Sonho Renascido escrita por Janus


Capítulo 18
Capítulo 18




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Acordou de forma sonolenta e ficou sentado na cama por alguns minutos. Porque estava tão cansado? Até que tinha ido dormir cedo, bem mais cedo do que estava acostumado a fazer. Olhou para o relógio na parede e viu que tinha tempo de sobra para tomar banho e se arrumar. Sua mochila com equipamento já estava encostada na parede do lado da porta, seria só pegar e por nas costas.

Saiu da cama cambaleando e foi direto ao banheiro, tirando o pijama no caminho. O bom de se morar sozinho é que ninguém reclamava da bagunça que fazia em casa. Abriu na água gelada para acordar mais rápido e depois que começou realmente a tremer de frio, ligou a água quente. Foi quando começou a se lembrar da noite anterior.

A Ayame estava mesmo desesperada por um pouco de diversão, mas ele ainda não acreditava que tinham passado da conta. Ele apenas mordiscou um pouco a sua orelha enquanto dançavam um pouco, só isso. Não era para ela ter ficado tão melosa. Já tinham feito isso antes, e ele encarava mais como uma brincadeira um pouco avançada para com uma amiga com a qual cresceu junto feito um irmão. Pior foi ela dizer o quanto Haruka ficaria furiosa quando descobrisse.

Pior que ia descobrir logo. Com certeza seria a primeira coisa que iria dizer para ela assim que se encontrassem. Fechou a água do chuveiro e assim que se secou, pegou sua roupa preta com detalhes laranjas. Já estava acostumado com ela, e sempre que a vestia se lembrava de quando a tinha ganhado de presente. Até que tinha sido de forma bem simples. No mesmo dia em que ele iria na academia conhecer o resultado de seu exame, ela estava esperando por ele na entrada com um pacote na mão. Parecia até que ela já sabia qual o resultado. Talvez soubesse... sendo uma pessoa tão conhecida e importante na aldeia, ela devia poder ter informações que outras pessoas não podiam ter. E além de ser uma roupa que ele até tinha gostado – apesar de preto não ser propriamente sua cor favorita – ela também era bem resistente. Conforme a vestia ele a examinava para verificar o estado da mesma. A coitada daquela roupa tinha sido surrada, esfregada no chão, passeado na lama de um chiqueiro – não gostava muito de se lembrar disto – e também tinha sido sua salva vidas quando suas amigas o seguraram na gola para evitar que ele caísse de uma árvore.

Até que aquelas missões “fáceis” tinham dado uma quota de trabalho bem grande...

Agora seria sua primeira missão com alguma importância. Colocou a mochila nas costas e após se certificar de que seu pijama estava no guarda roupa e a toalha que tinha usado estava pendurada – ele já sabia o odor que ficava no apartamento se a largasse úmida no chão – saiu de seu apartamento rumo a entrada da aldeia. Finalmente iria conhecer a pessoa importante que iria escoltar.

Só que não tinha a menor idéia de como era escoltar alguém. Seria apenas ficar andando ao lado desta pessoa? Bom, seu sensei com certeza daria umas dicas,  e o bom era que isso iria pagar o bastante para poder comprar um fogão para sua casa. Não agüentava mais comer lanches frios.

Conforme se aproximava do portão, já podia ver seu sensei e Ayame ao seu lado conversando. Um pouco mais adiante com as costas no portão aberto e sentada no chão estava Haruka, com Shiromaru em seu colo, ambas tirando um cochilo. Nossa... essas duas eram dorminhocas mesmo.

- Minato-kun – disse Ayame – bom dia.

Ele esperava o costumeiro beijo simples na boca que tanto Ayame quanto Haruka davam nele de bom dia, mas daquela vez o beijo simples ficou um pouco mais complexo. Quase dez segundos depois ele se afastou dela e a olhou assustado.

- A-Ayame-chan? Mas...

- Eu adorei o passeio de ontem – disse ela o abraçando mais forte – e Haruka-chan também se divertiu pelo que Kiba me disse.

- Kiba?

Agora estava ficando um pouco estranho. Como ela sabia disso? Melhor ainda, porque Kiba tinha dito isto para ela?

- Ora... acha que ela veio até aqui a essa hora sozinha? – ela riu divertida – Kiba a trouxe nas costas de Akamaru. Pelo jeito o passeio com o Ringo-kun foi muito mais do que qualquer um esperava. Ela acabou dormindo bem tarde.

- Mesmo? – olhou para ela largada no portão parecendo tão frágil e meiga dormindo daquela forma – e não vai acordar não?

- Quando nossa missão chegar a gente acorda ela. Deve ser logo, não é sensei?

- Se for pontualmente as oito horas, vai ser em alguns minutos – disse ele mantendo os braços cruzados e olhando para Haruka que parecia estar em um sono profundo – quem se habilita a acordar ela?

- Lembra de como a acordávamos no orfanato? – disse Minato olhando de forma sapeca para Ayame.

Os dois foram até Haruka e começaram a esfregar lentamente os dedos na orelha dela, tentando causar cócegas. Konohamaru apenas olhava para aquilo maneando a cabeça. Ela começou a se remexer, e seus movimentos estavam também incomodando a cadela em seu colo. Foi quando ambos mudaram de idea e começaram a cutucar a Shiromaru. Ela começou a soltar sons como se estivesse chorando, aquele silvo alto e agudo que os cães fazem as vezes.Chegava a bater as orelhas talvez tentando espantar uma mosca. Até que de repente ela acordou e latiu bem alto, acordando Haruka no processe que ficou de pé em um pulo.

- Sem água hoje, já acordei! – disse ela com os olhos ainda avermelhados pelo sono e olhando surpresa ao redor – onde eu estou? Cadê o Ringo-kun? E a Nayuko?

Quando ela percebeu onde estava e quem a observava de forma curiosa pelo que tinha dito, ficou vermelha de vergonha e pegou Shiromaru do colo. Dizendo um”bom dia” meio sem graça para eles.

- Que história é essa de Ringo-kun? – perguntou Ayame com um sorriso de sem vergonha – o que vocês andaram aprontando?

- Apenas nos divertimos... dançamos na... naquele restaurante.

Minato olhou para ela e parecia que ela queria esconder alguma coisa, pois logo mudou de assunto.

- Nossa missão já começou? – perguntou ela andando para longe deles e em direção ao sensei – quem vamos ter de escoltar?

- Que tal explicar porque está com tanto sono hoje? – disse o sensei olhando para ela – bem mais do que o normal?

- Fui dormir tarde ontem, só isso – ela estava mais vermelha ainda agora – e não fiz nada de errado.

- Vou perguntar para o Kiba depois – disse desviando o olhar dela e observando o interior da aldeia. Ele também estava ficando ansioso. Nem chegou a reparar em como Haruka ficou receosa com o que ele tinha dito de perguntar ao Kiba.

- Já está na hora? – disse Ayame se aproximando deles e olhando ao redor. Qualquer pessoa que visse se aproximando do portão ela ficava ansiosa mas depois ficava chateada porque ela se desviava.

Minato também estava ansioso, e não querendo se conter mais, fez alguns clones e estes começaram a andar pela aldeia procurando, Ayame fez o mesmo e por algum tempo, os vigias dos portões e algumas pessoas dali viram vários clones deles andando ao redor procurando por algo.

- Mas vocês sabem quem estamos procurando? – perguntou Haruka curiosa.

Os dois se entreolharam e cancelaram o jutsu. Eles não tinham como saber quem seria a pessoa a ser escoltada, só sabiam que devia estar alguns minutos atrasada.

Foi quando Shiromaru começou a latir ao mesmo tempo em que farejava o ar. Parecia que ela tinha percebido alguma coisa.

- Haruka-chan, o que ela está fazendo? – perguntou Minato a observando. A cadela começou a se remexer querendo sair do colo dela e quando Haruka a libertou ela foi direto seguindo a rua para o centro da aldeia e entrou a direita. Todos olharam para Haruka que envergonhada não podia explicar aquilo. Tudo o que pôde dizer foi que com certeza a sua parceira tinha percebido algo referente a missão deles. Talvez tivesse farejado a pessoa a ser escoltada e tinha ido atrás dela.

Mas ficaram preocupados logo em seguida. E se Shiromaru assustasse a pessoa que tinham de proteger? Preocupado, Minato fez um clone mas antes que ele pudesse se mover, todos viram Shiromaru voltando, mas não estava andando, ela estava no colo de uma pessoa, uma pessoa que ela tentava lamber de qualquer forma e que também não parecia preocupada com isso. E era isso que estava assustando a todos, pois até então aquela pessoa tinha sido muito autoritária e enérgica com eles.

Era a hokage!

Ali, andando como uma mortal comum e com Shiromaru no colo, e estava sorrindo para a cadela. O mundo devia estar acabando. Ao lado dela estava sua sombra, Shizune, carregando uma mochila nas mãos e falando algo com ela. Será que a missão foi cancelada? Era só o que faltava. Porque outro motivo a hokage iria até o portão no horário em que tinha combinado para eles se encontrarem com a pessoa que tinham de escoltar?

- ... melhor a respeito, hokage-sama – dizia Shizune no meio de uma frase.

- Eu já pensei – tornou ela acariciando o pêlo da alegre Shiromaru – cuide das coisas até amanhã, e se tiver mais papel que o normal na minha mesa, já sabe o que acontece!

Notaram que Shizune ficou branca quando ela tinha dito aquilo. Sem dizer mais nada, ela deixou Shiromaru no chão – que correu para o lado de Haruka em seguida – pegou a mochila que estava nas mãos de Shizune e retirou um cabo de vara de pesca desta. Colocou a mochila nas costas e segurou a vara de pescar pela metade no ombro, observando a todos com um sorriso.

- Vamos indo? – disse ela.

Os quatro ficaram com a boca entreaberta e a olharam sem fala. Ela era a pessoa a ser escoltada?

- H-hokage... sama... hã... – Ayame estava sem palavras daquela vez.

- O que foi? Eu disse que era uma missão de escolta, não disse?

- Mas.. mas.. mas... – Minato também tentava achar palavras, e Haruka nem ao menos tentou dizer algo. Aquilo tinha sido inesperado.

- Qual o problema? – disse ela já sem paciência.

- Desde quando escoltar a hokage é uma missão “C”?? – disse Minato olhando fixamente para ela.

- A classificação da missão é pelo risco envolvido, e me acompanhar até um dos lagos próximos da aldeia não é algo perigoso. O máximo que terão de me proteger será contra alguns esquilos e talvez um ou outro pássaro – ela sorriu para eles.

- Lago? – disse Ayame confusa.

- Sim, ou acham melhor eu pescar lá onde o riacho começa? Faz tempo que não vejo aquela pequena cascata... – ela olhou para cima e parecia estar saudosa com alguma lembrança.

Konohamaru começou a rir levemente, e Sakura o olhou estreitando os olhos mas mantendo a expressão simpática do rosto. Já os três gennins estavam começando a perceber que estavam sendo usados para ela poder passear um pouco.

- Me parece que a nossa hokage-sama andou achando outra brecha para tirar um dia de folga por ai...

- Como é? – perguntou Haruka de boca aberta.

- Sabe o que acontece quando quero passear um pouco? ANBU me seguindo o tempo todo, sempre me interrompendo para tomar decisões... mas se eu estiver fazendo algo “particular” com a segurança devida eles me deixam em paz...

- Mas hokage-sama – interveio Shizune – saindo da aldeia apenas com um grupo de gennins pode estimular a algum inimigo em potencial para atacá-la!

- E quem vai dizer para eles? De qualquer forma não vou mais longe do que as áreas de treinamento, vai ter um ANBU ou outro olhando os arredores. Agora, o time seis vai executar a sua missão ou vou ter que pedir para outro time fazer isso?

- Certo crianças – disse Konohamaru – já temos nossa missão – ele olhou para ela sem conseguir esconder o sorriso – mas não é porque vamos estar próximos da aldeia que vamos relaxar no nosso trabalho. Além do mais assim vocês já têm alguma experiência no assunto. Haruka-chan, já que você é nossa rastreadora, você irá na frente com a sua colega para verificar se tudo está tranqüilo. Minato-kun, faça alguns clones e cuide da retaguarda. Eu e Ayame-chan iremos junto com a hokage. A propósito... para onde iremos?

- Bem... - ela olhou para cima e sorriu – acho que vamos na cachoeira mesmo.

- Seis horas de caminhada – disse ele – ou muito mais rápido se formos pelas árvores...

- Nem pense nisso! – ela ergueu o dedo para ele – é uma missão de escolta, e eu vou ser uma comportada pessoa a ser escoltada andando calmamente pelo caminho...

Ayame já estava demonstrando sua irritação no rosto. Então a missão era apenas uma desculpa para a hokage fugir do trabalho? E ainda ia pescar? E para piorar com certeza iria acampar por lá mesmo, já que tinha dito que deviam se preparar para passar a noite fora.

- Sensei? – chamou Haruka quando começaram a andar atravessando o portão da aldeia.

- Sim?

- Eu devo ir na frente porque com Shiromaru posso localizar com antecedência uma possível cilada, certo?

- Exatamente – respondeu ele sorrindo.

- E você fica do lado dela porque como é o melhor entre nós deve ser a melhor defesa para a hokage, caso alguém da dianteira ou retaguarda dê algum aviso...

- Muito perspicaz – ele já tinham atravessado o portão e  Minato já estava ficando um pouco para trás.

- Mas porque Ayame-chan deve ficar com senhor? Minato-kun pode fazer mais clones que ela, o que ajuda mais em uma defesa, não acha?

- Verdade – murmurou ele – mas acredito que é mais vantajoso ele ficar na retaguarda pois seus clones podem cobrir uma área maior. De qualquer forma, você já precisa ir tomar o seu lugar.

Ela o olhou torto não acreditando muito na sua resposta e começou a correr na frente com Shiromaru ao lado. Conforme andava, ela fez um jutsu e dois clones da cadela apareceram. Todos foram em frente e cerca de cinqüenta metros adiante se separaram. Haruka e Shiromaru ficaram na estrada, e os clones da cadela foram cada qual para um lado.

Na retaguarda, Minato fez dez clones e eles se embrenharam pelas árvores que rodeavam o caminho. Minato ficava sempre próximo da estrada, para poder ficar com um olho na hokage que ia adiante. Ele já tinha percebido que quando um clone desaparecia, ele recebia tudo o que ele tinha vivenciado juntamente com o chakra do mesmo que retornava.

Com exceção de alguns clones de Shiromaru perseguindo esquilos e outros de Minato investigando alarmes falsos – chegou a interromper um treinamento de um time júnior que estava próximo – não houve nada excepcional por quatro horas. Algo que todos aguardavam. Ninguém esperava um ataque tão próximo da aldeia e ainda mais naquela circunstancia, afinal, apenas a hokage sabia que ela ia sair naquele dia. Minato viu que seu sensei o chamava e foi até ele. Ficou sabendo que iriam fazer uma pausa para o almoço.

Andaram um pouco por entre as árvores e localizaram um pequeno descampado. A hokage sentou-se de uma forma até um tanto delicada sobre um tronco de árvore caído e ficou observando os gennins atuarem. Ayame ficou resmungando alguma coisa para Haruka enquanto ambas faziam uma fogueira, o que estava deixando a hokage intrigada. Minato retornou quinze minutos depois com várias frutas e raízes. Jogou estas para as meninas que descascaram as raízes e espetaram em galhos e começaram a esquentá-los na fogueira. Sakura viu aquilo e sorriu divertida.

- Pensei que iam trazer alguma comida – disse ela abrindo a mochila.

- O Sensei nunca deixa a gente trazer nada – respondeu Minato – temos sempre que nos virar com o que podemos.

- Que sensei malvado! – disse ela, deixando Konohamaru intrigado e os três gennins surpresos. Ela estava sendo muito mais simpática do que jamais viram antes.

Ela tirou algumas maças da mochila e começou a comê-las. E enquanto fazia isso, começou a remexer em uma das bolsas da mochila procurando por algo.

- Peguem, crianças – disse ela arremessando várias cápsulas ovais na direção deles.

- O que é isso? – perguntou Haruka. Shiromaru farejou aquilo e se afastou dando um espirro. Não devia ser algo gostoso.

- São pílulas de soldado. Usem apenas quando forem fazer uma grande jornada e não puderam parar para comer. Vai lhes manter alimentados e com energia por algumas horas.

- Pelo menos não são as bolas de lama... – disse Konohamaru – ai! – gritou ele quando recebeu uma bola grande e marrom na cabeça.

- Já que você pediu – ela sorriu sarcástica – já tentei de tudo, não tem jeito de deixar isso com sabor melhor. Mas também não tem nada melhor que possa recuperar suas reservas.

- Sim – ele pegou a bola e a colocou na bolsa – a não ser quando se engole essa coisa de uma só vez.

- Dá para engolir isso?

- Não Minato-kun, tem que morder mesmo – ele suspirou – mas quando você se acostuma a levar um golpe quase mortal para poder dar um contra ataque, até que o gosto não chega a ser problema...

Os três olharam para ele sentindo um certo receio. Até então não tiveram nenhuma missão em que houvesse um real risco de vida. O Sensei sempre estava por perto para ajudá-los. Mas perceberam que isto não ia ser eterno.

- Certo alunos, mais dez minutos de descanso e então prosseguimos.

Os três olharam para a hokage, mas esta apenas cruzou os braços atrás da cabeça e se deixou cair na grama, com se dissesse que não iria discutir o assunto.

Quando voltaram a andar, Konohamaru mudou um pouco a formação de proteção. Ayame ficou na retaguarda e Minato ficou com ele ao lado da hokage. Não ia demorar muito para chegarem onde havia uma cascata no riacho. Minato já tinha ido ali com suas amigas em uma das missões e aproveitaram para tomar banho na lagoa que se formava ao redor da cachoeira.

Ele andava as vezes do lado da hokage, e outras vezes um pouco afastado, como se olhasse ao redor. Sabia que nada iria ocorrer, mas tinha que agir como se fosse um escolta real – quando almoçaram, conversaram um pouco em voz baixa e concordaram que provavelmente tudo aquilo era apenas uma forma da hokage fugir de suas obrigações, e até que não a culpavam muito – pelo menos para se exercitar e agir de acordo quando fosse fazer uma verdadeira. Em uma das vezes em que se aproximou dela, levou um susto quando ela colocou a mão em sua cabeça.

- H-hokaga-sama! – exclamou ele.

- Calma Minato-kun – ela sorriu – você não me chamava assim quando eu cuidava de você por um dia.

- Eu era só uma criança... – ele ficou um pouco emburrado.

- Sim, você era. E olha só para você agora... um gennin, com boas companheiras de time, aprendendo jutsus que poucos sabem...

- Poucos? – ele olhou para ela com os olhos abertos.

- Além de Naruto e Konohamaru-kun, eu nunca soube de outro ninja que usasse o clone das sombras com tanta freqüência quando você.

- Ayame-chan também usa – disse ele tentando disfarçar a timidez que sentiu com aquele elogio, ainda mais comparado com Naruto. Ele não era alguém que o idolatrava como as amigas, mas de tanto ficar com elas, não podia deixar de admirar o que falavam dele – e Haruka consegue clonar a Shiromaru...

- Falando nisso – ela se voltou para Konohamaru – ela ainda não pensou em rebatizar essa cadela?

- Acho que ela pensou sim, mas acabou desistindo. Shiromaru já está acostumada com este nome, apesar de ser um nome masculino. De qualquer forma a culpa é do Kiba.

- Porque do Kiba? – perguntou Minato curioso. Ele sabia que o nome não se encaixava para uma cadela, mas não tinha se incomodado com aquilo.

- Porque ele deu esse nome a ela, Minato-kun – respondeu Sakura – ele viu o cordão umbilical dela e pensou que era um cachorrinho e o batizou assim. Ai ele saiu em uma missão e quando voltou um mês depois viu a besteira que tinha feito, mas era tarde. Tsume fez questão de chamar a cadela daquele nome até ela se acostumar, e também dar uma lição no filho. Os ninken não se incomodam muito com nomes, desde que sirvam de referencia. E aproveitando que você falou de clones, quantos clones consegue fazer?

Ela o olhava com muita curiosidade e parecia até estar tentando antecipar a resposta.

- Já fiz dez – respondeu ele um pouco distraído.

- Mas pelo menos dois deles são muito mais resistentes que o normal. Podem suportar muitos golpes e facilmente são confundidos com o original. Tenho certeza de que se fizer todos normais, você pode chegar a talvez cinqüenta, Minato-kun – disse seu sensei olhando para ele.

Cinqüenta? Não acreditava muito. Talvez uns vinte, se muito.

- Cada um destes mais fortes é o mesmo que vinte? – perguntou Sakura.

- É exponencial o gasto de chakra para fazer isso. Eu mesmo nunca consegui, mas esses clones dele podem até fazer outros clones. Chega a ser impressionante.

- O máximo que fazem é dois clones – disse Minato tentando evitar de ficar encabulado – e ai viram clones normais.

- Hum.. – Sakura estava com um sorriso – que tal tentar fazer o seu máximo agora, Minato-kun? Para sua Sakura-neechan... por favor...

Ele a olhou e ela estava com aquela expressão que não via fazia muito tempo, como se fosse uma menininha lhe pedindo algo. Na época ele era um garoto que achava aquela expressão nos adultos bem divertida, mas agora via que era mais uma forma de tentar convencê-lo a fazer algo.

- Eu também gostaria de ver isso – disse o seu sensei – seria bom para eu conhecer sua real habilidade, e você também.

- Ta bom – disse ele colocando as mãos na posição de fazer o jutsu.

- Apenas os normais – disse Konohamaru apressado – nada de fazer esses especiais.

Pior que ele estava tão acostumado a fazer os mais fortes que tinha que se concentrar bastante em fazer os normais. Parou de andar e respirou fundo.

- Kage bunshin no jutsu! – disse ele e quando abriu os olhos chegou a cair sentado. Havia dezenas de clones dele ali.

- Eu não te falei? – disse Konohamaru – você gasta um absurdo de chakra para fazer esses clones mais fortes. Mas concordo que eles acabam sendo bem úteis.

Os clones desapareceram e ele ficou levemente tonto quando isso aconteceu. Tanta informação ao mesmo tempo ele não estava acostumado.

- Sensei – disse Ayame chegando perto deles – está tudo bem?

- Sim, Ayame-chan, só pedi para Minato-kun tentar fazer o máximo de clones possível.

- Por falar nisso, quantos você pode fazer? – perguntou a hokage para ela.

- Já fiz uns seis – disse ela envergonhada – nada perto do que Minato-kun fez agora....

- Isso já a deixa em terceiro lugar entre os shinobis vivos que podem fazer este jutsu – disse Konohamaru.

- Mesmo? Obrigada... bom, deixa eu voltar para minha tarefa.

Ela fez um movimento com as mãos e desapareceu. Sakura ficou surpresa com aquilo.

- Desde que ela descobriu que como Minato-kun pode fazer esses clones a vontade, que fica fazendo eles para qualquer coisa. Devia ver o que ela faz no apartamento dela... coloca todos os clones para limpar, cozinhar e arrumar tudo enquanto fica relaxando.

 - Porque eu nunca pensei nisso? – disse Minato assim que se levantou.

Ele viu Sakura dizer algo no ouvido de seu sensei, e este falou de volta algo com ela, mas não soube o que seria. Mas em seguida ela o olhou com um sorriso largo e feliz, como se estivesse orgulhosa dele. Não entendeu muito aquilo. Não parecia ser a hokage que já estava lhe dando missões fazia dois meses.

- Acho que seria bom amanhã você levar seus gennins ao hospital para um exame completo – disse a hokage - Acho que ninguém nunca mediu o total de chakra deles. Seria bom eles saberem se o estão subutilizando ou talvez até usando demais. Antes que precisem descobrir em uma situação real.

- Vou pensar no assunto...

Duas horas depois, o grupo chegou ao lago. Sakura se aproximou da margem e largou sua mochila ali. E diante dos olhos surpresos dos gennins ela tirou o vestido que usava revelando estar usando um biquíni por baixo. As meninas olharam para aquilo com inveja. Que tipo de pessoa escoltada era essa?

Antes que alguém pudesse fazer algo, ela pegou as partes da vara de pescar e saltou no lago, mergulhando fundo e subindo no centro deste. Ali ela ficou de pé na água e se sentou, colocando a vara em posição para ver se pescava algo.

- EI! É isso o que uma pessoa escoltada comportada faz? – gritou Ayame da beira do lago.

- Dá um tempo menina, sua missão é me proteger até aqui, e me levar de volta. Portanto cuide de mim até lá – e deu uma leve risada.

- Isso é vingança por todas as vezes que a critiquei pelas costas – resmungou Ayame voltando para o sensei batendo o pé.

Minato olhou a amiga que não disfarçava a irritação e depois para a hokage que estava muito a vontade na lagoa. Estava em dúvida sobre o que fazer agora. Devia preparar um acampamento? Ou verificar as redondezas?

- Sensei...

- Eu sei, Minato-kun, não é bem o que você esperava. Mas vamos fazer nosso trabalho. Ayame-chan, colha material para fazermos fogo a noite, Haruka-chan, está vendo aquelas arvores do lado do alto da cachoeira?

- Sim.

- Vá até lá e verifique os arredores. E deixe clones de Shiromaru por lá quando terminar. Há, sim, por quanto tempo pode mantê-los?

- Não sei, mas meu clone normal eu posso manter por algumas horas.

- Bom, vamos descobrir isso hoje. Minato-kun, crie clones para vigiar as coisas até uns cem metros daqui. Eu vou ter uma palavrinha com nossa missão ali no lago...

Minato fez seus clones e ficou sentado na beira do lago enquanto observava seu sensei andar lentamente sobre a água até a hokage – que mais parecia estar em um dia de férias – e Haruka que já corria com Shiromaru ao seu lado mais adiante, quase na encosta da cachoeira. Quando ela estava na metade da subida desta, seu sensei alcançou a hokage e se sentou ao lado dela. Ficou muito curioso para saber o que falavam, mas sabia que seria indelicado interromper. Além de que provavelmente levaria um belo sermão. Como seus clones já deviam estar posicionados e se algo acontecesse a um deles ele ficaria sabendo, acabou achando melhor pegar as mochilas de todos e as deixar juntas em um local onde iriam fazer a fogueira a noite.

Ayame retornou meia hora depois com lenha para a fogueira e a colocou arrumada onde Minato tinha achado ser um bom lugar acamparem. Depois sentou-se ao lado dele e olhou um pouco para o casal ali na água.

- Essa esta sendo a missão mais chata de todas – murmurou ela com raiva.

- Concordo, mas pelo menos aprendemos algumas coisas.

- Até parece... – ela colocou as mãos para trás para se apoiar melhor e olhou para o céu – um dia lindo destes para nadarmos e temos que ficar aqui vigiando. E só porque ela é a hokage...

- Não – Minato olhou sério para ela – é porque ela é nossa missão. E o fato de ser hokage só a deixa mais importante. E eu espero mesmo que nada aconteça, porque se acontecer... – ele hesitou um pouco – acha mesmo que nós podemos dar conta de alguém que queira enfrentar a hokage?

Ela olhou para ele séria e depois sorriu um pouco sem jeito.

- Se tudo o que ouvimos sobre ela é verdade... talvez pudéssemos distrair os possíveis inimigos por alguns segundos... hum.... deixa eu fazer uma experiência.

Ela fez um clone e este soprou um beijo para Minato, e logo depois foi para o meio das árvores.

- O que vai fazer?

- Só testar uma coisa... – ela o olhava divertida – e então, Minato-kun, pensou na nossa conversa de ontem?

Ficou um pouco em silencio e abaixou os olhos. Na verdade não teve muito tempo para pensar, mas já tinha sua resposta. Ele gostava mesmo dela, talvez bem mais do que como amiga, mas ainda nem tinha decidido se iria ao festival que ia ocorrer numa aldeia próxima no próximo mês, muito menos em convidar alguém para ir com ele. Mas...

- Eu não sei se eu vou, Ayame-chan, nem se a hokage vai dar permissão, mas eu gostaria que fosse comigo sim.

Ela ficou um pouco corada e com um sorriso de menina que tinha recebido um belo presente de aniversário. Mas não disse nada alem de um meigo obrigado.

A noite não demorou muito a chegar. Sakura e o sensei tinham retornado do lago e Haruka também se juntou a eles. Ela até que se divertiu sozinha no alto da cachoeira, fazendo Shiromaru perseguir coelhos e até nadando um pouco na parte de cima do riacho.

- Bem crianças, vamos acabar com essas frutas que a hokage trouxe. Minato-kun, pode liberar seus clones, vou substituí-los pelos meus. Descanse um pouco.

Ele fez dez clones e quando Minato desfez o seu jutsu, arregalou os olhos e olhou para Ayame ficando totalmente vermelho.

- Acho que agora você sabe o que o meu clone andou fazendo...

- Essa era a sua experiência? – disse ele quase engasgando.

Ela não respondeu, mas desviou o rosto para não rir.

- Do que estão falando? – Perguntou Sakura olhando para ambos com curiosidade.

- Nada – disse ele se sentando. Ayame mandou um clone dela ficar mordiscando a orelha de um dos seus clones. E o seu clone adorou a brincadeira.

Quem ele estava enganando? Ele adorou a brincadeira dela. Clones não fazem nada que o original não faria. Mas saber desta forma era um tanto assustador. Era como se fizesse traquinagem e só soubesse depois de ver uma foto do ocorrido. A hokage olhou para seu sensei e quase que não conseguiu segurar uma risada. Será que ela desconfiou? Tomara que não. Mas do jeito que Haruka o olhava, ela devia estar imaginando alguma coisa. O que o seu sensei tinha na cabeça para ensinar aquele jutsu para eles?

Desde que se tornou gennin ele decidiu ser diferente. Não mais fazer traquinagens, nada mais de pirraças, brincadeiras... mas estava começando a acreditar que se não fossem por suas amigas, também não se divertiria mais. Talvez fosse hora de deixar de ser passivo com elas e tomar alguma atitude. Mas não durante aquela missão.

Mas quando fizesse clones no dia seguinte, Ayame iria ter o seu troco. Ele pegou a maçã que a hokage lhe deu e começou a comer, achando-a deliciosamente suculenta. Mas quando estava mordendo a segunda maçã, Shiromaru se pos de pé e começou a rosnar. Haruka olhou para a companheira com os olhos arregalados e em seguida olhou para seu sensei, que a observava aguardando que ela dissesse algo. Mas como ela demorou um pouco para isso, Sakura tomou a palavra.

- Sua amiga está nervosa com alguma coisa, certo?

- Ayame-chan – disse o sensei – fique naquela posição – ele arremessou uma kunai e esta se cravou no chão há dez metros de distancia, indicando onde ela devia ficar – Haruka-chan, você e sua parceira fiquem na borda da lagoa, Minato-kun, fique do lado da hokage.

Sem esperar por eles, ele se levantou e deu um salto incrível já se colocando em posição em uma árvore da floresta. Acenou para eles e desapareceu. Minato ficou do lado da hokage que permanecia sentada com duas maçãs no colo, apenas observando ao redor. Ayame pegou a kunai do chão e ficou com ela segura na mão. E ao olhar para trás viu Haruka com sua parceira do lado na beira do lago exatamente como seu sensei instruíra. Ela ainda rosnava e estava com a cabeça abaixada e o pelo eriçado, demonstrando que o que quer que fosse que tinha sentido, não tinha gostado nem um pouco. E naquele momento se lembrou do que tinha dito para Ayame, sobre que chance teriam se alguém realmente quisesse ameaçar a hokage. Se o seu sensei não pudesse fazer nada, o que eles poderiam fazer?


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