Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 21
Capítulo 21




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Alguns diriam que ele estava exercitando sua lendária preguiça ao observar aquele pergaminho aberto sobre a mesa por mais de uma hora sem nem ao menos tocá-lo. Mas considerando o quanto ele estava encriptado, seria mesmo difícil qualquer um o ler de forma rápida. Já era o sexto pergaminho deste tipo que ele lia para refrescar a memória e também adicionar mais informações para a sua investigação.

No entanto, não eram informações diretamente ligadas ao ocorrido no cemitério várias semanas antes, muito menos pareciam ter relação com o incidente que resultou na morte da godaime seis anos atrás. Eram os relatórios de Sakura sobre seu tempo de recuperação após a luta contra Sasuke e Tobi. E confirmando suas expectativas, lá não havia informações suficientes para esclarecer tudo. Na verdade, apenas informava que ficou uma semana em observação no hospital diretamente sob os cuidados de Tsunade. Havia uma extensa descrição de seu estado e dos cuidados que recebeu, mas não se encaixava com o que se lembrava. De qualquer forma confirmou o que queria.

Fechou o pergaminho e respirou fundo. Não tinha mais o que pesquisar agora. Era hora de falar com a hokage. Se alguém podia ter as informações que faltavam seria ela. Recolocou o pergaminho de volta no cofre e o lacrou cuidadosamente. Bateu na porta indicando que estava pronto para sair e se afastou um pouco. Quando a porta se abriu, dois ANBUs entraram. Um se posicionou a sua frente e o outro foi verificar o cofre. Satisfeito, fez sinal para o seu parceiro e este estendeu a sua mão na qual Shikamaru colocou uma das chaves do cofre e depois que este ANBU saiu, fez o mesmo para o outro.

A segurança para o acesso àqueles documentos era pouca coisa inferior aos documentos referentes aos segredos maiores da aldeia. Dados sobre hokages, jinchuurikis, bijuus, informações sobre outras aldeias e paises. Estes eram os segredos maiores. Mas a informação que estava acessando ficava apenas em segundo lugar, coisa que por si só chamou e muito a sua atenção. Porque o retorno de Sakura a aldeia depois do combate era tão sigiloso? Nada havia ali que justificasse esse nível de sigilo. Por acaso as informações realmente sigilosas teriam sido apagadas quando ela assumiu o posto?

Não... o chefe da ANBU não permitiria isto. Então porque tanto segredo sobre ela ter ficado internada no hospital? Pensava nisso enquanto saia do prédio e seguia não ao escritório dela, mas a um restaurante lá perto, onde vários shinobis almoçavam, incluindo alguns ANBUs novatos. Era lá que Sakura costumava comer também, e o melhor local para encontrá-la naquele horário. Afinal, era hora do almoço.

Entrou no restaurante e a viu ali junto com sua discípula. Talvez devesse comer um pouco também antes. Foi até uma das mesas e pediu um lanche rápido de ser preparado e também mastigado. Vinte minutos depois pagou sua conta e observou a mesa da hokage. Os pratos estavam quase vazios, portanto já podia estragar a sua digestão. Aproximou-se com as mãos nos bolsos e parou do lado da mesa, aguardando a melhor hora para conversar. Não pode deixar de ouvir elas conversando.

- ...fraco controle. Não acho que seja possível treiná-lo o bastante para se tornar capaz de usar nossas habilidades – dizia Moegi.

- E como ele encarou? – perguntou Sakura notando-o ali com os olhos.

- Ficou muito chateado, mas disse que ia superar isso, e se esforçar para se tornar um senin. Só não sei como vai conseguir isso. Konohamaru-kun já tem uma autoproclamada discípula e talvez queria fazer o mesmo com Minato-kun.

- Ainda resta a sensei dele – Sakura comentou displicente.

- Acha que ele vai tentar ser discípulo dela? Seria interessante.

- Tenho certeza de que pelo menos, Anko vai adorar isso. Oi Shikamaru. Por acaso vai estragar o meu dia?

Moegi voltou-se para trás e o cumprimentou. Ele encarou a rosada com aqueles olhos cansados de sempre. Aquela investigação lhe torrou a paciência mais do que gostaria.

- Depende do que consideraria estragar... podemos conversar a sós? – e observou Moegi.

- Aqui? – tornou ela cruzando os braços.

- Na verdade, até que seria bom um local bem isolado.

Se havia tanto segredo sobre o que tinha ocorrido quando ela retornou a aldeia, era melhor perguntar sobre o assunto da forma mais segura possível. Claro que ela sempre poderia dizer que não queria falar sobre o assunto ou apenas endossar o que ele já tinha lido. Mas devia haver algum motivo para tanta precaução referente a isto.

- Conheço um lugar ótimo – disse sorrindo – Moegi-chan, se alguém perguntar, diga que vou estar incomunicável por algum tempo.

- Sim, mestra – respondeu ela prontamente, mas demonstrando uma grande curiosidade.

Sakura pediu para ele a seguir e antes de saírem do restaurante ela comprou uma garrafa de saquê. Ele estranhou aquilo um pouco mas não questionou. A seguiu por entre as casas e surpreendentemente ela começou a andar na parede escarpada da montanha onde estavam as faces dos hokages. No fim ela o levou para o alto da cabeça da godaime.

- Não conheço lugar melhor que este – disse ela se sentando e pegando um pequeno copo de sua bolsa. Interessante as coisas que ela carregava consigo.

Ela abriu a garrafa e encheu o pequeno copo, e indicou com a mão para ele se sentar ao seu lado. Ele o fez e aguardou um pouco. Era mesmo um local bem isolado e seria fácil descobrir se alguém os estava observando.

- Agora Shikamaru, podemos conversar. O que considera tão confidencial que não pode ser comentado na frente de minha discípula?

- Não sou eu quem considera isso confidencial – ele bufou e olhou para cima, antecipando que aquilo ia demorar – mas alguém considerou. Bom, andei investigando sobre o que houve no cemitério e outras coisas. Mas... antes de fornecer minhas análises, eu preciso fazer algumas perguntas a você.

- A mim? – ela pegou o copo e o bebericou levemente – estou sob suspeita?

- Na verdade, está. Mas não da forma que pensa. Melhor eu começar logo. Eu queria confirmar uma coisa: Durante a luta que houve aqui, a aldeia foi seriamente danificada, muitos morreram e não vou ficar me detendo nesses detalhes porque você os conhece muito bem. A questão é outra.

Olhou para ela e a mesma permaneceu sentada com os joelhos dobrados aguardando que ele falasse.

- Quando tudo acabou e contabilizamos os mortos, Naruto, Sasuke e Kakashi foram declarados mortos pela godaime e você foi considerada desaparecida. Por três semanas acreditamos que tinha morrido, até que você apareceu muito esgotada e com as roupas bem rasgadas, mas fora um problema nos seus olhos, você parecia estar bem. Mesmo assim ficou uma semana sendo tratada pela sua mestra sob a mais restrita segurança que conheci.

- Andou lendo os arquivos – murmurou ela.

- Sim, pedi permissão para os anciões. O motivo de eu estar comentando isso se deve a um fato muito simples. O caixão que devia ser de Naruto que vi naquele tumulo estava com sacos de areia. Antes de tudo ser colocado de volta ao normal para que ninguém soubesse que ele tinha sido violado, eu pesei os sacos e o peso equivalia ao peso de Naruto. Além disso, depois de mais de uma década, deveria haver apenas ossos naquele caixão. Eu estava lá quando o caixão foi colocado no tumulo. Ora.. eu ajudei a carregar ele – olhou-a diretamente – eu acho que o corpo de Naruto nunca esteve ali, mas não é isso que está me incomodando agora.

Fez um pausa e olhou para ela. Sakura ainda estava da mesma forma, o observando de forma tranqüila, aguardando que ele prosseguisse.

- Você não estava aqui quando enterramos nossos mortos, estava desaparecida. Os documentos que tive acesso confirmaram o que a godaime me disse na época, que você ficou vagando fora de si sem rumo definido, talvez por ter sofrido um grande stress na luta. Não há duvidas que usou a capacidade de regeneração para curar suas lesões, considerando o estado de suas roupas você deve ter ficado muito ferida. Mas o fato é que quando você voltou para a aldeia, todos os mortos já estavam enterrados, e na verdade estávamos mesmo a considerando morta também.

- Isso vai nos levar a algum lugar? – perguntou ela com um sorriso amarelo.

- A maneira como você e Hinata agiram naquele dia no cemitério. Vocês duas sabiam que o corpo de Naruto não estava no caixão. Se Hinata não sabia, você deve ter contado para ela. Não posso acreditar que ela estaria tão controlada daquela forma se o corpo dele tivesse sido roubado. E você mesma teria ordenado uma invasão em todas as casas da aldeia para encontrar qualquer pista sobre o ocorrido.

- Shikamaru... pergunte logo o que quer saber sem rodeios.

- Você é a única testemunha viva do que houve quando o time sete enfrentou Tobi e Sasuke. Ninguém jamais viu os corpos deles, com exceção de Tsunade-sama e alguns médicos. Nós apenas fomos informados de suas mortes pela hokage. Vimos seus caixões serem enterrados, mas ao que me consta, pelo menos o de Naruto só tinha sacos de areia. Quero saber apenas duas coisas: Como você e Hinata sabiam que ele não estava no caixão e... – apertou os lábios e hesitou antes de perguntar – Naruto está mesmo morto?

Ela respirou fundo e olhou para frente, para a aldeia e a floresta que a cercava. Ficou nesta posição por alguns momentos e depois fechou os olhos abaixando a cabeça. Parecia que estava pensando no que falar, ou talvez até se devia falar algo. Shikamaru tinha certeza de que alguma coisa tinha acontecido para haver tanto segredo sobre esse evento, mas não conseguia realmente imaginar o que podia ser. A única que podia dar alguma resposta era ela, e se a mesma não quisesse responder, seria impossível chegar a uma conclusão aceitável sobre o que tinha ocorrido. Ele pessoalmente acreditava que ela soube disto por acesso a informações como hokage, mas a possibilidade de Naruto estar vivo, apesar de extremamente remota, existia.

- Eu estava acariciando sua cabeça nos meus joelhos quando ele morreu – disse ela começando a murmurar – ouvi ele me chamar de Hinata várias vezes... – um fraco sorriso se esboçou em sua boca quando disse aquilo – eu sabia que ele estava morrendo, e não tinha nada que pudesse fazer para evitar, apenas tentar lhe dar algum conforto. Pensar que eu era Hinata talvez tenha feito isso... eu não disse quem eu era para ele, apenas fiquei acariciando sua cabeça até que ele ficou quieto. Até ele morrer...

Ela abaixou a cabeça de novo e ele viu lagrimas em seus olhos.

- Eu mal conseguia ver algo com a lesão que Tobi fez em meus olhos. Podia sentir meu corpo enfraquecendo pelos ferimentos, e não me importava. Quer a verdade sobre aquele dia, Shikamaru? Eu vou lhe dizer – o olhou diretamente – Naruto e Sasuke uniram forças contra Tobi. Não me pergunte o que houve para ele mudar de idéia, mas foi isso o que eu vi enquanto estava tentando evitar que Kakashi-sensei morresse. Vi Sasuke ser mortalmente ferido quando tentava proteger Naruto, e vi Naruto em agonia quando Tobi rompeu o selo da Kyuubi. Foi nesse momento que tentei atrapalhá-lo para não pudesse selar a bijuu de nove caudas em si mesmo. E foi quando ele quase me deixou cega. Mas eu consegui meu intento. Naruto e Kakashi-sensei acabaram com ele depois, mas o preço foi a vida de Kakashi-sensei. Quanto a Naruto, sem o bijuu ele morreu depois.

Ela ficou em silencio novamente, talvez ponderando sobre o que iria dizer agora. Mas Shikamaru já sabia de algo que nunca tinha sido comentado. Sasuke lutou ao lado de Naruto? Porque ela nunca tinha dito aquilo antes?

- Eu tinha certeza de que ia morrer depois de tudo. E decidi andar para bem longe. Longe de tudo e de todos. E o fiz por dias. Cheguei mesmo a perder a noção de quem eu era ou do que fazia. Quando minha mente começou a se recuperar, eu estava quase na fronteira do pais do Fogo. Ainda mal podia ver, mas meu corpo estava recuperado. Talvez eu tenha usado a regeneração sem perceber, mas nada pude fazer por meus olhos. Quando voltei para a aldeia, minha mestra ficou vários dias tentando me fazer enxergar novamente. Até que por fim ela me fez um transplante de olhos.

- Impressionante que ela tenha conseguido a mesma cor de olhos – disse ele a olhando.

- Eu uso lentes de contato deste então – ela ficou emburrada - Naruto está morto, Shikamaru. Morreu em meus braços pedindo para “Hinata” dizer para Sakura que ele tinha cumprido a sua promessa de trazer Sasuke de volta.

Apertou os lábios mais forte agora e suspirou. Devia estar muito ferida com aquelas lembranças. Ele mesmo lembrava-se de seus amigos mortos na luta.

- O corpo de Naruto, de Sasuke e dos outros não estão nos caixões. Lembra-se de que Tsunade-sama tinha dito que tinha se garantido para Kabuto não poder usá-los? – olhou para ele – essa foi a forma. Nenhum dos que foram enterrados estavam nos caixões. Ela me disse isso enquanto eu estava sendo tratada. Seus corpos estão selados em um selo de tranca. E anos depois eu contei para Hinata, quando a coitada mais e mais ficava preocupada de Kabuto poder fazer alguma coisa com o corpo do homem que ela amou.

- E naquela noite no cemitério as duas contaram para Neji, não foi?

Ela o olhou de lado e maneou a cabeça levemente de forma a confirmar.

- Porque nunca disse que Sasuke ficou do lado de Naruto?

- Porque eu até hoje não sei se ele ficou do lado de Naruto ou apenas contra Tobi. De qualquer forma ele tinha perdido tudo, e acabou morrendo defendendo aqueles que queria destruir.

Ele sentiu que essa não era a resposta certa, e que ela estava escondendo algo a respeito. Mas não era o assunto que lhe interessava. E agora com esta informação as coisas finalmente faziam mais sentido.

- Bom, agora que você garantiu que Naruto está mesmo morto, posso lhe dar o resultado do que descobri até agora. E talvez até felizmente, não creio que Kabuto esteja envolvido neste incidente do cemitério.

- Não? – ela o olhou intrigada – porque?

- Ele não faria um serviço mal feito daqueles. O Caixão foi aberto a machadadas! Se ele queria o corpo para desfazer o que quer que a godaime tinha feito para bloquear aquele jutsu de ressurreição não iria se arriscar a danificá-lo. Além disso, nem Kabuto poderia passar pela barreira sem ser detectado. Se você suspeitava de um serviço interno, tinha toda a razão. Alguém aqui da aldeia fez aquilo, e não o fez sozinho. As marcas de machadadas foram feitas de dois ângulos diferentes. Pelo menos duas pessoas fizeram isso.

- Alguma idéia de quem sejam?

- Bom, eu pesquisei sobre o incidente com Tsunade-sama. Na época uma coisa me chamou muito a atenção e me chamou novamente enquanto eu lia o relatório. Foi um chidori que aquele assassino fez?

- Pelo menos, era uma boa imitação – disse ela com os olhos firmes. Ela ainda devia sentir muito rancor ao se lembrar daquele dia.

- Isso me chamou a atenção. Kakashi-sensei criou isso, e o único para quem ele ensinou foi Sasuke. No entanto, sabemos que Sasuke ficou três anos com Orochimaru e Kabuto, tempo mais do que suficiente para aquele insano colecionador de jutsus ter aprendido isto, e como Kabuto o sucedeu, não duvido que o tenha aprendido também.

- Onde quer chegar? – ela encheu o copo de novo.

- Porque dentre os assassinos que aparentemente estavam preparados para enfrentar a godaime, um deles utilizaria algo que seria tão perigoso contra ela? Assim como você, sua mestra era uma grande lutadora de corpo a corpo. Porque ele faria aquilo?

- E que resposta você teve?

- Uma possibilidade seria a de que talvez, apesar do perigo de enfrentá-la assim, seria o mais eficiente para feri-la de forma a não se recuperar, embora eu tenha minhas dúvidas. Mas outra possibilidade seria a de ser um simples recado. A de que Kabuto estava envolvido de alguma forma no incidente. Não seria difícil ele ensinar alguém a usar isso, caso fosse manipulador de raiton.

- Eu realmente cheguei a pensar que isso poderia ter algo a ver com o tempo em que Sasuke ficou desaparecido. Mas simplesmente não vejo que interesse ele podia ter na morte de minha mestra.

- Não? Não foi ela quem o impediu de poder ressuscitar os corpos de Naruto e dos outros? Devia ser algo que ele tentou para desfazer o que ela tinha feito.

Sakura o olhou e depois de alguns segundos, entornou o copo de uma vez só. Era evidente que ela nunca tinha pensado naquilo.

- Se foi isso, não deu certo. A morte dela não iria quebrar o selo.

- Provavelmente foi por isso que ele não fez mais nada desde então. De qualquer forma, o interessante deste incidente você mesma sabe, e foi o que me pediu para investigar. Alguém tinha nocauteado os responsáveis por dar o alarme caso alguém invadisse a barreira. Alguém de dentro da aldeia. Nos últimos seis anos, apenas quinze pessoas deixaram de morar aqui. Quatro morreram de velhice, e os outros onze não retornaram desde então. Mandei ANBUs os localizarem e vigiarem. Fizemos uma extensa investigação sobre eles, e realmente não há nada que os denuncie. Portanto quem ajudou naquela invasão de seis anos atrás, ainda está na aldeia. Eu pedi para todos os ANBUs que estavam de guarda na cidade para relatarem quem viram passar pelas suas posições naquela noite. Pelo provável horário em que ocorreu a violação do túmulo de Naruto, temos dezenove suspeitos que poderiam ter ido até o cemitério, feito o serviço e saído de lá sem serem percebidos. Mas apenas dois estavam juntos. Estes mesmos dois foram vistos quarenta minutos após Hinata ter dado o alarme sobre o que aconteceu. Considerando onde foram vistos, poderiam tranqüilamente ter andado com calma até o local. O interessante é que eles são comerciantes, não tinham o que fazer no local em que foram vistos, nem era caminho de suas casas.

- Há quanto tempo sabe disto? – ela o olhava de forma séria.

- Uma semana. Eles estão sob vigilância, mas não fizeram absolutamente nada de excepcional.

- Esperou uma semana para me contar isso? - Ela estava ficando nervosa.

- Ora... – ele se espreguiçou – você me disse para investigar até onde fosse possível. Eu precisava me certificar de que Naruto realmente não estava no caixão. Ah propósito.. você disse que viu Tobi quebrar o selo de Kyuubi. O que houve com ela? Ela não poderia ter ficado todos estes anos desaparecida. E até onde eu sei, mesmo que estivesse no corpo de Tobi quando este morreu, iria acabar voltando. Sei que não podia estar no corpo de Naruto porque você mesma disse que ele morreu por causa disto.

- Lamento, Shikamaru. Mas esta informação vai permanecer oculta comigo. Kyuubi está em paz, e não tem nenhum interesse em voltar. E ela não está selada em ninguém agora, se é o que quer saber.

- Como pode saber disto?

- Em todos esses anos, ele nunca se manifestou, não é verdade?

Apertou os lábios e olhou para a bela vista que tinha da aldeia daquela posição. Dava para ver os portões abertos, e algumas pessoas passando por ele. Realmente, a raposa nunca mais fez qualquer tipo de manifestação desde aquele dia. No entanto os boatos que surgiram logo após Hinata dar a luz causaram muita desconfiança na precária aliança que haviam entre os paises. Não tanto por Konoha talvez ainda possuir a nove caudas em seu poder, mas sim por aparentemente fazer segredo absoluto disto. Alguns bijuus foram localizados e lacrados em potes de barro, sendo vigiados por ninjas de todas as aldeias. Considerando que uma pessoa quase teve em mãos todos os bijuus, não queriam correr riscos deste tipo. Já os outros dos quais nunca mais se teve notícias – incluindo Kyuubi – acreditavam que foram selados em pessoas, mas os que fizeram isso deviam manter segredo total do assunto.

- Você fugiu do assunto – disse ela interrompendo seus pensamentos.

- Como?

- Disse que fugiu do assunto. Você confirmou que as mesmas pessoas que podem ter participado do assassinato de minha mestra podem ter violado o túmulo de Naruto. E também disse que o ataque a ela pode ter sido obra de Kabuto, ou ter tido algum envolvimento dele. Mas porque tanta certeza de que ele não mandou fazerem isso?

- Porque me pareceu que alguém queria apenas confirmar se Naruto estava enterrado ali. Kabuto não precisaria desta confirmação. Seja quem for, confirmou que o túmulo estava vazio, e logo irá tentar comunicar isto para alguém. Acho que uma das outras aldeias ocultas está por trás disto, e se a informação de que o corpo dele não está no caixão vazar, podemos vir a ter muitos problemas.

- Agora você me fala isto? – ela quase gritou.

- Desculpe – ele ficou sem jeito – não tinha pensado muito nas implicações a respeito.

- Se isto se espalhar, terei de dizer onde o corpo dele realmente está, apenas para evitar possíveis aumentos de desconfiança dos outros kages. E logicamente eles irão querer confirmar isso, e a única forma seria romper o selo.

- Você pode refazer esse selo?

- Posso sim. Não é propriamente difícil, apenas demorado. Qual a possibilidade das pessoas que você está vigiando terem passado a informação antes de vigília começar?

- Remotas. A vigília começou na mesma noite. Todos os que foram vistos andando na aldeia no horário do ocorrido ficaram sob observação constante até reduzirmos os suspeitos para os dezenove de agora. Pessoalmente talvez seja mais eficiente se pressionarmos todos eles. Alguém pode ficar nervoso e cometer erros.

- Disse que seus suspeitos principais são comerciantes. Quando eles vão sair da aldeia para comprar mercadorias?

- Na próxima semana. Estamos vigiando eles bem de perto. Se forem contatar alguém, será neste momento.

- Faça seu trabalho, Shikamaru – ela pegou a garrafa e colocou a rolha de volta nesta – não estou realmente muito preocupada com o que houve no cemitério, mas no que podemos descobrir referente a morte de minha mestra.

De forma displicente, jogou a garrafa para ele que a pegou sem dificuldade. Depois disto ela ficou de pé e olhou para o céu encoberto. Não parecia mais a mulher com olhos mareados de há pouco tempo atrás, mas sim a hokage firme e decidida que tinha se acostumado a ver. Mas apesar dela ter lhe dado algumas respostas, tinha certeza absoluta de que ocultou todo o resto. Ela se recusou a falar de Kyuubi. Ficou imaginando de que maneira ela podia ter tanta certeza de que esse bijuu não iria aparecer de uma hora para outra.

Arregalou levemente os olhos quando a resposta surgiu. Respirou fundo e manteve seus lábios apertados, evitando de olhar para ela. E diferente da questão sobre o corpo de Naruto, essa resposta não era assim insana. Na verdade, até que fazia sentido. Mas se fosse o que imaginava, teria de levar isso ao conhecimento dos anciões. Nem eles sabiam o que houve com a raposa. Só sabiam que ela tinha sido vista durante a batalha final, e Sakura confirmou que o selo de Naruto tinha sido rompido, o que possibilitou essa aparição. Mas o mais importante, ela disse que tinha impedido Tobi de selar a raposa no corpo dele. Se ela o interrompeu, a raposa escaparia do selo ainda fraco. A raposa foi vista por alguns momentos, e depois sumiu. Portanto, tinha sido selada.

A pergunta era... onde? Ou melhor, em quem? Olhou novamente para Sakura e sentiu um calafrio na espinha. Só tinha sobrado uma opção.

- Mais alguma coisa? – perguntou ela o olhando daquela forma incisiva.

- Não – mentiu ele – mais nada. Eu informo se descobrirmos alguma coisa referente a vigília dos suspeitos. Acho que você pode voltar para aquela mesa...

- Até parece que estou ansiosa para isso...

Ele sorriu fracamente, tentando evitar de pensar no que deveria fazer. Deveria contar para os anciões de sua suspeita ou manter isso consigo? Enquanto observava ela começar a descer a montanha, ficou ponderando sobre as conseqüências de cada uma de suas ações possíveis. Se estivesse certo e não contasse a ninguém, isso poderia ficar evidente no futuro, em alguma situação muito critica onde o poder da raposa seria necessário. Se contasse agora, a pessoa que estava com Kyuubi selada dentro de si ao menos teria uma proteção adicional e provavelmente discreta, mantendo as aparências atuais. Os anciões nunca aprovariam que essa informação fosse dada as outras nações, porque entre outras coisas, revelava que Konoha esteve com a nove caudas em seu poder por todos aqueles anos, e ninguém – nem ele – acreditaria que tinha sido um segredo mantido por apenas uma pessoa.

Por outro lado, se ele estivesse errado e contasse para os anciões, apenas iria passar vergonha. Vendo por este lado, seria mais fácil simplesmente falar. Então porque sentia que estaria traindo a confiança de Sakura se fizesse isso?

Praguejando em voz baixa, ele abriu a garrafa e a entornou na boca, e neste momento arregalou os olhos. Sakura tinha lhe dado a garrafa, e ela nunca fazia isso. Será que ela sabia que ele iria pensar naquilo e sentir vontade de beber? Olhou na direção em que ela seguiu mas já estava distante.

- Sakura, precisamos jogar xadrez qualquer dia destes – murmurou olhando a garrafa em sua mão.


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