Retratos da família Inuzuka Aburame. escrita por Deby Costa


Capítulo 5
Capítulo 5 - 'Metalofose!


Notas iniciais do capítulo

O capitulo não foi betado.

A fanart que ilustra o final do capitulo é mais uma linda arte da @rasqueria. Tara, para os íntimos. Obrigada querida. Vc é 10/10.

Espero que gostem.

Boa leitura.



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Shibi efetuou alguns reparos que há tempos vinha adiando no interior de sua casa. Aproveitou a deixa para lavar as roupas que estavam sujas no cesto e além de passar, também as guardou. A faxina caprichada, que incluiu portas, janelas e a limpeza de seu porão virou a noite. Eram 12h15min do dia seguinte quando o Alpha parou no meio da cozinha sem saber o que faria a seguir. O Aburame estava aposentado há apenas setenta e duas horas, vinte e três minutos e quarenta e dois segundos, mas já se encontrava à beira de uma crise existencial.

"… Seria interessante pensar num projeto de aposentadoria a longo prazo. Você nunca teve que lidar com tanto tempo ocioso, meu caro amigo…"

Talvez Tsume tivesse razão. O tempo em casa passava mais devagar do que no Instituto de pesquisa e desenvolvimento em ciências biológicas de Konoha, onde trabalhou por quase quarenta anos. Realizar reparos e cuidar da limpeza da casa não era um projeto de aposentadoria adequado para ninguém. Quem sabe não estivesse realmente na hora de considerar os conselhos da Inuzuka. Ao invés de se deixar levar pelas circunstâncias da vida seria interessante realizar algum sonho esquecido no passado.

Mas o que ele faria? Quem sabe uma viagem ou estudar um novo idioma? Aprender a tocar instrumentos musicais poderia ser um desafio e tanto na sua idade…

 Enquanto avaliava possibilidades, o Alpha sentiu dois chakras agitados e prestes a entrar em conflito. Um pouco aéreo pela súbita reação de seu corpo em resposta às energias divergentes que se aproximavam de sua casa, Shibi dirigiu-se à porta da cozinha e ao parar no batente se deparou com a algazarra oriunda da casa dos fundos. Não foi necessário um segundo olhar para os três shifters que entraram em seu campo de visão para ele esquecer por completo o conselho de Inuzuka Tsume e deixar-se guiar pelas circunstâncias. 

— Sora, volte aqui!

Saindo da casa dos fundos, Kiba estava mais descabelado que o normal. Com imensa dificuldade, o pobre Ômega arrastava pela mãozinha, uma Himeko mais dormindo que acordada, enquanto à frente de ambos, vinha o gêmeo mais velho tropeçando nos pezinhos numa desesperada tentativa de chegar à residência da frente.

— Não quer! — Sora nem olhou para trás, antes de responder ao pai. Foi impossível para o avô não erguer o canto dos lábios quando, ao vê-lo, o garotinho acelerou mais o passo e com rapidez impressionante para seus dois aninhos, atravessou o jardim e agarrou-se às suas pernas. — Jiji!

Sora cheirava a fezes, estava descalço e com a camisa passada apenas por seu pescoço. Com certeza havia se esquivado de usar o vaso sanitário, como vinha acontecendo há alguns dias, desde que Kiba começou ensinar a ele e a irmã gêmea a usar o banheiro, a exemplo dos adultos.

Era um mistério para toda a família como aqueles dois, embora pertencessem à mesma casta, tinham tanta dificuldade para se comunicar, principalmente quando estavam estressados.

— Por favor… — Kiba pediu ao filho. O rapaz, contrariando a própria personalidade, falava baixo e estava quase em lágrimas quando parou diante do menino: — Pequerrucho, vem com o tousan.

A cena comoveu o patriarca. Desde o nascimento dos filhos, o adolescente não fazia outra coisa, a não ser cuidar dos gêmeos, e por mais que o marido lhe ajudasse após retornar para casa à noite, não se comparava ao esforço do rapaz, que durante horas cuidava sozinho do lar e dos filhotes. Naquele instante, o Aburame sentiu pena dos três, em especial de Himeko, que ao lado do pai coçava os olhinhos. Os chakras alterados e também a barulheira produzida por Kiba e Sora provavelmente acordaram a menina, que costumava tirar um cochilo naquele horário.

— Desisto! Tô’ jogando a toalha, melhor, vou jogar a fralda. Sogrão, segura que é tua! — O Inuzuka colocou a peça descartável na mão de Shibi, em seguida deu as costas para o sogro e o filhote, retornando para sua casa e levando a filha consigo. — Vamos, pequerrucha. O tousan vai te colocar para dormir.

Shibi repreendeu o menino assim que o genro sumiu de vista: — Você sabe que não pode fugir do seu tousan desse jeito, não sabe?

O pequeno Ômega escondeu mais o rosto no tecido de suas calças. O Alpha então, envolveu-o de modo protetor com seu chakra. Quando finalmente ergueu o rosto, Sora estava mais calmo. Seu neto não era uma criança inquieta, longe disso. Quando comparado com a irmã, era até muito tranquilo. Pensando nisso, Shibi retirou a camisa do neto por completo. O entomólogo havia notado há tempos que o neto resistia a situações que envolvessem mudanças, e sempre de um jeito desagradável.

— Ei? Rapazinho, olhe para o vovô. — O Alpha se abaixou para não intimidar a criança e ao pegá-lo no colo, falou manso: — Não fique assim… — Sora finalmente lhe dirigiu a atenção. — Vamos lavar esse bumbum e colocar essa fralda. Deve haver roupas suas perdidas aqui em casa.

— Jiji dodói?

— O quê?

Sora mudou por completo de postura ao apontar na direção do seu antebraço. Shino olhou para onde seu neto indicava e só naquele instante percebeu a escoriação. Provavelmente havia se cortado enquanto mexia na caixa de ferramentas durante a faxina do porão. Como não era uma ferida que necessitasse de grande atenção, ignorou-a. Mais tarde lavaria e colocaria um band-aid, por ora, a higiene de seu neto era o mais importante.

— Não se preocupe, é apenas um machu… Sora não! — O Aburame teve o instinto de afastar o menino para que este não tivesse contato com seu sangue, mas assim que Sora tocou o indicador sobre seu machucado, tanto o Alpha quanto os insetos sob sua pele ficaram estranhamente paralisados. Na sequência, o Ômega abriu um lindo sorriso e fez algo surreal demais para que o avô conseguisse compreender naquela ocasião. 

Nos dias, meses e anos que se seguiram aquele acontecimento, motivado pelo ocorrido, o entomólogo decidiu observar Sora de perto. Sua intuição de pesquisador foi aguçada pelo evento, porque até o tempo presente, em relação às suas habilidades, o clã Aburame ainda era uma incógnita para os próprios Aburames. Contudo, para a sua frustração, nada semelhante voltou a ocorrer.

 

@@@@@@@

 

— Você quer um pedaço de torta? — Shibi não apreciava doces, embora mantivesse sempre alguns em sua geladeira. O Alpha gostava de agradar os netos. Não somente Sora e Himeko, que moravam no mesmo quintal e quando mais novos costumavam ficar sob seus cuidados, mas também Ito, o filho adotivo de Fū e Torune, que virava e mexia vinha lhe fazer uma visita ou passar o final de semana.

— Não. — Sora negou ao se sentar à mesa. — Quero chá verde.

  Shibi esperava aquela resposta. A julgar pelas roupas e cabelos úmidos do Ômega, seu neto havia chegado há pouco do Shogakko. Sora estava retomando gradualmente o hábito de passar tardes inteiras em sua casa. Um costume deixado para trás quando Kiba retomou os estudos e ele e a irmã foram matriculados no youchien.

— Aqui. — O Alpha ofereceu uma caneca de chá para o menino. Sentia saudade de quando se aposentou e dedicava seu tempo para ajudar Kiba a cuidar dos gêmeos, tarefa que se revelou difícil após ter sido convidado a prestar consultoria num centro de pesquisa localizado na vila oculta da nuvem e posteriormente ministrar palestras em congressos de entomologia ao redor do país do relâmpago. — Quer açúcar?

O garoto meneou a cabeça. Conforme ia crescendo, desde o desapreço por doces à personalidade mais reservada, o entomólogo vinha notando traços marcantes dos shifters Aburames começarem a se destacar no caráter do neto, incluindo a predileção por ambientes mais quietos e áreas com claridade menos intensa. Um comportamento muito comum entre os membros nascidos no seu clã, mas que causava estranheza para quem não tinha ciência de tais peculiaridades.

— A sua irmã não quis vir com você?

— Não. — Aquela era outra negativa que o mais velho esperava. Mesmo a relação fraternal dos irmãos sendo repleta de amor e carinho, em contraste ao comportamento introvertido do irmão gêmeo, Himeko estava se tornando cada dia mais extrovertida, a ponto de trocar as tardes entre quatro paredes pelas brincadeiras ao ar livre. — Ela preferiu brincar no parque com o Kiba-tousan e o Himaru. — Sora concluiu sem maiores alardes.

Himaru era o cão ninja de Himeko. Sua neta havia recebido a tutela do ninken há alguns meses. A relação da tutora e do ninken estava na fase de fortalecimento do vínculo e, embora as brincadeiras as quais, Sora se referisse não fizessem parte de nenhum treinamento específico, nas reuniões familiares, Tsume e Kiba haviam garantido a todos os parentes que em breve a família teria mais um habilidoso Maru e uma grande kunoichi para continuar o legado. Shibi não tinha dúvidas daquela profecia, pois, além de testemunhar a crescente sintonia entre a beta e seu companheiro canino, ele sabia o quão esperta era sua neta.

— Entendi. Você quer ver TV?

— Sim.

Diante da primeira afirmativa do dia, os dois saíram da cozinha em direção a sala. Chegando no cômodo, o adulto sentou-se numa cadeira de balanço e o neto no puf a seu lado. O Alpha pegou o controle remoto e abaixou o volume, deixando-o num tom agradável. Avô e neto permaneceram em silêncio por um longo tempo. Sora apreciava a sua taciturna companhia e isso para o Aburame, não tinha preço.

— Quer trocar de canal?

— Eu gosto desse. — Sora continuou atento ao documentário que passava na TV.

Sem conseguir esconder o encantamento, o Aburame passou a observar o menino. Para Shibi, olhar o seu neto era como entrar numa máquina do tempo. Sora era muito parecido com Shino quando também tinha seis anos. Em certos momentos, o Alpha entendia os resmungos do seu genro sobre sentir-se injustiçado de carregar o filhote por meses no ventre e o menino ter nascido um minisshino. Brincadeiras à parte, pois o entomólogo sabia que tamanha semelhança deixava Kiba feliz, e não aborrecido, as diferenças entre pai e filho eram somente os triângulos vermelhos que o menino ostentava orgulhoso nas bochechas, e a delicada e gentil presença que emanava dele. 

Como avô, e também como estudioso, o Alpha não negava que estivesse ansioso. Ômegas eram extremamente raros em seu clã. Uma porcentagem de um, para cada cem nascidos. Machos e com características dominantes, como no caso de seu neto, mais ainda.

Desde o nascimento do pequeno, Shibi se questionava quais categorias de insetos, Sora teria sob a pele. Havia inúmeras possibilidades. De rinkaichūs, insetos peçonhentos e extremamente venenosos que eram utilizados apenas por seu irmão Shikuro e sobrinho Torune, a shōkaichūs. Pequenos vermes iguais aos controlados por seu primo Muta. Essa espécie era exímia em buscar informações ou sinais de chakra sob o comando do seu hospedeiro. Também existia, mesmo que remota, a possibilidade do menino controlar Kidaichūs, uma espécie de parasita gigante que se tornava uma arma mortal no corpo de um inimigo.

Mas todas essas especulações acabavam sendo de menor probabilidade, pois a sua experiência com pesquisas ligadas a insetologia e DNA lhe dizia que provavelmente seu neto seria mais um, a controlar Kikaichūs, por serem os insetos mais comuns entre a maioria dos membros do clã, além de ser os mesmos que ele e Shino traziam sob a pele. Um pensamento passou pela cabeça do Alpha ao recordar um dos shifters mais importantes nascidos em seu clã. Aburame Isao foi o único de quem se tinha notícias, a comandar besouros bikōchūs, uma espécie rara de artrópode que colocava ovos apenas uma vez ao ano e conseguiam controlar outras espécies de insetos, minando assim o domínio do seu hospedeiro. Um poder inigualável, responsável por fazer dele o primeiro e único patriarca Ômega que seu clã conheceu. Shibi possuía um imenso fascínio pela história deste antepassado…

— Shibi-jiji? — Sora chamou e o Aburame percebeu que aquela não havia sido a primeira vez.

— Sim? — O avô quase se desculpou, pois, aqueles pensamentos sempre o faziam viajar.

— O que é uma meta… meta… — A princípio o menino gaguejou, mas por fim conseguiu formular a pergunta. — ‘Metalofose?

O Aburame demorou alguns segundos tentando entender a palavra para decifrar a pergunta que lhe fora feita, no entanto, ao olhar para a TV compreendeu do que se tratava. No programa televisivo havia um cinegrafista filmando uma colorida nuvem de borboletas voando sobre um jardim florido.

— Metamorfose? — Shibi repetiu a pergunta, mas dessa vez fazendo o uso correto da palavra. O Alpha percebeu por trás da curiosidade infantil, mais do que a genuína dúvida sobre uma palavra nova que o menino acabara de ouvir.

Talvez Sora estivesse começando a ficar intrigado com as mudanças que vinha experimentando no seu cotidiano. Shibi olhou novamente para a TV e por alguns instantes observou a edição do vídeo sendo reproduzido no modo acelerado, onde era mostrado em poucos segundos os quatro estágios da transformação completa pela qual uma lagarta passava, até se tornar uma borboleta.

— É. Foi o que eu disse. — Sora soou aborrecido, demonstrando naquela reação um pouquinho menos do minisshino e uma enorme semelhança com o moleque Inuzuka. — Você sabe ou não sabe o que é uma meta, meta… 'metalofose?

Shibi afagou os fios escuros do neto, ao ver por trás dos olhos negros todo o temor e expectativa que o chakra infantil de antemão denunciava. Ao contrário do que pensava quando o menino era menor, Sora caminhava a passos lentos quando o assunto era o desenvolvimento de suas habilidades hereditárias, algo incomum no mundo Shifter, onde desde tenra idade sinais de Kekkei Genkai já podiam ser notados nos pequenos.

— Sim. Eu sei o que significa uma metamorfose. — Shibi finalmente respondeu. Melhor do que qualquer outro membro da família Inuzuka Aburame, o Alpha sabia o quanto seu neto tinha medo de enfrentar situações novas. Quer elas fossem somente usar assentos infantis em vasos sanitários de adultos, expandir o ciclo de amiguinhos ao entrar no Shogakko ou simplesmente se abrir às sensações desconhecidas que estavam prestes a eclodir em seu corpo. — E ficarei imensamente feliz em dizer-te o que ela significa.

Com calma invejável e uma imensa sabedoria, adquirida ao longo das muitas fases pelas quais passou em sua vida, o Alpha retirou os óculos escuros e abriu um sorriso, recebendo de volta outro, ainda mais largo e bonito. Eventualmente, o pequeno Ômega a sua frente passaria por grandes e significativas transformações, principalmente com a chegada da adolescência. Um evento fantástico e igualmente necessário, capaz de revelar a todos quem ele era de verdade.

— Mas antes de iniciarmos essa conversa, posso lhe fazer uma pergunta? — O avô zeloso perguntou, e ansioso, o amado neto moveu a cabeça para cima e para baixo. — Você gostaria de me ajudar a preparar um pouco mais de chá?

 

Cena extra

 

Minutos antes, Shibi pôs um pouco de água morna nas canecas que estavam na bandeja. Enquanto o restante do líquido fervia na chaleira sobre o fogão, o Alpha cuidadosamente macerou quatro gramas de folhas frescas de Gyokuro num pilão de cerâmica. Assim que a água alcançou a temperatura desejada para que a infusão ficasse perfeita, ele apagou o fogo e pôs a erva no recipiente, tapando-o logo em seguida. Sob o curioso olhar do neto, além da chaleira com o chá-verde, o Aburame também colocou um pratinho com algumas bolachas feitas de farinha de arroz junto às canecas. Com tudo arrumado, os dois Shifters se encaminharam para o quintal.

Sora se sentou na calçada de madeira da varanda e antes de imitar o neto, o Aburame serviu o chá verde da maneira tradicional,  colocando o líquido quente nas canecas previamente aquecidas com água morna. Ao juntar-se ao  pequeno não foi nenhuma surpresa ver que a atenção dele estava totalmente voltada para um dos galhos da cerejeira, onde há algumas semanas os dois haviam encontrado um casulo em processo de construção e em fase de crisálida. O penúltimo estágio da metamorfose completa antes da lagarta se transformar em borboleta.

— Jiji, ainda falta muito? – O menino perguntou assim que o avô colocou a caneca em sua mão.

Shibi sorriu em resposta. Perdeu as contas de quantas vezes ouviu aquela pergunta nas últimas duas semanas. O Ômega estava tão obcecado pelo hóspede naquela árvore, que se seus pais permitissem, ele teria acampado debaixo da cerejeira para acompanhar o processo de transformação até o rompimento do invólucro ovoide. O Alpha não escondia sua felicidade por ter alguém na família compartilhando consigo a mesma paixão por insetos.

— Não. — Há alguns dias, Shibi usou como metáfora, a paciência e o cuidado com o qual ele preparava o chá verde que o menino tanto adorava, para ilustrar o desenvolvimento do casulo. Quantidade de folhas, temperatura da água, forma de servir... Cada detalhe era importante para extrair o máximo do aroma e do sabor da bebida, tornando-a singular. — Creio que somente mais alguns dias.

Os dois continuaram num silêncio contemplativo, enquanto observavam o invólucro. Sora tinha uma estranha pressa e um profundo sentimento de curiosidade acerca do casulo.

— Ei? — De repente, Shibi notou uma sutil apreensão no chakra do neto que logo em seguida passou a apertar a caneca com firmeza entre as mãos. — Tudo bem aí, rapazinho?

— Shibi-jiji... — A voz do Ômega era quase um sussurro e transmitia uma grande tristeza através do timbre. Sem desviar o olhar do casulo, o menino finalmente tomou coragem e perguntou:

 — Os familiares e os amigos da lagarta ainda irão gostar dela, quando ela se transformar em uma borboleta?

O coração do adulto se encolheu diante daquela inocente, mas significativa pergunta, principalmente por todo o peso que ela trazia consigo. Cientista brilhante, repleto de prêmios no currículo, Shibi não possuía aquela resposta. Ele sofreu inúmeros preconceitos  no decorrer de sua vida, e aprendeu desde muito cedo o quanto as pessoas poderiam ser cruéis com quem era diferente. Pela primeira vez em sete anos, o Aburame olhou para o neto e não sentiu o costumeiro encantamento por ter mais um de seus descendentes a carregar sob a pele, o sombrio legado do clã Aburame…

— Jiji! Jiji!

O chamado surpreso do menino, fez o Aburame esquecer a súbita introspecção em que mergulhou, mal sabia ele por quanto tempo, ao buscar por respostas que jamais teria para dar ao neto.

— Sora, o que houve?

Esquecendo-se por completo a pergunta que fizera minutos antes ao avô. Sora levantou-se da engawa num salto, puxando-o consigo. Surpreso e emocionado, seu neto começou a pular e ao apontar para o galho da cerejeira e gritou em êxtase: 

— Olha! Olha vovô!

Contagiado por tamanha alegria, Shibi fez o que lhe foi pedido e, para sua surpresa, como se quisesse ela mesmo sanar a curiosidade infantil, a mãe natureza, ainda mais sábia que o velho Aburame,  seguiu seu curso natural, marcando para sempre a memória daqueles dois. 

Shibi sorriu ao sentir o coração mais leve. 

— Eu estou vendo, querido… eu estou vendo…

Naquele final de tarde  ambos os shifters tiveram honra de testemunhar o nascimento, não de uma lagarta, não de uma borboleta, mas de um ser encantador que seria certamente amado por todos aqueles que possuíssem sensibilidade para vê-lo na sua real e mais pura essência!


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Notas finais do capítulo

Gente é isso. Eu amo esse capítulo, pois contém elementos de outra história que estou criando (a passos lentos, como o desenvolvimento das habilidades do Sora) e estou amando escrever, mas só irei postar quando tiver toda prontinha.
Sobre o final do capítulo e sobre meu bebê Sora, ainda temos muito o que falar em retratos, então se preparem.

Espero que tenham gostado. Até a próxima.



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