Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 28
Capítulo 28




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A cuia com o metal liquido moveu-se formando uma meia lua nas mãos do hábil artesão, ficando acima dos diversos moldes da mesa que mais se parecia com uma grade de galeria de água. Com cuidado e sustentado pela experiência de anos, ele virou a cuia e o metal derramou-se no molde. Logo este estava cheio e ele se moveu para o seguinte, completando todos os doze que ali estavam. Apesar das faíscas decorrentes das pequenas explosões que ocorriam quando o liquido tocava em alguma umidade, isso não abalou em nada o artesão ou o observador. Após quase um minuto apenas observando, ele pegou a tampa de cada molde e as colocou com rapidez. Em seguida abaixou aquela mesa que suportava os moldes em uma grande tina retangular de água, causando uma grande ebulição desta bem como uma neblina que demorou um pouco para se dissipar.

Quase dez minutos depois, ele começava a usar uma talhadeira para abrir os moldes e revelar o que tinha moldado. As kunais a serem utilizadas pelos operadores shinobis da aldeia.

Ainda estavam inúteis para uso. Seria preciso afiá-las, remover as rebarbas e deixá-las balanceadas. Ele gostava de observar aquilo. Sempre que tinha disposição e tempo livre todos sabiam que podiam achá-lo ali, na forja do arsenal. Como as kunais que observava, ele acreditava que os shinobis precisavam terem o mesmo tratamento. Deviam remover as farpas das dúvidas, afiar as habilidades ninja e balancear o seu senso de dever. Coisa que considerava muito mal feita ultimamente. Mas ele não era o kage, portanto, não podia fazer muito a respeito.

Girou sobre os pés e se afastou dali com as mãos nas costas. Tinha visto duas guerras e ambas o moldaram cada qual a sua maneira. Não acreditava que deviam prosseguir nesta aliança. Acreditava sim em uma parceria ocasional, mas não em uma aliança. Ambos os lados tinham motivos de sobra para se acusarem mutuamente, e uma aliança apenas reforçava tais atritos. Preferia como antes da ultima guerra. Uma eventual aliança contra um inimigo em comum, mas fora isso, cada um devia prosseguir sozinho em garantir suas fronteiras e recursos.

Passou diante de uma vidraça do arsenal pouco antes de sair e observou seu rosto. A cicatriz do lado direito conseguida na primeira guerra quando ainda era uma criança só era visível devido a mudança de cor ocorrida pelos anos. Não fosse isso, teria um rosto limpo, apenas o olho branco indicava que era cego do lado direito. Mas claro que a alma não estava limpa. Viu companheiros morrerem, companheiros traídos e muitos desconhecidos de sua nação enviados a morte por razões sem sentido. Impressionante como kage após kage a forma de agir não mudava na essência, sempre era um confronto direto, justo entre forças.

Ele preferia ações cirúrgicas, como as que fazia no interesse da aldeia e de seu país. Algumas destas ações chegaram a deixar o raikage anterior e o atual indispostos com ele, talvez por isso nunca conseguiu atingir o posto de líder da segurança da aldeia, sendo responsável apenas pela perseguição de nukenins, cuidar da segurança interna e saber tudo o que ocorria por ali que poderia causar algum comprometimento da segurança, como a presença de um time de Konoha que havia chegado algumas horas atrás.

Desconhecia o motivo de sua presença ali, mas imaginou vagamente que talvez tivesse algo a ver com aquele exame chuunin do qual a aldeia iria provavelmente sediar no próximo ano. Considerava aquilo uma mera exibição tola. Antes chuunins eram reconhecidos pelas missões realizadas e habilidades já comprovadas, não era preciso fazer tais exibições, e mesmo agora muitos shinobis eram considerados chuunins sem participarem desta prova. Claro que eram mais velhos, e já tinham alguns anos de experiência. Era meramente uma avaliação de capacidade, ou melhor, acabou se tornando uma exibição das nações de seus shinobis. Estavam usando isso para mostrarem como tinham ninjas habilidosos.

Ele desprezava tal coisa. Se fosse mesmo para efetuar uma avaliação, não seria aberto ao publico, nem haveriam apostas sobre os vencedores. Seria algo interno, com avaliadores sérios e sem a parte final em que o combate de um para um por eliminatória não provava nada na sua opinião. Mas não podia fazer nada a respeito, e mesmo que pudesse, tinha o temor de que não deveria fazê-lo. Era um evento mais voltado para divertir as massas, e isso ele tinha de reconhecer, era muito importante.

Andou no terraço onde ficava o arsenal e observou a vista da aldeia. As nuvens estavam ralas naquela tarde, permitindo uma longa visão. Olhou para os terraços abaixo e viu dois shinobis de sua segurança a postos. Pelo menos nisso ainda tinha algum controle. Virou a direita e seguiu pelo terraço até a entrada escavada na montanha onde haviam escadas para o nível superior. Subiu dois níveis e por uma ponte de cordas foi para outro pico, este com terraços mais arborizados. As árvores não estavam ali por mero enfeite. Muitas possuíam propriedades medicinais, e outras também forneciam frutos. E algumas das águias que costumavam usar para enviar mensagens urgentes também tinham moradia nestas.

Entrou dentro da montanha onde aquele terraço estava e após subir mais dois níveis, chegou ao seu escritório. Ainda queria resolver alguns assuntos antes de encerrar o seu dia. Ficou um pouco surpreso ao entrar e ver vários shinobis ali dentro, revistando tudo e aparentemente confiscando vários documentos. Franziu o cenho e ficou preciosos segundos tentando imaginar o que estava acontecendo. Sentiu seu pulso direito ser pego e olhou para o lado, vendo a figura de um dos guardas pessoais do hokage ali.

- Hori Shii – disse ele – por ordem do raikage, está sendo detido para averiguações.

Detido? Tinha ouvido direito? Aquele egomaniaco o estava detendo?

- Qual acusação?

- Traição – disse ele – venha conosco, está sendo aguardado na sala de interrogatórios.

Sentiu o pulso esquerdo ser seguro também e viu a outra guarda pessoal do raikage. Será que finalmente o cabeça quente encontrou algo para usar contra ele? Achava um pouco improvável, mesmo porque nunca tinha feito nada real que fosse contra os interesses da aldeia ou do país. Deixou-se levar por eles sem esboçar reação. Vinte minutos após andar daquela forma por vários níveis da aldeia, ele adentrou a chamada sala de interrogatório, que era nada mais do que uma sala com apenas uma entrada que ficava do lado da sede da patrulha da aldeia. Como muitas outras, era circular. Não ficou intimidado de ver o raikage ali de braços cruzados, nem alguns shinobis da aldeia mais afastados, encostados em pontos eqüidistantes da parede circular. Mas ficou atônito de ver os quatro shinobis de konoha ali. Para isso ele não estava preparado.

- O que quer agora, raikage-sama? É mais uma tola informação que vai se provar infundada? E o que esses shinobis de Konoha fazem aqui?

O kage manteve o olhar sério para ele e não se alterou. Agora ficou mesmo preocupado. Ele estava se controlando? Já devia ter gritado uma meia dúzia de palavras e grunhido como um gorila agonizante por dez minutos.

- Estamos vasculhando todos os seus pertences e todos os locais que freqüenta – disse ele em tom grave, com a voz reverberando na sala – aconselho a confessar agora sua traição.

Aconselho? Ele disse mesmo aquela palavra? Aquele troglodita andou usando livros para alguma coisa a mais do que ver as figuras? Inacreditável. E que acusação de traição seria essa? Podia agir de forma pouco convencional as vezes, e até se opor as decisões dele, mas nunca, jamais traiu sua aldeia ou o seu país.

- Caso encontre algo contra mim – ele dizia entre os dentes – talvez até possa me acusar de algumas coisas, mas nunca de traição! Isso tem algo a ver com esses cães de Konoha? – olhou raivoso para os shinobis que permaneciam em silencio, mas observando-o mantendo a expressão fixa no rosto.

O kage deu alguns passos em sua direção, e sentiu seus pulsos serem mais firmemente seguros. Aquilo era ridículo. Achavam mesmo que ele poderia fazer algo contra o raikage além de alguns arranhões? Mas eram a guarda pessoal deste, e tinham que fazer aquele trabalho.

- Sei muito bem que você quebra as regras e a hierarquia para atingir seus objetivos – ele continuava naquele tom controlado, o deixando mais e mais intrigado – mas nunca imaginei que iria tão longe. Sabe muito bem que se envolver ou utilizar serviços de nukenins é crime! Ainda mais se for um nukenin procurado pela aldeia. 

Então era aquilo? Que idiota o raikage era. Não conseguia aceitar isso. mandava espiões para observar o que ocorria em outros paises mas não podia usar outras formas de espionagem? Ou só as que ele aprovava? Olhou novamente para os ninjas de Konoha ali e maneou a cabeça. A informação devia ter vindo deles, mas ainda não entendia o descobriram, muito menos que provas tinham.

Provas? Isso o lembrou de um detalhe.

- Tem alguma prova a respeito disto? – inquiriu ele com um quase sorriso.

- Quando localizarmos as águias que usa para se comunicar com ela, nós as teremos.

O gorila tinha um rudimento de cérebro afinal. Relaxou os músculos e começou a ficar conformado. E ainda chamou o nukenin de ela. Devia estar muito bem informado. Seria idiotice continuar negando.

- E daí? – ele estava mais sarcástico – apenas fiz o que você nunca foi inteligente ou ousado o bastante para fazer. Sim, é verdade – falou em voz mais alta – eu estava contratando os serviços de uma nukenin para isso, uma do país do Vento. A usava para localizar os nossos nukenins fugitivos – ora, ele abriu a boca de surpresa? Que satisfação inesperada – também usei para alguns serviços mais delicados. Alguns dos quais você teria de abaixar a cabeça e pedir permissão – ele foi muito jocoso nesta palavra – para as outras aldeias para fazer. Enquanto a mesma não aparecesse no nosso país, não vi nenhum motivo para me preocupar. Quebrei algumas regras sim, pode me condenar por isso. Mas não tem o direito de me acusar de traidor! – terminou o olhando com raiva.

- Serviços delicados? – perguntou a kunoichi de Konoha inesperadamente. Pela sua aparente idade, devia ser a líder daquele time.

- Sim – respondeu divertido – muitos foram feitos no país do Fogo. Vocês são muito lentos para reagirem a ameaças, e precisei garantir que continuassem estáveis, principalmente após a morte da hokage anterior. A contratei para causar algum pânico em outros nukenins de sua aldeia para que não tivessem idéias idiotas durante a transição que passaram até a escolha do sucessor da princesa das lesmas. E mais recentemente também a contratei para um serviço para cuidar de um de seus nobres tolos.

Ela deu um passo para a frente, mas rapidamente um dos shinobis que estavam na parede pulou na sua frente e ergueu a mão no sentido de fazê-la parar. Não entendeu o porque dela ficar tão irritada. Chegou até a fazer um favor para a aldeia dela.

- Tem consciência do que acaba de falar? – agora o raikage estava alterado, quase impressionado com o que disse.

- Como eu disse, posso até ter cometido crimes pela sua ótica estreita, mas não sou um traidor.

- Contratar uma assassina para matar um senhor feudal de um país aliado não é um ato de traição? – disse quase gritando a kunoichi de Konoha, e ele arregalou os olhos com a revelação.

- Nunca fiz isso – disse ele não acreditando – a contratei para vigiar uma delegação importante que ia se reunir em segredo com outra vinda do meu país. Foi tão secreta que sua aldeia não foi informada para enviar uma escolta.

- Ela diz a verdade – tornou o kage agora com um olhar assassino – sua nukenin contratada tentou matar o senhor feudal e fracassou. E mais tarde foi detida por um shinobi da aldeia de Folha. A mesma nukenin que estava condenada a morte por ter tentado fazer algo similar no nosso país! Achou mesmo que ela era de confiança ou que estava sob suas ordens? Ela faz o que lhe pagam para fazer. Podia ter evitado isso se a denunciasse, mas não... tinha que agir como o grande protetor de seus próprios interesses. Se ela tivesse conseguido seu intento, agora estaríamos a beira de uma guerra.

Ficou estático. Mantinha os dentes pressionados, mas não estava fazendo uma expressão de raiva, mas sim de apatia. Pensando desta forma, a maneira como as coisas ocorreram... os ninjas de Konoha tinham chegado até ele como contato da nukenin, e também tinham os meios de conseguir uma prova – sem dúvida iriam encontrar os papiros com as águias seladas na armação de sua cama – mas a única que podia deixar essa pista seria a própria nukenin... ele sempre tinha sido muito cuidadoso para não deixar seu nome ou rastro até ele em nenhuma comunicação que tinha feito com ela. Se ela tivesse tido sucesso, a investigação que fizeram teria ocorrido da mesma forma que ocorreu com o seu fracasso.

Ele foi usado! Usado para ameaçar uma guerra entre os paises, ou pelo menos para deteriorar as relações grandemente. Ergueu os olhos o olhou para o raikage. Este estava quieto agora, apenas o observando. Mas ele usava os serviços dela fazia anos... teria alguém planejado isso com tanta antecedência?

- Fui usado... – murmurou ele lentamente – sensação estranha...

Claro que era estranha. Ele usava as pessoas. as enganava para agirem como ele queria.

- O que quer dizer com usado? – o raikage parecia a ponto de agarrá-lo pelo pescoço e usar sua cabeça para bater em alguma coisa.

- Pense um pouco, seu gorila – outra linda satisfação que teve ao ver a expressão de surpresa dele, até que esses momentos finais de sua vida estavam sendo muito prazerosos – não é impressionante que Konoha tenha chegado até a mim como contato após ela ter tentado matar o senhor feudal? Se ela tivesse tido sucesso, não acho que me acusar de traição seria sua primeira decisão. Faz muitos anos que a contrato para serviços diversos. Seis anos e meio para ser exato. E só agora chegam até mim? Alias... – olhou para a kunoichi que também estava pensativa – como conseguiram o meu nome?

- Na aldeia da Areia, onde ela foi gennin antes de abandoná-los.

- Não acha notável isso? – ele sorria – ela os abandonou e provavelmente nunca mais retornou, e ainda assim havia uma pista ali com o meu nome? Como isso aconteceu?

- Vocês têm algo a dizer sobre isso? – perguntou o raikage para ela.

- Você realmente apenas procurou o nome dele no pergaminho e não leu mais nada?! – ela pos as mãos na cintura e o encarou com desdém. Ele por sua vez gargalhou com gosto. Sem dúvida, ele provavelmente seria executado, mas só para ver aquele gorila musculoso pagar por deixar seus músculos falarem mais alto que o cérebro valia toda a sua vida – minha mestra deixou claro no seu texto que achava muito estranho conseguirem esta informação com seus antigos colegas que supostamente nunca mais a viram. Ela tinha suspeitas que podiam ser pistas falsas ou deliberadamente plantadas.

O raikage socou o chão com raiva fazendo um buraco neste, descarregando sua raiva.

- Nega ainda que fez um ato de traição? – vociferou ele se erguendo de forma ameaçadora.

- Não nego que acabei tomando parte involuntariamente disto – pensou um pouco e sorriu – na verdade, eu não me precavi o bastante. Mas você também queria fazer um ato de traição, não foi? – sorriu para ele de forma feroz – não para sua aldeia ou seu país, mas para aqueles que você chama de aliados. Na verdade, foi mais um ato de desconfiança. Bem, eu fiz isso para você...

- Silencio! - Disse ele fazendo um sinal para aqueles que o mantinham cativo. Imediatamente ele sentiu uma forte mão em sua nuca o forçando a se curvar até quase tocar a testa no chão.

- Do que ele esta falando? – era a voz da kunoichi.

- Nada que tenha a ver com vocês – respondeu o raikage – já temos as provas necessárias. Como eu disse antes, um membro de seu time irá ficar aqui e acompanhar o interrogatório, os outros...

- Eu fiz mais uma coisa que não foi com o uso da nukenin! – disse ele se esforçando para se mover. Levou um soco violento no rim que o deixou mudo por alguns instantes.

- Que coisa? – era novamente a voz da kunoichi.

- Não importa – disse o raikage – vamos saber durante o interrogatório.

Ele tentou continuar falando, mas foi agredido novamente. Em breve iriam dopá-lo e extrair as informações de sua mente, mas com certeza iriam pular aquele detalhe tão delicado. Se esforçou para se erguer, mas apenas conseguiu mais dores nos rins, quase o deixando sem meios de respirar. No fim, acabou desfalecendo por alguns minutos. Quando tinha recuperado a consciência, sentiu que estava sendo imobilizado para a tentativa de extrair informações de sua mente.

Não poderia dizer o que queria agora, que ele tinha planejado descobrir de vez se o antigo portador da kyuubi estava mesmo morto, e mesmo que estivesse, queria ter acesso ao seu corpo para alguns exames rápidos. Caso algum dos que iam tentar invadir sua mente se deparasse com isso, iria sem dúvida ficar em silencio a respeito, não permitindo que aqueles shinobis de Konoha soubessem. Assim, resignado, ficou tentando imaginar quem teria arquitetado o plano no qual ele tinha sido um mero peão e do qual nem por um instante suspeitou. A pergunta era obvia; A quem interessaria uma guerra ou no máximo uma grande desconfiança entre o país do Fogo e o país do Trovão? Curiosamente, os nomes que vieram a sua mente acabou sendo os próprios governantes destes países. Mas não fazia sentido. Talvez uma das outras nações ninja, uma que talvez possuísse alguns dos bijuus desaparecidos. Mas realmente não conseguiu pensar em ninguém que poderia lucrar com isso.

Cinco minutos depois ele estava inconsciente, só iria despertar em uma cela após vários dias.

 

-x-

 

Cerca de duas horas depois de ter sido liberado, um pombo chegava a aldeia da folha indo diretamente para o escritório da hokage. Não havia ninguém ali para recebê-la, exceto um ANBU que removeu a mensagem de sua perna e viu a quem se endereçava. O primeiro nome era da hokage. Sabendo que ela ainda devia estar desperta em sua casa, foi até lá entregar a mensagem, e enquanto esta a lia, seus punhos se flexionavam demonstrando o quanto ficou incomodada com aquilo. Ela mandou o ANBU cuidar para ninguém do clã Hyuuga saber daquilo. Mas ela sabia que era uma tentativa fútil.

Longe dali, Kiba e seus alunos continuavam acompanhando as carroças noite adentro, tentando ganhar o máximo de terreno possível. Quando estava muito tarde fizeram um acampamento e Ringo ficou como vigia no primeiro turno. Kiba queria que ele mantivesse os nukenins distantes o máximo de tempo possível, e sendo um Hyuuga, eles não teriam escolha senão ficarem afastados, a não ser que decidissem por um ataque que não seria propriamente de surpresa.

Quando Ringo foi dormir, Kiba e Akamaru fizeram a vigília, ficando cada um em pontos eqüidistantes do acampamento, sendo que ocasionalmente Kiba se embrenhava na direção oposta a do vento para se certificar de que não estavam tentando se aproximar deles. Mas naquela noite nada aconteceu, chegando a dar esperanças a ele de que eles iam desistir.

Mas isso não iria ocorrer assim. Há uma distancia longa demais para serem detectados pelo byakugan do garoto, os dois observavam a fogueira a distancia. Tiveram a sorte de estarem em uma posição alta o suficiente para conseguirem visualizar isso. Estavam no alto de um dos montes que se espalhavam naquela região, e pelos quais a estrada serpenteava. Já tinham decidido não fazer nada a noite, pois estariam em grande desvantagem frente a alguém que podia usar byakugan e outro que podia farejá-los. Assim, enquanto Kiba se preocupava em ser vigilante, eles passaram a noite dormindo tranqüilamente.

- Acorda logo – disse chutando suas costas com um pouco de força – acho que eles já estão partindo.

Seu colega grunhiu alguma coisa e abriu os olhos, o olhando irritado. Não gostava de ser acordado daquele jeito.

Permaneceu observando a distancia, tentando identificar algo. Apenas conseguia visualizar pequenos pontos pretos se movendo. Deviam ser as carroças carregadas com minério de ferro.

- Alguma idéia para se aproximar deles? – perguntou o que foi chutado enquanto se erguia.

- Nenhuma – respondeu – só se você fizer clones de terra para distraí-los. Mas o Hyuuga vai saber que são clones.

- Então é melhor desistirmos, Tomo.

Ele estava pensando naquilo, mas eram apenas três genins que provavelmente não fizeram muitas missões, considerando como foram surpreendidos. O problema mesmo era Kiba e seu parceiro. Não duvidava que ele tivesse enviado algum aviso para a aldeia sobre eles, e isso limitava o tempo que tinham para agir.

- Nunca deixamos de cumprir um trabalho – disse ele – não gosto disto.

- Até parece que faz diferença – tornou o outro indo se aliviar um pouco – caso não tenha reparado, eles são da aldeia que abandonamos.

- A aldeia nos abandonou primeiro – respondeu ele apertando os punhos – ou já se esqueceu?

- Isso não muda nada – ele tinha acabado de levantar as calças – vamos fazer algo bem simples... você os distrai enquanto eu destruo as carroças. Não vão conseguir fazer a entrega a tempo e teremos feito o serviço. Depois desaparecemos daqui. Logo deve ficar cheio de ANBUs nos procurando. Devíamos ter continuado no país das Águas.

Pensou na proposta dele. Provavelmente devia funcionar. Não acreditava que Kiba conseguira contê-los antes de destruírem as carroças, depois seria só fugir dele. Tinham aprendido muitas coisas desde que abandonaram a aldeia, os gennins não deviam dar muito trabalho. Mas duvidava que o mesmo ocorreria com Kiba. Foi uma surpresa totalmente inesperada encontrá-lo sendo o sensei de um time. As coisas andaram mudando mesmo naqueles quatro anos.

- Tomo? – chamou ele impaciente.

Apesar de saber que estariam seguros no país das Águas, ele queria voltar para sua terra natal para tentar alguma informação sobre o que tinha ocorrido com sua amiga. Não descobriu nada, e acabaram precisando fazer alguns trabalhos para terem dinheiro para prosseguirem. Já estavam um ano ali procurando e nada. Já acreditava que se houvesse alguma pista, ela estaria de posse da aldeia da Folha. Mas seria impossível irem ali para descobrir algo. Estava mesmo pensando em sair do país depois de mais alguns trabalhos.

- Tomo!! – insistiu ele.

- O que foi, Sunao? – ralhou ele irritado com sua insistência.

- O que achou de minha sugestão?

- Ela é boa – ele abaixou os olhos e ficou pensativo – eu distraio Kiba. Você passa pelos gennins e destrói as carroças. Quando fizer isso, desaparecemos. Estamos com pouco equipamento agora, mas ainda tenho uma ou duas surpresas para o Inuzuka. Teremos que ir bem depressa para não lhes dar tempo para se prepararem.

Sunao maneou a cabeça concordando. Começaram a correr em direção a caravana e a usar as árvores para irem mais rápido. Iriam direto até eles. Era a melhor opção uma vez que era impossível se aproximarem sem o Hyuuga os detectar. Desta forma teriam apenas um minuto para se preparem antes de os alcançarem.

Tomo ainda pensava em outras coisas conforme saltava entre os galhos. Desde que vira os gennins com a bandana de Konoha, tinha se lembrado dos dias em que ele ainda era um deles, em seu time e com sua sensei. Ela era muito exigente, mas era também muito respeitada na aldeia, e por eles. Foi uma decepção a ação que ela tomou naquele dia. Uma decepção e uma surpresa muito triste. Tinha poucas esperanças de encontrar sua antiga colega de time desaparecida com vida agora, e sabia que era por causa da sensei deles.

Nunca imaginou que ela poderia ser tão fria.

Saltaram das árvores até a estrada, visualizando as carroças em linha e tentando encontrar os oponentes. Como esperavam, eles os viram se aproximando e sobre uma das carroças estava Kiba. Os gennins não estavam a vista. Deviam estar ou atrás de uma das carroças ou nas árvores do outro lado da estrada. Era perfeito. Fez vários selos com as mãos e pouco antes de pousar no chão diante de Kiba, lançou seu jutsu.

- Katon: Housenka no Jutsu (Técnica do Fogo Místico da Fênix) – disse ele ao mesmo tempo em que arremessava algumas kunais. Varias bolas de fogo foram lançadas pela sua boca e estas cruzavam o caminho das kunais que tinha lançado. Kiba imediatamente saltou para o alto, deixando Tomo sorridente. Ele não era o alvo do jutsu, mas sim as carroças. As kunais foram lançadas para forçá-lo a se desviar.

Quando a primeira carroça foi atingida, sentiu um baque nas costas e ouviu um uivo. Tinha se esquecido do parceiro dele! Que idiota fora. Estava tão acostumado a enfrentar soldados ou pessoas comuns que sempre que enfrentava um ninja acabava se esquecendo de algumas coisas.

- Doton – Doryuusou(Técnica das Lanças de Pedra) – disse o seu colega enquanto ele girava o corpo para escapar das mandíbulas daquela fera branca. Algumas carroças foram atingidas por lanças de pedra que saíram do chão, destruindo estas e até ferindo alguns condutores. O trabalho deles já estava quase que cumprido. Olhou ao redor procurando por Kiba e assim que o viu, sentiu algo vindo da esquerda, e precisou se afastar depressa.

Eram kunais!

Kunais lançadas pelo Hyuuga. Não esperava por isso. imaginava que Kiba ia proteger seus alunos, mas até que podia usar a seu favor. Pulou na direção dele e enquanto este corria tentando se afastar, sentiu o cão branco o perseguindo nas suas costas. O gennin saltou para uma árvore e ficou ali em cima. Ele saltou atrás dele mirando no mesmo local em que estava, apenas para vê-lo saltar para outra árvore.

Ele acreditava que podia fugir dele? Que tolo. Mas assim que chegou no local em que ele estava antes, percebeu que o garoto não era tão tolo assim. Havia um selo explosivo colado no galho. Ele mal teve tempo de saltar para longe antes que este explodisse. Sentiu algumas farpas se cravando em seu corpo enquanto era lançado pela explosão, e precisou girar o corpo no ar varias vezes para se desviar de shurikens.

Tinha que admitir. Kiba acabou sendo um bom sensei para eles. Ele foi atraído para uma armadilha.

- Katon: Goukakyuu no Jutsu (Técnica da Grande Bola de Fogo) – disse ele ainda no ar, lançando uma bola de fogo onde o Hyuuga e os outros gennins estavam.

Teve tempo de ver eles saltando para escapar da bola de fogo antes de observar o solo se aproximando e se preparar para pousar. Mas não teve tempo de planejar o passo seguinte pois o cão branco já estava atrás dele novamente. Olhou para as carroças e viu Sunao enfrentando Kiba em um corpo a corpo. Imbecil! Ele devia se preocupar em destruir as carroças. Uma estava em chamas e duas estavam bem danificadas com o jutsu doton que tinha sido usado. Mas ainda podiam entregar parte da carga. Aquilo estava demorando mais do que tinha previsto.

Novamente precisou se desviar de coisas que os gennins estavam lançando nele. Eram shurikens agora. Ficou irritado com aquilo, estavam atrapalhando o que tinham de fazer. Saltou por cima do cachorro que o perseguia e foi direto para os gennins. Pegou duas kunais e arremessou contra eles, tentando fazê-los de espalharem, acabou conseguindo. Fixou um deles como alvo e foi direto para ele. Ele saltou por entre as árvores e tentava usá-las para despistá-lo. Mas era inútil. Assim como ele, Tomo tinha nascido naquele país, e sabia usar as árvores muito bem. Cercou-o por trás de uma árvore e o atacou tentando atingir o seu peito, coisa que ele bloqueou imediatamente. Nada mal para um garoto. Fez um giro rápido com o corpo e enquanto ele bloqueava um braço, acertou o pescoço dele com a perna.

Ele ainda não tinha velocidade suficiente para encarar um ninja mais habilidoso. Insistiu em atingi-lo mais vezes, precisando parar quando o cão chegou mais perto. Como esperava, este ficou farejando o garoto para verificar se ele estava bem. Perfeito! Se machucasse bastante um destes gennins aquele cão provavelmente iria afastá-lo do perigo. Voltou pelas árvores para onde estavam as carroças e viu que Suano ainda lutava contra Kiba. Na verdade, ele parecia em desvantagem. Como temiam, não eram páreos ainda para um jounin da aldeia da Folha. Mas não precisavam ser. Fez alguns selos com a mão e não conseguiu completar o jutsu pois fora atingido por uma shuriken. Enquanto a arrancava do seu ombro, tentou ver de onde tinha vindo e viu o Hyuuga ali de novo. Aquele garoto já estava irritando!

Mesmo sendo um gennin, ele devia ter conhecimento do taijustu do clã, seria idiotice enfrentá-lo no corpo a corpo. Mas pela sua idade não devia ainda conhecer outras técnicas ainda. Quando foi na direção dele, outro gennin saltou das árvores no alto, lhe arremessando várias kunais. Precisou fazer algumas acrobacias pelo chão para escapar destas, mas conseguiu se aproximar do Hyuuga. Ele era o mais perigoso dos gennins porque com certeza poderia bloquear seu chakra se ficasse próximo o bastante para acertar alguns golpes, como o tinha feito no primeiro encontro. Na verdade foi por causa dele que acabaram fugindo da primeira vez. Ele o tinha atingido seis vezes, enfraquecendo muito seu fluxo de chakra.

Na base da árvore em que ele estava, ele cravou uma kunai com tarja explosiva no tronco desta e se afastou. O garoto pulou antes da explosão como esperava, e saltou na direção dele. Em pleno ar ele não poderia se esquivar e não acreditava que ele tinha experiência suficiente para atingir seus pontos de chakra daquela forma. Mas mesmo que conseguisse, acreditava que o ia nocautear antes.

O primeiro soco ele bloqueou com o braço esquerdo, e imediatamente girou o pulso e ao atingiu no cotovelo. Maldição! O garoto poderia acabar bloqueando seu chakra antes de nocauteá-lo. Hyuugas eram mesmo perigosos.

Chutou o garoto para se afastar dele. Lutar contra os gennins seria um erro agora. Colocou a mão em sua bolsa e percebeu que só tinha mais uma kunai. Ao pousar no chão desviou-se daquele cão dos infernos e correu em direção onde Kiba e Suano lutavam. Lançou outra bola de fogo contra uma das carroças enquanto corria e pulou na direção de Kiba. Pelo menos contra os dois, ele deveria ter tanta dificuldade quanto ele teve contra os três gennins.

Mas se enganou de novo. Ele já estava com as unhas e os dentes muito crescidos, usando provavelmente todo o seu lado animal o que lhe facilitava para esquivar-se dos golpes. Duas carroças estavam em chamas e outras duas estavam muito danificadas. Só precisavam acabar com o ultima e poderiam partir.

Os dois juntos tentaram atingir Kiba com golpes, mas ele bloqueou Suano o movendo para bloqueá-lo ao mesmo tempo, e em seguida usou sua garras no seu peito, causando vários arranhões fortes neste. Suano recebeu um impacto forte na cabeça a seguir e ele foi atingido nas costas novamente pelo cão branco.

Uma coisa estava clara! Kiba era demais para os dois.

- Eu já disse para Suano, vou dizer para você também, Tomo – rugia ele naquela forma meio animalesca – voltem conosco para a aldeia ou vou levá-los inconscientes.

- Só volto para lá morto – gritou ele girando o corpo no solo e escapando das patas do cão novamente. Uma sorte ele não estar usando as mandíbulas para o segurar, mas isso não ia durar muito. Correu na direção da ultima carroça e colocou uma tarja explosiva nesta – vamos embora, Suano!

Suano começou a fugir de Kiba, junto com Tomo. Atrás deles ouviram uma explosão, confirmando que cumpriram com a tarefa. A entrega não seria feita. Agora era só dar o fora dali e despistar seus perseguidores.

Mas com um usuário de byakugan, despistar não seria fácil. Só podiam torcer para se afastarem o bastante para Kiba considerar muito perigoso continuar os perseguindo. Percorreram trezentos metros com Kiba e seus gennins os seguindo a uma distancia razoável, quando de surpresa, ambos sentiram uma lufada de vento e algo muito rápido passou diante deles, atingindo a árvore do lado e estilhaçando-a, deixando um buraco nesta que tinha a forma de uma palma de mão.

Olharam para o dano que a árvore tinha levado e sentiram um frio no estômago. Só conheciam duas pessoas que podiam fazer aquilo, uma era Neji, considerado um gênio pelo clã pela forma como aprendeu e se desenvolveu ao longo dos anos, a outra era a prima dele... e como para confirmar seus temores, um farfalhar de folhas chamou a atenção de ambos para a direita, onde uma Hyuuga adulta os observava com os braços cruzados. Tinha os cabelos longos e repartidos no meio, sendo que ocasionalmente o vento movia uma mecha central que ficava entre os seus olhos.

- H-hanabi-sensei – murmurou Suano a olhando apavorado.

Ela não disse nada naquele momento, apenas os observou com o olhar frio e sem expressão. Ambos acreditavam que ela pretendia matá-los.

Tomo olhou para trás e viu Kiba e os gennins se aproximando. Estavam cercados. Não havia como fugir de dois jounins, ainda mais com um deles sendo a antiga sensei deles. Mas iriam morrer antes de serem levados como prisionarios para a aldeia que os traiu.

- Estou os observando desde que lutaram contra o time de Kiba – ela maneou a cabeça - já fazem quatro anos, Suano-kun – disse ela de forma fria e controlada – foi só isso o que aprenderam? Estou decepcionada. Os alunos de Moegi-chan já são chuunins agora, ainda se lembram deles, não é mesmo? Eram seus melhores rivais e amigos. Vocês tinham um grande potencial e o desperdiçaram.

- Foi você quem nos desperdiçou – gritou Tomo com raiva, quase cuspindo nela – não se preocupava nem um pouco conosco, éramos apenas soldados para você, não é mesmo?

Ela fechou os olhos e suspirou. Mas não deu nenhuma resposta.

- Não tem nada a dizer? – insistiu ele com os olhos abertos, quase alucinando de raiva. Mais atrás o grupo que os perseguiam parou há uma distancia próxima o bastante para ouvir a conversa. Kiba pos a mão no ombro de Jiro, para impedi-lo de continuar avançando.

- Por que abandonaram a aldeia? – perguntou ela de olhos fechados e em um tom de melancolia.

- Foi a aldeia quem nos abandonou – gritou ele – ou melhor, foi você quem abandonou Orika-chan! Por que não nos deixou ir resgatá-la? Confiávamos em você, sensei – sua voz agora estava um pouco mesclada a choro – por que fez isso conosco? Não éramos bons o bastante? Foi isso? Nos forçou a deixá-la com aqueles desgraçados! – socou a árvore com força para descarregar a frustração que sentia. Os anos não diminuíram sua raiva pelo que houve – nunca mais soubemos dela, nem sei se ainda está viva...

Mais atrás os gennins perguntaram algo a seu sensei, mas esse não lhes respondeu. Diante deles, Hyuuga Hanabi, a antiga sensei deles ainda mantinha-se na mesma posição, os braços cruzados e os olhos fechados. Mas não forneceu nenhuma resposta.

- Ainda não tem resposta? – ele maneou a cabeça – fugimos da aldeia por sua causa! Não íamos aceitar uma sensei que abandonava os alunos.

- Então deviam ter pedido outro sensei – disse ela abrindo os olhos e fazendo uma expressão dura no olhar, mas nunca abandonar a aldeia. Eu teria aceito isso. Era só me disserem que não confiavam mais em mim. Mas abandonar a aldeia foi uma atitude muito drástica.

- Nem conseguimos falar contigo. Estava nos evitando, não é? Ficou semanas nos evitando. Semanas! – ergueu as mãos para o alto.

- Essa conversa se encerra agora – ela abaixou os braços e os encarou demonstrando que iria atacar em breve – venham conosco para Konoha, ou terei de capturá-los. E não vou ser sentimental como Kiba foi.

Viram que ela já tinha acionado o byakugan, e que provavelmente não queria mais conversa.

- Minhas palavras a machucaram, sensei? – ele estava sarcástico – espero mesmo que tenha doído.

Com os olhos abertos demonstrando todo o seu ódio, ele arremessou sua ultima kunai contra ela, e para a sua surpresa e a surpresa de Kiba e dos gennins, ela não se desviou. Deixou a kunai se cravar em sua barriga. Apenas fez uma expressão de dor e mais nada. Nem mesmo fez questão de tentar retirá-la de lá.

- Hanabi-sama! – ouviram o garoto Hyuuga exclamar. Suano olhou para ele, e notou que Kiba o segurava. Por que ela não tinha se desviado?

Tomo não entendeu muito, mas queria descarregar sua raiva e também queria evitar a todo custo ser levado de volta. Avançou sem estratégia nenhuma para cima dela, aguardando que a mesma o nocauteasse em segundos. Ergueu o punho e o arremeteu para o seu rosto, sendo que o atingiu com muita força, a jogando para fora da árvore e com um estalo percebeu que tinha deslocado um dos seus dedos.

Usava a outra mão para recolocar o dedo no lugar enquanto observava atônito sua antiga sensei não fazer nenhum esforço para deter sua queda. Ela atingiu o chão com força de costas, e ficou ali os observando. Seus punhos estavam flexionados, indicando que estava consciente, mas por que não reagia?

- Tentando purgar sua culpa? – gritou ele saltando para cima dela.

Ele tencionava acertar sua cabeça com ambos os pés, mas foi interrompido por um chute que o acertou no quadril esquerdo, fazendo-o bater no tronco da árvore e cair sem controle para o chão.

Quando se ergueu, viu que seu atacante tinha sido o jovem Hyuuga do outro time. Olhou na direção deles e viu que Kiba segurava os outros dois gennins com as mãos. Mas o que estava acontecendo ali?

- Não interfira – disse Hanabi para o garoto que tentava ajudá-la.

- Não vou deixar ele te bater assim, reaja pelo menos! – respondeu o rapaz.

- Esse assunto não lhe diz respeito – tornou ela mais autoritária – estou lhe dando uma ordem para não interferir.

- E eu estou desobedecendo – disse ele com raiva – se é culpada de algo ou não, isso não me interessa! Só sei que não vai mudar nada se deixar ser espancada por ele.

Hanabi arregalou os olhos observando o rapaz. Tomo lembrou-se de como gostaria de ter dito isso a ela anos atrás, quando a mesma disse que estava lhe ordenando para recuar. Mas na época a respeitava muito para isso.

- Quer saber o que ela fez? – disse enquanto se levantava e massageava a área atingida – abandonou nossa companheira durante uma missão. Ela a sacrificou para cumprir o dever, e nem tentou salvá-la.

O garoto olhou para sua sensei e esta apenas abaixou os olhos. E depois voltou a encará-lo.

- Pergunte a ela se não acredita em mim!

- Ela tem um byakugan – tornou ele estreitando os olhos e estalando os dedos, deixando-os em posição para atacar – com certeza viu algo que vocês não sabiam. Devia ser impossível resgatá-la.

Não esperou por uma resposta, foi direto contra ele e ainda movido pela raiva, decidiu enfrentar o rapazinho com tudo. Bloqueou seus primeiros golpes e tentava acertar com força quando este usava o braço para conter seus socos. Mirava nos antebraços para ferir seus tendões e com isso evitar que ele pudesse usar aquela técnica para bloquear seus pontos de chakra.

Já o tinha atingido duas vezes na cabeça e uma no tórax. O garoto era resistente. Girou o corpo para acertar uma joelhada na sua lateral – mesmo que bloqueasse, iria sentir – mas perdeu totalmente o controle do giro quando sentiu um impacto absurdamente forte na sua espinha.

Desabou no chão e sentiu que suas pernas estavam dormentes. Mesmo assim, conseguiu se erguer apenas para receber um golpe totalmente insano no seu cotovelo quando tentou bloquear o próximo golpe dele. O seu byakugan estava acionado, e atrás dele, o de sua sensei também ainda estava ativo, e parecia que esta observava a luta atentamente.

- Projete! – disse ela quando o garoto deu um passo para trás e moveu mão para a frente. Ele estava a um metro de distancia, mas mesmo assim sentiu um impacto no peito, como se uma flecha ou uma lança o atingisse. Sentiu seus músculos ficarem mais rígidos, diminuindo sua velocidade.

- De novo! – agora ele o fez com a outra mão, e ele percebeu algo como um facho de luz sair de seus dedos e o atingir perto do pescoço. Agora estava difícil de respirar.

Aquele garoto podia fazer algo parecido com o da sua sensei, podia lançar golpes a distancia, e ela o estava instruindo naquele instante! Mas não ia ser levado de volta, e muito menos por aquela que o forçou a abandonar sua companheira. Pegou uma tarja explosiva de seu bolso e quando foi mover a mão para a grudar em sua testa, sentiu um lufada de ar e a tarja foi despedaçada, juntamente com a árvore atrás dele. Olhou na direção da sensei e ela estava com o braço esticado e a mão aberta na sua direção.

Com lagrimas nos olhos, encostou o corpo na arvore danificada e se deixou escorregar lentamente para o chão. Estava tudo acabado.

- Me mate logo – disse ele a olhando.

Hanabi deu alguns passos em sua direção e se ajoelhou diante dele. Levou a mão até os seus cabelos e acariciou-os um pouco.

- Você está certo numa coisa, Tomo-kun, mas não da forma como imagina – ela fechou os olhos e viu uma lágrima escorrendo por entre eles – eu os abandonei. Não confiei em vocês dois – olhou para cima e Suano ainda estava ali os observando – nunca tive coragem de dizer o que aconteceu naquele dia. Quando Orika-chan caiu no rio e foi levada pela correnteza até onde aquele grupo estava, eu vi com meu byakugan o que houve. Ela os enfrentou e morreu enquanto o fazia.

Ela olhou para baixo e podia ver agora mais lagrimas saindo de seus olhos.

- Tudo o que podíamos fazer seria vingá-la, mas tínhamos uma missão importante para cumprir. Por isso dei a ordem de voltarmos, mas não queria dizer o verdadeiro motivo. E quanto estávamos na aldeia, eu os evitei também, porque não conseguia encarar seus olhos e dizer o que houve. Mas nunca esperei que abandonassem a aldeia pelo que eu fiz. Esperava ser rejeitada por vocês, cheguei a pedir para a hokage lhes selecionar outro sensei. Quando fugiram, eu os procurei por quase um ano, mas nunca consegui localizá-los. E depois desse tempo todo, era impossível evitar que fossem declarados nukenins.

Tomo fechou os olhos e suspirou. Toda a sua raiva foi substituída por um vazio que não podia definir.

- Eu falhei com vocês dois – continuou ela – não posso mudar isso. Tudo o que posso fazer de agora em diante é evitar que isso se repita no futuro. É por isso que agora não gosto de trabalhar em equipe, preferindo trabalhos solitários.

Ouviu um som do lado e reparou que Kiba e os outros tinham acabado de chegar. Suano no alto da arvore estava sentado, pensando no que fazer agora.

Hanabi se levantou e deu alguns passos. Colocou a mão na kunai que ainda estava em sua barriga e a retirou, colocando um curativo para manter o ferimento fechado. Depois pos a mão no ombro do garoto que a salvou.

- Me procure quando estiver de folga – disse ela sorrindo – você tem um grande potencial, mas precisa aprender a hora certa de usar.

Ele a olhou assustado e com os olhos tremendo. Mas sorriu de volta, concordando em fazer isso.

- Hanabi- sensei – chamou Tomo sentindo-se sem forças – o que vai fazer agora?

- Eu? – ela se virou para ele – nada. Até onde me consta, foi esse garoto quem o derrotou, eu só evitei que você se suicidasse. Mas não sejam tolos tentando evitar de serem capturados. Especialmente você Suano-kun – olhou para cima, na direção dele – como eu disse, Kiba não quis machucá-lo. Mas se ameaçar os alunos dele ele não vai continuar assim. Sejam bons meninos e voltem para a aldeia. Pelo menos é possível retirar a classificação de nukenins de vocês ainda. Mas com certeza, nunca mais poderão ser shinobis de Konoha. E por mais que tenha sido a decisão unilateral e insensata de vocês que causou isto, eu tive minha parcela de culpa, e não irei negar isso.

Ela lhes deu as costas e foi caminhando lentamente se afastando deles. Ainda tinha lagrimas saindo de seu rosto, mas não havia o que fazer. Ela cometera um erro e eles pioraram o erro dela. Todos teriam que continuar vivendo com as conseqüências dos mesmos.


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Notas finais do capítulo

Eu pretendia fazer um grande capitulo mostrando as missões concluidas e chegando até a parte em que dizia onde a kyuubi estava. mas fiquei meio enrolado esta semana e só consegui escrever algo nesta manhã.
também pretendia retomar Neji e Hinata. mas acabou não dando ainda.
Espero conseguir juntar tudo isso no proximo.
Ha sim, não vai ter muita coisa sobre esses dois nukenins daqui para a frente. foi mais para explicar o porque de Hanabi trabalhar sozinha. E esta talvez seja uma das poucas aparições dela na fic.



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