Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 25
Capítulo 25




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Abriu a porta da geladeira e ficou observando que tinha de disponível para satisfazer seu desejo por alguma coisa doce. Havia alguns doces de feijão, mas não apreciava muito isso. Olhou na prateleira de baixo e encontrou um pouco de pudim que alguém tinha esquecido. Com um sorriso de triunfo, seqüestrou aquele prato e subiu as escadas até o seu quarto, aproveitando no trajeto para dar algumas colheradas naquela delicia.

Conforme andava pelo corredor do segundo andar, passou em frente a porta do quarto do irmão e depois de dar dois passos, estacou e andou para trás, parando na porta e observando através dela. Seu irmão estava sentando na cama, com a mochila aberta e haviam varias kunais alinhadas uma do lado da outra sobre a cama do lado dele. Ele pegava uma por uma, examinava bem e a acondicionava na mochila. Pelo que podia imaginar, ele estava se preparando para uma missão.

- Niichan – chamou ela dando um passo dentro do quarto dele – já vai sair de novo? Pensei que ia ficar mais tempo, já que sua ultima missão foi tão demorada.

- Eu também pensei – respondeu ele mantendo a atenção em examinar as kunais – mas parece que surgiu uma missão de ultima hora. Moegi-sensei nos avisou ontem para estarmos preparados para partir em dois dias, talvez três. Provavelmente será amanhã. Mas pelo que eu soube deve ser rápido, no máximo em duas semanas devo estar de volta – olhou para ela e sorriu tristemente – mas não posso prometer isso.

- Que droga, niichan! – bufou ela colocando o prato com metade da iguaria em cima do guarda roupa de gavetas dele e ajoelhando na sua frente – pensei que ia me ajudar a treinar pelo menos em taijutsu!

- Eu também pensei, imouto, mas não vai dar desta vez. Mas pelo que vi você já está bem melhor que muitos gennins iniciantes.

- Não o bastante – ela cruzou os braços e fez uma expressão irritada – Os outros estão até melhores que eu. No meu time mesmo só consigo empatar com Umito-kun.

Ele parou subitamente de examinar seu equipamento e olhou a irmã com o rosto sério, quase como se fosse lhe dar um sermão.

- O que foi? – perguntou ela já antecipando alguma coisa – vai me falar também que estou sendo impaciente?

- Você está sendo pior que isso. Se não esta muito diferente dos outros, então na verdade você está indo muito bem. Miyoko-chan... você tem que evoluir com o seu time, e não ficar na frente dele. Se fizer isso, irá colocar a todos em perigo. Eles não podem ficar dependentes de você. Se reparou bem, sua sensei não age de forma a necessitar usar suas habilidades, e você sabe muito bem que ela deve te superar e muito! Ela faz isso para que todos aprendam e avancem nos mesmos passos. Se quer mesmo melhorar, então deve se concentrar em melhorar seus colegas, e não a si própria. Quando você ensina a alguém, na verdade vai aprender em dobro.

- Não entendi – disse ela coçando a nuca.

- Você vai acabar entendendo. Alias, em alguns dias você também vai ter sua missão, não é?

- Bom, a aquela chata de cabelo rosa disse que ia nos dar duas semanas para descansar... acho que sim.

- “Chata de cabelos rosas”? – perguntou ele a olhando torto.

- Ah, não! Não vai me dizer também que ela é sua heroína?

Ele riu alto quando ela perguntou aquilo, e Miyoko ficou pensando o que era tão engraçado.

- Desculpe – ele ainda segurava alguns risos – é que chamá-la assim até que é um jeito educado. Quando eu era gennin a chamávamos de grande crueldade rosa.

- Sério?

- Sim, mas tome cuidado, quando ela fica sabendo destas coisas, ela acaba dando umas missões horríveis. Uma das que recebemos foi a de limpar os banheiros da ANBU, e o pior foi que a nossa sensei recebeu o mesmo castigo. Imagina o que passamos com ela do nosso lado reclamando de estar sendo punida conosco.

Miyoko estremeceu. Sua sensei parecia ser muito mais assustadora que Moegi. Se isso acontecesse com eles, tinha dúvidas se ficaria intacta no fim do dia, ainda mais que Anko ficava furiosa quando a hokage ameaçava dar missões daquele tipo para ela.

- Entendi, niichan. Vou tomar cuidado de não falar perto dela. Vai partir amanhã cedo?

- Ainda não sei – ele recomeçou a examinar as kunais – mas minha saída esta prevista a partir de amanhã.

- O que você tanto examina nessas kunais? – ela pegou uma e olhou de perto. Não viu nada de especial nelas – esta vendo se estão sujas?

- Estou vendo se estão balanceadas. Já tive problemas com kunais que pesavam mais de um lado do que de outro. Isso atrapalha sua mira, e quando você precisa usá-las, ter uma excelente mira é essencial. Ainda mais quando vai amarrar tarjas explosivas nelas.

- Nunca tive problemas – ela colocou a kunai na palma da mão aberta, tentando sentir o peso da mesma, e se pesava mais de um lado – mas também não tive quase nenhuma missão em que precisasse usar kunais. Só mesmo quando a sensei nos avaliou e nesta ultima, que na verdade foi falsa.

- Foi simulada, não falsa – corrigiu ele – ela já deve constar de sua ficha como uma missão B. E se tivesse fracassado, não seria uma gennin agora.

Ficou quieta ponderando um pouco no que ele disse. Seus pais eram ninjas – aposentados – seu irmão era um ninja e logicamente ela ficou desejosa de ser uma ninja também. Teve uma vantagem adicional em relação aos outros pelos pais e pelo irmão ensinarem uma coisa ou outra para ela. Mas irritava-se deles não ensinarem coisas mais avançadas. Já tinham dito que temiam que a mesma ficasse convencida demais de suas habilidades e acabasse se arriscando muito. Mas ela tinha gostado de se exibir e ser o centro das atenções na academia, só sendo superada algumas vezes pelo terror mirim, mas como o faziam com travessuras, isso realmente nunca a incomodou.

Mas depois que se tornou gennin isso começou a incomodar. Ela percebeu que sua vantagem era apenas mais conhecimento, não maior habilidade ou força. E isso os outros estavam obtendo agora,  em um ritmo que ela acreditava ser maior que o dela. A missão com a hokage lhe inflamou o ego novamente, até ela descobrir que não tinha sido propriamente real, e que os outros times também se deram bem nela.

Podia ser uma missão B em sua ficha, mas todos os outros também a tinham. E acreditava mesmo que Ayame devia estar com um registro de missão A na ficha dela, devido a terem impedido o seqüestro inicial que estava planejado.

Mas tinha que admitir uma coisa: Como todos sempre repetindo que ela estava sendo impaciente, estava ficando sem opções a não ser concordar. E agora Umito se tornou discípulo de sua sensei.

- Ficou muito quieta.

- Só pensando um pouco. Acha mesmo que estou sendo impaciente?

- Porque acha que não está sendo? Mesmo que comece a treinar noite e dia agora, vai levar um ano para notar qualquer desenvolvimento em raiton, eu mesmo precisei de dois para terminar meu desenvolvimento inicial de habilidades médicas. E pelo que sei, você também pode ser uma ninja médica. Já pensou nisso?

- Não sei se estou interessada... e porque seu time tem dois ninjas médicos? Moegi-san não é médica também?

- Ela também é a líder do time – respondeu ele pegando a kunai que ainda estava na mão dela e colocando no lugar certo na sua mochila – eu costumo agir como médico enquanto ela lidera e assume a linha de frente, mas dependendo do oponente, nós trocamos de lugar. Ela tem desvantagem contra oponentes de media e longa distancia.

- Só que um ninja médico sempre fica na retaguarda. Não é o que eu quero.

Ele sorriu ternamente para ela.

- Imouto, você faz parte de um time. É o time que faz as missões, é o time que luta contra os oponentes, é o time que se mantém vivo. Quando eu disse que você estava sendo pior do que ser impaciente, foi isso o que eu quis dizer. Você quer aparecer, quer ser a melhor de todos. Isso pode ser interessante na academia, mas é inútil e perigoso em um time. Quando se tornar jounin, poderá decidir se vai ser independente ou não. Mas não aconselho isso. Moegi-sensei e o namorado dela decidiram ser senseis, o colega de time deles foi para a ANBU, e o antigo líder deles agora dá aula na academia. Eles ainda trabalham em times. Mas se não quer ser médica, isso é escolha sua. Apenas lhe sugeri uma opção considerando sua capacidade. Mas nunca se esqueça do principal: Você pertence a um time, não o contrário.

Ela bufou levemente e olhou para o lado. Não ia ter jeito mesmo, pelo que estava vendo. O que ela imaginava que seria uma vida de ninja acabou não sendo o que esperava. Devia ter prestado mais atenção nesses detalhes.

- Já vi que não vai ter jeito. Mas me prometa uma coisa... quando voltar, me diga o que tenho de fazer para treinar o uso do raiton. Não me importa se vai levar dois ou três anos, eu quero aprender.

- Bom... já esta ficando mais sábia. Se for bem intuitivo para você, poderá aprender até antes. Já soube de pessoas que aprenderam em semanas, mas eram casos especiais. Já posso usar katon faz anos, mas ainda estou engatinhando com doton. Acho que terminei.

Ele fechou a mochila e a deixou em um canto do quarto, e quando se levantou viu o prato com pudim em cima do seu guarda roupa. Sem pedir licença, pegou a colher e pegou um pedaço dele.

- Ei! Isso é meu!

- Você largou no meu guarda roupa – disse ele correndo dela que tentava tomar o prato de suas mãos.

- Não interessa! Me devolve!

Ele esquivou-se dela e pulou para o alto, fixando os pés no teto. Antes ele fazia isso de pirraça, quando ela ainda estava aprendendo a andar em superfícies. Mas agora ela já era bem experiente naquilo, e pulou atrás dele fazendo o mesmo. Não que tivesse adiantado muito, ele era muito mais ágil em esquivar-se e a coitada não conseguia por a mãos no prato, cuja guloseima já estava no fim. Desesperada, Miyoko tentou fazer um dos poucos jutsus que conhecia, mas nem teve tempo. Assim que percebeu que ela ia fazer algo, seu irmão encheu a colher como que sobrava do pudim e enfiou esta na boca dela, pegando-a de surpresa.

- Jacfoado! – disse ela de boca cheia.

Ambos se deixaram cair do teto e Satoki olhou para este, temeroso que tivessem deixado marcas de pés. Felizmente ambos estavam descalços.

- Engula primeiro, depois me xingue – disse ele sorrindo.

De raiva, ele deixou o pudim na boca para saboreá-lo completamente antes de o engolir.

- Para dominar qualquer tipo de jutsu elemental, você precisão concentrar o chakra em suas mãos. No seu caso, segure uma folha de papel entre as mãos e tente concentrar o chakra de forma que ele pareça formar um fio muito fino, como se fosse um raio percorrendo este papel. Quando deixar uma marca que vá de uma ponta a outra deste papel, você terá completado a primeira etapa. Mas isso vai levar vários meses.

Ela o olhou impressionada. Ele estava dando dicas de como utilizar o raiton?

- Niichan...

Ele ergueu a mão para que ela ficasse quieta.

- Mas não deixe de praticar o que sua sensei ensinar. Há muitos jutsus básicos que são úteis e eficientes. Faça isso no seu tempo livre.

Ela balançou a cabeça concordando.

- Obrigada, niichan – e o abraçou.

- De nada, chibi-imouto. Agora, me faça um favor... pare de perturbar a Ayame sobre quem é melhor. Enquanto se concentrar nisto, você apenas ficará em desvantagem.

- Vai me dizer que nunca fez isso no seu tempo de gennin.

- Eu fiz – ele a olhou serio – e por isso me dei muito mal. Se tivesse me preocupado em aprender e praticar mais sem uma meta de me exibir para outra pessoa, não teria sido o ultimo da equipe a conseguir ser chuunin.

Ela suspirou e abaixou a cabeça. Eles deviam ter razão para ficarem sempre repetindo isso.

- Está bem, niichan, não vou tentar humilhá-la... por enquanto!

Ele sorriu levemente e bagunçou o cabelo dela.

- Agora, se quer ser mesmo uma kunoichi exemplar, vá para o seu quarto, arrume um pedaço de papel e comece a praticar. Não vai perceber nada hoje, mas em um mês já deve começar a deixar marcas nele.

Sorrindo, ela saiu de seu quarto, pegando o prato vazio que ele tinha deixado na cama para deixá-lo na pia da cozinha. Ficou imaginando quando seus pais voltariam. Interessante que agora que estavam aposentados, as vezes ficavam muito tempo fora de casa apenas passeando.

Foi para o seu quarto e procurou entre as suas coisas um pedaço de papel. Não estava realmente acreditando no que ele tinha lhe dito, era um tanto fácil demais para que sua sensei não tivesse falado tal coisa. Quando achou uma folha de bom tamanho, a colocou entre as palmas das mãos e sentando-se em sua cama, começou a se concentrar e a seguir as instruções do irmão. Ela sempre teve facilidade em visualizar seu chakra se movimentando pelo corpo, tanto que aprendeu sem dificuldade os jutsus básicos. Mas tinha duvidas se aquilo iria dar certo. Estava mais apostando que era uma forma do irmão lhe deixar ocupada. Mas como não teria muito o que fazer até receber a sua missão, pelo menos estaria tentando se aprimorar um pouco.

 

-x-

 

Pelo menos, entre ele ficar ensinando seus gennins e ela auxiliar a mestra em algumas tarefas, conseguiram tempo mais do que suficiente para preencherem a saudade que tinha crescido na longa missão que ela teve. Assim que ele dispensou Ayame e Minato, foi direto procurá-la, e passaram o tempo juntos se divertindo e conversando sobre tudo, exceto sobre algo referente a vida de ninja. Pelo menos, até ficar tarde da noite, quando ela teve coragem de lhe contar que em breve partiria para uma nova missão. Uma nova e delicada missão. Ele ficou um pouco preocupado e a conduziu enquanto andavam pelas ruas de mãos dadas até o seu apartamento. Poderiam ter uma boa privacidade ali, bem como conversar mais livremente sobre o assunto. Ela chegou a pensar se havia alguma segunda intenção naquele convite, mas mesmo que houvesse, não iria reclamar.  

- Na aldeia da Nuvem? – disse ele assim que fechou a porta e voltou-se para ela. Ainda não conseguia acreditar naquilo. Porque mandar um time S para obter informações? Era mais trabalho da ANBU.

- Sim – disse ela simplesmente pondo as mãos em seus ombros e o empurrando sobre o seu sofá, forçando-o a cair neste. Logo em seguia pulou no seu colo e lhe deu um beijo demorado, coisa que parecia que estava louca para fazer fazia tempo – mas não é assim nada demais. É sobre aquela mulher que você capturou.

- Aquela que escapou? – ele a olhou desconfiado. Ela estava envolvendo seus braços no seu pescoço, e o olhava sorridente e aparentemente disposta a um tempo apenas trocando carinhos. Seria algo desejável não fosse o assunto de fundo do momento. Ele conhecia Moegi muito bem, ela estava tentando desviar sua mente do assunto.

E tinha que reconhecer que ela fazia um excelente trabalho...

- Então já soube?

- Eu fui chamado para falar sobre ela quando o enviado do senhor feudal estava aqui – ele fechou a cara lembrando-se do dia – mas o que a aldeia da Nuvem tem a ver com ela?

Ela hesitou por alguns momentos e ficou usando suas mãos para fazer alguns carinhos em seu cabelo, enrolando os dedos com alguns fios e parecendo que tentava fazer um novo penteado.

- Koibito.. – chamou ele, percebendo que ela estava evitando a resposta.

- Parece que ela tem um contato ali. Foi o que a ANBU descobriu conversando com seus antigos colegas na aldeia da Areia. Tem certeza de que quer estragar a sua noite? – ela o olhou de forma insidiosa.

- Ela ficou estragada no momento em que disse que a missão ia ser na aldeia da Nuvem – ele segurou firme na sua cintura e a levantou um pouco, colocando-a em uma posição mais confortável em suas pernas para que sua circulação não fosse interrompida – mas não entendi porque a Sakura-neechan quer que você e todo o seu time vão até ali.

- Bom – ela esfregou o seu nariz no dele – uma dos motivos é de relações publicas. Estamos indo lá verificar o contato de uma assassina de nosso país. Isso já deve deixar o raikage uma fera, e com certeza ele pessoalmente vai querer se envolver no assunto. Claro,  sempre existe a possibilidade deste contato estar trabalhando para o próprio raikage. – ela suspirou mas se concentrou em dar um pequeno beijo em seus lábios – E se conheço bem a minha mestra, há uma segunda razão para isso. Mas ela só vai dizer quando eu for partir.

- É a segunda razão que me incomoda.

- Eu confio na minha mestra, Konohamaru-kun! – disse ela séria.

- Não é isso. Aquela kunoichi era especialista em katon, e seus traços não eram de alguém do pais do Trovão. Ela pode ter nascido ali, mas sua ascendência com certeza é do nosso país.

- Talvez ela seja mestiça.

- Talvez – disse ele pensativo, e Moegi logo tratou de distraí-lo de novo mordendo sua orelha – mas você esta usando toda a sua técnica hoje para não me deixar pensar sobre isso, não é?

- Você que me trouxe para o seu apartamento...  – ela o olhou com uma expressão sedutora – só estou fazendo a minha parte... Já sou maior de idade faz tempo e não tenho hora para voltar para casa.

- E depois eu que sou o sem vergonha que recebe pancadas na cabeça...

Ela lhe deu um soco fraco na testa e o beijou em seguida. Definitivamente ela não queria que ele prosseguisse com aqueles pensamentos. E ele começou a imaginar a real razão por isso. Verdade que não namoravam daquele jeito já fazia alguns meses, mas parecia que ela estava se empenhando um tanto demais devido ao assunto, e não apesar dele.

- Porque não partiu ainda?

 A pergunta pareceu que a pegou de surpresa. Ela parou de beijá-lo e se afastou um pouco, o olhando preocupada. Pelo jeito era por isso que ela estava tão desesperada para distraí-lo.

- Sakura-sama mandou uma mensagem para o raikage dizendo o que ia fazer, e estamos aguardando sua resposta – disse ela diretamente e de uma forma até seca.

Então era isso! Uma missão daquelas não seria preciso esperar uma resposta antes de partir. Normalmente se partia e se enviava a mensagem ao mesmo tempo, a menos que fosse preciso aguardar algum tipo de permissão. E isso deixava apenas uma possibilidade, pelo que ele podia imaginar.

- O contato da mulher não é qualquer um na aldeia da Nuvem, certo?

- Eu não sei – respondeu ela abaixando a cabeça – mas pensei nisso também. Não é só por haver um contato de uma assassina na aldeia deles, mas provavelmente deve ser alguém com alguma influencia ali. Alguém que pode tentar se defender. Ir até lá e procurar a pessoa sem uma permissão antes pode causar um incidente.

Ambos ficaram um tempo pensando nas possibilidades. Konohamaru já estava desejando que o raikage negasse o pedido. Se Sakura não tinha aquilo diretamente a Moegi, era porque temia alguma coisa.

- Bom – ele tocou a sua face com sua mão de forma delicada e abriu um sorriso para ela – você deve partir amanhã... acho que devo te deixar feliz até lá...

Ela sorriu de volta e segurou a mão dele com a sua. E se aproximou lentamente de sua boca. Naquela noite os pais de Moegi veriam que a filha não iria dormir em casa, mas não iriam se incomodar. Não seria a primeira vez.

 

-x-

 

Ele esfregou os olhos cansados e deixou seu corpo se espalhar na cadeira. Tinha acabado de decifrar o ultimo pergaminho. Foram mais de dez anos naquela empreitada, mas finalmente tinha terminado. Confirmou o que queria no fim das contas. Na verdade, já tinha a confirmação dois anos antes, apenas continuou decifrando os que ainda faltavam mais por ser muito metódico.

Enquanto Orochimaru tentou aprender todos os jutsus que existiam, ele se voltou mais para determinar como eles podiam ser feitos. Qual o segredo dos corpos vivos para gerar e manipular chakra pelo corpo? Porque eram necessários fazer selos com as mãos para se manipular isso? Orochimaru não se incomodou com isso, mas ele sim. Descobrindo isso, descobriria todo o resto.

E ele conseguiu.

Conhecia o segredo para se fazer qualquer jutsu finalmente. Isso não significava que conhecia todos os jutsus que existiam, ou que poderia duplicá-los com perfeição, mas era capaz de compreender como podiam ser feitos. Em essência, tinha superado seu “mestre”.

- Parabéns para mim – disse ele na sua voz pausada e controlada, ouvindo o eco das palavras se espalhando pela grande sala despojada de moveis.

Tinha que reconhecer. Tinha se acostumado com a presença de Etsu por ali. Aquele local sem ninguém era muito tétrico, lúgubre e sem dúvida, monótono. Ficou pensando em quando tinha sido a ultima vez em que meramente fez algo para ocupar o tempo, como jogar alguma coisa, ou meramente passear. Na verdade não se incomodava com essas coisas, ou talvez não soubesse o que era se incomodar com isso. Afinal, ele nunca conheceu os pais ou o local onde nasceu. Foi forçado a vagar pelas aldeias e países como um espião por aqueles que o encontraram ainda criança. E ele nunca se incomodou com as aldeias e paises. Na verdade lhe era um pouco difícil entender o conceito de país. Para ele era simplesmente uma porção de terra governado por alguém. Questão de pessoas com origem ou cultura em comum viverem nestas terras era um detalhe um tanto inusitado.

Sua vida só teve sentido quando conheceu Orochimaru e passou a servi-lo. Ele passou a ter um objetivo com isso, efetuar pesquisas médicas, obter informações. Era mais fácil agir assim. Até Orochimaru morrer.

Quando isso aconteceu, sua vida novamente ficou sem sentido. Pior! Ele nem ao menos conseguia enxergar uma identidade em si mesmo. No entanto... naquele momento em que ele estava totalmente perdido e sem nenhuma noção do que fazer, ele avaliou como as coisas tinham ocorrido, e acabou encontrando uma inspiração para si mesmo. Uma inspiração inesperada para ele e até mesmo para aquele que o inspirou.

Uzumaki Naruto!

Ele tinha conseguido ser reconhecido pelo que era, Naruto! Não por ser hospedeiro da Kyuubi. Da mesma forma, alimentou o desejo de ser reconhecido não por ser o parceiro inseparável de Orochimaru. Mas por ser ele mesmo.

Só que ele não sabia quem ele era...

Mas sabia o que ele queria. Queria ser como Uzumaki Naruto. Queria encontrar a si mesmo. E de uma forma um tanto insana, para se igualar ao hospedeiro da raposa de nove caudas, colocou em si mesmo um “monstro” para ser controlado. Transplantou o que tinha sobrado de Orochimaru em seu corpo, e lentamente aquilo começou a se espalhar, fundindo-se ao seu ser. Naquele instante ele teve um objetivo claro: Impedir que Orochimaru o dominasse e com isso superar seus poderes. Ele seria a força motriz que lhe daria forças para que mantivesse o controle de sua mente e de si mesmo, sempre deixando ele sobre controle, como Naruto fez com Kyuubi.

Com o tempo, quando obteve todo o controle sobre essa parte que estava unida a ele, arquitetou um plano para testar a si mesmo contra Sasuke e contra Naruto. Era o seu objetivo final, ter uma luta contra eles apenas para se testar. Se morresse, ao menos teria tido um objetivo em vida, e se vencesse...

Se vencesse ele não tinha a menor idéia do que ocorreria.

Esse sempre foi o seu temor. Acreditava que Naruto encontraria forças de algum lugar para derrotá-lo, mas teria ao menos lhe dado uma luta gloriosa. Quanto a Sasuke, acreditava mesmo que podia vencê-lo.

Infelizmente o destino lhe roubou isso. Sasuke e Naruto morreram, e ele ficou sem objetivos novamente. Apenas manter o controle sobre Orochimaru não era o bastante, isso ele já tinha conseguido. Mas apesar disto usou seus recursos para observar o que ocorria com os vencedores da guerra. Talvez algo acontecesse que lhe chamasse a atenção. E acabou acontecendo. Descobriu que alguns dos jovens ninjas iriam em uma missão em um local distante, poucas semanas depois da derrota de Madara, e ficou observando-os a distancia. Não esperava realmente nada excepcional, mas esta observação e mais sua espionagem sobre cada um deles lhe revelou um detalhe interessante. E foi um bônus inesperado descobrir que aquela Hyuuga estava grávida, e um bônus muito, mas muito revigorante. A criança que ela esperava era nada mais, nada menos que o filho daquele que lhe deu inspiração para continuar vivendo.

Uzumaki Naruto tinha um sucessor!

Sentiu inveja daquilo. Mesmo com toda a sua habilidade e poder, ele se garantiu para que sua linhagem prosseguisse, coisa que ele nem ao menos considerou. Decerto ele provavelmente poderia encontrar uma mulher apropriada para algo similar, mas no seu caso, um mero herdeiro não o satisfaria. Ele precisava de algo muito melhor para superar Naruto. E aquela Hyuuga grávida acabou sendo a chance perfeita para planejar algo grandioso novamente.

Ouviu passos no corredor e, pelo pisar forte destes, teve a certeza de que não era Etsu de volta de sua pequena missão. Espreguiçou-se um pouco na cadeira e ajeitou os óculos no rosto. Pegou o pergaminho aberto da mesa e o fechou, cuidando de colocá-lo em seu cilindro. Ainda precisava fazer anotações com a tradução deste em seu caderno. Tinha muito o que fazer para atingir seu objetivo, mas pelo menos tudo finalmente estava se juntando lhe permitindo uma visão excepcional do futuro que planejava.

A pesada porta se abriu e um homem demonstrando cansaço entrou na sala, parando a poucos passos dele.

- Como foram as coisas, Asato-kun? – disse ele naquela eterna voz pausada e suave.

- Um tédio... eu espero não ter que esperar mais três anos até ter alguma ação de novo.

- Não se preocupe com isso – tornou ele levando o cilindro contendo o pergaminho até a estante e o acondicionando lá – de qualquer forma, que outro emprego você poderia conseguir como este? Em que pode receber jóias e ouro e não precisar se arriscar quase nunca?

- Sinceramente... não se sinto muito vivo ultimamente. Pensei mesmo que trabalhar com aquele que está sendo procurado por quase todas as aldeias seria um perigo constante, mas confesso que nunca fiquei tão decepcionado por ocorrer justamente o oposto. Só aquela tarefa de pegar a mulher moribunda na prisão é que acabou sendo interessante nos últimos anos.

- Não gosta de missões de observação?

- Não é isso – ele cruzou os braços e maneou a cabeça – você tem seis nukenins trabalhando para você, sete se por acaso conseguiu ressuscitar aquela mulher. E os manda fazer tarefas muito simples.

- Que tal deixar a decisão sobre as tarefas comigo? – ele o olhou de lado, e um brilho surgiu em seus olhos através da escuridão de seu capuz – de qualquer forma, o que descobriu de interessante?

Percebeu que Asato sentiu um calafrio quando o olhou daquela forma. Não entendia esses seus associados. Dava-lhes tarefas de pouco risco e pareciam que não gostavam disto. Um pena que ainda não havia necessidade de alguma ação perigosa. Adoraria satisfazer a necessidade de perigo que eles pareciam nutrir. Mas não podia se arriscar. Enquanto pudesse obter o que queria de forma pouco arriscada, usaria esses meios, em detrimento a sensação de aborrecimento que eles pareciam sentir.

- O senhor feudal do pais do Fogo pediu mesmo para acharem a mulher viva novamente. Eu não entendo o que ele quer com ela. Parece até que está apaixonado.

- Talvez ele esteja, Asato-kun – disse ele rindo suavemente – talvez esteja. Ou talvez ele esteja melhor informado sobre Etsu-chan do que eu pensava. Bem, não tenho nada para você fazer agora, exceto talvez ir atrás de Etsu-chan e ver se ela precisa de ajuda, mas eu duvido muito disto. Se quiser fazer algum trabalho por conta própria, esteja a vontade, apenas me avise qual seria, para eu avaliar se pode interferir com meus planos.  

O homem bufou levemente e saiu da sala sem dizer mais nada. Ele por sua vez apenas sorriu. Então o interesse do senhor feudal na mulher era mais do que simplesmente se satisfazer vendo-a ser morta em sua frente. Interessante...

Apesar da tentação de usar isso a seu favor, seria arriscado demais. Etsu parecia estar satisfeita simplesmente de poder estar viva e andar novamente, mal imaginando em como podia vir a ser crucial em seu projeto. Um projeto que tinha começado a arquitetar desde que soube que Naruto teve um filho. Um projeto que agora estava começando a se encaminhar para a sua conclusão. Ainda faltava muita coisa para ser feita, mas depois de tanto tempo planejando e agindo cirurgicamente nos locais certos, era uma grande satisfação ver tudo fluindo de forma perfeita.

- Queria saber se como Kyuubi dentro de Naruto, você pode me ouvir, Orochimaru-sama – murmurou ele – não acredito que você tenha algum dia feito um plano tão detalhado quanto o meu de agora, e nem com um objetivo tão simples quanto duradouro. Acredito que no fim de tudo eu poderei dizer que sou Yakushi Kabuto, aquele que superou Orochimaru-sama realizando o maior sonho da vida dele.

Ele sorriu mais ainda e fechou os olhos, sentindo uma satisfação que nunca experimentara antes, e era apenas o começo. Só esperava ter tempo de fazer o mesmo no final.

- Realmente, Orochimaru-sama, eu espero mesmo que possa me ouvir...

A sala permaneceu em silencio total, e ele apenas suspirou e dirigiu-se ao quarto tinha tinha reservado para si. Tinha muita coisa para escrever em seu caderno de anotações.


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Notas finais do capítulo

Desculpem. A fic é livre e não vai ter mais nada além de uns poucos amassos... Usem a imaginação para saber o que aconteceu entre Moegi e Konohamaru, mas adianto que iria preencher umas seis paginas...



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