Recovery Boy (Bakudeku) escrita por Linesahh


Capítulo 2
Extra


Notas iniciais do capítulo

Foi aqui que pediram um extra???
Correção: O EXTRA, né glr. Porra, 9K não é pra qualquer um. Tô com uma puta exaustão, mas satisfeitíssima. Agradeço por terem enchido o saco, acho que realmente ajudou no peso da minha mão ksksksksk
Esse plot é tão bom que não deu pra não me aventurar nele, sabe como é neh ;)
Divirtam-se e tenham uma boa (e looooonga) leitura~



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Midoriya passou duas semanas sem dar as caras na UA depois do beijo.

Bakugou tinha muitas teorias sobre isso — umas até bem óbvias —, mas preferiu considerar as palavras do povo que, como sempre, iam atrás de qualquer notícia do Recovery “Boy” até os confins do inferno sempre que algo atípico relacionado a ele surgia.

O que era ótimo. Ao menos para si. Afinal, ir atrás de fofocas nunca foi de seu feitio — por favor, ainda tinha um pouco de orgulho guardado no coração, ainda que tivesse-o mandado à puta que o pariu quando resolveu unir sua boca à do brócolis —; todavia, escutá-las com demasiada atenção por aí era algo que dominava com maestria.

Eis o que tinha coletado por agora: de acordo com os úteis detetives/fofoqueiros em processo de formação, ao que parecia, o “querido” netinho da Recovery estava com muitas pendências naquelas semanas para resolver na escola em que estudava, algo sobre testes e outros exames importantes, e por isso não apareceu na UA por todo aquele tempo. Bakugou não sabia de onde havia vindo a fonte, ou se o próprio Deku havia oferecido para alguém tal informação; a verdade era que, lá no fundo, bem no fundo mesmo, tinha a impressão de que aquilo que rolou entre eles também integrava a categoria “motivos”.

Até hoje tentava arrumar alguma resposta para ter feito o que fez, e a cada dia que passava, chegava à conclusão de que não estava acompanhado de sua sanidade mental naquela época. Porra, até mesmo considerou machucar-se de novo só pra poder repetir a dose, onde estava com a cabeça? Onde estava aquele Katsuki que passava horas e mais horas julgando e recriminando o povo retardado que fazia tais coisas ridículas? Que tipo de hipocrisia do caralho foi aquela, afinal? Tinha tanta vergonha de si mesmo quando rememorava os suspiros patéticos que deixou escapar em meio ao contato e o quanto apertou aquele garoto possessivamente contra seu corpo que quase chegava a ponto de explodir a própria fuça.

De toda forma, foi ótima — pra não dizer uma puta sorte — a ausência de Midoriya naquelas duas semanas que passaram. Querendo ou não, aquele tempo serviu para que Bakugou colocasse a cabeça no lugar e não cometesse nenhuma burrada da qual se arrependeria até os últimos dias de sua vida, como ir vê-lo ou — pior ainda — beijá-lo de novo.

Após um tempo, chegou a uma conclusão definitiva do que realmente havia acontecido. Tudo não havia passado de uma loucura e um erro do qual não tinha um por cento de culpa. Pensa bem: havia recebido um “beijo-da-cura” todo cagado no dia anterior ao ato proibido, tanto que até desmaiou, e isso certamente deixou sequelas em seu organismo, possivelmente afetando seu cérebro também, não é? Talvez a quirk daquele nerd possuísse mais efeitos do que pensavam, algo que inebriava o paciente e o fazia tomar atitudes que normalmente não tomaria quando em sã consciência. Lembrou-se do efeito que ele causou no meio-a-meio naquele dia que brigaram… tava na cara que Todoroki estava fora de sua normalidade com aquela expressão de puta sonso, como se estivesse em outro planeta enquanto observava o Recovery “Boy” cuidar de seus ferimentos.

Talvez… Katsuki houvesse sido pego por esse mesmo efeito. Claro! Só podia ser isso! Por qual outra razão as pessoas tinham aquela fascinação exacerbada por Midoriya? Por qual outra razão todas queriam um beijo dele? Tudo não passava de um efeito daquela individualidade do diabo, como se fosse até uma droga.

E, infelizmente, Bakugou havia sido mais um a cair na armadilha.

Tinha raiva disso? Obviamente que sim. Todavia, saber que havia uma explicação plausível para ter feito o que fez trazia um alívio enorme a seu coração, assim como a certeza de que estava com a ficha limpa e, na realidade, fora a verdadeira “vítima” dos encantos do neto da Recovery.

Tudo certo. Bola pra frente. Só tinha que esquecer e viver a vida normalmente.

… Ou, quem sabe, o destino tivesse outros planos.

— Ah! — a colisão foi violenta, e Bakugou piscou, um pouco desorientado. Seu ombro reclamou com a batida. Assistiu à queda de mais de um quilo de papéis que se espalharam no chão do corredor parcialmente movimentado. A figura na qual esbarrou agitou-se toda: — Puxa, desculpa! Eu não vi você e—

— Deku? — quase não acreditou ao vê-lo à sua frente. Como era possível num momento estar indo de boas até a sala de aula ouvindo um bom rock e no outro sentir-se paralisar até o último fio de cabelo? Por algum motivo, o refrão bombástico da guitarra que adentrava seus tímpanos traduzia perfeitamente bem o pânico de seu organismo, que devia estar fazendo a “festa do desespero” lá dentro.

— A-Ah, Bakugou-san, é você… — ele também não havia notado que era Katsuki, e as írises verdes assumiram um brilho constrangido de cara. Não levou nem dois segundos para seu rosto estar da cor de um pimentão, desviando os olhos para qualquer outro lugar que não fossem as írises escarlates à frente. — Errr, eu… t-tudo bem com você?

Bakugou não conseguiu responder. Não conseguiu fazer nada além de continuar olhando-o como um idiota, os músculos hirtos, os batimentos acelerados rachando-lhe o peito, o cérebro feito gelatina.

Era como se aquelas duas semanas nunca tivessem existido. Naquele momento, tudo voltou como um soco poderoso em cada um de seus sentidos: os toques, os arrepios ferventes, a pegada brusca no corpo flexível e maravilhosamente tangível, a maciez da boca puríssima e perigosamente viciante…

Vê-lo ali, bem à sua frente, não era nada se comparado às memórias. O rosto inocente, as sardas idiotamente atrativas, a boca perfeitamente desenhada e rosada, e, ainda por cima, aqueles olhos grandes e brilhantes, capazes de fazê-lo estremecer totalmente quando em contato com os seus próprios — antes, de raiva; agora, não tinha tanta certeza.

Sabe aquela história de esquecer tudo e viver a vida normalmente?

Foi parar no quinto dos infernos.

— Hey, Midoriya! Como vai? — uma voz alta e familiar ecoou pelo corredor, e Bakugou agradeceu aos céus pela dádiva oferecida naquele momento crítico.

Salvo pelo gongo.

— Ah, Kirishima-san! — Izuku desviou os olhos para o ruivo que se aproximava carregando seu sorriso grande e hospitaleiro de sempre. — Eu vou muito bem, obrigado. E você?

— Treinando duro, como sempre — o ruivo endureceu o braço a fim de fazer uma relação com as palavras, brincalhão. Midoriya deixou escapar uma risadinha tímida. — Ah, deixa que eu ajudo a catar essas coisas — adiantou-se. — Nem pra se oferecer, né, Bakubrô? — aproveitou para censurar o amigo loiro, que apenas bufou e virou o rosto em teimosia. Enquanto recolhiam os papéis agachados, Kirishima ergueu os olhos para Midoriya. — Você deu uma sumida, né? Devem estar pegando pesado na sua escola também…

— Um pouco — Deku sorriu meio tenso. — Os meus testes foram esses dias, por isso a minha ausência aqui. Agora que eles passaram, finalmente terei um pouco de paz, além de que estou começando outro treinamento com minha avó.

“Que ótimo”, Bakugou resmungou em pensamento. Estava todo feliz achando que nunca mais teria que ver a fuça daquele brócolis e agora ele reaparecia do nada, com seus confetes de alegria e sorrisos fofos. Por que ele não ficou por lá mesmo? Parecia que gostava de irritá-lo de propósito…

— Ah, que legal! — Kirishima, amigável como sempre, deu umas batidinhas no ombro do menor. — Logo logo você vai superar a Recovery e curar uma legião de heróis em batalha, basta continuar treinando duro! — entregou o bolão de papéis nos braços de Izuku, que aceitou-os e agradeceu com um sorriso franco.

— Obrigado, Kirishima-san. Você é muito gentil — sua voz saiu delicada e sincera, do mesmo jeito que fazia ao cuidar de seus pacientes. — Se me dão licença — sorriu para o ruivo em despedida e ofertou apenas um acenar breve à Katsuki antes de seguir seu caminho.

Bakugou encarou Kirishima com uma cara nada boa ao serem deixados sozinhos.

— O que é? — o ruivo se defendeu, já sabendo o que Katsuki estava pensando. — Ah, cara, sai dessa, não sei como você não gosta dele! Midoriya é gente boa pra caramba, você que deve ter algum problema… — balançou a cabeça, ajeitando a bolsa no ombro.

— Vai se foder, Cabelo de Merda — bufou, revirando os olhos. Ele era um perfeito traíra...

Passaram a andar lado a lado, rumo à sala de aula. Como sempre, ninguém lhe entendia. Nem mesmo Kirishima tinha uma salvação, seu “quase” amigo e o extra menos irritante daquele lugar. Poderia expor mais de mil motivos para desprezar Midoriya Izuku — havia até feito uma lista quando estava entediado durante uma aula de Present Mic há algumas semanas, e ela deveria estar até hoje perdida no meio de seus cadernos —; no entanto, seria total perda de tempo. Não quando todo mundo ali o bajulava feito um bando de mulas.

Ao invés disso, aludiu algo decididamente mais importante:

— Você viu que aquele nerd tava carregando uma bolsa grande nas costas? — comentou, o cenho franzido. Uma sensação ruim o assolou conforme a mente astuta começava a formular as hipóteses. Normalmente via Midoriya carregando uma bolsa amarela e média quando estava de passagem por lá, o que não era o caso da que viu ainda há pouco.

— Hum? Nem reparei — Kirishima piscou interessado, mas deu de ombros. — Deve ser equipamento de médico ou algo assim, tem umas coisas que eu nem sei falar o nome de tão complicadas! Tipo aquele tal de “bisturi”, eu juro que achava que era uma comida até ver que era aquela faca que serve pra abrir o corpo das pessoas; também tem aquele outro que…

Bakugou revirou os olhos, sabendo que aquele papo iria até amanhã se dependesse de Eijirou. Conforme o ruivo tagarelava ao lado, sua mente não parou nem por um segundo, inquieta. Havia algo a mais ali, sentia que sim…

E, definitivamente, não era coisa boa.

▪️▪️▪️

Como sempre, Bakugou estava certo, e embora adorasse ser o dono da verdade, preferia que dessa vez estivesse cem por cento errado.

No fim, cismar com o tamanho da bolsa do nerd realmente teve um motivo lógico, e ele veio na forma de uma Ashido Mina eufórica que adentrou o dormitório como um foguete cor-de-rosa na tarde do dia seguinte:

— Vocês não vão acreditar na última!!! — a voz escandalosa chamou a atenção de todos: os que viam tevê, os que jogavam baralho na mesinha de centro e os que preparavam besteiras na cozinha. — O Recovery Boy vai morar na UA!

Foi um alvoroço. Logo todos estavam rodeando Mina, perguntas embolando-se e vozes alteradas criando uma cacofonia insuportável em cada centímetro do ambiente. Parecia uma guerra de gralhas. Bakugou, atrás da bancada e com uma xícara de chá paralisada a meio caminho da boca, foi o único a não se mover.

Havia escutado certo? Poderia ser um engano. Afinal, bem suspeitava que aqueles anos todos explodindo bombas perto dos ouvidos ainda iam lhe dar algum problema no futuro; no entanto, por agora, sua audição havia captado a frase da alien perfeitamente bem.

Não podia ser. Puta merda.

— Mina, conta isso direito! O que você viu? Fala os detalhes! — as garotas a chacoalhavam como se fosse uma boneca que definitivamente não era de porcelana.

— Calma, calma! Me deixa explicar — ela puxou o fôlego, acalmando a agitação alheia, que olhavam-na com expectativa. — Ele não vai morar definitivamente aqui, vai ser uma espécie de rodízio, pelo que entendi — ao ver a confusão tomar conta das expressões, tratou de continuar: — Ao que parece, Midoriya-kun vai começar um novo treinamento, e pelo que entendi ele vai passar a atender muitos pacientes agora! — deu alguns pulinhos de animação. — Ouvi os professores falando que ele vai passar uma semana aqui e outra na escola dele, tipo alternando, tendeu? Disseram que é pra “facilitar a locomoção”.

— Ele vai ficar nos dormitórios? Bem que poderíamos arrumar algum lugar aqui pra ele, né? — a voz da garota invisível fez-se presente, e muitos concordaram, empolgados.

— Nhã, infelizmente ele vai ficar instalado no dormitório dos professores — a rosada acabou com a animação geral, tão decepcionada quanto. — Mas podemos mostrar que somos bons anfitriões e levar um bolo de boas-vindas! Sato, pra cozinha! — ordenou, batendo palmas.

Com isso, todos começaram a se mobilizar: Aoyama e a invisível correram para colocar roupas mais apresentáveis, a garota alta da criação fez vários gizes e cartões coloridos com o objetivo de escrever coisas legais e gentis para colocar junto com o bolo e, por fim, o resto dos extras se enfurnou na cozinha a fim de preparar a massa e o recheio — expulsando Katsuki dali, consequentemente.

Bakugou olhava para aquilo tudo em silêncio. O pensamento era um só:

Por quê?

— Hey, Bakubrô! — Kirishima aproximou-se, acenando. — Muito legal essa iniciativa da Mina, eu achei bem másculo da parte dela. Você vai com a gente dar as boas-vindas pro Midoriya, né?

Bakugou o encarou, e podia jurar que Kirishima tremeu diante das faíscas assassinas que ascenderam-se em seus olhos. Bateu a xícara na bancada com força suficiente para a porcelana rachar, o chá em seu interior agora frio e amargo.

— Nem fodendo — foi só o que disse antes de subir e trancar-se no quarto.

Seus travesseiros definitivamente sofreram a pior naquela madrugada, e até mesmo o representante idiota veio lhe pedir para que cessasse as explosões e os xingamentos, prezando o sono do resto dos extras, que estavam mais do que incomodados. Mas quem disse que Bakugou acatou alguma coisa?

Foda-se. Foda-se tudo e todos. Principalmente o maldito Deku.

Era brincadeira. Justamente quando o queria o mais longe possível, mais próximo ele ficava. Não era para ser assim, caralho! Como iria esquecer o que fizeram vendo-o diariamente naquela porra de lugar? Como se concentraria quando a única coisa que via ao fechar os olhos era a lembrança de seus lábios movendo-se timidamente sob os seus? Como pensar em passar nos testes, derrotar o resto dos extras e ser o melhor aspirante a herói quando tudo que sua mente conseguia pensar era Deku, Deku, Deku?

Só podia ser uma maldição. E simplesmente não sabia como quebrar ou sair dela.

Naqueles filmes ridículos de princesas, a resposta era sempre a mesma quando o assunto era “maldição”. Mas nem em um zilhão de anos se disporia a seguir o bordão ultrapassado e risível à ponto de preferir cometer suicídio.

Não. Chega de beijos. Era uma palavra proibida no vocabulário de Bakugou a partir de agora. Não queria ouvi-la pelos próximos cinquenta anos, e ai de quem a proferisse perto de si!

▪️▪️▪️

Quem dera a abstinência tivesse durado meras três horas.

— Ah, eu nem conto!! Recebi um beijo do Recovery Boy na testa e foi tão, mas tão romântico! — risadinhas explodiram no refeitório, vindo de uma legião de garotas emboladas na mesa central.

Já era a quinta, só naquela manhã.

Bakugou sentiu a veia em sua testa pulsar. Mas continuou a comer seu cereal, e suspeitava que se o alimento tivesse vida própria, estaria gritando de dor ante as mastigadas brutas que sofriam de sua mandíbula cerrada.

Uma parte sua realmente quis acreditar que as coisas não iriam ser assim e que o decoro e a civilização prevaleceriam acima de tudo…

Que piada.

Claro que nada disso aconteceria; ao menos não naquela geração que parecia só ter retardados. As garotas eram as piores, de longe. Deku mal colocava os pés na UA e elas já aproveitavam feito cadelas no cio. Bastava um arranhão aqui e uma queimadura ali; pronto, era o suficiente. Até a hora do almoço já havia perdido a conta, só sabia que estava na casa dos 20 ou 30… mas quem disse que estava prestando atenção a isso, afinal? Que elas se explodissem! E de preferência que levassem aquele brócolis idiota junto.

E isso continuou durante a semana toda. Midoriya realmente estava naquela espécie de “rodízio”, e Bakugou não aguentava mais esbarrar com ele nos corredores, ainda que o ignorasse totalmente e sequer olhasse em sua cara — de vez em quando esbarrava nele com o ombro. Não chegava a exagerar, mas colocava força suficiente para que o gesto fosse traduzido como “odeio você, nerd de merda”. Como se não bastasse, ainda tinha que ver a fuça dele no desjejum. Não era sempre, mas Izuku às vezes se unia aos alunos nas refeições, e Bakugou era capaz de vomitar ao ser telespectador das ridículas tentativas alheias de chamar a atenção dele — seja nos flertes descarados ou exibindo as individualidades medíocres em comparação à sua.

Numa noite, após a alien chegar de mais uma “consulta” e gritar aos quatro ventos seu “conto de fadas”, Bakugou não conseguiu disfarçar: queimou o arroz. Cada grão. Alguns extras saíram para pegar mais nos dormitórios vizinhos, e enquanto ouvia as reclamações admiradas dos que ficaram por ali, dizendo merdas do tipo “ele está mais distraído que o normal” e “nunca vi Bakugou-kun errar a mão na cozinha!”, Katsuki saiu em passos densos em direção ao corredor; dentes e punhos cerrados.

Kirishima o alcançou nas escadas.

— Cara, você tá mais estressado que o normal esses dias, dá pra ver uma fumaça negra saindo das suas mãos de longe! O que há com você? — insistia.

— Me deixa em paz, Cabelo de Merda, não tô pra brincadeira — disse entredentes, o corrimão todo marcado pelas pequenas explosões que era incapaz de controlar conforme subia.

— Tudo isso por causa do Midoriya?

Foi o estopim.

— Não, mas que merda! — virou-se, e as bombas aumentaram de potência. Era perigoso para qualquer um que estivesse perto; todavia, Kirishima já estava com a individualidade ligada. — Por que tudo é sobre ele? Por que ninguém para de falar sobre aquele nerd, nem que seja por uma porra de segundo? Deku, Deku, Deku, eu tô farto disso! — descontrolou-se, e a mão foi de encontro à parede. O som foi alto o suficiente para chamar a atenção dos que estavam lá embaixo. Parte do reboco cedeu.

Kirishima observou-o em silêncio, cautela presente em seus olhos e estatura. Esperou Bakugou se acalmar e regular a respiração. O pior parecia ter passado.

— Olha… antes eu achava que era só uma inveja besta, mas acho que a situação é mais grave que isso — disse devagar, buscando os olhos escarlates que recusavam-se a encará-lo. — Por que você odeia tanto ele?

— Porque ele é um idiota! — exclamou, e as palavras enfim jorraram de seu peito, sem que pudesse controlar: — Porque ele está sempre com aquela droga de sorriso, sempre ajudando as pessoas que não merecem e sempre, sempre sendo gentil com todo mundo, até com o maior filho da puta! É como se ele debochasse da minha cara, como se fosse superior a mim por se achar a melhor pessoa da face da terra! O odeio porque ele deixa as pessoas se aproveitarem dele sem perceber o que elas realmente querem, tudo porque ele é um puta sonso que não consegue ver o mal em ninguém, porra!

Respirava como se tivesse corrido uma maratona. O silêncio instalou-se na escadaria por um minuto inteiro. A tensão era palpável a ponto de ser possível estender a mão e senti-la entre os dedos.

Arrependeu-se. Havia falado demais.

— Quando você fala das pessoas se aproveitarem dele… está se referindo às garotas, não tá? — por mais que o buraco fosse bem mais fundo naquela confissão que acabara de escutar do amigo, Kirishima decidiu não aprofundar muito. Uma sábia decisão.

Bakugou suspirou. Fechou os olhos e esfregou a nuca. As explosões haviam cessado, assim como parte de sua raiva.

Dizer tudo em voz alta abriu uma luz em sua mente. Estava bem claro o que realmente sentia em relação àquilo tudo. Não tinha como esconder. Tinha que ser sincero consigo mesmo.

— Eu não odeio ele — dizer aquelas palavras não o matou como suspeitava. Meio inacreditável, mas, ainda assim, foi uma boa notícia. — Eu só… não suporto essa merda toda — indicou o dormitório como um todo. — Esses idiotas ficam se machucando de propósito. Eles… eles sequer pensam que ele tá gastando a individualidade à toa, e quando realmente surgir um caso grave, não poderá fazer nada — por fim, virou-se, voltando a subir. Cerrou os punhos. — Ninguém tá agindo como um verdadeiro herói.

Kirishima não o seguiu, mas já era esperado. Havia sido franco em cada palavra; possivelmente pela primeira vez desde que entrou na UA. Não foi de todo mal, mas também não sentia vontade de repetir a experiência tão cedo.

Naquela noite, Bakugou pensou muito antes de dormir. O teto era como uma tela, e os pensamentos pincelavam sob a tinta branca as ações que devia tomar. Se não podia fazer nada, não tinha sentido levar tudo aquilo para dentro e corroer-se até quase passar mal. De alguma forma, sabia que suas últimas palavras para Eijirou deixavam evidente um sentimento que odiava: preocupação. Mais do que somente ciúmes — sim, ciúmes —, estava preocupado que Deku estivesse se desgastando. Os beijos eram depositados em lugares aleatórios agora, não só nas testas. Era um treino sério para ele, porém, uma brincadeira excitante para o resto.

É. Não o odiava. Odiava as pessoas. Sobretudo, aquela situação de merda.

▪️▪️▪️

Um mês se passou. As coisas decididamente melhoraram para Bakugou. A decisão de se focar totalmente nos estudos e nos treinos veio a calhar e representou uma ótima alternativa para esfriar a cabeça. Não perdia tempo pensando em outras coisas que barravam seus objetivos. Já não se importava mais com as garotas. Seu peito não gritava ao dar de cara com Midoriya nos corredores, e o coração, embora acelerasse um pouco, não corria riscos de sofrer uma parada cardíaca. De alguma forma, a parede de aço que construiu ao redor de suas estruturas jazia firme como uma pirâmide. Não deixava absolutamente nada penetrar.

Às vezes, desconfiava que os encontros não eram total coincidência; ao menos, não da parte de Izuku. Eram detalhes que duravam um milésimo de segundo, mas suficientes para Bakugou discernir certa tristeza e um toque de necessidade nas írises verdes quando em contato com as suas. Tais sentimentos logo desapareciam quando seguiam seus próprios rumos. Midoriya estava muito ocupado, ele havia evoluído em demasiado nas últimas semanas, estava tratando ferimentos cada vez mais sérios e obtendo inúmeros êxitos. Pouco importava para Bakugou se toda criatura daquela escola já havia recebido o contato dos lábios rosados em suas peles; uma parte egoísta sua, lá no fundo, ainda se vangloriava por ser a única a ter-lhes provado de uma forma que ninguém mais provou.

Ainda perdia-se em divagações sobre o beijo que trocaram, mas não com tanta frequência como antes. Às vezes, na calada da noite, as imagens retornavam vivas diante de seus olhos, e embora a decisão de entregar-me ao calor fosse deveras atraente, o chuveiro frio sempre era o escolhido.

Estava lidando bem. Podia até afirmar que estava curado da maldição.

… Quem dera estivesse. Infelizmente, assim como nos contos de fadas, quebrar uma maldição requeria mais do que somente esconder-se do mundo e esquecer tudo que passou.

E ela veio potente. Capaz de quebrar e estilhaçar seu muro arduamente erguido. E tudo com apenas uma frase:

— Eu e o Midoriya-kun nos beijamos!

A alien. Sempre ela. Bakugou não devia ficar surpreso.

Mas ficou. E, de uma hora para a outra, todos os sentimentos que passou semanas tentando organizar entraram em desordem. A raiva que pensou estar ausente retornou; latente e assassina.

Ela o beijou. Sem ser no sentido profissional. Um beijo de verdade.

Aquele dia foi um inferno, sem tirar nem pôr. A voz daquela garota retumbava em sua mente a cada segundo, como uma vitrola defeituosa. Os protestos e a inveja eram palpáveis de longe, e Bakugou não soube o que pensar ao ver que não era o único que tinha levado a notícia como uma bomba nuclear. Metade das garotas queriam saber como havia acontecido, e a outra metade parecia querer matar a alien com os olhos. No íntimo, desejava que tivessem feito. Ou ao menos que costurassem a boca daquela imbecil que narrava a todo momento o “beijo romântico”. Se soubesse como manipular agulhas e linhas, já teria cuidado do serviço ele mesmo.

Mas o pior daquela história era a arrogância dela em dizer que havia “tomado” o primeiro beijo de Midoriya. Agia como se tivesse conquistado o prêmio do ano, como se uma medalha de ouro invisível estivesse jazendo em seu peito. Os que morriam de inveja lamentavam a oportunidade perdida; outras garotas choravam de coração partido. Era um pandemônio.

E Bakugou era o único que sabia da verdade.

A notícia rodou tão depressa que obviamente chegou aos ouvidos de Deku; e Katsuki, por um acaso, estava presente na hora. Midoriya estava com muita pressa quando foi abordado por três garotas anônimas no corredor após o fim das aulas daquela sexta-feira, carregando sua mala e alguns papéis, e quase não escutou quando elas perguntaram sobre a veracidade do beijo.

— Hã… Ashido Mina? — ele franziu o cenho, diminuindo um pouco o passo, mas logo lembrou. — Ah, a garota cor-de-rosa? É, eu a atendi ontem… — afirmou, distraído, e a pressa retornou a sua estatura. — Se me dão licença, tenho que pegar minha carona, um bom fim de semana para todos! — acenou e seguiu em direção a saída do prédio. Ele passaria a próxima semana em sua própria escola.

Bakugou trincou os dentes, vendo a cabeleira verde-escura sumir ao virar o corredor. Seu estômago despencou. Então era verdade.

O caminho até os dormitórios foi feito em silêncio. Nenhum palavrão. Nenhuma bomba. A brisa fresca e a gradiente laranja-vermelho do pôr-do-sol que o envolvia parecia mais um soco do que um abraço. O peito se comprimia como se alguém o enforcasse. O nó na garganta quase o impediu de beber um copo d’água antes de dormir.

Seu coração, possivelmente, saiu mais partido daquela história do que os de todos os extras juntos.

▪️▪️▪️

A semana começou com tudo. Não um “com tudo” no bom sentido, como seria se fosse produtiva ou com testes maneiros logo nas primeiras aulas; foi mais um “com tudo” do tipo “tomar um soco na cara a cada passo”.

Midoriya não estava lá, e só voltaria na próxima segunda. Os dias em sua ausência eram sinônimos de calmaria e um sopro de benção para a rotina de Katsuki, que seria poupado de assistir aos “acidentes” entre os colegas e suas idas “nem um pouco intencionais” à enfermaria. Sendo assim, tendo em vista que o Recovery Boy não estava na área para se defender ou dar sua opinião, não demorou para que outros boatos começassem a surgir. Tudo, é claro, girou em torno da novidade da alien, e Bakugou deveria ter desconfiado que os invejosos de plantão não ficariam quietos por muito tempo.

E realmente não ficaram. Como diria a velha: “botaram a boca no trombone”.

Começou pela garota invisível. Sem mais nem menos — e num momento muito conveniente, vale ressaltar —, ela passou a afirmar que quem tirou o BV de Deku fora ela, isso meses atrás, e que nem mesmo ele sabia disso, visto que não pôde vê-la quando “lhe deu um selinho”. Os argumentos dela foram pesados e ninguém tinha provas para contestar a veracidade de suas palavras, e logo Mina tinha uma concorrente à altura. Depois disso, não demorou para que mais pessoas viessem com suas próprias versões, várias da turma B e até mesmo a garota excêntrica que cuidava dos protótipos.

A situação chegou num ponto que não dava para saber mais onde a mentira começava e até onde a falta de vergonha na cara poderia ir. Em sala de aula era impossível falar qualquer coisa, não com Aizawa de olho em todos, mas fora delas os conflitos não paravam de surgir. Bakugou sentia o olhar preocupado de Kirishima queimar sua nuca a todo momento. Não conseguia conter as faíscas, sequer a fumaça que saía de seus punhos cerrados. Quando botaram aquele zumbi Shinsou Hitoshi na história, acusando-o de já ter usado sua individualidade “lavagem cerebral” para aproveitar-se de Deku, achou que seria a gota d’água para surtar de vez.

Pior que algumas histórias eram tão cheias de detalhes que até mesmo Bakugou começava a questionar a veracidade delas, assim como a si mesmo. Metade da escola se recusava a acreditar nas fofocas, dizendo que era algo de muito mau gosto, aliás, enquanto a outra começava a afirmar que Midoriya Izuku não passava de um “rodado”.

E se eles estivessem certos? Midoriya teria beijado aquela gente toda? Mentiu quando disse naquele dia que era o primeiro beijo dele? Então Bakugou só foi mais um da lista? Não passou de mais um para…?

As batidas na porta vieram como uma salvação. Estava a ponto de explodir o quarto, afogando-se na avalanche de seus tormentos, e nunca ficou tão aliviado ao ver Kirishima entrar e se sentar na cadeira à frente. Ele estava sério. Então ficou sério também.

— Eu não quero te forçar a falar, mas vejo que você não tá bem — pela primeira vez, a voz dele não teve toques cômicos ou arteiros. A preocupação era genuína, e por um momento, Bakugou sentiu-se péssimo por tratá-lo tão mal a maior parte do tempo. — Eu sei que você me vê só como mais um “extra”, mas… sei lá. Um extra também sabe ouvir — deu de ombros. — Fala comigo, Bakugou.

E falou. Não poderia fazer diferente disso, afinal. Não quando sentia-se a ponto de rasgar ao meio, de sufocar-se com tantos sentimentos ruins e tantas dúvidas cruéis rondando a mente. Contou tudo e mais um pouco, desde o episódio de sua briga com Todoroki e o posterior beijo que ele e Midoriya deram atrás dos dormitórios. Kirishima não foi um dos melhores ouvintes — contradizendo sua afirmação de antes —; fez mil perguntas e exibiu dez caras e bocas diferentes a cada informação chocante que recebia do loiro. Levou um tempo até ele se acostumar com a ideia de que Bakugou estava interessado no neto da Recovery quando sempre pensou que fosse algo relacionado à inveja e rivalidade — o que também não era mentira. Engolindo todo o orgulho e lutando para mascarar a vermelhidão da cara, Bakugou afirmou que, infelizmente, a verdade era essa, e que seus sentimentos não poderiam ser outra coisa senão isso.

— Tá, mas… você não tá acreditando nessa baboseira toda que tão falando por aí, né? — Kirishima perguntou depois de terminar o relato. O silêncio de Bakugou foi a resposta. Ficou incrédulo. — Tá de zoeira, só pode! Sério que você acha isso do Midoriya?

— Eu sei lá, caralho, nem conheço aquele porra direito — encolheu os ombros, ficando na defensiva. O pior foi que o tom de julgamento do ruivo foi suficiente para fazê-lo sentir-se um merda.

— Ok, mas pelo pouco que conhecemos dá pra ver claramente que Midoriya não é dessas coisas — frisou. — Aliás, as pessoas deveriam parar logo de difamar ele assim, pois quando ele voltar a coisa vai ficar feia…

— Tá, mas e quanto à alien? Os boatos sempre partem de algo que é verdade — retomou a lógica. — Ela mentiu como os outros?

— Nesse ponto, eu não sei opinar — Kirishima foi franco. — Pode ser verdade como pode não ser. Mina sempre foi adepta a ser o centro das atenções, mas não sei se ela inventaria isso assim de graça — Bakugou baixou os olhos para o chão, desgostoso, e o ruivo mudou de assunto: — De toda forma, você vai falar com ele quando voltar, né?

Bakugou franziu o cenho, confuso.

— Falar o quê?

— Que você gosta dele, oras! — revirou os olhos. — Francamente, você só é ligeiro nas lições, Bakubrô.

— Vai a merda — jogou um travesseiro no sorriso idiota dele, bufando. — Que conselho tirado do cu é esse? Desde quando sou a porra de uma garotinha pra ficar declarando merda de sentimentos? Se liga.

Kirishima suspirou. Era realmente difícil lidar com aquele cara…

— Olha, eu só tô falando o que é o melhor pra você — ergueu-se, indo em direção a porta. — Se quer que as pessoas parem de ficar em cima do Midoriya e de inventar fofocas sobre ele, então faça algo sobre isso. Você não quer ser o melhor herói? Pois bem, seja um para ele.

Aquelas palavras foram realmente inspiradoras, foi o que Bakugou pensou enquanto se enfiava debaixo das cobertas e desligava o abajur. Talvez Kirishima fosse realmente mais que um extra. Ele era um cara legal.

Na manhã seguinte, saiu do dormitório uma hora antes de todos acordarem. Queria correr e organizar os pensamentos. O ar gelado não foi gentil com suas faces, que logo adquiriram um tom rosado na região das maçãs. Ondas de vapor subiam conforme expirava e mantinha um ritmo mediano. Seu corpo, condizente com a individualidade que armazenava, sempre fora mais chegado ao calor, então era bom fazer exercícios que o fizessem esquentar.

Era segunda. Midoriya deveria ter chegado na noite anterior. Se corresse um pouco mais por aquela trilha, poderia vislumbrar o pico do prédio onde se situava o dormitório dos professores. Será que ele já tava sabendo dos boatos? Ficaria com raiva ou tristeza? Dependendo da veracidade das fofocas, talvez ambos. Quem sabe, poderia até pedir para vê-lo…?

Tsc. Nunca.

Deu meia volta. Ainda estava cedo quando retornou ao dormitório, passos leves como algodão, e foi direto na cozinha pegar um copo d’água. Só reparou que tinha mais alguém na sala quando uma face redonda despontou do sofá para espiá-lo.

— Oh, bom dia, Bakugou-kun. Saiu cedo pra correr?

Ah. Era a cara de lua.

— Se eu tô todo suado, é óbvio — replicou com a grosseria natural, o que não foi surpresa para a garota. Passou na frente do sofá a fim de pegar um caminho mais curto para o elevador; todavia, seus olhos atentos captaram alguns detalhes estranhos no cenário: uma caixinha de lenços de papéis usados, braços rodeando um ursinho de pelúcia e resquícios de lágrimas no rosto oval. Normalmente seguiria reto, mas, por algum motivo, parou e a olhou. — Tá fazendo o que aqui?

Uraraka escondeu o rosto, virando-o para baixo. Parecia sem graça.

— Ah, nada não — disse alto e com um otimismo claramente falho na voz meio embargada. — Eu só tô… pensando.

Revirou os olhos. Não era preciso ser um gênio para deduzir que o Recovery “Boy” era o protagonista dos pensamentos dela…

— Oh, como sabia que eu estava pensando nele? — os olhos grandes piscaram em sua direção, surpresos. Bakugou sentiu-se atônito. Havia falado em voz alta? Merda…

Pigarreou.

— É que todo mundo não para de falar desse cara nos últimos dias — resmungou, gesticulando, a carranca escondendo o embaraço oriundo da gafe.

— Ah… é verdade — ela encolheu-se mais no sofá, os braços apertando a pelúcia. Parecia desanimada. — Às vezes, eu sinto que o ambiente suga minhas energias, ainda mais esse que estamos vivendo nessas últimas semanas. Há muita falsidade no ar…

Uma sobrancelha loira ergueu-se no rosto de Katsuki. Interessou-se pela última frase.

— Tá falando que os boatos são mentirosos?

Uraraka pareceu refletir se era uma boa ideia falar ou não; todavia, deu de ombros, como se não se importasse.

— Eu sei que a Mina e a Hagakure mentiram — falou baixo, e Bakugou quase não conseguiu esconder sua agitação, aproximando-se um pouco mais. — A Mina inventou tudo só pra chamar atenção. Briguei com ela há dois dias por causa disso, ainda mais porque acabou criando um efeito borboleta que se tornou incontrolável agora.

— Então todo mundo tá mentindo? — Bakugou não queria mostrar que estava tão interessado, mas porra, precisava saber.

— Eu sei que a maioria das garotas sim; já os outros, não faço ideia — deitou a face contra a estrutura fofa, cansada. — Prefiro acreditar que tudo não passa de invenção. Eu só… realmente gosto dele — suspirou.

Bakugou observou-a por alguns segundos. Agora que parava para pensar… nunca vira a cara de lua se machucar de propósito ou dar em cima descaradamente de Midoriya. Pra falar a verdade, nunca a viu comentar sobre nenhum atendimento com ele, como as outras não perdiam tempo em fazer. Sempre soube que ela era apaixonadinha pelo brócolis, mas julgava que era uma paixonite semelhante à de todas as outras idiotas.

Pelo jeito, havia se enganado. E ao mesmo tempo que ficou satisfeito ao ver que nem todas as gurias estavam perdidas naquela porra de lugar, um sentimento estranho enjaulou-se em seu peito ao constatar que, de fato, a adoração dela era profundamente verdadeira.

Foi inevitável. Sentiu-se ameaçado. Todavia, não encontrou vontade para sentir ciúmes agora. Pelo menos, não em relação a ela.

— Hum, tanto faz — afastou-se com as mãos nos bolsos, exibindo indiferença. Num lapso, achou que deveria falar algo antes de sumir no elevador. Virou-se. — Só para de chorar, sua cara tá toda vermelha e fica parece um balão.

Aquilo seria o mais próximo que chegaria de ser gentil. Ao menos a cara de lua riu baixo antes das portas se fecharem.

Uma hora depois, já de banho tomado e café da manhã devidamente armazenado no estômago, Bakugou saiu do dormitório com uma disposição atípica em relação aos outros dias. Falar com Kirishima e com a cara de lua foi realmente benéfico para diminuir seu estresse. Melhor: saber que tudo não passava de mentiras descabidas era um deleite divino. Tava na cara que não devia ter confiado nas palavras daquela alien…

A entrada do prédio principal estava agitada como sempre, cheio de extras rindo e falando alto; individualidades originando pegadinhas traquinas e alguns CDF's que mantinham distância de tudo e de todos. Bakugou estava tão concentrado se perguntando se Midoriya já estaria por dentro dos boatos que mal notou quando uma mão intrusa invadiu seu espaço, esbarrando na pele exposta de seu pescoço.

— Vou pegar isso emprestado, tá? — Monoma Neito sorriu-lhe cinicamente. A mão dele soltou uma pequena explosão enquanto se afastava.

Mas que… filho da puta!

— Ei, seu merda! O que pensa que tá fazendo usando a minha individualidade, hã? Vem pra cima que eu te mostro como se usa ela direito! — a bolsa foi parar no chão, os braços livres e preparados para explodir aquele mauricinho maldito.

— Oh, relaxa aí, amigo — zombou, sorrindo cínico. — Uns caras tão a fim de passar no Recovery “Boy” hoje… checar por eles mesmos a veracidade do que tão falando por aí, sabe? — a malícia foi evidente em seu tom de voz. — Não vai se importar se eu der uma ajudinha pra mandá-los pra lá, vai?

Naquele momento, a mente de Bakugou ficou enevoada. Ódio puro invadiu suas veias, e no segundo seguinte estava se atrelando feito um animal com Monoma Neito no chão da entrada do prédio principal. Explosões à torto e a direito, palavrões, gritos, zunidos e sangue; tudo isso seguido de uma fragrância familiar que invadiu cada um de seus sentidos eventualmente. A cabeça turvou.

Antes que pudesse buscar na mente a origem do cheiro, a inconsciência já havia lhe consumido.

▪️▪️▪️

O silêncio trazia tanta paz que, por um segundo, Bakugou pensou que estivesse no céu. Estranho, pois sempre achou que, quando morresse, pegaria o elevador que iria diretamente para os confins do inferno. Era uma sensação boa, sentia-se leve e tranquilo.

Bem… isso até abrir os olhos e ver que estava na enfermaria.

Porra. O que diabos estava fazendo ali? Sua memória ferrada demorou alguns segundos para rememorar o que aconteceu… tinha se metido numa briga com aquele garoto que plagiava o poder dos outros, né?... Aí veio um cheiro estranho e apagou. Agora lembrava de onde o havia sentido: no Festival Desportivo, durante sua luta com o meio-a-meio. Aquela professora peituda o parou antes que pudesse acabar com aquele idiota que havia desmaiado e arruinado a luta.

Piscou algumas vezes, acostumando-se à luminosidade do local. Cada detalhe da enfermaria era de coloração branca, chegando quase a cegar. Sentou-se. Pontadas dolorosas tomaram seus músculos. Havia curativos nos braços e em seu rosto, e reconheceu as queimaduras familiares que ardiam-lhe a pele. Aquele merdinha havia feito bom proveito de sua quirk…

— Você acordou — reconheceria aquela voz gentil em qualquer parte do mundo, e esse fato foi o responsável pelas batidas desenfreadas que assolaram seu coração de um segundo para o outro. Olhou para o lado, abrangendo Deku em sua visão. Ele estava sentado atrás de uma mesa que devia ter sido colocada recentemente lá. Caneta na mão e papelada empilhada à frente. O jaleco branco contrastava com os tons verdes de sua fisionomia delicada. Ele ergueu-se, retirando os óculos redondos de armação discreta. Pousou-os na estrutura plana e aproximou-se. — Como se sente?

Bakugou não conseguiu esconder o nervosismo. Merda, merda, merda. Como havia se metido naquela situação? Por que caralhos teve que ir parar na enfermaria? Pior: atendido por Deku? Talvez ele até já tivesse…

Porra. Só o pensamento fez sua temperatura subir quarenta graus.

— Fica longe, nerd de merda — as palavras saíram mais como um disco arranhado e tossiu para amaciar as cordas vocais enferrujadas. Não era capaz de encará-lo. — Me dá a porra da alta, quero sair daqui — exigiu.

Midoriya soltou um pequeno suspiro, preparando-se para as eventuais dificuldades que seu paciente — certamente — lhe traria.

— Não posso te liberar, Bakugou-san — falou em tom educado. — Ainda preciso acelerar sua recuperação. Só cuidei dos ferimentos superficialmente até agora.

Bakugou frustrou-se. Aquilo era piada, né?

— Porra, por que você não me beijou quando eu tava desacordado, caralho? — questionou, e embora sua voz elevada objetivasse exibir asco daquela situação, sabia muito bem que a adrenalina que invadia seu corpo era originada de pura expectativa.

Puta merda… será que desmaiaria com outro beijo? Estava começando a parecer uma princesinha de tanto que isso estava acontecendo consigo ultimamente.

Midoriya baixou os olhos, um pouco embaraçado. A mão mexia e puxava a manga do jaleco.

— Não achei que seria legal com você inconsciente — explicou.

Katsuki piscou, encarando-o. Admitia que demorou um pouco para entender as palavras dele, mas a compreensão não tardou a clarear suas dúvidas.

Ergueu uma sobrancelha.

— E aquela conversa de que tudo que você faz aqui é “profissional”? — ironizou. Sabia que havia botado-o contra a parede.

Deku respirou fundo. Ergueu os olhos e os fixou diretamente nos escarlates. O brilho corajoso nas írises verdes fez Bakugou estremecer por dentro.

— Você é exceção. Ao menos para mim.

Foi um silêncio decididamente constrangedor. Não soube o que pensar. Nem o que sentir. Aquilo… ele falava sério? Da mesma forma que Deku representava algo distinto às suas percepções, Katsuki também se igualava a algo semelhante para ele?

Claro que sim. Era até óbvio. Afinal, eles se beijaram uma vez. E embora não tivesse durado mais que três minutos e a maior parte dos detalhes tivessem se perdido em meio às memórias e aos hormônios em chamas compartilhados naquele momento, ainda assim, foi algo que os tocou de uma forma que não dava para ignorar.

Porém, Bakugou seria teimoso até o fim.

— Cadê aquele loiro oxigenado da classe B? — mudou radicalmente de assunto. — Tenho umas contas a acertar com ele — esfregou as palmas.

— Hã… você está falando do Monoma Neito, né? — Midoriya arriscou. Aqueles adjetivos de cunho altamente pejorativo o confundiam um pouco. — Eu o liberei há uma meia hora.

Só imaginar a cena de Monoma Neito recebendo um tratamento de Midoriya, carregando aquele sorrisinho cínico e cheio de segundas intenções, foi capaz de fazer seu sangue ferver. De uma hora pra outra, a dor em seu corpo pareceu inexistente.

— Você beijou aquele bosta? — perguntou grosso e brusco, e Midoriya abriu a boca sem saber se a melhor escolha seria dizer a verdade ou prezar por sua saúde. De toda forma, seu silêncio deu a resposta. — Porra, Deku! — por um triz não explodiu os lençóis da cama. — Sério isso? Se você soubesse o que esse cara fala de você nos corredores…

— Por favor, eu dispenso saber — ele o interrompeu, categórico. Ambos se olharam em silêncio por alguns segundos, como se travassem uma batalha silenciosa cuja origem e objetivo desconheciam. Só sabiam que desviar significava perder. Midoriya foi o primeiro a perecer, suspirando em desistência. — Olha… eu sei o que você pensa. Sei o que todo mundo pensa e fala sobre mim, seja comentários positivos ou negativos. Ninguém sabe ou quer ser discreto mesmo — encolheu os ombros.

Então ele já sabia dos boatos… Bakugou não pôde deixar de sentir-se ameaçado pela iniciativa ousada do outro em colocar as cartas na mesa assim, do nada. Ainda mais sobre isso. Afinal, Bakugou era o primeiro da fila quando o assunto era julgar a ignorância e o complexo de sonso do neto da Recovery. Mas também não podia ficar quieto. Se ele queria falar, então também tinha que ouvir algumas verdades.

— Então por que você se sujeita a isso? Por que aceita ajudar esses extras que só querem se aproveitar de você, hein? — cruzou os braços. — Dê uma boa explicação e talvez eu pare de achar que você é um imbecil.

Midoriya não recuou. Apoiou as mãos na mesa atrás de si, assumindo uma aura séria e concisa. Parecia disposto a ganhar aquele debate.

— Eu vou falar só uma vez, então espero que entenda — Bakugou bufou em cólera. Aquele nerd estava se achando superior demais para seu gosto, mas resolveu não contestar. Em vez disso, ouviria a merda da explicação fajuta que ele tinha pra usar como defesa. Ele respirou fundo. — Minha individualidade, apesar de trazer inúmeros benefícios à saúde, infelizmente é vista de forma muito polêmica. Eu já tinha ciência disso desde criança, afinal, minha avó me explicou como as coisas seriam quando começasse a realizar tratamentos. Tudo que falam de mim hoje, falavam na época dela. Para uma garota devia ter sido bem pior, não acha? — embora falasse algo sério, sua expressão era de pura serenidade. — Os boatos eram maldosos, e a reputação dela vivia na corda bamba… Olha, é lógico que eu reparo em cada intenção das pessoas que cuido, sejam elas honestas ou não — gesticulou a fim de se expressar melhor. — Mas… de toda forma, um paciente ainda é um paciente. E estou aqui justamente para curá-los. O que está além disso não me interessa nem um pouco.

— Mas… por que você simplesmente não diz não?

Midoriya sorriu. Um sorriso bonito e triste.

— Você quer ser um herói, não quer? Quando um vilão é ferido e capturado, sempre haverá um médico que irá tratá-lo. Não importa se ele assassinou, roubou ou fez coisas extremamente desumanas. No fim, ele vai receber os devidos cuidados e passar por seu julgamento, como diz a lei. Você está aqui na UA se preparando para detê-los enquanto eu me preparo para curá-los quando chegar o momento. É por isso que nunca digo “não”. Entendeu agora?

Bakugou sabia. Sabia que havia perdido. Não tinha o que contestar ali. Não com uma argumentação daquelas.

Era um idiota. Um completo e total idiota. Midoriya já estava anos luz à sua frente no quesito maturidade.

Ele sabia o que era ser um herói dez vezes mais que Katsuki.

— Bem, espero não ter soado rude, eu só quis deixar as coisas claras, ok? — Deku bateu palmas, quebrando o clima que havia se instalado após abordar um assunto nem um pouco agradável. Sorriu. — Você vai me deixar cuidar de você agora, não vai?

Não tinha mais razão para se fazer de difícil. Tampouco agir como um pirralho. Bakugou entendia isso agora. Seus olhos haviam sido abertos pela pessoa que mais repudiou em todos aqueles meses, e agora, a necessidade e a urgência de negá-lo não fazia mais sentido.

Não quando ele era a única pessoa com o poder de fazê-lo ficar sem fala.

E foi por isso que, pela primeira vez, não se autojulgou ao dizer:

— Vem logo, nerd.

Os olhos de Midoriya adquiriram um brilho alegre ao se aproximar, e o coração de Katsuki, submisso e idiota, acelerou novamente. Primeiro ele ocupou-se em verificar seus curativos. Começou um assunto trivial, talvez para relaxá-lo. Bakugou quase não prestava atenção. As palavras entravam por um ouvido e saíam pelo outro conforme o observava em pé à sua frente. Ele estava tão perto... Poderia contar o número de sardas presentes em seu rosto delicado; relembrar a maciez da pele em contato com seus dedos brutos, a sedosidade das mechas verdes extremamente cheirosas e ótimas de puxar em meio aos ofegos do beijo; lábios rosados e sinônimos de perdição cuja cura servia tanto aos machucados do corpo quanto aos do coração; inebriantes e infinitamente desejáveis…

Tudo nele era desejável. A inteligência acima da média, quase equiparada a sua. A gentileza exacerbada e, por vezes, tola. A aparência terrivelmente encantadora. O sorriso que derrubava até o mais petrificado coração. O beijo capaz de salvar vidas.

Era possível se apaixonar ainda mais por uma pessoa?

— Me beije, Deku.

Foi só o que disse. A mão segurava a manga do jaleco branco, impedindo que ele se afastasse. Não havia vergonha em sua voz. Não havia raiva em seus olhos. Só a necessidade de tê-lo. De experimentá-lo daquela mesma forma de meses atrás. Ao menos uma última vez.

Midoriya compreendeu sua intenção. E não se afastou. Pelo contrário, aproximou-se a ponto de Katsuki afastar levemente os joelhos para facilitar o encaixe. A diferença de altura não era gritante. A cama era alta o suficiente para que os lábios de Bakugou alcançassem o pescoço convidativo logo à diante. As mãos delicadas subiram por seu maxilar. Pararam no queixo, e ergueu-o com suavidade. As pontas das unhas originaram cócegas leves na região, mas Bakugou não se importou. Sentia-se queimar. Cada pedaço de pele à mercê do contato daquelas mãos sofria uma onda de eletricidade que viajava desde a coluna até a nuca.

— Eu… nunca fiz desse jeito — Midoriya sussurrou. Havia medo em sua voz. — Não quero colocá-lo em risco…

— Dizem por aí que você aprende rápido — as mãos de Bakugou foram parar em sua cintura. O ondular da curva fez seus sentidos estremecerem. — Não esquenta. Se eu me sentir mal, te empurro pro chão.

Midoriya soltou o ar com leve graça. O sorriso se foi tão rápido quanto um piscar. Buscou foco. Aquilo, de certa forma, era um novo treinamento. Não queria falhar. Não queria prejudicá-lo como da última vez. Controlaria o nervosismo, ainda que fosse uma tarefa complicada quando diante daqueles olhos intensos cor de sangue.

Não pensou mais. O encontro dos lábios foi suave. Começou por um selinho. O formigar veio, breve, mas preciso. Os dedos trêmulos pressionaram as laterais do rosto de Katsuki. A pele macia o inebriou. Os movimentos tiveram princípio após um suspiro longo ecoar. O aperto em sua cintura se intensificou. O beijo aprofundou-se. O lábio inferior foi presenteado pela textura macia da língua lasciva. Permitiu o ato. Seu corpo inteiro ferveu. As pernas perderam a força.

O efeito da individualidade estava ali, ainda que discreto. Bakugou o sentia no relaxar gradual dos músculos. O sentia na forma da urgência vigorosa com a qual retribuía o beijo quente e vivo. Logo, não havia mais nada além de gana e desejo. Midoriya fez menção de se afastar. O agarre em sua cintura, porém, o impediu, e após um brusco puxar, viu-se sentado no colo do outro. As pontas dos joelhos dobrados tocavam o colchão macio. As pernas sentiam cada contração dos músculos das coxas fortes do garoto explosivo logo abaixo. Suas costas eram alisadas e envolvidas em toques firmes. O sopro de sanidade veio com o breve inspirar errático, implorando oxigênio.

— Não deveríamos… i-isso… é antiético — arfou, sentindo a respiração quente e os beijos latentes na pele casta de seu pescoço. Aquilo era loucura. Já havia feito sua parte. Ele estava curado. Não era certo...

— Não vem falar sobre eticidade agora, Deku — a voz rouca respondeu, a mesma da vez em que se envolveram atrás do dormitório. Katsuki queria sentir cada centímetro do corpo delicado acima do seu, queria ouvir cada respiração entrecortada, guardar na memória cada som proferido, seja em forma de palavras ou grunhidos. — Eu sou seu paciente e quero que faça isso.

— E-Espera… Deixa eu só… — Deku desprendeu-se de seu aperto, embora Bakugou tivesse apresentado resistência em deixá-lo sair. As mãos elétricas fecharam-se sobre o tecido branco da cortina. Deslizou-a na horizontal, ocultando aquela parte da enfermaria. — Assim não seremos vistos…

Retornou. Seus lábios foram reivindicados quase imediatamente. As mãos grandes voltaram a apertar-lhe a cintura. Num gesto corajoso, deslizou suas próprias pelos ombros firmes, envolvendo-lhe o pescoço. Era seu segundo beijo. E, novamente, compartilhado com aquele indivíduo explosivo que em nada se assemelha a sua natureza tranquila. Mas ali, em seus braços, sentindo a língua despudorada acariciar a sua própria com tanta paixão, nada importava. As diferenças tornavam-se insignificantes em comparação ao encaixe perfeito dos corpos; as respirações aceleradas mesclando-se; bocas ávidas sorvendo uma à outra como se provassem de um elixir proibido.

— Olha… eu realmente não sou esse tipo de pessoa — teve a necessidade de dizer após a curta separação a fim de repor o ar. Os olhos vermelhos carregavam um dilatar profundo em contato com os verdes, levemente inquisidores. — Aquele garoto com quem se envolveu atrás dos dormitórios… era apenas um personagem ansioso para sanar um desejo e uma curiosidade antiga. Quero que saiba que não sou aquela pessoa. Eu… me dou muito valor. Sou alguém que sempre procura um compromisso sério, seja do tipo que for.

Esperou uma resposta, mas foi compensado pelo contato quente dos lábios em sua clavícula e pescoço. Suspirou. Os dedos agarravam os fios loiros como se fosse um bote salva-vidas. Segurando-os, deixou que seus lábios alcançassem a testa, tirando as mechas do caminho. Esfregou-os naquela pele quente e reprimiu um arquejar. Ninguém sabia, mas sua mania de “preferir beijar testas” não passava de um fetiche seu. Em especial, um que sempre quis realizar com Bakugou Katsuki.

— Então você acaba de conseguir um dos compromissos mais diabólicos que poderia pedir, Deku — Bakugou sussurrou ao subir os beijos e alcançar a orelha arrepiada. A mão pousou na coxa direita, exercendo um leve aperto que fez Midoriya arfar. — Acha que é uma boa ideia?

Midoriya não pensou. Pela primeira vez, deixou os instintos e o coração decidir. Voltou a unir os lábios, não sem antes dizer sua resposta:

— A melhor que já ouvi, Kacchan.


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Notas finais do capítulo

O primeiro beijo ficou tão blé que eu tive que me superar no segundo. Confesso que vontade não faltou pra continuar essa pegação, mas a coragem não foi suficiente :< No fim, essa fic ficou mais profunda do que eu esperava, curti isso.
Espero que tenham curtido tmb, e TRATEM de comentar aí oq acharam, afinal foi vcs que imploraram pelo extra!!!

Ps. eu AMO a Mina de paixão gtn, n me entendam mal, só que eu precisava de alguém pra encher o saco do Baku ;-;

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Beijos e até uma próxima guys~



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