San'Nen - Humanos de outra Terra escrita por Mahii


Capítulo 3
A figura que faz joelhos tremerem


Notas iniciais do capítulo

Teve uma pessoa muito especial que me ajudou a preparar essa fic como um favor, mas ajudou muito! Agradeço a ela, de coração. É um assunto que não tenho muita familiaridade então precisei usar todas as armas disponíveis, kkk.
Boa leitura!



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O sol brilhava mais uma vez sobre todo o estado do Rajastão. O marido da senhora Mahara havia acabado de voltar de Jaipur com alguns equipamentos que os estrangeiros haviam pedido. Dentre eles, o novo gerador, que lhes permitiria iluminar bem o pátio recém-descoberto.

Os dois europeus especialistas em escavações e túneis foram na frente, levando as refeições. Prof. Kabir, seus 3 alunos, Prof. Lennox e Daniel, foram espremidos no outro carro. Pretendiam passar o dia todo no local.

Os 20 minutos até o sítio arqueológico secreto de AmirNada passaram voando! Daniel já havia estado ali antes, é claro, mas só havia descido até a primeira câmara, que era basicamente um vácuo no meio da terra. Agora iria muito mais fundo. Equipado com os coturnos de couro e o macacão grosso em verde militar, até levava a corrente de sua mãe no pescoço, para dar sorte. Na mão uma lanterna e no rosto a máscara de proteção contra a poeira.

— Os meninos descem na frente, vão começar a mapear os túneis junto com a dupla. Vocês venham junto comigo, vamos analisar o pátio, salão, ou... Ainda não decidimos como chamá-lo – Prof. Kabir descia na frente, passando pela estreita passagem que haviam aberto no canto de uma colina.

Não estavam brincando quando diziam “secreto". Descendo por uns 20 metros, a passagem acabava na primeira câmara. Depois tinham que descer por uma escada improvisada ao lado de uma coluna. Mais uns 10 ou 15 metros e chegavam à uma segunda câmara bem mais ampla, de onde coletaram muitas coisas interessantes. Era dali que saía o corredor sólido de dez metros, que terminava na escadaria.

Os olhos de Daniel brilharam ao ver o lugar que, mesmo com a pouca iluminação dos geradores, passava uma imagem magnífica.

— Uau... É incrivelmente bem feito! – sorrindo, Daniel alisava o corrimão enquanto descia os mais de cem degraus – E é ergonômico! É uma escada muito confortável de descer! Como de um palácio.

— É verdade! – Kabir concordava – Com certeza foi feito por humanos, para humanos.

— Por quê? – o mais novo gargalhou – Considerou que tivesse sido feita por algum alien?

— É claro que considerei! – o indiano admitiu.

— Isso com certeza foi talhado por mãos humanas – Prof. Lennox balançou a cabeça para os lados – Os formatos, as curvas, a profundidade dos desenhos... Esse corrimão foi feito e decorado por nossa espécie. Daniel, o que acha que está escrito?

— Olhando assim é difícil dizer... – direcionou a lanterna para o metal liso – É um padrão que se repete, certo? As letras circulares, pequena, grande. Não deve ser o nome de alguém? Talvez o nome de quem fez isso, ou do antigo dono desse lugar. Talvez o antigo nome dessa cidade, ou do governante dela.

— Pensei a mesma coisa – Prof. Lennox foi o primeiro a pisar no chão. Logo abaixava-se, à fim de tocar no piso escuro e brilhante – Não vejo emendas e é muito liso! Parece que foi polido! É impressionante até para os dias atuais.

— Como eu pensava, Prof. Lennox, – Daniel se colocou ao lado dele, se abaixando para fazer a mesma coisa. Gemeu de satisfação – Ahhh! É sim, é muito liso. Isso com certeza é opala negra. Quero dizer, “com certeza” só a nossa amiga de Londres pode dizer. Será que ela consegue estimar a data em que esse piso foi feito?

— É uma pedra natural, Daniel. Mesmo que ela faça a datação da opala, só indicaria quando ela foi formada, não quando foi manipulada.

— Tudo bem, isso já seria ótimo – o rapaz se colocou de pé.

O pátio, que tinha cerca de 5 metros de altura e mais de 100m², estava vazio. Fora o piso, que apesar da areia se mantinha impecável, as paredes estavam bastante deterioradas. Os textos e desenhos se desprendiam como uma pintura velha. Era assim na maior parte do espaço, a não ser pela espécie de palanque à direita. Uma estrutura que parecia ser feita de cristal protegia a parede. Foi para lá que Daniel se encaminhou.

Enquanto o resto da equipe mapeava os corredores, ou coletava mais materiais, ele ficou fascinado por aquele pedaço de arte.

As mãos tremeram e um arrepio gelado atravessou seu corpo de uma ponta à outra.

Os olhos não conseguiam se desvencilhar da figura ali desenhada. Delicada, mas elegante e exuberante como um grande girassol. O pessoa pintada parecia ter sido beijada pelo sol, com longos cabelos cor de fogo se estendendo até as margens da pintura. Os olhos felinos, que se assemelhavam a ouro líquido, como que lhe encaravam de volta, recitando um feitiço. Um feitiço para fazê-lo se apaixonar por aquela civilização, seja lá qual fosse. O peito liso, e o pomo de Adão evidentes, indicavam que ser um rapaz, mas era difícil de acreditar.

A sensação de nostalgia que lhe passava era tão grande que sentiu as pernas falharem e precisou se sentar no piso, ou cairia. Parecia tanto com algo que tinha visto quando criança, na escavação em que o pai trabalhou na Turquia. Tanto que era loucura! O Daniel de 5 anos dizia ter visto uma pessoa, mas talvez tivesse sido só um desenho? O rapaz sorriu, enquanto alisava o pingente em seu pescoço, o pingente que havia pego naquele lugar. Até piscar era difícil diante de tamanha beleza. Não era de se admirar que, quase 20 anos atrás, ele tivesse se apaixonado e ficado obcecado por aquilo. Ainda era apaixonado por aquilo. Mesmo que fosse um desenho, e um desenho de um homem, duvidava que alguma pessoa na Terra se mantivesse firme diante daquilo.

A partir daquele “encontro”, Daniel se tornou ainda mais obcecado por aquele trabalho e tudo que AmirNada representava. Um mundo incrível se abria à sua frente e ele acreditava que qualquer um, incluindo seus pais e a namorada, também teriam dado total atenção àquilo. Dormia, acordava, comia, fazia tudo debruçado em livros e anotações. Lia e anotava tudo que pesquisava, pensava e descobria. As horas de sono e a quantidade de banhos diminuía, não via o tempo passar.

Alguém poderia tê-lo avisado sobre o excesso, exceto pelo fato de que estavam todos iguais ou até piores que Daniel. Orgulhosos do importante trabalho que faziam.

Dois meses depois, as respostas que a Dra. Wood mandou de Londres os tiraram daquele ciclo e os trouxeram para a vida real novamente.

As paredes, bem como a tinta usada, datavam em pouco mais de 10 mil anos, assim como as inscrições nas câmaras superiores. Estavam esperando por isso. Já a opala negra, aparentemente era de uma tonalidade e padrão jamais registrados. Na verdade, a cientista estava em dúvida sobre se deviam mesmo chamá-la de opala. E o metal do corrimão, muito semelhante à conhecida prata, possuía mudanças consideráveis no arranjo de suas moléculas. Tanto o piso, quanto o corrimão, tinham entre 6 e 7 bilhões de anos.

E todos sabem que o planeta Terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos. Pensar que materiais como aqueles eram assim tão antigos... Isso tirou algumas noites de sono daquele pequeno grupo de pesquisadores. Os tornou lentos. Após um mês de especulações, a teoria mais plausível no acampamento era de que alguma civilização antiga teria recolhido os materiais de dentro de um meteoro.

A decisão de manter AmirNada em segredo ficava cada vez mais difícil.

— Pessoal, eu separei tudo em 110 letras e 632 símbolos eventuais – animado, Daniel apresentava seus estudos de 8 semanas aos dois professores e ao outro aluno, Raj – Tanto a pronúncia quanto o conteúdo dos textos nas paredes ainda são desconhecidos. Mas, quanto à palavra talhada nos corrimões e rodapés, Nystul, parece ser o nome do governante deles. Só não tenho certeza se ele ainda estava vivo quando construíram esse lugar. Eu também hã... Decifrei mais 27 palavras. Palavras constituídas de símbolos e letras, parece com o arranjo do japonês moderno.

— “Nystul”? Parece só um nome inventado. Daniel, você tem certeza sobre isso? – Prof. Lennox mantinha as sobrancelhas franzidas e um sorriso no rosto. Se controlava para não rir.

‐- É claro que não tenho certeza! Mas espero que em breve possamos receber um especialista em linguística. Eu recomendo muito a professora Ais- – foi cortado.

— Você a tem recomendado desde que chegamos aqui – Lennox suspirou – Mas eu, sinceramente, não sei se a Dra. Aisha poderia fazer um trabalho melhor que o seu.

— P-Professor...! – por um momento o rapaz, encabulado, não soube como responder – Mas, hã, bem...! Mas eu não tenho reputação! Mesmo que eu seja filho do “Dr. Dennis Richardson”, não vale de muita coisa. Quem daria crédito ao meu trabalho?

— Ele tem um bom ponto – Prof. Kabir se limitou à um comentário breve.

— Ok, eu entrarei em contato com a professora Aisha – suspirando, o inglês apontou para o notebook – Continue.

— Claro, ahn... Aparentemente, nessa parede está descrita uma história de ascensão ao trono. Também temos muitos elementos religiosos, mas nada me leva a crer que Nystul tenha sido um deus para essa civilização – passou alguns dos desenhos – Nessa parte, me parece uma lenda. Finalmente falam sobre a pessoa pintada em destaque, é um tipo de matriarca e símbolo de fertilidade e sucesso. Do ventre desse homem, Nystul teve 50 filhos, que o ajudaram a realizar grandes conquistas, ah... Territoriais.

— “Cinquenta?!” E, de qualquer forma, um homem dando à luz? Será que não é uma mulher afinal? – Kabir apontou para a tal figura de cabelos dourados no notebook.

— Eu tenho certeza! Esse aqui é o símbolo para homem, okko, e aqui a palavra para ventre ou útero, ekyū. Mas como eu disse, deve ser apenas uma lenda ou... Simbolismo – passava as imagens e fotos com rapidez, procurando o que precisava com habilidade – Se repararmos nas imagens das outras paredes, é muito intuitivo. Aqui. O básico, muitas mortes, e um período de paz e devoção ao governante Nystul. Esse mural é como uma dedicatória, não acham? Infelizmente não indica para quê esse lugar servia, ou quem eles eram, como se chamavam...

— Não fique ansioso demais, esse tipo de estudo pode levar décadas – Lennox sorriu.

— Ele sempre foi um gênio assim? – Kabir estava com o queixo no chão.

— Foi – Lennox riu pelo nariz – Pelo menos por hora vamos acreditar em você. Foi para isso que te trouxe aqui, para que desvendasse símbolos. Continue fazendo seu trabalho e prepare um relatório diário das coisas novas que descobrir. Eu quero te ajudar.

— Claro! – sorriu.

Após mais dois meses de um excitante e exaustivo trabalho, Daniel teve seu “primeiro desmaio”, como chamavam. Além do Prof. Lennox e um dos europeus, ele era o único que ainda não havia voltado para casa. Uma vez que a velocidade das descobertas estava diminuindo, não foi tão difícil convencê-lo a finalmente voltar. “Você pode procurar a Dra. Aisha”, argumentavam. E lá ia Daniel, numa cansativa viagem de van de 13 horas, onde só dormiu.

A ficha de que estava voltando para Londres só caiu quando entrou no avião e sentiu o frio ar condicionado. Suspirou pesado. Respondeu algumas mensagens dos pais e da namorada, avisando que já estava partindo e ficaria sem sinal. Colocou o computador de lado e passou as mãos pelos cabelos mal cortados, batendo já na metade do pescoço. Encarar o próprio reflexo na pequena televisão do assento à frente era difícil.

A barba, estava para lá de comprida. Assim como as sobrancelhas, que pareciam crescer para todos os lados. Pele bronzeada e grosseira, lábios rachados... Não fazia ideia de como acabara daquele jeito, devia estar mesmo “louco” e “obcecado” como a namorada Natalie dizia.

Acabou optando por tomar o calmante que o Prof. Lennox recomendara e dormiu por todas as nove horas de voo. Foi quase como se teletransportar. Ver o grande aeroporto de Heathrow pela janela fez um calafrio percorrer sua espinha. Um bom calafrio. Não sabia, mas no fundo estava com saudades da sua cidade, sua casa, sua família, seus amigos, sua namorada... Estava com saudades da sua vida.

Carregando apenas a bagagem de mão e uma mochila, fechou os olhos enquanto sentia a brisa fresca de final de verão. As duas semanas de “férias" seriam bem aproveitadas!

Assim que se viu livre da imigração, Daniel correu para uma farmácia, em busca de uma lâmina de barbear. Pagou mais do que devia e o resultado ficou pior do que esperava. Não se lembrava daquelas lâminas serem tão afiadas assim, estava cheio de cortes! Além disso, havia uma diferença gritante entre a cor do seu rosto na área coberta pela barba e na área não coberta. Era quase como ter uma barba branca!

— Eu sempre fui tão claro assim? – resmungando consigo mesmo, terminou de lavar o rosto.

Quanto ao cabelo, o esticou bem para trás e prendeu com um elástico.

— Agora eu sei porque o Prof. Lennox sempre teve aquela aparência horrível – depois de um riso amargo, jogou a mochila sobre os ombros e saiu do banheiro.

Não foi difícil encontrar seus pais, acenando como doidos. O sorriso de Daniel só não foi tão grande porque Natalie não estava lá.

— Filho! Meu filho! – a mãe pulou em seu pescoço e simplesmente o apertou. O sufocando com o perfume e os cabelos cacheados – Ai, Daniel!

O pai veio logo atrás, abraçando os dois tão forte quanto a mãe. O “amor” durou pouco, no entanto. Assim que se separaram, Joana e Dennis iniciaram uma sessão de broncas e puxões de orelha quase literais.

— Você só pode ser louco! Passar quase um ano fora! – estapeava com vontade o braço do filho ‐- Eu sabia que não devíamos ter confiado no Lennox pra isso! Outro sem juízo!

Brava, Joana acabava falando tudo em português.

— O que nós tínhamos combinado, Daniel? Que você ficaria por 1 ou 2 meses! Você não deu a mínima! O que acha que nós pensamos? Tem ideia do quanto deixou sua mãe preocupada?! – apontava para a esposa. Por sua vez, falando em inglês.

— Ahn... Desculpa? Sorry? – Daniel engoliu seco – Podemos deixar a bronca para depois? Estou muito cansado.

— Claro! Você vai ter muuuito tempo para descansar – enroscando o braço com o do filho, começaram a andar – Olha para você! Essa viagem não te fez bem mesmo.

— Tá, hum... Vocês se lembraram de chamar a Natalie pra vir ao aeroporto? Eu não consegui falar com ela e-... – foi cortado pelo pai.

— Nós falamos. Eu liguei antes de sair. Ela estava no trabalho e não conseguiu vir. Disse que passa para te ver mais tarde – explicou, entortando os lábios diante da feição decepcionada do filho – Que cara é essa?

— Ahn... Gente, ela tá muito brava comigo? – agarrou os dois pais pelos braços, parecendo ter novamente 5 anos de idade.

— Bom... – a mãe suspirou – É melhor falarmos disso no carro. Vem, me dá uma das malas e entrega a outra para o seu pai.

— Tá... – desanimado, só obedeceu.

A mãe até tentou omitir certas partes da história, mas era impossível para ela. Por dar aulas de dança para a Natalie e manterem uma boa relação, a dona Joana acabava sabendo tudo sobre a nora. A informação mais impressionante era que Natalie provavelmente estava se encontrando com outra pessoa. Os detalhes não estavam certos, mas Joana a vira vez por outra com um tal alto de sobretudo. E, via no olhar de Natalie que não se tratava apenas de amizade.

— Não acredito que não me contou isso antes – balançando a cabeça para os lados, Daniel parecia não acreditar – Eu sou corno?!

— Tive vários motivos para não contar – a mulher voltou a suspirar e trocou um rápido olhar com o ex-marido ao volante – Primeiro, não queria estragar sua viagem e seu trabalho, achei que pudesse ficar mal.

— É claro que eu ficaria! – torceu a face. No entanto, estava tão chocado que não conseguia derramar uma lágrima.

— Daniel...! – o olhando em repreensão, Joana continuou – O segundo motivo é que eu gosto da Natalie, e sei que ela te ama, ela é uma boa menina. Eu tenho certeza que ela não faria isso se você estivesse aqui. Esperava dar uma chance para que vocês se entendessem sozinhos.

— E você ainda vai defendê-la?! – balançando a cabeça, encarou o pai pelo retrovisor – Pai! Não vai falar nada?

— Isso é o que se ganha passando 1 ano fora – o pai dava de ombros, desinteressado.

— O que você ficou fazendo naquele fim de mundo por um ano, menino? – desconfiada, a mãe arqueou uma das grossas sobrancelhas – Não conheceu ninguém lá? Uma indiana? Aguentou mesmo um ano sem ficar com ninguém?

— Mãe, eu estava trabalhando!

— Trabalhando em quê? – o senhor Dennis perguntou, como quem pergunta pela milésima vez.

— E-Eu já disse que é confidencial – emburrado, Daniel começava a amaldiçoar sua volta para casa.

— Somos seus pais! Seu moleque! – esticando uma das mãos para trás, Joana tentou sem sucesso agarrar o filho pelo cabelo – Olhe para si mesmo! Você tá destruído! Aquele lugar acabou com você! Aquele Lennox!

— Você está tentando acabar com a pouca autoestima que me restou? – Daniel franzia o cenho.

— Pois está de castigo! Você não vai voltar para lá nem por cima do meu cadáver! – a mulher quase sorriu, aliviada.

— Mãe, estou trabalhando lá, eu preciso voltar para a Índia. Aliás, já tenho 23 anos, não pode mais me colocar de castigo! Pense o que quiser, eu volto em duas semanas.

— É claro que eu posso te castigar! Quem você acha que pagaria sua passagem pra Índia, hein? Tem alguma libra no seu bolso por acaso? Que eu saiba o Lennox não está te pagando e você ainda depende de nós. É por isso que podemos te colocar de castigo – cruzou os braços, irredutível.

— Pai, você não vai dizer nada? – tentou, uma última vez, recebendo silêncio como resposta.

A verdadeira face daquela mente incrível era um rapaz de 23 anos mimado, imaturo e dependente. Ele agradecia por ter sua paixão pela arqueologia, caso contrário seria um completo inútil. As duas partes eram culpadas. Os pais por serem superprotetores. E Daniel, por ter passado os últimos 20 anos tão absorto em livros velhos que esquecera de aprender sobre o século 21.

[...]

— Ah... – Daniel suspirou pesado, assim que se deitou sobre a cama macia, após quase 1 ano.

O quarto pequeno, as paredes repletas de desenhos, reportagens, colagens, fotos, pôsteres... Poderia parecer claustrofóbico para alguns, mas Daniel enxergava mais como uma caverna segura. Segura e muito confortável. A coluna cansada e dolorida, finalmente se endireitava sobre um colchão de molas! Que coisa deliciosa!

Inconscientemente, enfiava o nariz nas fronhas macias de algodão. A mágica dos 300 fios de algodão! Que textura! E que cheiro agradável de amaciante!

— Ahhh! – gemeu em meio à um sorriso.

Estava tão cansado que poderia dormir. Antes de pregar os olhos, entretanto, se lembrou de tomar banho. E quê banho! A pequena banheira com água quentinha fez seu coração balançar e quase chorou. Quem diria que estava precisando tanto de um banho quente!

Era tão bom estar em casa!


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Notas finais do capítulo

Um respiro em Londres depois de ver aquela magnífica pintura! Kkk. Achei que não era bom correr muito nesse começo, vamos aproveitar.
Será que a namorada traiu?
Os pais bravos com ele, achei a maior graça hehe. A gente pode ter a idade que for, o que conta mesmo é o dinheiro.
Até o próximo!
^3^ Kisus~~



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