Unexpected escrita por Starogue


Capítulo 2
Capítulo 2 - Ele Não Está Em Seu Juízo Perfeito




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Espaço, Torre da Liga



— Isso está fenomenal! - Arqueiro Verde comentou, e deu mais uma mordida enorme, no cheeseburguer que segurava.

— Humrum - Flash suspirou longamente, enquanto seu braço apoiava o queixo de maneira deprimida.

O homem barbudo, que dividia a mesa do refeitório com o speedster, ergueu a sobrancelha. Alguns membros da Liga, que passaram com suas bandejas, direcionaram seus próprios olhares questionadores.   

Superman, foi um. Só que dada a natureza compassiva do kryptoniano, ele parou. O homem de aço, colocou a mão no ombro de Flash.

— Está tudo bem, filho?

— Humrum - o speedster murmurou, e soltou mais um longo suspiro dramático.

Superman encarou o Arqueiro, com curiosidade. O loiro encolheu os ombros.

— Se precisar de alguma coisa - Kal-El ofereceu gentilmente, ao observar o velocista. — Não hesite em me procurar - ele deu um tapinha no ombro do companheiro, e se foi.

—Tudo bem! - Arqueiro Verde falou determinado, pousando as sobras do cheeseburger no prato. — Por que você não está comendo? Comendo como um porco, como normalmente come? E por que você está suspirando, como se o seu marido tivesse te deixado?

Flash pressionou os lábios, em uma linha fina. Por que ninguém entendia, que ele comia mais do que o normal, porque tinha um metabolismo acelerado?!

— Então? - Arqueiro Verde estimulou, levantando a sobrancelha. 

Wally soltou, o que provavelmente, devia ser o seu décimo suspiro do dia.

— Eu conheci uma garota ontem - ele confessou. Seus olhos vidrados, assumindo uma expressão sonhadora.

Arqueiro esperou que ele explicasse melhor, mas Flash parecia estar perdido em seu próprio mundinho. 

— Flash? Flash! - sem resposta. — Saia dessa, rapaz! - ele estalou os dedos, rente ao rosto do speedster.

— O que?... O que?- o velocista piscou, em branco.

— Você estava dizendo - Arqueiro propôs, com a sobrancelha levantada. — Que conheceu uma garota.

— Oh, sim - o West disse. Um sorriso completamente bobo, se apoderou do rosto dele. Lá. Ele estava completamente fora. De novo.

— O que há, com ele? - Diana perguntou, ao se aproximar.

— E eu sei lá! - o loiro respondeu, jogando as mãos para o alto. — Deve estar fora da área de cobertura.

A princesa amazona, analisou as feições bobocas, do companheiro de Liga.

— Há uma mulher envolvida.

— Sim - Arqueiro Verde admitiu, impressionado. — Foi o que ele disse, antes de ter pifado.

— Ele vai ficar bem - Mulher-Maravilha assegurou, e se dirigiu com o seu andar majestoso, para fazer suas próprias coisas. Sabendo que o seu amigo velocista, estava apenas sonhando acordado.

O Arqueiro observou o amigo, preocupado. Ele elevou a mão, e de repente, bateu na parte de trás da cabeça do ruivo. 

O speedster gritou de dor, piscou várias vezes, levou a mão ao local dolorido, e por último, olhou para o loiro, carrancudo.

— Desculpe, amigo - o barbudo ergueu a mão. — Foi a única maneira de te trazer de volta.

—  Podia ser com um pouco mais, de delicadeza - Flash gemeu, esfregando o galo, que tinha se formado.

— Então, você estava dizendo… - Arqueiro Verde retomou, parando para tomar um gole de sua bebida. — Que conheceu uma garota.

Wally suspirou sonhadoramente. Um sorriso idiota, apareceu em seu rosto.

— Sim. Ela é tão bonita. Os olhos dela… Os olhos dela, são tão verdes - ele divagou. — E sua pele… Sua pele é tão pálida, e o cabelo dela… O cabelo dela, tem umas mechas brancas. E a sua voz… Sua voz, tem um sotaque doce… E ela tem…Tem uma língua afiada e…

— E?

— E o seu corpo - Flash continuou, para um Arqueiro Verde cauteloso. — Ele é tão bem constituído… Ampulheta.

— Ok, pare aí - O Arqueiro disse, erguendo a mão. — Você está me assustando com todos esses detalhes, amigo.

— E…E eu acho que é ela - o ruivo declarou, sorrindo vertiginosamente.

— Ela quem garoto? - Arqueiro Verde perguntou, exasperado. — Não me diga que é a futura sra. Flash?

Wally balançou a cabeça, confirmando. E se perdeu, em seu próprio mundinho. Um, em que ele e aquela belezura, caminhavam juntos, de mãos dadas, sobre a areia branca da praia. Com um lindo pôr do sol atrás.

— Certo - Oliver comentou sarcástico. — Eu odeio estourar a sua bolha. Mas essa pobre garota, já sabe que ela estrela suas fantasias malucas?

— Não são malucas - Wally sorriu. — Onde há vontade, há um caminho.

— E você tirou isso de onde? - o Arqueiro arqueou a sobrancelha. — De um biscoito chinês?

— Como você sabia?- Flash em seguida, tamborilou com os dedos na mesa. — Eu preciso encontrá-la - ele tagarelou ao suspirar, desanimado. — Eu não sei o nome dela, nem onde mora, ou sequer seu número de telefone… Ela só deixou isso.

— Deixe-me adivinhar - o barbudo, zombou. — Ela deixou o sapato de cristal?

— Não. Isso - Flash tirou um lenço claramente, feminino do uniforme. Ele o levou ao nariz, e o respirou contente. — Ainda cheira a ela.

O Queen revirou os olhos.

— E então o que? Você vai reunir todas as moças do reino, e cheirar o cangote delas, pra ver se o perfume bate? 

— Não - o velocista segurou o lenço, como um tesouro. — Talvez, o destino a traga de volta - ele tentou ser, otimista. Mas não funcionou. — Vou usar meus conhecimentos de cientista forense. Descobrir quem passou pelo o museu. Usar um programa de reconhecimento facial, nas filmagens que ela aparece.

— E isso, não é nem um pouco assustador - Oliver comentou sarcástico. — Indo C.S.I: Investigação Criminal, para cima da moça.

O velocista escarlate soltou um suspiro, seus olhos assumiram o tom vidrado de antes, e logo… Ele estava fora. 

O Arqueiro revirou os olhos, e encheu a boca de batata frita. Ele nem mesmo se daria ao trabalho dessa vez.

 

X-xXx-X

 

Dias depois, o Arqueiro entrou pelas as portas automáticas do refeitório. Ele levou a mão ao pescoço rígido, e o massageou. Os últimos dias, tinham sido intensos.  Parecia que todos os vilões, tinham saído de seus covis, ou escapado de suas prisões, nas diferentes partes do mundo para espalhar o caos.

Para-los e capturá-los, tinha sobrecarregado e ocupado os membros da Liga. Pois além de serem heróis, a maioria, ainda tinha sua própria vida civil, para administrar. E isso incluía, os trabalhos.

 Afinal, nem todos tinham a conta bancária de Bruce Wayne, ou de Oliver Queen. 

O Arqueiro pegou uma garrafa de água, de um refrigerador próximo. Ao fechar a porta, ele notou Canário Negro, Lanterna Verde e Vixen, parados em um canto.

Oliver se aproximou e depositou um beijo, na bochecha de Dinah.

— Qual é a boa?

— Flash e seu comportamento atípico - Canário respondeu.

Arqueiro Verde observou, o que os outros observavam. O homem mais rápido do mundo, em uma mesa, comendo sua refeição.

— As coisas andaram tão malucas - disse ele. - Que já faz alguns dias, que eu conversei com o Flash, ou o vi. O que ele está fazendo de estranho?

— Bem - Vixen começou. — Ele ainda come, para, suspira, olha pro nada e depois segue essa mesma sequência. Comportamento típico, de quem sonha acordado.

— Ele vem agindo assim há dias - Lanterna pronunciou.

— Eu já disse, que tem uma mulher na parada - Canário comentou.

— E tem - o Arqueiro falou. — E se ele continua assim no mundo da lua. É porque certamente, com tudo o que aconteceu, não teve tempo para aplicar C.S.I: Investigação Criminal, e encontrar a sua garota misteriosa.

— O Flash? Indo a tal ponto, para encontrar uma garota? - Lanterna Verde, arqueou a sobrancelha. — Estamos falando, do mesmo Flash?

— Sim - o barbudo revirou os olhos. — Aparentemente, o Romeu acredita que achou a tampa para sua panela. Eu também não levei muito a sério, quando ele vomitou arco-íris e corações sobre a possível Julieta. Porque vamos lá! O Flash não pode  ver um par de peit…- o loiro pensou melhor, ao ver o olhar estreito que Dinah lhe lançou. — O Flash não pode ver nenhuma mulher bonita, que logo vira a cabeça. Estou surpreso por ele, ainda continuar suspirando por essa mesma garota.

— Parece que ela causou uma boa impressão nele - Vixen opinou.

O quarteto, então, observou em silêncio. Estreitando os olhos em atenção, quando a voluptuosa Fogo, cruzou o refeitório. Não era segredo para ninguém, que os olhinhos de Flash, tinham a tendência de seguir  a beldade, sempre que ela pisava em algum lugar.

A heroína curvilínea se aproximou mais, e mais, da mesa, onde o velocista estava.

 E ela passou por ele… E… Wally continuou alheio enchendo a boca, com a torta de maçã.

Os casais piscaram, perplexos. 

 O Arqueiro Verde foi o primeiro a se recuperar.

— É oficial. Ele não está em seu juízo perfeito.

 

X-xXx-X

 

Na sala dos monitores, Batman levou os dedos enluvados sob o queixo, e analisou a imagem congelada de um deles. Ele permaneceu concentrado, fazendo possíveis conexões em seu cérebro. 

Superman o encontrou assim, quando entrou pelas as portas automáticas do lugar. O homem de aço se posicionou ao lado da cadeira do protetor de Gotham, e observou, o que o mantinha tão entretido.

A imagem de um homem mascarado. E o homem, tinha um longo par de asas brancas, e voava pelo o céu. A foto tinha uma qualidade inferior. Tendo sido sem dúvidas, capturadas pela câmera do celular de alguém.

— O Anjo? - Kal-El comentou. — É assim, que ele tem sido chamado. Ele se tornou bem popular, nos noticiários nestes últimos dias - ele divagou. — Lois tem preparado uma matéria para o Planeta Diário, sobre esse novo herói misterioso que tem salvado pessoas em Nova York.

Silêncio.

O Kryptoniano revirou os olhos. Ele já devia estar acostumado a manter conversas unilaterais, perto do Batman. E o conhecendo como o conhecia, a sua neurose estava correndo à solta. E ele provavelmente, já devia estar traçando possíveis estratégias  de como derrubar o cara novo, caso ele se tornasse uma ameaça.

 — Ele está fazendo algo bom, Batman - Superman disse.

E ele só escutou… O barulho de dedos, correndo pelo o teclado.

O jornalista suspirou.

— Você acha que ele é de outro planeta, como a Shayera? Ou acha, que ele obteve essas asas por meio de tecnologia? Ou por algum tipo de experimento?

— Nem um, nem outro.

Superman tirou os olhos do monitor, e encarou o amigo. Grato, por finalmente ter sua presença reconhecida.

— O que você acha então?

— Um mutante - Batman respondeu sem parar sua digitação.

Superman franziu a testa.

— Você acha… Que ele passou por algo, que lhe causou uma mutação genética e lhe deu essa habilidade?

— Não - Batman parou de teclar. — Se ele for mesmo um mutante, ele nasceu com essa habilidade. Mutantes são humanos que expressam o gene X. Mutações aleatórias em seu código genético, desbloqueiam esse gene adormecido, e sua expressão produz poderes, ou habilidades.

Superman cruzou os braços, intrigado.

— Tem algo mais para compartilhar?

— A maioria deles prefere viver em anonimato - Batman disse. — Sem que a humanidade saiba de sua existência, e os veja como aberrações. Outros, no entanto, podem ser potencialmente perigosos, e precisam ser monitorados.

— Como você sabe tanto? -  Superman questionou surpreso.

Batman girou o pescoço, e apenas o encarou.

Kal- El revirou os olhos em compreensão.

— Pergunta boba. É claro que você sabe, porque é o Batman.

O Morcego retornou a observar os monitores.

— Eu ajudo financeiramente um Instituto para Jovens Superdotados. E não cai na conversa mole, de que é para crianças excepcionais. Eu verifiquei.

Superman suspirou resignado.

— Você quer dizer, que invadiu e interrogou.

Batman se manteve calado. Ele recordou a noite, que fez exatamente isso. A parte da invasão, batia. Mas o interrogatório, não foi necessário. Depois de ter sido brutalmente atacado por um homem parrudo, com garras de adamantium, o diretor do Instituto, que depois, ele descobriu ser um telepata, apareceu.

Xavier acalmou o parrudo. E deu a ele, de bom grado, as respostas que ele foi buscar.

— Quem cala, consente - Superman murmurou. — Este Instituto… Abriga - ele relacionou. — Jovens mutantes?

— Sim - Batman falou. — É uma escola que abriga crianças e adolescentes mutantes. O objetivo é ajudá-los a controlar seus poderes. Também dá um teto para aqueles que foram expulsos de casa, por terem sido rejeitados pelo o que eles são.

Superman se entristeceu. Famílias que rejeitavam os seus. Não é de se admirar que eles temiam ser expostos.

— O mundo não é um lugar bonito, Superman.

Kal-El encontrou o olhar de Batman, fixo nele.

— Você melhor do que ninguém, sabe disso. Você é o maior símbolo de esperança da humanidade. E ao mesmo tempo em que eles te idolatram, eles também te temem. E assim, é com o resto da Liga.

O kryptoniano não pôde refutar. Ele protegia piamente a humanidade, mas não estava alheio ao que eles podiam fazer. Ele suspirou.

— O que você pretende fazer a respeito do Anjo?

— Averiguar - o Cavaleiro de Gotham falou, retomando o trabalho. — Xavier pode confirmar se ele é um mutante ou não.

— Xavier?

— O diretor.

— Você vai lá?- Superman perguntou. Por alguma razão, ele tinha dificuldades, de imaginar Batman e crianças, num só lugar.

— Vou mandar alguém.

Superman se virou, e começou a se afastar.

— Mande o Flash. Se tiver crianças por perto, ele vai saber como lidar com elas.

E Batman, sendo Batman disse.

— Isso é porque ele tem a mentalidade de uma.

 

X-xXx-X

 

Mesmo tempo, Instituto Xavier 

 

— Criança é salva de um incêndio. A menina afirma ter sido salva por um anjo - Jean leu em voz alta as frases que estampavam, a primeira página do Clarim Diário.

Os adolescentes tomavam seu café da manhã, na imensa sala de jantar da mansão.

— Esse anjo seria um super-herói como a Mulher-Gavião? - Scott especulou, colocando sua xícara de café sobre a mesa. — Ou um mutante, como um de nós?

— Independente do que ele seja, o certo é que esse cara tem se tornado famoso -  Kurt falou, sentado à direita de Rogue, passando geleia sobre uma torrada.

— Isso é - Evan disse. — Seus atos heroicos em Nova York dos últimos dois dias, não param de passar na TV.

— Talvez, seja como o Scott disse - Jubileu pronunciou, adicionando leite, em sua tigela de cereal. — Algum outro integrante da Liga da Justiça, que tem asas. Não tem um Gavião Cara, agora?

— È Gavião Negro! - Bobby corrigiu com uma carranca. Como um fã incondicional da Liga, errar seus nomes pra ele, era como se alguem tivesse dado um soco no papa.

— Não é ele, Jubes - Kitty explicou. — As vítimas que foram salvas por esse cara alado, o descrevem como um daqueles anjos tradicionais, pintados nos vitrais das igrejas. Loiro e com asas brancas. Até as poucas fotos ruins, que foram tiradas dele,  parecem comprovar isso.

Rogue mordiscou sua panqueca, e apenas continuou ouvindo. Ela tinha andado mais taciturna, do que o normal ultimamente. Distraída até.

— É um mutante - o professor Xavier esclareceu, ao entrar na sala. Ele parou sua cadeira de rodas, atrás da mesa.  — O cérebro obteve uma leitura dele. E temo, que suas atividades possam atrair atenção indesejada.

— Deixe-me adivinhar, Charles - Logan grunhiu, perfurando uma salsicha com uma de suas garras. — Você quer que encontremos o garoto pássaro, antes que Magneto faça a sua jogada.

O professor suspirou. Sua expressão se tornou ligeiramente grave.

— Eric não hesitára, em tentar recrutar esse Anjo. Temos que encontrá-lo e alertá-lo. Talvez, possamos até recrutá-lo.

— Conte conosco, professor - Scott disse determinado. — Encontraremos esse Anjo, em Nova York.

— Pegue o pássaro negro - Xavier instruiu seu líder. — Você, Jean e Logan partem imediatamente. Os demais de vocês - o telepata deu uma breve olhada, ao redor da mesa. — Preparem-se para ir para o Colégio.

Alguns adolescentes protestaram. Outros, simplesmente ficaram aliviados por não terem que entrar em um possível confronto, com Magneto e sua Irmandade.



 


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