Getaway Car escrita por morphmagus


Capítulo 1
In a getaway car...


Notas iniciais do capítulo

Só pra localização: nessa fic, Hogsmeade fica próximo a Lancaster, então eu usei o tempo de viagem de Lancaster para Manchester.



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primeiro dia.

Dez minutos. Faziam exatos dez minutos que Sirius Black tinha ligado - levemente desesperado, mas ele não ia admitir - para Remus Lupin e pedido resgate. Remus era seu melhor amigo da infância, além de James Potter e Peter Pettigrew. Eles eram grudados, faziam tudo juntos e se auto intitulavam “Os Marotos”. 

Sirius estava parado na porta de casa, uma mala no chão ao lado de seus pés e uma garrafa da bebida mais cara que encontrou no armário do pai, enquanto esperava o amigo chegar. 

Quase pulou de alegria quando viu um par de faróis iluminar a rua, achando que era Remus. Mas sua decepção não poderia ser maior. O carro que estacionou era de seus pais e Walburga Black descia do mesmo com cara de brava. Os olhos da mulher passaram do rosto do filho para garrafa quase vazia em sua mão e então pousaram na mala. 

A mala preta cheia de dinheiro que seu tio Alphard tinha deixado pra ele e ela queria ficar pra si. 

Em segundos, Sirius agarrou a mala e desceu os degraus até chegar na calçada. Andou em passos rápidos para perto da rua, rezando para qualquer divindade existente para que Remus aparecesse naquele momento e o salvasse da mãe. Por pura sorte, os faróis que Sirius olhava agora eram os do conversível velho do amigo. 

Segurou a mala com mais força, mostrou o dedo do meio para mulher que se dizia sua mãe e correu até o carro, saltando para dentro do mesmo antes de Lupin conseguir sequer estacionar da forma correta. 

— Mas que porra… ? — A voz de Remus soou estridente demais. 

— Vai, Remus! Corre! — Gritou, olhando pra trás e vendo Walburga correr até o próprio carro. — Remus, porra! Dirige! 

Não precisou de mais que isso para Lupin voltar a dirigir, pisando forte no acelerador e fazendo manobras perigosas demais para uma rua tão estreita. E é claro, Walburga Black estava atrás deles. 

Sirius não tinha certeza se as ruas pequenas de Hogsmeade estariam preparadas para aquilo ou se eles seriam parados em cinco minutos. 

— Você pode me explicar que merda acontece? — Remus falou, mantendo o olhar na estrada. 

— A herança do tio Alphard chegou hoje, minha querida mamãe quer ficar pra ela, mas eu peguei de volta e agora tô fugindo. — Apontou para a mala na parte de trás. — E você é meu piloto de fuga, Rem. — Piscou pra ele, sorrindo.  

— Nem fodendo, Sirius. Essa doida vai causar um acidente. — Lupin fez uma curva acentuada rápido demais e Black precisou se segurar pra não voar longe. — E bota a merda do cinto. 

— Você tem que me ajudar, Moony, por favor. — Implorou enquanto obedecia a ordem e colocava o cinto. 

— Supondo que eu aceite, qual é o seu grande plano? 

— Você me leva até Londres, eu pego um avião e vou pra longe. — Deu de ombros, olhando pro amigo. — Ainda não decidi para onde exatamente. 

— E a faculdade?

— Foda-se a faculdade. — Sirius deu de ombros. — Eu nem gosto daquela merda. Tenho vinte e um anos, Remus. Quero viver livremente, não tô nem aí pra faculdade. 

Lupin nem tentou discutir aquilo mais uma vez. Nem sabia mais quantas vezes aquela conversa sobre faculdade tinha ocorrido e a resposta de Sirius ainda era a mesma. 

— E se ela perseguir a gente até Londres? — Remus ergueu uma sobrancelha. 

— Ela não vai. — O sorriso de Sirius foi de orgulho. — Escolhi você como piloto porque sei que conhece todas as estradas menos populares daqui até Londres por causa do seu medo de trânsito.

Remus arriscou olhar para Sirius, mostrando a língua. 

— Não é medo, é ódio. — Lupin deu de ombros. — E eu realmente conheço, foi uma boa escolha. 

— Eu sei. — Sorriu convencido. 

— E se ela te processar? Dar seus dados, a polícia te prender e o dinheiro ficar preso? — Remus olhou para ele, as duas sobrancelhas erguidas. —  Sabe que vai demorar até provar que é seu, né? E por que diabos tá numa mala e não numa poupança? 

— Ei, calma aí, metralhadora de perguntas. — Sirius riu baixinho. — Primeiro, tá numa mala porque eu tirei da poupança para não correr risco deles tentarem algo. Segundo, eles não vão me denunciar e colocar o risco da polícia ir atrás deles. Eles são corruptos, Moony. 

— Eu sei. — Suspirou pesadamente, fazendo uma curva. — Acho que você tem razão.

— Vai comigo então? 

— Não tenho nada comigo, Sirius. É uma viagem de horas. — Suspirou, fazendo outra curva e checando a rua atrás deles só pra constatar que a mulher continuava a perseguição. — Teria que parar em casa. 

— Não! — Remus revirou os olhos com quase grito. — Ela vai pegar a gente, Moony. Eu compro pra você em alguma loja longe daqui, relaxa. 

— Parece uma péssima ideia. 

— Eu sei, mas… — Mordeu o lábio, pensando em algo que podia convencê-lo. — E se eu te der uma parte do dinheiro? Um pagamento pelo serviço.  

— Sirius… — Suspirou, achando uma péssima ideia. 

— Remus. — Olhou pra ele, mesmo que o olhar não fosse correspondido porque o outro prestava atenção na estrada. — Eu vou te pagar por me levar pra Londres e você vai poder usar o dinheiro para ajudar naquela pesquisa. 

Lupin levou um tempo pensando, deixando Sirius nervoso o suficiente para que sacudisse a perna. Black olhou para trás mais uma vez, suspirando aliviado ao ver que a mãe tinha sumido. Felizmente, os caminhos alternativos de Remus estavam funcionando.

— Ok, Sirius, eu vou te levar pra Londres. — Lupin se manifestou, olhando pra ele rapidamente. 

 Sirius não se conteve e beijou a bochecha do amigo, sorrindo ainda mais quando as bochechas dele coraram. Se ajeitou no banco de novo e eles continuaram a viagem, cantarolando as músicas do rádio enquanto saiam da pequena Hogsmeade. 

 

[...]

 

Quase duas horas depois eles chegaram em Manchester. 

A viagem teria durado apenas uma hora se eles não tivessem pegado vários caminhos alternativos para garantir que Walburga não os seguiria. Remus estacionou na frente de um hotel de quinta, quase caindo aos pedaços, e se virou para Sirius, só para encontrá-lo ainda dormindo. Black tinha abandonado a garrafa de bebida tempos atrás, mas os efeitos da quantidade de álcool ingerida vieram. 

Remus observou o amigo, prestando atenção em cada traço de seu rosto. Desceu os olhos pelo corpo dele, observando as tatuagens que estavam em seus braços - e em quase 80% do corpo dele -. Ainda lembrava claramente, com todos os detalhes, da última vez que tinha observado aquelas tatuagens sem nenhuma peça de roupa atrapalhando. Tinha sido quase um ano atrás, no Halloween, e desde então eles só trocaram alguns beijos. Sua relação era complicada. Remus gostava dele e sabia que Sirius tinha algum sentimento também, mas o Black gostava de ser livre e relacionamentos o deixariam preso. Ao menos era o que sempre dizia.  

Suspirou e resolveu acordá-lo antes que seus pensamentos fossem mais longe. Sacudiu o braço dele, chamando seu nome. 

— O que? — Sirius resmungou, se aconchegando melhor no banco. 

— Chegamos em Manchester, fugitivo. — Riu. — Vamos pro hotel, aí você pode voltar a dormir. 

Saíram do carro e entraram no hotel juntos, Remus olhando tudo ao redor e julgando quão seguro aquilo deveria ser, enquanto Sirius apertava a mala de dinheiro contra o peito, olhando ao redor como se atacar quem ousasse se aproximar. Não demorou para que encontrassem a recepcionista - que não passava de uma adolescente loira que encarou os dois por tempo demais - e conseguissem pegar o único quarto ainda habitável. Pelo que Remus tinha entendido a pousada tinha oito quatro, dois ocupados, cinco interditados e apenas um livre. 

Subiram as escadas, com o máximo de cuidado para evitar uma queda desastrosa, e finalmente entraram no quarto. O lugar tinha uma cama de casal, uma cômoda antiga, uma porta que deveria dar pro banheiro e uma mancha escura bastante suspeita na parede perto da cômoda. Ambos acharam melhor não questionar aquilo. 

Sirius foi o mais corajoso e se aventurou no banheiro, só para voltar rápido e fechar a porta com força. 

— O que foi? — Remus olhou pra ele com o cenho franzido. 

— Um rato gigante. — Sirius se afastou da porta devagar. 

— Melhor evitar o banheiro. 

— Também acho. — Assentiu. — A gente vai amanhã comprar coisas? — Sirius se jogou na cama. 

— Sim, já é tarde e é melhor descansar. — Remus sentou na beirada da cama. — É melhor a gente descansar porque são cinco horas de viagem amanhã. 

— Tem razão. — Sirius assentiu e tirou os sapatos, se ajeitando na cama. — Deita, Moony.

Mordeu o lábio, ponderando, mas ele não tinha outra escolha a não ser deitar. Tirou os sapatos também e deitou, virado de frente pra ele. 

— Isso é loucura. Você sabe, né? — Remus suspirou. 

— Eu sei. — Sirius sorriu animado e fez carinho no rosto dele. — Pense nisso como uma fuga do seu mundo regrado. 

— Eu gosto do meu mundo regrado.  — Fez biquinho. 

— Eu sei, Moony. — Sirius não conseguiu se impedir de beijar o biquinho que o outro fazia. 

— Six… A gente deveria descansar. — Remus olhou para ele, as bochechas levemente coradas. 

— Então vamos. 

Sirius beijou a testa dele e se ajeitou na cama, abraçando a cintura de Remus e se aconchegando. Lupin fez o mesmo, encostando a cabeça no peito dele. Logo os dois estavam dormindo, abraçados e envolvidos no cheiro um do outro. 


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