Debaixo das cerejeiras escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 7
Capítulo 7 – Presente


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, desejo um Feliz Halloween atrasado a todos! ♥ E peço mil desculpas pela demora ridícula pra postar esse capítulo! >—< Trabalho como personagem viva e sou cosplayer. O mês de outubro é sempre o mais corrido do ano, porque sempre surge muita coisa pra trabalharmos no dia das crianças, halloween, e já entrei nas gravações pra o natal. Mas agora que passou, estou retomando as fanfics e outras coisas que acabaram ficando paradas. Provavelmente esse é o penúltimo cap dessa fic, que já estava pronto, mas só hoje tive tempo de revisar. O próximo já tá bem encaminhado e tentarei postar mais rápido.

NOTA: Esse bebê da foto é meu, e se chama Owen. Ele foi feito com todo carinho pela artista Carolina Carvalho. É mais ou menos assim que eu imagino que Yuki e Hoshi poderiam se parecer. Sonhei com esse bebê por anos, e finalmente consegui realizar. Além de eu amar ruivos, ele vai ser filhinho de vários personagens ruivos que tenho e que ainda quero fazer. ♥

NOTA 2: Percebi que ultimamente o Nyah anda engolindo as imagens que coloco nos capítulos. Não tenho ideia do porque. Se quiserem ver, procurem a mesma fanfic no AO3. TODAS as minhas fanfics estão lá. Tenho duas contas lá, uma com as histórias igualzinho aqui, e outra algumas delas em inglês. Mas meu nome lá é o mesmo.



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Capítulo 7 – Presente

 

                Rukia não quis abrir os olhos, sentindo uma paz imensa a sua volta, e as presenças de Ichigo e seus bebês por perto, e mesmo de olhos fechados, podia notar a luminosidade do quarto. Devia ser de manhã. A luz era suave e agradável, não atrapalhando seu sono. Também sentia algo que não sabia explicar, como uma saudade boa de algo distante que não via há muito tempo, sem a dor de toda saudade, apenas a alegria.

                — Olha só... Os dois são mais bonitos do que eu. Isso é raro! – A pessoa riu baixinho.

                Rukia arregalou os olhos com o som daquela voz, que não ouvia a sabe-se lá quantas décadas, imediatamente sentando-se na cama, surpresa por seu corpo não protestar, e vendo o próprio Kaien Shiba parado diante dos berços dos gêmeos.

                - Kaien-dono... – sua voz não foi além de um sussurro.

                - Ei, calma aí, Kuchiki! Você precisa repousar. Eu sou seu tenente, tem que obedecer às ordens.

                Rukia riu ao mesmo tempo que sentiu os olhos se encherem de lágrimas e tudo que conseguiu fazer foi entrar na brincadeira dele.

                - Caso ainda não saiba, se alguém tem que obedecer alguém aqui, é você a mim. Já tomei seu posto e agora o do capitão me pertence.

                - Esquentada como sempre. É assim que eu gosto de ver – Kaien respondeu, agora de pé bem a sua frente, jovem, saudável e sorridente como ela se lembrava, seus cabelos negros e os olhos verdes brilhando cheios de vida.

                Kaien se assustou quando de repente ela começou a chorar, decidida a não segurar mais nada do que vinha contendo em seu coração por todo aquele tempo.

                - Por que você está aqui? E como isso é possível? – Rukia perguntou entre as lágrimas, tentando se acalmar para não acordar os gêmeos.

                - Oras... Você também não já fez uma projeção astral com o Ichigo há uns anos? É meio que a mesma coisa? Um dia aqueles lerdos dos departamentos de estudos da Soul Society vão descobrir muita coisa que ainda nem sonham.

                - Quem é você? E você tem dois segundos pra me dar um bom motivo pra minha esposa estar chorando! – Ichigo, que até então estava adormecido no sofá, despertou de repente – E por que o clima aqui tá tão esquisito? – Ele perguntou após correr para verificar os gêmeos nos berços, encontrando-os ainda adormecidos pacificamente.

                - Ei, calma aí, primo! – Kaien falou com o mesmo sorriso sério de Kukkaku – Não tinha curiosidade de me conhecer também?

                Ichigo ficou mudo e de olhos arregalados. Se esse era Kaien Shiba, Rukia não estava brincando nem um pouco quando lhe disse que eles pareciam gêmeos. E se isso era um sonho ou fosse o que fosse, ele não tinha a menor ideia.

                - Kaien...?

                - É, sou eu! O primeiro bonitão que a família teve depois do tio e antes de você – ele apontou para si mesmo com um sorriso convencido, fazendo Ichigo enxergar completamente seu pai nessa atitude.

                - Isso não faz de você o segundo? – O ruivo questionou.

— E o segundo maior tenente que o 13° esquadrão já teve, depois da Rukia – Kaien continuou, ignorando sua colocação, exatamente como Isshin faria.

                - Pare com isso – Rukia riu ainda chorando.

                - Pare você de chorar. Não te ensinei a ser mole assim – Kaien respondeu para ela, mas num tom gentil enquanto afagava o topo de sua cabeça – Todo esse tempo e quando finalmente me vê você só chora?

                Rukia riu outra vez, secando os olhos e respirando fundo.

                - Por que está aqui?

                - Ah, deixei meu coração com você, lembra? Vim ver se está cuidando dele direito.

                Isso quase a fez chorar de novo, mas ao invés disso ela sorriu.

                - Olha, eu quero que você continue cuidando bem da minha capitã favorita, e que quando as crianças aprenderem a falar e entender o mundo vocês digam a eles que o tio Kaien os adora e se orgulha deles, porque eu tenho certeza que vou – ele disse a Ichigo.

                - Nem precisa pedir – o ruivo sorriu, se aproximando para finalmente ver o primo mais de perto.

                Kaien ergueu uma sobrancelha, o olhando com o mesmo sorriso misterioso da irmã.

                - Você me clonou mesmo, hein? – Ele brincou – Falem pra Kukkaku, Ganju e o tio que eu amo todos eles, e que vou vir puxar seus pés de noite se ficarem choramingando por minha causa.

                Ichigo e Rukia riram.

                - Nós faremos isso – ela prometeu.

                - E você – Kaien se virou para ela – Eu quero que você aproveite muito bem sua vida, porque quero que o coração que deixei com você fique feliz.

                Rukia não conseguiu dizer nada, apenas sorriu e acenou positivamente com a cabeça.

                - Ichigo, você fica com ciúmes se eu abraçar sua esposa?

                Ichigo sorriu.

                - Por favor, ela está esperando por esse encontro há muito tempo.

                Kaien respondeu com um sorriso, e fechou os braços em volta do pequeno corpo da shinigami, que suspirou e o apertou de volta com força.

                - Obrigada! Obrigada! – Ela lhe disse.

                - Você não muda mesmo – Kaien falou sem tirar o sorriso do rosto – E espero que continue assim, Rukia – disse afagando os cabelos negros da amiga outra vez – Seus gêmeos são lindos, eu quero seu coração feliz pra eles. E eu é que digo. Obrigado, Rukia.

                Ela tinha um sorriso radiante quando se separaram.

                - Quem sabe numa próxima vez Miyako e o capitão aparecem também. Eles disseram pra mandar lembranças a vocês dois e pra lembrar que amam você. Agora, eu devo ir – Kaien acenou para os dois, que fizeram o mesmo enquanto o viam sair pela porta.

                Sequer tiveram tempo de trocar alguma palavra e assimilar o ocorrido quando a porta abriu novamente e uma mulher que Ichigo poderia facilmente confundir com a própria Rukia entrou, deixando-os boquiabertos quando a reconheceram. Ela sorriu para Ichigo.

                - Obrigada por cuidar tão bem da minha irmã.

                Ela olhou para os gêmeos e abriu um sorriso enorme que fez seus olhos brilharem.

                - Ele está tão ansioso, mas vai ter que esperar a vez dele – ela riu baixinho, e depois de alguns segundos de reflexão os dois imaginaram que ela poderia estar falando de Byakuya – Eles são lindos, como os pais e o restante da família.

                Hisana se dirigiu a Rukia, parando a sua frente e encarando a irmã sem dizer nada a princípio. Seus olhos, de um violeta um pouco mais claro que os da mais nova, refletiam tanto saudade e alegria quanto pesar.

                - Eu não sei se você gostaria de me ver agora, mas... Eu não quis perder a chance de te pedir perdão.

                Rukia inspirou fundo quando sentiu os olhos lacrimejarem outra vez. Ela já tinha feito isso há tanto tempo. Nunca condenou sua irmã diante de tudo que sabia sobre sobreviver em Rukongai.

                - Eu nunca condenei você, desde que o nii-sama me contou a verdade. É claro que senti um pouco de mágoa, eu queria ter conhecido e vivido com você. Mas se eu estivesse com você o tempo todo, eu não teria conhecido Renji, eu poderia estar morta e ele também. Ele ajudou muito a me salvar naquela época... E depois.

                - Isso é inegável. Eu não conseguiria lutar como queria e garantir sua segurança naquela hora – Ichigo falou – Felizmente ele estava lá pra te levar pra longe. Foi Rukia que de um jeito ou de outro incentivou Renji a se tornar um shinigami.

                Rukia confirmou com um aceno.

                - E o nii-sama ama tanto você que seria impossível eu sentir qualquer coisa ruim a seu respeito da forma como ele sempre me falou sobre você, mesmo depois de me contar, irmã.

                A Kuchiki mais velha cobriu brevemente o rosto com as mãos quando as lágrimas também chegaram a seus olhos e abraçou Rukia sem pensar, apertando-a mais forte quando a pequena retribuiu o abraço e relaxou nos braços da irmã.

                Ichigo observou com um sorriso novamente, por mais estranha que a situação fosse. Inicialmente ele não pode decifrar o olhar de Rukia, mas logo o violeta se encheu de paz e ela relaxou ainda mais, como se mais um peso enorme fosse tirado de seus ombros.

                - Você está feliz? Com ele?

                Rukia não precisou refletir muito para entender que ela falava de Byakuya.

                - Bem mais depois que conhecemos Ichigo.

                A risada adorável de Hisana encheu o quarto novamente.

                - Você realmente mudou muita coisa e muitas pessoas, pra melhor pelo que sei. Merece o título de super herói. É assim que chamam aqui não é? – Ela perguntou ao ruivo com um sorriso.

                Ele sorriu de volta antes de responder.

                - Sim, é desse jeito mesmo. Eu só fiz o que acho que qualquer pessoa sã devia fazer. E já tinha passado muito da hora de alguém ir contra aquelas regras patéticas.

                Hisana sorriu, ainda abraçando Rukia.

                - Você tem razão. Obrigada mais uma vez.

                Pelos próximos minutos ele viu as duas irmãs compartilharem algumas experiências que tinham vivido com Byakuya e depois que Hisana se foi e Rukia foi adotada, em várias delas Ichigo ouviu seu nome, e isso encheu seu peito de amor por sua shinigami ao se lembrar da primeira vez que Hanatarou lhe disse que ela estava sempre falando dele. As duas riram e se divertiram juntas como se nunca tivessem sido separadas pela vida e depois pela morte, como se nunca tivesse sido diferente, como se Rukia não passasse de uma jovem comum cheia de alegria e sem nada para se preocupar além das provas da escola. Ichigo ficou em silêncio quando esse pensamento chegou, lembrando-se da época que a conheceu e como seus dias foram inigualavelmente felizes, apesar de todas as batalhas, ameaças, e do tempo separados às vezes.

                - Eu preciso ir agora – Hisana falou ao se levantar da beirada da cama onde estivera sentada, mas ainda segurando a mão da irmã.

                - Mas parece que você acabou de chegar.

                Ela riu simpaticamente outra vez.

                - Nós é que não sentimos o tempo passar. E ainda há alguém que quer ver vocês. Gostaríamos que você pudesse descansar um pouco mais antes de acordar e precisar alimentar os bebês novamente.

                - Quem? – Rukia perguntou com curiosidade.

                - Eu prometi não estragar a surpresa.

                - Já foram muitas surpresas hoje – Ichigo falou com gentileza.

                - A próxima é muito especial, não que as outras não tenham sido – Hisana respondeu e olhou novamente para a irmã – Sempre que você precisar, eu estarei aqui, mesmo que não lembre de ter me visto em seus sonhos, mesmo que não sinta minha presença. Você não sabe o quanto eu estou feliz por esse momento, minha irmãzinha.

                Rukia desistiu de segurar as lágrimas outra vez e as deixou cair silenciosamente quando as duas voltaram a se abraçar.

                - Eu te amo, Rukia.

                - Também amo você, Hisana, minha irmã.

                Hisana inspirou fundo e a abraçou mais forte. Rukia percebeu que ela estava sorrindo.

                - Isso é um até logo – ela disse sorrindo quando se afastaram, um par de olhos violeta encarando o outro.

                Soltou as mãos da irmã e virou-se para a porta.

                - Obrigada, Ichigo – ela sorriu, ao que Ichigo retribuiu, vendo-a trocar um último sorriso com Rukia antes de deixá-los.

                - Rukia...

                Ela olhou para o marido enquanto secava os olhos.

                - Você acha que estamos ficando loucos?

                A shinigami não teve tempo de responder, quando uma nova voz a interrompeu.

                - Vocês podem refletir sobre isso depois, querido. Não temos muito tempo restando.

                Ichigo congelou onde estava parado no meio do quarto, sua respiração descompassou, o coração acelerou e seu rosto ficou pálido enquanto passos que ele achou que tinha esquecido alcançaram seus ouvidos, e Masaki Kurosaki entrou no quarto enquanto os dois observavam de olhos arregalados. Olhando rapidamente para a esposa, Ichigo pode ver que mesmo ela estava surpresa. Todos sabiam como Kaien e Hisana haviam morrido, mas a única testemunha da morte de Masaki fora seu assassino, além do rei Quincy jurar deter todas as almas.

                - Mãe... – Ichigo disse num fio de voz que Rukia quase não conseguiu ouvir.

                - Mas... – a baixinha começou e Masaki a olhou como se lesse seus pensamentos.

                - Há muito a dizer sobre isso, mas não temos tempo agora. Um dia vocês descobrirão e isso também se resolverá – a ruiva falou com uma certeza que não tinham ideia de onde vinha – Vamos, Ichigo, respire – ela sorriu para o filho, estendendo uma mão para acariciar seu rosto – Ainda quero ver meus netos e dar um abraço na Rukia-chan antes de ir.

                Ichigo respirou fundo como quem acaba de acordar de um pesadelo e toda a estabilidade que ele parecia ter até então desabou. O ruivo abraçou a mãe com força, permitindo-se chorar enquanto ela afagava seu cabelo e suas costas, e algo dentro dele lhe garantiu que dessa vez era realmente ela.

                Um murmúrio dos bebês chamou a atenção de Rukia, que olhou para os filhos, vendo ambos sincronizarem o bocejo mais fofo que ela já vira na vida, se espreguiçarem e voltarem a dormir, os bracinhos e pernas se espalhando ao lado do corpo quando relaxaram e adormeceram novamente. Ela cobriu os lábios para abafar o riso e não despertá-los ou interromper o momento entre Ichigo e Masaki, para os quais ela olhou novamente enquanto Ichigo se acalmava, ainda com o rosto enterrado no ombro da mãe.

                - Você ficou maior que o seu pai – Masaki riu baixinho – E tão lindo. E alguém de quem me orgulho tanto.

                Ichigo a deixou enxugar suas lágrimas quando se ergueu para vê-la.

                - Eu já ouvi tudo que você gostaria de me dizer em todas as vezes que falou sobre isso, mesmo sozinho dentro de sua mente. Então vamos usar bem nosso tempo agora com momentos felizes? – Masaki sorriu.

                Ichigo passou mais alguns segundos calado, analisando o rosto da mãe e voltando ao momento presente. Ele mesmo secou os resquícios de lágrimas no rosto e sorriu de volta para ela.

                - Como você quer eu saiba o que fazer se temos tão pouco tempo?

                - E não é sempre assim nos problemas que sempre encontram vocês? – Masaki perguntou ainda sorrindo – Você os tem resolvido melhor do que ninguém. Bater record de tempo parece ser uma habilidade especial sua, não percebeu?

                - Eu nunca parei pra pensar nisso, mas ela está completamente certa – Rukia falou, trocando um sorriso com Masaki – Então deixe de ser idiota e vamos logo aproveitar o tempo que temos.

                Ichigo sorriu para a esposa e segurou a mão da mãe, a levando até o berço dos gêmeos. Masaki abriu o mesmo sorriso radiante de Hisana, e estendeu as mãos para acariciar os cabelos macios dos netos, que sorriram, ainda dormindo. Ela riu baixinho.

                - Os dois vieram com seu cabelo.

                - E com os olhos de Rukia – Ichigo falou com alegria.

                - Quem não amaria olhos tão adoráveis? – Masaki sorriu novamente para a shinigami, se dirigindo a sua cama.

                Finalmente vendo de perto a mulher de quem Ichigo falara com devoção durante todo o tempo que se conheciam, Rukia notou o quanto ela e Ichigo se pareciam, não só pela cor de cabelo.

                - Ichigo sempre falou muito de você, o quanto ele te ama. E vocês são muito parecidos.

                Masaki sorriu outra vez.

                - Eu tenho que agradecer a você, por tudo que tem feito por ele, Rukia-chan, por fazer o coração dele querer viver de novo.

                - Ele fez o mesmo por mim. Fez muito mais do que eu poderia colocar em palavras.

                - Os meus netos não poderiam ter uma mãe melhor – Masaki falou com sua voz constantemente doce e bonita, oferecendo um abraço a Rukia, ao qual a shinigami sorriu e aceitou.

                Era tão acolhedor quanto o de Ichigo, e Rukia achou mais um ponto em que ele era incrivelmente parecido com Masaki. Quando se soltaram os três conversaram com  alegria sobre tudo que podiam no tempo que restava, e Rukia ficou orgulhosa do marido ao ver as lágrimas que ele segurava se converterem em paz, como se o peso de toda uma galáxia fosse tirado de seus ombros.

                - Vocês estão melhores do que esperávamos. Ficarei tranquila assim – Masaki disse – E eu quero que você saiba e nunca se esqueça – ela disse olhando para Ichigo – Que eu nunca me arrependi do que eu fiz, e que tudo está bem.

                Ele assentiu enquanto a abraçava novamente.

                - Vocês vão ser muito felizes. E se algo acontecer, continuem seguindo como sempre fizeram. A saída estará em algum lugar.

                Os dois assentiram, sabendo que ela se referia à ameaça de Yhwach, e viram Masaki lhes dar um último sorriso antes de sair do quarto. Os dois se olharam sem saber o que dizer, e se perguntando o que mais poderia acontecer nesse sonho estranho, mas uma sonolência os tomou, e sem nem perceber como, Ichigo se percebeu cochilando novamente na poltrona do quarto da clínica onde estavam, e Rukia despertou com uma luz dourada a sua volta.

                - Você está acordada? – A voz alegre de Orihime perguntou, e Rukia notou que ela sorria.

                A baixinha piscou e abriu os olhos, percebendo que a amiga estava dando conta de curá-la por completo, e Ichigo estava despertando na poltrona onde pegara no sono. Os dois trocaram um olhar cúmplice sem nada dizer.

                - Eles são muito fofos, Ichigo – a voz de Chad foi ouvida, e só então Rukia percebeu que ele e Uryu estavam diante dos bercinhos, olhando os gêmeos com um sorriso.

                - E mais bonitos que o pai também – Uryu o provocou.

                - Ora seu... – Ichigo respondeu.

                Chad e Uryu  riram e Ichigo levantou-se para se aproximar e conversar com os dois.

                - Você veio – Rukia sorriu para Orihime, que retribuiu – Obrigada.

                - Você está bem? Como isso foi? Acho que ouvir das outras shinigamis não é o mesmo que saber diretamente de você.

                - Muito dolorido. Especialmente o primeiro. Mas a anestesia ajudou. Beber água também. E xingar Ichigo foi terapêutico por um tempo.

                A ruiva riu.

                - Ainda estou com medo, mas é tranquilizador saber como é. Eles são tão incrivelmente fofos! Estou doida pra segurar – ela falou olhando na direção dos bebês.

                - Você vai quando eles acordarem. Onde estão os outros?

                - Todos na casa esperando pra ver vocês. Isane disse que só podemos entrar alguns por vez. Seu irmão e Renji estão esperando.

                Quando os gêmeos acordaram minutos depois, Orihime e Uryu tiveram a chance de segurá-los e experimentar qual seria a sensação que ainda levariam um mês para conhecer. Após as visitas se revezarem entre os que já tinham encontrado pela manhã e mais alguns amigos vindos da Soul Society, com destaque para Momo e Matsumoto, que ficaram completamente derretidas com as crianças, e Hitsugaya enfurecido por Matsumoto comparar seu tamanho com os dos bebês e divertir todos no quarto com isso, apenas Byakuya e Renji permaneceram. Os gêmeos tinham dormido a maior parte do tempo, e agora estavam fazendo os pais rirem enquanto os dois olhavam com expressões de espanto para Renji toda vez que ele se aproximava.

                - Eles nem enxergam direito ainda e já estão abismados com suas sobrancelhas – Rukia brincou, ouvindo Ichigo rir e Byakuya disfarçar sua diversão.

                - Ei! Eles estão estranhando a cor do meu cabelo, nem devem enxergar direito que tenho tatuagens, mesmo porque nem sabem o que é isso.

                - Como se seu cabelo fosse mais discreto – Ichigo não resistiu, e riu ao ver Renji irritado mais uma vez, fazendo Hoshi rir junto com ele – Ei, já que eles estão acordados, por que não aproveitam pra segurá-los? – Ichigo sugeriu ao amigo.

                - É, Renji. Vamos deixar você de babá quando precisarmos – Rukia brincou.

                - Eu vou ensinar muita coisa pros dois sobre o trabalho de shinigami – Renji respondeu quando Rukia acomodou Yuki em seus braços e o ensinou como segurá-lo.

                Ichigo se aproximou de Byakuya, encostado num canto da parede, e não precisou dizer nada para o nobre estender os braços e segurar Hoshi habilidosamente, como se tivesse feito isso a vida toda.

                A pequena o olhou com curiosidade, e nela o nobre viu não apenas seus pais, mas também sua Hisana. O sorriso até se parecia com o dela e de Rukia quando Hoshi riu para ele.

                - Ela gostou de você, nii-sama.

                Byakuya devolveu o sorriso da irmã, e ela trocou um olhar com Ichigo, recebendo um aceno positivo em troca.

                - Hoje nós sonhamos com Hisana.

Imediatamente atraíram a atenção de Byakuya e Renji, que ouviram atentamente aquela parte do sonho, assim como Kukkaku e Ganju tinham feito. Os dois preferiram não citar Kaien e Masaki, ainda, ou as informações que Kaien havia fornecido sobre o ocorrido, e apenas disseram que havia mais, que tinha a ver com a projeção astral dos dois durante a batalha da Lua de Sangue, mas que contariam depois.

— Mais? – Renji questionou, agora segurando Hoshi, enquanto Byakuya segurava Yuki – Se tem a ver com aquilo tem certeza que podemos adiar?

— Sim, Renji – Ichigo falou – Mas não é algo urgente que necessariamente precise ser discutido agora. Gostaríamos de contar tudo e falar a respeito com calma depois. Não é algo ruim, é... Informação adicional.

Os dois concordaram e ficaram com os quatro por mais quase uma hora até saírem para que Rukia pudesse alimentar os bebês e Isane verificar os três, apesar da cura com o poder de Orihime ter ocorrido perfeitamente, as verificações seguintes eram apenas para registrar nos arquivos do 4° esquadrão.

                - Vocês têm uma última visita hoje – Isane falou quando já saía do quarto – Vou deixa-lo entrar e depois disso é melhor vocês dormirem. Nós cuidaremos dos bebês durante a madrugada.

                - Obrigada, Isane.

                Ela retribuiu o sorriso de Rukia e saiu, deixando a porta entreaberta, por onde segundos depois entrou Ashido Kano.

                - Ashido! – Rukia exclamou com alegria quando entregou os gêmeos para Ichigo, ambos ainda acordados.

                - Oi, Rukia – ele sorriu de volta – Ichigo – cumprimentou com o mesmo sorriso, sendo retribuído pelo ruivo – Me desculpem não vir com Momo, muito trabalho no esquadrão hoje, o capitão Shinji me pediu pra também me desculpar por ele, prometeu que virá amanhã e mandou felicidades a todos vocês.

                - Nós compreendemos, e duvido que Isane deixaria toda a Soul Society e outros amigos virem nos ver de uma vez só.

                - Compreensível – ele respondeu ao abraçar a amiga e salvadora, quase fazendo-a sumir no abraço, sendo ele ainda mais alto que Ichigo e Kaien.

                - Eles são muito bonitos – falou ao se aproximar de Ichigo para ver Yuki e Hoshi, que olharam para ele com estranhamento, mas menos do que com Renji, talvez pela falta das tatuagens estranhas e o cabelo mais curto.

                - Parece que não gostaram de mim – ele riu.

                - É a cor do seu cabelo – Rukia disse.

                - Mas não estranham o pai – ele pontuou, rindo junto com Rukia.

                - Ei... – Ichigo reclamou quando a brincadeira se voltou contra ele e os dois riram ainda mais.

                - Eles têm a mesma cor de cabelo e podem ver um ao outro, é igual a de Ichigo. Não deve parecer estranho – Rukia disse.

                Em poucos minutos Ashido estava balançando suavemente os gêmeos nos braços e fazendo os dois rirem.

                - Não imaginamos que você levava jeito com crianças – Ichigo falou.

                - Nem eu. Tem tanta coisa que não lembro mais com certeza... Esse é um talento recém descoberto ou recuperado.

                Os três adultos riram e se divertiram juntos até o amigo ir embora e Rukia acabar dormindo. Ichigo arrumou as cobertas sobre a esposa e sentou-se ao lado do pai no sofá. Isshin olhava com uma paz e alegria para os netos adormecidos em seus braços como Ichigo não via há muito tempo.

                - Na noite em que você nasceu, estávamos assim também.

                Ichigo encarou o pai, curioso para ouvir mais.

                - A luz apagada, a luz da lua entrando pela janela, eu segurando você e imaginando junto com Masaki se um dia você manifestaria alguma coisa de shinigami ou quincy, se você seria feliz, se viveria como um garoto normal na escola e no dia a dia. Mas eram só hipóteses divertidas. No fim das contas só queríamos que você fosse livre e feliz, não importando seu caminho. Eu tenho certeza que minha Masaki realmente visitou vocês hoje, Kaien e Hisana também.

                - Você sonha com ela?

                - É raro... Mas acontece. Hoje eu acho que ela só queria ou podia ver vocês. Se o que Kaien disse é verdade, sabe-se lá que possibilidades isso pode trazer. Vamos discutir isso com Kukkaku, Ganju e Byakuya depois. E Renji.

                Ichigo assentiu.

                - Obrigado, pai.

                Isshin sorriu, e Ichigo o ajudou a colocar os gêmeos no berço. O mais velho retornou à casa, lhe dizendo que ele e as gêmeas verificariam se tudo estava em ordem para as crianças tanto em sua casa quanto na deles para quando retornassem.

                - Filho... Eu, e tenho certeza que sua mãe também, sou muito feliz por você e a Rukia-chan terem se encontrado. Diga isso a ela quando acordar.

                - Eu vou dizer – Ichigo sorriu para o pai antes de vê-o sair.

                Fechou quase toda a cortina do quarto, e caminhou até a cama de Rukia, beijando demoradamente sua testa.

                - Boa noite, meu amor – sussurrou para ela antes de ir se acomodar no sofá.


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