Unrequited escrita por Morgan


Capítulo 1
01. But there was happiness because of you too


Notas iniciais do capítulo

oie! finalmente chegou o dia de tirar a virgindade desse perfil no que diz respeito a Lysander e Louis e eu não podia estar mais feliz!! não é exatamente uma história feliz, mas é sobre eles e me deixou satisfeita (e depois não deixou mais, e então voltou a deixar, mas já desisti de tentar me entender então fica aqui e eu espero que vocês gostem!!!).

menção de sempre a Lady Anna que leu primeiro ♥ e agradecimentos especiais a Trice por ter betado e a red hood por ter feito a capa e pelo projeto lindo, assim como as outras meninas que se esforçam por ele todos os dias: noora, prongs e violet hood, agosto é lindo por causa de vocês!!

vocês podem ler ouvindo happiness - taylor swift se quiserem, a história não foi baseada nela, mas eu acho que combina e fica legal hahah. ah, e um beijo especial para as meninas que dividem o dia comigo: camila, morgana e saint jily ♥ enfim, boa leitura!



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Minha mãe sempre foi fã de romances e sempre disse o quanto o amor era bonito e o quão mágico era estar apaixonado. Ela gostava de cuidar do jardim comigo e falar sobre como foi conhecer o meu pai.

"Só podia ser o destino", dizia ela sempre que chegava na parte em que estava quase desistindo de vir para o Reino Unido apenas para participar de um campeonato, mas, então, um sentimento inexplicável tomou conta dela e Fleur (na época) Delacour simplesmente sabia que deveria vir. E assim o conheceu, no meio de tanta gente.

Desde que me lembro, minha mãe dizia que estar apaixonado era como pisar no céu e que o amor era calmo, respeitoso, carinhoso e compreensível. Você sabia quando se apaixonaria assim que colocasse os olhos na pessoa, pois aquele era um sentimento inigualável, que cresceria aos poucos, porém, daria as caras de imediato, se encontrasse a pessoa certa. Bem, eu pensei ter encontrado a pessoa certa.

Quando meus olhos encontraram Lysander Scamander nada mais importou. Era como se tudo que minha mãe já houvesse contado tivesse ganhado uma imagem. Quando eu pensava em amor, pensava em Lysander, seus longos cabelos loiros, seus olhos azuis, sua voz melodiosa e seu perfume doce.

Minha mãe me contou sobre como o amor vai fazer você se sentir bem, igual às histórias de romance que minha irmã mais velha lia sem parar desde sempre. Contou como a amizade por quem você está apaixonado é a melhor, e eu realmente pensei ser. Sair com ela era minha coisa favorita, ler, escrever, pintar, ir ao cinema e criticar todos os filmes blockbusters que saíam, mesmo que assistíssemos cada um deles. Nada era como estar com Lysander para mim. Amava sua risada alta, o jeito que ela revirava os olhos quando James Sirius contava uma piada sem graça e, até mesmo, a forma como ela dizia meu nome.

Minha mãe havia me contado sobre cada coisa que o amor faz e cada forma que ele aparece para você. Existe o amor entre família, entre amigos, existe ainda o amor que você sente pelo seu bichinho de estimação. O amor também está naquilo que você escolhe para trabalhar e em seus hobbys.

Contudo, minha mãe não me contou sobre o pior deles. Aquele que machuca e nos tira do eixo. O único que eu nunca cogitei: o amor não correspondido.

Apaixonei-me por Lysander Scamander aos 14 anos e a amei até os 22 e, em alguns dias, me senti o homem mais feliz do mundo, noutros achei que não fosse suportar.

No início, quando mal acabamos de sair da pré-adolescência, não importa muito se a outra pessoa sabe ou não, principalmente quando nem você mesmo sabe direito sobre os seus sentimentos. Eu não me importava com isso porque éramos amigos e ficar ao seu lado era o mais importante para mim, em especial quando as amizades ao meu redor pareciam tão frágeis. Sabia que não éramos assim, mas não gostaria de arriscar. Não com ela. Nunca com ela. Todo o tempo, Lysander era divertida, amiga e compreensiva, mas eu sabia o quanto ela era sensível e machucá-la nunca estaria em meus planos.

Tínhamos quase 16 anos quando ela contou sobre a intolerância do pai e do quanto se sentia culpada pelo divórcio entre o Sr. Scamander e a Sra. Scamander. Ele nunca aceitou sua transição e, por ele, nunca teria acontecido, porém, sua mãe era diferente. Sua mãe sempre a apoiou desde o primeiro dia, assim como seu irmão gêmeo, Lorcan. Naquele dia, ficamos apenas sentados em um banco qualquer do parque observando um lago com patos nada sociáveis.

Ela disse que eu era seu melhor amigo naquela tarde e que ficaríamos juntos para sempre. Eu concordei, porque queria mesmo que Lysander nunca saísse da minha vida. Àquela altura, eu já estava entendendo mais meus sentimentos por ela.

No entanto, também foi mais ou menos nessa época que as coisas pioraram. Ao menos para mim. Sentir tanto e nunca dizer era como estar sempre carregando uma tonelada nas costas. Eu estava cansado, e passei a me sentir mais ainda quando tive que ouvir Lysander comentar sobre outras pessoas. Ela sempre foi aquele tipo de garota que se apaixonava rápido e enjoava das pessoas ainda mais rápido. O problema era que, enquanto ela pensava ter encontrado o garoto da sua vida, eu tinha que ouvir. E claro que eu ouvia, assim como ela escutava quando eu parecia minimamente interessado por qualquer outra.

Quando chegamos a faculdade, eu já havia me acostumado e aceitado três coisas.

A ideia de falar sobre meus sentimentos me aterrorizava. Talvez, se eu tivesse contado quando nos conhecemos, não teria importado, mas agora... agora era diferente. A perspectiva de perdê-la me assustava mais do que qualquer outra coisa no mundo. Não conseguia imaginar não caminhar ao seu lado no campus ou não sairmos em busca do melhor café da cidade em que estivéssemos, não importando em quantas cafeterias tivéssemos que passar. Eu podia ser o seu melhor amigo, mas ela também era a minha.

A segunda e terceira coisa estavam interligadas e demorei tanto a perceber que podia ser considerado uma piada – o que realmente virou, depois de um tempo, quando finalmente contei sobre isso para uma de minhas irmãs.

Lysander iria conhecer pessoas e estava tudo bem. O que eu demorei a me dar conta era que eu provavelmente deveria fazer a mesma coisa. Não era justo parar a minha vida por ninguém, e disso eu sabia há muito tempo. Só precisava de mais atitude e coragem. Foi por isso que não fomos ao nosso baile de formatura juntos. Ela estava linda com seu vestido roxo brilhante e uma maquiagem que combinava. Lysander sempre combinava sua maquiagem com a roupa que usava. Azul, amarelo, rosa, branco, não importava. No entanto, ir ao baile com Hunter Meadowes não foi ruim. Eu me diverti e foi a primeira vez que pensei que, em algum momento, o que eu sentia por Lysander poderia acabar. Conheci outras pessoas. Alguns garotos, algumas garotas, no entanto, nada foi para frente. Dominique dizia que nada ia para frente na faculdade.

Estávamos na metade da graduação quando aconteceu tudo de uma vez. Eu mal tive tempo para pensar.

Eu era bom em estudar, descobrir coisas novas sempre foi o que mais gostei de fazer. Minha mãe dizia que eu havia puxado isso do meu pai. Então, àquela altura, eu já estava em alguns grupos de pesquisa, pensando no tema do trabalho final e desenvolvendo projetos científicos com alguns professores. Nunca fui a pessoa mais simpática ou popular do lugar, mas geralmente era o mais inteligente e, no departamento de química, eles constantemente me lembravam disso. Foi por isso que fiz a prova que o professor sugeriu.

"Estudar na França vai mudar a sua vida! Quando você voltar, vai conseguir entrar em qualquer pós-graduação!", foi o que ele disse. E eu passei. Não sabia o que pensar, porém sabia que estava feliz. Corri até o dormitório de Lysander para contar. Ela me recebeu com um enorme sorriso, como sempre fazia. Sentei na cadeira perto da janela, pronto para começar a falar sobre o que havia acontecido quando ela me interrompeu. Aparentemente seu pai estava ligando desde o dia anterior. Lysander não parecia querer me ouvir e eu, com frequência, deixava-a falar tudo o que queria, especialmente se fosse sobre o seu pai. Tudo sobre ele era delicado. Então não contei. Voltei para o meu quarto algumas horas depois.

Esperei muitas reações dela, mas definitivamente não a que aconteceu de verdade. Dois dias depois, Lysander apareceu no meu quarto.

— O que é isso? – Ela apontou para a tela do próprio celular, congelada na lista de alunos que havia passado para o intercâmbio. – Você não ia me contar, Louis Delacour-Weasley?

— É claro que eu ia. Ia te contar no dia, mas...

— Mas?

— Você estava falando demais.

— Essa é a sua desculpa? Eu sempre falo demais, Louis! – Lysander balançou a cabeça. – Acho que você só não quis me contar. Lorcan sempre disse que amizades não duram para sempre mesmo.

— Por que você está dando ouvidos ao Lorcan? – Suspirei. – O único relacionamento duradouro que ele já teve foi com você e vocês nasceram ao mesmo tempo.

Ela aparentava não me escutar e aquilo parecia não fazer sentido para mim, como alguém poderia estar tão chateada por isso. Ela descobriu depois de dois dias. Dois! Como se fosse uma grande coisa. Lysander estendeu a sacola que segurava e eu a peguei, tirando uma caixa amarela de dentro.

— Seu presente de aniversário adiantado. Eu li a porcaria daquele edital gigantesco. Você vai embora em uma semana.

"Para o meu único 'para sempre'. – Lys."

— Você sempre foi mais francês do que inglês de qualquer forma – ela desviou o olhar por um tempo. – Eu só... Vou sentir sua falta, é só isso. Não estou acostumada a ficar longe de você.

— Eu ainda estou aqui.

— Mas não vai estar.

Por uma semana, fizemos tudo juntos. Lysander foi comigo atrás de todos os documentos que eu precisava para embarcar, voltamos para Londres juntos e ela ajudou na festa de despedida que a minha família fez para mim. Foi ela quem escolheu a mala que eu levaria também.

— É amarela – disse, quando voltou para a minha casa, empurrando a mala na minha direção. Lysander costumava relacionar cores às pessoas e eu sempre fui o amarelo. Ela nunca me contou o porquê até o dia em que parti.

Não quis que ninguém fosse até o aeroporto. Minha família era grande e dramática demais. Eu voltaria em 2 anos, sem contar os natais que eu jamais passaria em outro lugar que não Ottery St. Catchpole, mas eles agiam como se fosse para sempre e eu, bem, eu sempre tive uma tendência ao choro. Então era apenas eu e ela.

Estávamos olhando pela grande janela do aeroporto vendo alguns poucos aviões decolarem quando Lys falou:

— As pessoas sempre comentam sobre os seus olhos azuis, sua metade francesa que te deu esse sobrenome bonito ou o quanto você é inteligente.

Não parecia uma pergunta, então eu apenas ri, sem olhar para ela. O aeroporto não estava cheio naquele horário. Por um momento pareceu que éramos apenas nós dois ali. Não consegui definir o que senti naquele momento até ser muito mais velho.

— Sabe por que a sua cor é o amarelo para mim?

— Não – respondi.

— Minha mãe sempre me disse que amarelo significava calor, verão, alegria e otimismo. Você nunca foi muito assim para si mesmo.

— Obrigado? – Soltei, virando-me para ela com a sobrancelha arqueada.

Lysander riu e me olhou.

— Mas sempre foi assim para mim. Sempre tive muitos dias cinzentos, Louis, e você clareou cada um deles. Às vezes sem nem saber. Estar com você é como ter o meu verão particular e, se eu pudesse te dar um único presente vitalício, seria isso. Seria que você tratasse a si mesmo como sempre me tratou.

Ela nunca havia me olhado daquela forma antes, era como se lesse através de mim e, agora, soubesse cada pequena coisa que nunca contei. Meu coração acelerou e eu só percebi o que estava fazendo quando foi tarde demais.

— Eu gosto de você – disse aquilo com tudo que podia, cada fibra do meu ser. Meu inconsciente não conseguiu se obrigar a ser mais claro que aquilo, mas eu torcia para que ela conseguisse ver nos meus olhos. Eu gosto de você, estou apaixonado por você, se você me disser que também sente o mesmo, ou que pode sentir, eu fico. Eu não vou a lugar nenhum sem você.

Seus olhos pareciam marejados de tão brilhantes. Ou talvez estivessem brilhantes de tão marejados. A memória se tornou confusa depois de um tempo. Mas ela sorriu e, quando sorriu, eu soube que havia entendido.

— Eu sei.

— Sabe?

— Acho que sempre soube um pouquinho.

Nossos olhos se encontraram por um longo momento. Lysander parecia prestes a chorar, então fiz a única coisa que poderia fazer. A única coisa que vim fazendo por todos aqueles anos. Dei um passo na sua direção e a abracei tão forte quanto podia. Ela chorou e sussurrou mais pedidos de desculpas do que eu conseguiria contar, mas não me importava com isso. Continuamos abraçados até anunciarem que o meu avião partiria. Nos soltamos devagar e eu passei os dedos lentamente pela a sua maquiagem borrada.

— Você vai ficar bem?

Ela assentiu.

— E você?

— Estou sempre bem, Lys.

— Não está, não – ela resmungou. – Você vai me avisar quando chegar?

— Não faria nada diferente.

— Não precisamos conversar todos os dias, mas... – sua voz quebrou por um momento. – Me conte as coisas importantes. Se algum experimento explodir no seu rosto ou coisa parecida. Não se esqueça de mim.

— Não esqueceria você de jeito nenhum, Lys, você é a minha melhor amiga.

Lysander olhou para baixo e eu sabia que ela não queria mais que eu a visse chorar. Depositei um beijo em sua testa e me despedi uma última vez.

Amor não correspondido não é algo que eu deseje a alguém. Ele dói, não tem como não doer. Estar apaixonado e não ser correspondido não é o que você vê nos filmes ou lê nos livros famosos. Não vende tanto quanto as histórias de pessoas que se apaixonam umas pelas outras. Quando, por acaso, acontece, aqueles como eu, nunca são realmente felizes depois. Os anos passam e esses personagens seguem presos naquele momento. Aquele pequeno momento com a pessoa que gostaram passa a ser tudo que eles têm, como se vivessem em uma eterna espera. Não foi o meu caso.

Minha relação com Lysander Scamander não foi de mão única, como minha mãe descreveria. Ela me deu tudo que podia. Lysander me amava, apenas não do jeito que eu quis por tanto tempo. Ela esteve do meu lado em cada momento importante e isso eu jamais ignoraria.

Quando comemorou meu primeiro beijo comigo, minha primeira vez, nossas carteiras de motoristas, nossa entrada na faculdade, as bolsas de pesquisa ou quando ficamos bêbados pela primeira vez na nossa primeira festa aos 15 anos... Tudo foi recíproco. Lysander não precisava dizer para que eu soubesse que ela tinha tanto medo de me perder quanto eu tive. E, ainda assim, ela me ajudou a partir, pois cortar esse laço era a coisa mais importante a se fazer por mim naquele momento.

Alguns amores não correspondidos implodem de uma hora para outra. Deixam marcas dolorosas, principalmente se a outra pessoa não te deixa abandonar aquilo com facilidade, o que não aconteceu comigo. Não fiquei com cicatrizes, apenas memórias felizes.

Lysander me deu, sim, um presente vitalício. Ela me ensinou como deixá-la.

Ela é a minha melhor amiga, afinal. 

 

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.

There'll be happiness after you
But there was happiness because of you too
Both of these things can be true.


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Notas finais do capítulo

espero que vocês tenham gostado de conhecer um pouco do coração partido do Louis! essa deve ser a minha primeira história em primeira pessoa hahaha. acho que a coisa mais comum do mundo é se apaixonar pelo melhor amigo, às vezes vai valer a pena, às vezes não e às vezes não vai mudar nada. eu acredito que não mudou para eles. claro que dói, mas doeria muito mais perder alguém tão importante para ele, né? enfim, me digam o que acharam! :)

vejo vocês dia 28 com a minha última contribuição sobre os donos do pride month: Remus e Sirius em "the (forever) list". atéee ♥



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