Com o tempo, as cartas trocadas foram sendo substituídas pelos telefonemas. Toda semana, Luca ligava para Portorosso para conversar com seus pais mas ainda não tinha coragem para ligar para o Alberto. Apesar das cartas manterem uma certa proximidade entre eles, conversar por telefone era bem diferente. Ele tinha certo receio em ligar. Tinha aquele sentimento de que não havia a mesma intimidade desde que partiu para Gênova. Ele queria muito ligar porque sentia como se tivesse algo faltando em si mesmo, desde a despedida na estação de trem.

Algumas semanas depois da útima troca de cartas, Luca queria convesar com a Giulia sobre tudo que estava sentindo. Era uma sexta feira a noite. já fazia algumas horas que os dois estavam em casa, após chegar da escola. A mãe da Giulia estava preparando o jantar, o cheiro estava incrível. Luca aproveitou esse momento para conversar com a Giulia, enquanto esperava o jantar. Ela estava no próprio quarto, lendo alguns livros.

— Giulia... - Luca perguntou, de maneira tímida. - Queria conversar com você.

— Sobre o que? - Ela respondeu, fechando um dos livros.

— Desde que vim para cá... - Ele começou a falar. - Eu...eu tenho sentido algumas coisas que não tinha sentido antes.

— Tipo o que? - Ele olha para o Luca, como uma cara de que ainda não tinha entendido ainda. "Acho que sei onde você quer chegar."

— Você sabe? - Ele perguntou, olhando para ela.

— Luca, você não precisa esconder de mim. - Ela se levantou e fechou a porta para que tivessem mais privacidade.

— Quem estou tentando enganar. - Luca finalmente começou a expor seus sentimentos. - Eu sinto falta dele, Giulia.

— Eu sei que você sente, mas não é só isso, não é? - Ele respondeu, chamando Luca para sentar com ela na cama.

— Eu acho que não. - Ele sentou ao lado dela. - É diferente o que sinto.

— Luca... - Ela disse, olhando nos olhos dele. - Desde que conheci vocês dois, eu já tinha notado que havia algo a mais entre vocês dois. Mas percebi que você não sabia ainda.

— Na verdade, eu tinha notado, mas não sabia o que era. - Luca responde, como um pouco vergonha. "Naquela noite, quando briguei com o Alberto, eu senti algo parecido. Por isso fui atrás dele."

— Imaginei. - Giulia respondeu, que estava decidida a ser mais direta com Luca, já que ele merecia saber o que sente.

— É como se uma parte de mim estivesse lá, em Portorroso. - Luca, finalmente colocou para fora. - Eu só queria estar com ele aqui.

— Sabia. - Ela disse. - Você está apaixonado, só não tinha se dado conta disso ainda."

— Apaixonado? - Luca indagou.

— Isso acontece quando duas pessoas gostam muito uma da outra que querem permanecer na companhia um do outro. - Ela explicou.

— Acho que isso define o que sinto então. - Luca respondeu. - Você acha que ele sente a mesma coisa?

— Para ele ter vendido o próprio sonho para você conquistar o seu? - Ela disse, olhando para ele, enquanto procurava outro livro. "Não tenho dúvidas disso."

— Então eu deveria ligar para ele, não é? - Luca perguntou, corando as bochechas.

— Claro. - Ela respondeu, pegando o livro 'Romeu e Julieta'. Ela tinha em mente ler um romance com Luca para ele entender o que é o amor. - Depois vamos ler um livro juntos. Acho que vai interessante para você.

Depois que os dois jantaram com a mãe da Júlia. Voltaram para o quarto e antes de começar a ler o livro selecionado pela Giulia, Luca quis ligar para o Alberto, já que fazia alguns meses que nem ouvia a voz dele. Foram alguns meses apenas trocando cartas, não é a mesma coisa que conversar. Luca estava bem nervoso e ao mesmo tempo ansioso. Giulia o encorajou muito para que fizesse o telefonema. Colocando o "Bruno" para ficar quieto, Luca saiu da mesa de jantar e se sentou no sofá porque o telefone ficava ao lado, Giulia sentou ao lado dele. Então a primeira de muitas conversas se deu início.

— Alberto? - Luca perguntou com certo brilho nos olhos.

— Luca, é você? - Ele respondeu, surpreso e emocionado ao mesmo tempo. "Faz tempo que não ouço sua voz."

— Sou eu, Alberto. - Luca respondeu um pouco emocionado. - Como estão as coisas em Portorosso?

— Ta tudo bem. - Ele respondeu calmamente. Luca ouviu de fundo que Alberto tinha avisado o Massimo quem era na ligação. "Mas você sabe que estaria melhor se você estivesse aqui.

— No verão que vem eu estarei. - Luca se emocionou mais um pouco. "Você sabe disso.

— Eu sei, é que... - Alberto tenta se recompor. - Depois de tudo que passamos juntos, ainda não me acostumei estar sem você aqui.

— Eu também não. - Luca deixa escapar um pequeno choro, mas ainda não tinha coragem de revelar o que realmente sentia por ele. Giulia o consolou nesse momento.

— Luca..., você está chorando? - Alberto perguntou, porque acabou ouvindo o choro.

— Não, claro que não. - Luca responde, enxugando algumas lágrimas.

— Não quero ver você triste. Você foi atrás de um sonho. - Alberto disse, calmamente. - Não tem nada de errado nisso.

— Eu sei, graças as você eu estou aqui. - Luca responde, já se sentindo melhor. - Nem sei como agradecer.

Assim, conversaram por vários minutos, Luca dava detalhes atrás de detalhes sobre as coisas que estava aprendendo na escola. Alberto, apesar de não compreender muito do que ele falava, ouvia atentamente. Já que ouvi-lo era um dos momentos em que ele se sentia bem. Depois que terminaram os diversos assuntos, desligaram o telefone.

Luca refletiu que nem parecia que estavam a meses separados e ainda conversaram como se fossem velhos amigos ou algo a mais. Apesar da tristeza que a distância trazia, Luca foi dormir feliz, já que tinha conversado com quem mais alegrava sua vida. Ele sabia que a distância não ia estremecer o que havia entre eles. Antes que fossem, dormir Luca e Giulia leram o livro que ela tinha escolhido antes, Romeo e Julieta. Luca foi dormir de coração quente. Agora ele sabia o que sentia.