo 46




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A poeira movia-se sendo levada pelo vento forte das montanhas, invadindo algumas casas, irritando os olhos de algumas pessoas que instintivamente os cobriam, e perturbando os shinobis da Nuvem que pressentiam algo estranho naquilo. Quando um deles começou a investigar após ir em direção a área da aldeia onde os gennins participantes do exame estavam hospedados, a poeira parou de se espalhar, e este shinobi em questão apenas sorriu levemente após perceber isso.

- Eles perceberam – disse a jovem com os braços cruzados e com a cabeça encostada no vidro da janela – alguma outra idéia?

Era uma jovem bonita e com os cabeços azulados oriunda da aldeia da Areia. Era capaz de manipular a poeira da mesma forma que o kazekage podia controlar areia – na verdade, este tinha sido seu sensei naquela especialização – mas não carregava uma grande ânfora nas costas como reservatório. Preferia usar pequenas bolsas de pó no cinto. Mesmo porque não tinha habilidade para controlar tamanha quantidade daquele material como os verdadeiros especialistas.

- Eu não tenho nenhuma... você é a nossa especialista em espionagem – disse o rapaz sentado na cama com o papiro com a lista dos tesouros que seu time deveria obter no colo – espero que Toru tenha tido alguma sorte.

Ela se afastou da janela e sentou-se na cadeira de madeira defronte a mesa que servia como escrivaninha do quarto de seu time. Imaginava que todos os times gennins tinham acomodações similares. Três camas, uma poltrona, um banheiro e uma pequena escrivaninha para alguma anotação. Era basicamente um local para passar a noite enquanto hospedados na aldeia da Nuvem. Soube que mesmo os times daquela aldeia estavam em quartos similares, proibidos de irem para suas casas durante a duração do exame. Isso equilibrava as coisas, sem duvida, mas não os ajudava realmente, apenas evitava estarem em desvantagem.

Ainda assim, eles sem duvida alguma conheciam melhor o país deles. Seria mais fácil para eles identificarem qualquer local caso descobrissem alguma pista.

- Sinceramente, prefiro como as coisas foram no ano passado...

Ela bufou em resposta ao seu colega. Era o segundo exame do qual participavam e achavam que a experiência anterior lhes ajudaria. Mas não foi o caso.

- Não temos este luxo – disse ela cruzando os braços e olhando para a mesa vazia – se Toru não descobrir nada na biblioteca, não tenho idéia de onde procurar, exceto usar minha poeira para espionar os outros times.

- Por que não fez isso ainda?

- Porque é muito cedo, seu imbecil! – rosnou ela o encarando – ou acha que algum deles já tem a resposta? O que diabos você acha que “Kathar” significa? Ou “Tesouro de Safira”?

- Não precisa ficar tão irritada, Hameri – disse ele emburrado – também estou frustrado.

- Desculpe – disse ela respirando mais profundamente – detesto ficar parada apenas esperando. Talvez seja melhor ir atrás de Toru e ajudá-lo a pesquisar pela resposta nos livros.

Ela viu seu colega se levantar da cama colocando a lista de tesouros do bolso e olhar o movimento do lado de fora pela janela.

- O time de Konoha está saindo de novo – comentou ele.

- Já? Nossa... nem reparei quando voltaram.

Ela se levantou e ficou ao seu lado. Viu a garota Inuzuka com seu parceiro canino andando ao seu lado e um pouco atrás a outra garota indo em uma direção diferente. Desta vez o rapaz deve ter ficado dentro do quarto, guardando este para a possibilidade de algum time rival o invadir a procura de informações ou para observar se algum outro time agia como se tivesse encontrando algo. Isso foi algo que a maioria começou a fazer depois que o dia começou. Pelo jeito assim como eles, não pregaram o olho a noite inteira e foram procurar pistas pela aldeia sobre o que fazer ou o que deveriam procurar. Como era possível que algum deles tivesse achado algo que pudesse interessar a outro time, depois de descansarem um pouco começaram a deixar um deles de vigia para esta eventualidade, exatamente como eles faziam agora.

- Tive uma idéia agora – disse Toru sorrindo levemente.

- Qual?

- Bom... que tal localizarmos um time que não procure por nenhum tesouro igual aos nossos para unir forças?

Ela pensou um pouco a respeito. Era uma idéia válida, mas também implicava em usar recursos para auxiliar o outro time. Talvez fosse mais interessante fazer isso mais tarde.

- Ainda não... mas é algo para considerarmos.

Ela pegou um saco de poeira de seu cinto e o abriu, deixando esta se espalhar e a manipulando para sair por baixo da porta em direção ao quarto que o time de Konoha ocupava. Estava achando que por terem voltado e já saído novamente eles talvez tivessem encontrado algo. Alguns segundos depois da poeira chegar ao seu objetivo, ela arregalou os olhos e voltou a observar a janela atentamente. Não podia mais ver aquelas duas que viu saindo, mas tinha certeza de que não tinham voltado ainda.

- O que houve?

- Os três estão lá dentro ainda! Incluindo o cão.

- Eu não vi ninguém voltar...

- Quieto! – disse ela nervosa e sentando-se ali mesmo no chão na posição de lótus – preciso me concentrar para saber o que dizem.

Imaginou que elas enviaram clones elementares para despistar quem estivesse observando de fora e que deviam estar discutindo ou planejando algo mais importante lá dentro. Mas tinha que tomar cuidado porque tinha ouvido que os ninken podiam farejar chakra. Precisava deixar a poeira fluir naturalmente e apenas se concentrar em suas vibrações para ouvir o que falavam. Se tentasse movimentá-la lá dentro o ninken iria perceber alguma coisa. Talvez até já estivesse percebendo algo, mas duvidava que tivesse experiência com esse tipo de jutsu. Ao menos, era no que ela precisava apostar agora.

Demorou um pouco, mas logo captou de murmúrios desconexos no começo para frases inteiras, apesar de ainda ser difícil entender alguma coisa, exceto palavras que não se conectavam. Aguardou mais um minuto a poeira se aproximar mais – e isso ela rezava internamente para que pelo menos um deles estivesse se movendo ali dentro, para espalhar a poeira mais pelo cômodo – e poder entender melhor.

- ... jardins? – pelo timbre e freqüência era a voz de uma das moças terminando uma pergunta.

- Já mandei um clone para lá, Haru-chan – era um timbre mais forte e potente, portando do rapaz – logo vamos saber se tem algo interessante para procurar ali. Mas é mesmo bem curioso estar descrito que temos acesso total aos jardins diante do conselho e não mencionar nada que podemos ir a área comercial como fizemos de manhã e ninguém nos incomodou.

Até ele mandou um clone? Esses gennins estavam tão avançados assim em seus jutsus elementares que cada um deles já podia fazer um clone? Por um instante, ela temeu caso os enfrentasse na fase final.

- Aqui foi onde meu clone colidiu com aquele deve ser o responsável por nos vigiar – era outra voz feminina, da outra gennin, sem duvida. E adicionalmente ao som, ela captou o farfalhar de folhas. Talvez ela estivesse manuseando algum mapa – vou fazer mais dois para explorar melhor a biblioteca. Tenho certeza de que deve ter alguma pista lá. Todos os times tem pelo menos um integrante pegando todos os livros possíveis.

Mais dois clones? Como eles ainda não eram chuunins então?

- Não Ayame-chan. Melhor não indicarmos ainda que podemos fazer tudo isso de clone das sombras.

Mesmo com os olhos fechados, Hameri moveu suas pálpebras como se os estivesse piscando. Clone das Sombras. Então era isso! Não eram clones elementares de terra ou água como tinha imaginado, mas um jutsu genérico do qual tinha ouvido falar, uma evolução do clone normal. Não tinha conhecimentos de suas características, mas imaginou que se os estavam utilizando e obtendo informações assim, então talvez pudessem ver com os seus olhos, ou então estes podiam informar o usuário do jutsu sobre o que descobriam. Que vantagem aqueles três tinham! Podiam estar em dois lugares ao mesmo tempo e fazer uma busca por informações mais rápida que qualquer outro time. Era bom mesmo ela tentar descobrir quais tesouros eles estavam procurando, pois no momento era bom tê-los no mínimo como não concorrentes diretos.

Um som de ganido vibrou a poeira do local, fazendo-a suar frio imaginando que o ninken tinha percebido algo.

- O que foi, Shiromaru?

Que falta de sorte... o cão já devia estar percebendo que a poeira dali não era totalmente normal. Podia sentir que ele tinha latido mais algumas vezes, e considerando como a poeira se moveu agora, devia estar andando no meio desta.

- O que há com ela?

- Não sei Ayame-chan, mas ela está estranhando alguma coisa...

Bom, ao menos descobriu que era uma cadela, mas não ajudava muito. Se cortasse sua concentração agora não poderia usar a poeira que estava lá novamente, iria precisar usar um novo saco de seu cinto, e a cadela perceberia mais rapidamente.

Podia sentir como o rosnar dela vibrava a poeira, portanto ela devia estar bem próxima a esta.

- Será que tem alguém oculto por  aqui? – disse o rapaz. A vibração de sua voz estava mais distante. Ele devia ter se movido ao redor do cômodo para procurar por algum invasor.

Quase em desespero, pois não queria obter apenas essa quantidade ínfima de informações, ela decidiu reduzir a quantidade de poeira que estava monitorando, se concentrando nas partículas distantes de onde a cadela estava. Considerando como ela soltou um ganido de surpresa, talvez funcionasse.

Podia sentir através da poeira a cadela andando pelo local, e seu focinho farejando cuidadosamente. Conforme ela se aproximava, Hameri liberava mais e mais o controle sobre as partículas, até ficar com apenas uma pequena parte que pelo que podia sentir, estava presa em teias de aranha em um canto da sala. Era mais difícil “ouvir” o que diziam, mas a vibração das teias amplificava isso um pouco. Por fim, após dez minutos da ninken farejando tudo ao redor, houve um longo ganido, indicando que ela tinha ficado frustrada.

- Fosse o que fosse, ela não está percebendo mais. Mas estou preocupada agora.

- Sabíamos que iriam nos espionar – era a outra garota – só podemos torcer para que estejam procurando por objetivos diferentes dos nossos. Temos de ter cuidado.

Felizmente tinha dado certo seu ato de desespero, mas não duvidava que a cadela perceberia novamente seu chakra por lá, e não poderia manter isso por muito tempo, era difícil apenas conseguir focalizar em uma quantidade tão pequena de poeira.

Depois disto eles ficaram em silencio por ali, apenas a garota Inuzuka – tinha certeza de que devia pertencer a este clã, apesar de não ter as marcas no rosto, pois tinha uma parceira ninken – ocasionalmente conversava com a parceira, as vezes brincando com esta, outras vezes pedindo para ela pegar alguma coisa. Quase uma hora depois – suas costas já estavam doendo de tanto ficar naquela posição – ela percebeu que alguém tinha ido tomar banho, e pouco depois disto o rapaz começou a falar.

- Haru-chan, você e Shiromaru já tinham ido até o salão de troféus?

- Não... – a voz dela era de surpresa – tem alguma coisa lá?

Ele não respondeu, mas pelo vibrar da poeira, ele devia estar correndo pelo local, e logo em seguida percebeu que ele batia forte em alguma coisa, talvez uma porta.

- Ayame-chan, se apresse porque acho que sei onde começar a procurar.

Involuntariamente Hameri abriu os olhos, mas os fechou em seguida com medo de perder a concentração. Logo depois disto ouviu a outra dizer algo sobre “menina sem-vergonha”, embora não tenha entendido o motivo inicialmente. Apenas que o rapaz ficou um pouco mudo por mais que a outra – a que devia se chamar Ayame – insistisse em falar. Só quando aquela que devia se chamar Haruka disse que o Minato estava talvez sem jeito ou deslumbrado pelo fato dela estar toda molhada sem roupão que percebeu o que deve ter ocorrido. Ela ficou tão apressada para saber o que ele tinha a dizer que abriu a porta do banheiro sem nem se preocupar em vestir nada. Bom, talvez provavelmente ela fizesse o mesmo nesta situação.

Mas ela estranhou de verdade a tal Ayame não parecer nem um pouco envergonhada ou gritar de susto sobre isso. Nem mesmo reclamar do garoto não ter nem fechado os olhos. Devia ser mesmo uma sem vergonha...

Ficou difícil entender o que estavam dizendo agora, mas parecia que tinha começado uma pequena discussão entre as duas, e o garoto ficou um pouco de lado. Até a cadela ninken parecia estar participando da discussão. Por fim, após alguns minutos pareceu que tinham terminado e foi capaz de ouvir aquele que devia se chamar Minato dizer para ela terminar o seu banho que depois iriam para a salão de troféus.

Salão de troféus... o que ele tinha encontrado ali? Já tinha ido até lá e não viu nada de mais, só uma grande sala oval com vários objetos que eram considerados prêmios obtidos pelos ninjas da aldeia. De qualquer forma ele parecia bem animado com isso, portanto talvez fosse melhor ir até lá ver o que tinha lhe chamado a atenção.

Ela abriu os olhos e não viu o seu colega por ali. Também não achou isso estranho, pois depois de olhar o relógio confirmou que tinha ficado espionando eles por um bom tempo. Foi até sua mochila pegar algum equipamento e depois de se certificar de que o time de Konoha ainda não tinha partido, saiu do quarto e foi na direção em que esperava vê-los – ou aos seus clones. Ali pelo menos não faria diferença a ninken perceber algo diferente, pois sem duvida haveriam outros chakras para distraí-la.

-x-

Estava com o braço esticado se apoiando no batente da porta que dava acesso ao terraço de seu escritório enquanto observava abaixo, mais precisamente onde os gennins participantes do exame estavam. Podia ver as vezes um ou outro pontinho distante saindo das acomodações a eles reservadas e andando em direção as áreas que tinham acesso livre. Apenas uma vez viu um destes pontos pular e andar pela montanha.

Seus olhos estavam inexpressivos, seus lábios totalmente selados demonstrando como estava decepcionado. Essa era a palavra, decepcionado! Esperava mais daqueles gennins, principalmente dos da aldeia da Nuvem. Ainda era cedo, isso era verdade. Mas pelo menos um deles já devia ter percebido o obvio!

Afastou o braço um pouco e o socou no batente, fazendo um barulho surdo. Quando tinha dado esta tarefa para os chuunins da pequena aprendiz de lesma estes levaram apenas algumas horas para agirem como esperava. Será que estava esperando muito agora? Bom, era melhor ninguém sequer passar pelo exame do que promover inúteis.

Afastou-se do terraço e se sentou em sua escrivaninha. Mesmo durante aquele evento ele fazia questão de executar algumas de suas tarefas rotineiras como raikage. E com isso ao menos se distraia da surpresa que teve no dia anterior. Poucas horas antes do exame começar o fumakage e o otokage decidiram aparecer. A surpresa foi que esperava que apenas uma delegação de cada fosse aparecer. Chegou mesmo a  pensar que a mizukage também tinha enviado uma copia da carta para eles, mas durante a conversa na tribuna dos kages na véspera, percebeu que provavelmente não. Não duvidava que suas presenças se deviam a hokage ter vindo. Fazendo fronteira com o pais do Fogo era comum eles tentarem espionar o que ocorria em Konoha, e sem duvida estes perceberam a partida desta. Agora teria que suportá-los ali.

Ficou algum tempo rosnando e despachando sua papelada mais importante até que sua secretária entrou e avisou que o kazekage estava chegando à aldeia.

Ao menos não esperou muito, como tinha imaginado. A questão agora era... devia interar os outros kages menores sobre aquele assunto da jinchuuriki? Melhor ainda não fazer isso. Mas Gaara sem dúvida tinha vindo apenas para falar sobre isso.

Sem dizer nada ele se levantou e andou resignado rumo a entrada da aldeia. Pelo menos duvidava que algum outro kage estivesse ali e poderia ao menos conversar com ele um pouco a sós.

Alguns minutos depois ele via o kazekage o aguardando ali com os braços cruzados, frio e taciturno como sempre.  Cumprimentou-o e sem perder tempo seguiram para o seu escritório, onde sua escolta aguardou do lado de fora.

- Creio que foi informado da carta da mizukage – começou ele indo direto ao assunto.

- Sim – respondeu ele – é por isso que estou aqui. Na verdade eu recebi a carta dela e quando voltei para Suna recebi o aviso da hokage, de que ela estaria aqui. Achei que era mais importante definir o que fazer com relação a isso do que tentar desmantelar um grupo insurgente no meu país.

- Grupo insurgente? – o raikage estava genuinamente surpreso. Nenhuma informação vinda do país do Vento havia mencionado isto.

- É um assunto... particular. Esperamos resolver isso em breve. De qualquer forma, caso algum outro pais seja envolvido nisto será o país do Fogo, não o seu. É um assunto que pretendo aproveitar e conversar com a hokage quando for possível.

Pensou que provavelmente o tal grupo insurgente devia estar na fronteira próxima ao país do Fogo. Mas lhe incomodava que isso tinha relação com uma das coisas que não tinha dito a hokage referente ao que tinha descoberto sobre a atuação secreta de Hori-Shi.

- Como queira. Antes eu preciso avisar que temos mais dois kages aqui além da hokage, e creio que eles não foram informados sobre isso.

- Entendo – respondeu ele simplesmente.

- Pois bem... você já foi um jinchuuriki, e talvez uma das poucas pessoas que realmente sabem o que alguém assim pode fazer. O país da Água está praticamente refém desta situação agora. Shinobis que eu enviei para observar a situação lá constataram duas coisas: Muitos boatos estão se espalhando de forma a deixar mais e mais pessoas assustadas. E praticamente toda a aldeia da Névoa está envolvida em localizar a jinchuuriki, que por sinal aparentemente não fez mais nenhuma aparição.

Ele anuiu com a cabeça compreendendo o que ele dizia, e na verdade talvez até esperasse por tal coisa, uma vez que a mizukage que sempre fez questão de ir a todos os exames chuunin não estava ali daquela vez. Isto e o fato da hokage estar ali já tinha feito o fumekage fazer algumas perguntas no dia anterior. Felizmente ainda era possível dizer que não sabiam da causa. Quanto a hokage, a explicação do motivo dela estar lá foi muito simplória... simplesmente disse a eles que queria ver como aquele time iria se sair. Em sete anos sendo a hokage – pelo menos ia fazer sete em breve – porque só agora ela se interessou em prestigiar seus gennins? Mas era uma desculpa aceitável, apesar de duvidar que alguém acreditasse nela.

- Você e a hokage já decidiram por algum rumo de ação?

- Conversamos um pouco, mas não decidimos nada ainda. Uma sugestão seria enviarmos times de nossas aldeias para auxiliar a mizukage a deter essa jinchuuriki, e logicamente capturar a mulher que estava com ela. Mas eu sinto que talvez essa seja a primeira aparição dos jinchuurikis que podem ter sido criados com os bijuus que não capturamos depois da guerra. Afinal, passou-se tempo suficiente para que eles, caso tenham sido criados, estejam prontos para começar a atuar.

- Acha que a ação desta jinchuuriki é apenas um teste de campo?

- Eu não duvidaria disto. Já capturamos bijuus antes e podemos lidar com esta jinchuuriki, desde que saibamos onde ela está. Mas o fato é que isso prova que nossos temores eram verdadeiros. Pelo menos um dos bijuus desaparecidos foi usado para criar uma jinchuuriki. E se o mesmo ocorreu com os outros? Ou melhor... porque o mesmo não teria ocorrido com os outros?

- Acredito que você queria novamente sugerir usarmos os três bijuus que temos em nosso poder.

- Sem dúvida. Logicamente seria inútil fazer isso para enfrentar a situação atual, pois levaria tempo até eles estarem prontos. Mas teríamos que começar agora, e não com crianças. Acredito que seja melhor já fazermos isso com gennins. Gennins habilidosos. Talvez os três gennins que mais se destacarem nessa prova chuunin atual, apenas para sermos mais justos.

Gaara não disse nada a principio, ficou em silencio e imóvel como uma rocha, olhando para o vazio. O raikage por sua vez tentou evitar de bocejar. Sabia como o kazekage era. Naqueles anos depois da guerra acabou conhecendo os hábitos e manias de cada kage das cinco grandes nações, e até mesmo da lesma rosada, ao menos de quando ela aparecia na reunião de kages, que era o único evento no qual saia da aldeia.

- Imagino há quanto tempo andou pensando em sugerir o exame para selecionar os hospedeiros para os bijuus.

- Faz uns dois anos – comentou ele – qual a sua opinião a respeito?

- E se os gennins selecionados não pertencerem a nenhuma das cinco grandes nações, mas a uma das nações menores como o país da Grama?

Ele ficou em silencio por algum tempo. Tal coisa nunca tinha lhe ocorrido. Mas no ano anterior tinha sido um gennin do país do Arroz que tinha se destacado.

- Eles fazem parte da aliança, apesar de os deixarmos de fora da maioria das coisas que não os afetam. Eu teria de acatar com isso.

- Já disse isso para Sakura?

- É... eu disse sim... – ele deu um sorriso amarelo – ela não gostou nada, mas ao menos ficou pensativa sobre o assunto.

- Vou pensar a respeito – disse ele – mas não é algo que eu acredite que possamos definir agora, sem envolver todos os kages.

- Concordo. Mas também acredito que não é a melhor oportunidade para contar aos kages das outras nações sobre isso. Esse exame deve demorar talvez mais do que os outros. Podemos convocar uma reunião de kages mais abrangente e então tomar uma decisão.

- Nisso eu concordo. Mas aqui e agora sou contra criar mais jinchuurikis.

- Não estou surpreso – disse ele recostando-se na cadeira.

E ele não estava mesmo. Iria tentar de todos os meios possíveis para seguir avante com sua estratégia, mas não acreditava realmente que ela vingasse, ainda mais precisando envolver os kages das nações menores. Mas ele já tinha uma estratégia para isso, e na verdade estava apostando mais nesta. Mas ainda era cedo para pensar nisso.

- Bom, dos assuntos que lhe trouxeram aqui, creio que este é o principal. Minha secretária lhe enviará um resumo de tudo o que temos a respeito. Imagino que agora queira conversar com a hokage, usando a desculpa de visitá-la em seus aposentos.

- Sim, mas creio que é melhor não fazer isso agora, se queremos que os outros kages não fiquem incomodados. Falarei com ela em alguns dias. Agora se me der licença, quero conversar com o meu representante que deveria estar em meu lugar. Acredito que ele ainda nem saiba que eu estou aqui.

Observou ele sair da sala e ficou pensativo. Apertou os lábios e olhou para o teto, como se quisesse ver algo que não estava ali. Apesar do que os outros podiam pensar, ele foi o que mais odiou saber sobre o surgimento desta hospedeira de bijuu. Por algum tempo, ele realmente acreditou que os bijuus desaparecidos estavam apenas selados em algum lugar, talvez protegidos por algum grupo secreto que não queria que eles nunca mais fossem usados.

Mas agora era evidente que isso não era verdade. E o fato do nome Hiromi ter sido mencionado pelos asseclas utilizados por Hori-Shi apenas o preocupava mais. Se ela estava procurando por nomes de gennins que estavam na academia de konoha e também relacionado ao de uma jinchuuriki, só conseguia pensar em uma possibilidade:

Ela devia estar procurando por candidatos para receber bijuus, ou no mínimo para receber um bijuu. Talvez o bijuu desta mulher que tinha aparecido agora. Talvez fosse bom examinar todos os jovens gennins dados como desaparecidos ou declarados como nukenins nos últimos anos... apenas para confirmar que nenhum destes tinha uma descrição similar a desta mulher.

-x-

Dobrou com um pouco mais de força o arame e puxou a roupa para ter certeza de que estava bem presa. Satisfeita, sentou-se próxima ao fogo que depois de ter sido usado para cozinhar sua comida, agora servia para secar sua roupa lavada, sua e de Chizuka.

Estava nua da cintura para cima, mas a noite estava agradável e a fogueira aconchegante não lhe dava ensejo de se cobrir com os lençóis. Mais distante dela estava Chizune deitada com as mãos na nuca servindo de travesseiro observando o céu. Ela usava apenas um shorts curto e a parte de cima de um biquíni – como ela tinha dito, não gostava de seus seios balançando, por isso o tinha vestido – já que suas roupas também estavam secando. Deviam ter aproveitado e usado a lavanderia daquela mansão antes de destruí-la.

- Sabe... – começou ela com um sorriso – você me parece bem contente agora.

- Estou satisfeita – respondeu ela alegre – e Shichibi também está.

Franziu o cenho. Ela podia se comunicar com o seu bijuu? Aquilo não estava nos planos de Kabuto.

- Ele também está? Como sabe?

- Sinto ele satisfeito – disse ela calma – ou melhor... nós estamos satisfeitos.

- Pensei que ele iria estar furioso de estar preso em você.

- Apenas seu chakra está preso – disse ela quase sem dar importância – mas você sabe disto.

Novamente Hiromi pensou a respeito de como Chizuka estava agindo desde que a tinha reencontrado após a deixarem anos disfarçada na aldeia da Névoa. Agressiva, desejosa de uma luta, satisfeita quando obtinha isto e muito prazerosa quando seu oponente era difícil, dada a sua limitação apenas de usar o chakra de seu bijuu e um de seus ataques. Tinha achado que este estava um pouco entranhado nela, transferindo seus desejos para a mesma. Agora contudo estava considerando que na verdade, ela e o bijuu estavam unidos de uma maneira mais completa, quase como tivessem se fundido.

- A personalidade dele está unida a sua? – perguntou de forma devagar.

- Não... estamos totalmente isolados. Mas ele pode ver com meus olhos, e gostou do que andou vendo. Não converso com ele, mas posso sentir o que ele sente. E agora mesmo ele quer lhe dar uma lambida por ter nos dado essa missão de causar pânico. Não sabe como ele esta satisfeito de se vingar de humanos que sempre o usaram como um mero objeto.

- Me contento com um beijinho na bochecha – disse ela imaginando o bijuu agindo feito um cachorrinho – mas lamento dizer que depois de amanhã iremos partir novamente.

- E quem vamos matar desta vez?

- Amanhã? – olhou surpresa para ela – eu já te disse isso. O filho do senhor feudal.

- Não... depois dele.

- Ah... não. Depois voltaremos para a base de Kabuto e veremos o resultado disto, bem como vamos ver se ele tem alguma outra coisa para nós fazermos.

- A diversão dura pouco mesmo... – chorou ela fazendo uma careta – pelo menos lá é bem silencioso.

Ficou um pouco preocupada pela possibilidade das coisas não estarem saindo exatamente como Kabuto tinha previsto. Ele a tinha avisado desta possibilidade, da do bijuu poder assumir o controle. Estava preparada para isso e para fazer o que fosse preciso. Mas até aquele momento, acreditava que não seria necessário.

No entanto, se Chizuka estava sendo influenciada pelo bijuu, isso poderia ser um risco no futuro. Uma pena... gostava mesmo dela. Iria decidir o que fazer após o serviço de amanhã. Por enquanto, ela apenas estava interessada em digerir o delicioso jantar e antecipava sentir o frescor de sua roupa lavada contra sua pele. Um luxo raro depois de meses se mantendo afastada de toda e qualquer civilização.


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