Debaixo das cerejeiras escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 5
Capítulo 5 – Eclipse


Notas iniciais do capítulo

Essa fanart não tem tão a ver com o capítulo como as anteriores, mas não consegui encontrar uma que eu achasse perfeita, e essa é muito linda, além de simbolizar bem como eles sempre tão lá um pra o outro. Está disponível no Pinterest e no Tumblr, intitulada como "伴に在ることを誓う", e o autor se identifica como "Micmic".



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Capítulo 5 – Eclipse

Duas horas haviam se passado enquanto preparavam a clínica para Rukia, e ela, Ichigo e as gêmeas conversavam na cozinha. Dentro desse tempo o incomodo que ela sentia evoluiu para dores leves e ainda bem espaçadas, lhes dando certeza de que realmente teriam seus filhos hoje.

— A Orihime-chan vai vir mesmo curar a Rukia-chan depois? – Yuzu perguntou preocupada – Ela vai ficar bem com isso?

— Sim, ela vem – Ichigo respondeu – E já conversamos sobre isso, ela garantiu que ficará bem e nos dirá se não. Disse que o bebê até intensificou os poderes dela.

— E o grandão e o nerd? – Karin perguntou se referindo a Chad e Uryuu.

— Uryuu me disse que virá depois, quando Orihime acordar e ele der a notícia a ela da maneira mais tranquila que puder. E Chad vem mais tarde também, eles não poderiam fazer muito agora de qualquer forma. E acho que Rukia ficará mais confortável com menos gente por perto.

— Provavelmente – a baixinha falou – Por mais que eu ame e confie em cada um dos nossos amigos, eu me sentiria com ainda mais expectativa com todos aqui. E são nossos filhos chegando, não é um show – ela brincou.

Os três irmãos riram.

— Todos sabemos disso, e respeitamos você, por isso eles mesmos decidiram só vir depois. Sem falar que nos vimos há poucos dias.

Rukia sorriu.

— Eu ainda não tive a chance de perguntar a Isane por Byakuya e Renji – Ichigo disse à esposa.

— Eu falei com eles quando chegamos, enquanto você estava falando com seu pai. Eles também virão em breve. Meu irmão parecia um oceano de calma como sempre, mas eu consigo perceber quando ele está nervoso.

— Eu o entendo, Rukia.

O sorriso dela aumentou, sabendo a que Ichigo se referia. Agora as gêmeas também conheciam essa história, portanto apenas concordaram.

— E Renji está quase arrancando os cabelos – ela falou, fazendo Ichigo, Yuzu e Karin gargalharem.

— Ele sempre foi assim com você – Ichigo respondeu.

— Você não fica muito atrás dele, só é mais discreto.

O ruivo sorriu.

— Pra você ver como é importante pra tanta gente. E vou continuar repetindo isso até você se convencer.

Rukia sentiu seu coração arder, lembrando-se de quando ele a salvou há muitos anos, e ela lhe disse que não era tão importante assim pra colocar a Soul Society inteira de cabeça para baixo e ser a cauda de derramamento de sangue, por mais que todos soubessem que ela estava num nível de habilidades muito acima do que aparentava, devido à Byakuya ter encontrado uma forma dela não ocupar cargos perigosos e se ferir gravemente, o que até justificaria a forma como queriam executá-la, que era usada apenas para capitães e outros postos altos. E Ichigo a contrariou imediatamente, dizendo que ocupando qualquer cargo que fosse, ele jamais permitiria que ela fosse morta daquela ou de outra forma, e que ela era sim muito mais importante do que pensava para muitas pessoas. Naquele dia ela segurou suas lágrimas com um sorriso, como segurou agora, mas tomou a mão do marido por baixo da mesa sem perceber, entrelaçando seus dedos, e não ligando de estarem sendo observados.

— Ichi-nii – Yuzu o chamou para retomar a conversa e não deixá-los sem jeito – Vocês vão ficar aqui depois que os bebês chegarem? Nós arrumamos o quarto de vocês e colocamos o berço lá.

— Vamos ficar por um dia ou dois. Mesmo que Orihime cure Rukia, é bom termos companhia por precaução. Depois voltamos pra casa.

— Talvez fiquemos mais tempo... – Rukia falou – Isane disse que é mais rápido pra nós do que pra os humanos, mesmo estando no gigai, porém, mesmo assim ainda vai levar algumas horas pra o gigai estar completamente pronto. As dores indicam que ele já iniciou a preparação. Ainda não temos certeza se eles virão realmente hoje ou amanhã.

— Então podemos conseguir alguma coisa pra você se distrair enquanto isso – Yuzu sugeriu – E pra tirar a mente da dor.

— Você tem alguma ideia? – Karin perguntou, já se divertindo com as possíveis opções na cabeça de sua irmã.

— Karin, você lembra dos filmes infantis que eu comprei quando saímos anteontem?! – Yuzu pulou empolgada.

Karin levou uma mão ao queixo pensativa, enquanto se lembrava dos títulos que tanto tinham empolgado Yuzu, e que ela continuava amando, não importando o quanto crescessem.

— Ah! – A gêmea morena exclamou ao se lembrar de um de em particular, e olhou para Ichigo com um sorriso divertido – Tem um que você vai amar – falou com ironia para o irmão – Ela comprou dois iguais, um pra ela e o outro especialmente pra Rukia e as crianças.

Ichigo soltou um suspiro pesado.

— Lá vem... – ele murmurou, fazendo Karin rir.

— Agora fiquei ansiosa! – Rukia disse – Qual filme é?

— As aventuras do Coelhinho Chappy – Volume 1 – Karin falou.

Rukia e Yuzu exclamaram de alegria juntas, Ichigo reagiu com um grande face palm, e Karin gargalhou.

— E eu achando que isso pararia no Coelhosomem.

— No o que?! – Karin perguntou com diversão.

— O filme que o velho nos deu é sobre uma cidade aterrorizada por um Coelhosomem. Essa baixinha obcecada por coelhos me fez assistir com ela. Espero que nossos filhos não nasçam com leporinofobia.

As três mulheres riram juntas dessa vez.

******

Eles gastaram algumas horas assistindo As aventuras de Chappy e brincando, às vezes sendo atazanados por Isshin ou conversando com Isane, Kiyone e as duas oficiais do 4° esquadrão que tinham vindo para ajudar. Também aproveitaram para fazer Rukia se alimentar e relaxar tanto quanto possível, já que ela não conseguiria se concentrar em nada disso quando as dores se intensificassem. Por volta do meio dia Uryuu chegou com uma Orihime eufórica, tão ansiosa quanto feliz para conhecer os bebês do casal de amigos.

— Querida, é melhor você respirar fundo, ou o nosso vai acabar chegando mais cedo – Uryuu brincou carinhosamente com a esposa, fazendo-a rir.

— Isso dói muito? – A ruiva perguntou à amiga enquanto as duas sentavam juntas no sofá.

— Piorando a cada hora, mas por enquanto não é nada insuportável. Parece uma cólica forte – Rukia respondeu.

Isane e Isshin tinham dito que uma humana comum levaria cerca de dez horas para realmente começar o trabalho de parto, mas sendo uma shinigami, estando ou não em um gigai, Rukia deveria levar não mais do que seis. Poucos minutos atrás a dor se tornara mais intensa, deixando-a atordoada e sem vontade de falar ou se mover muito.

— Você não quer ir logo pra clínica? – Kiyone, sentada no braço do sofá ao lado de Rukia, perguntou – Minha irmã vai verificar seu estado e te dar uma anestesia quando avançar mais um pouco.

— Eu adoraria isso – a baixinha respondeu, se referindo à anestesia – Mas quero ficar aqui mais um pouco.

— Ei, vocês já fizeram algo assim antes? Ichigo nos disse que não nascem muitos bebês na Soul Society – Orihime perguntou.

— Uma vez – Kiyone respondeu – Cuidamos de um nascimento em Rukongai há um tempo. Felizmente dessa vez a mãe sobreviveu bem, apesar do bebê ter mais energia espiritual que o comum. Não será surpreendente se um dia o garotinho chegar até nós com um diploma da academia shinigami. Essa foi uma das muitas coisas boas que Ichigo e vocês incentivaram na Soul Society com o fim da guerra, mais auxílio ao povo de Rukongai. Mas eu e minha irmã também estudamos os nascimentos humanos e passados da Soul Society bem antes de Rukia ficar grávida, parte dos protocolos de emergências gerias. Sabemos bem o que fazer.

— Isso me deixa muito feliz, saber que haverão menos órfãos lá agora – Orihime respondeu com um sorriso.

— Renji ainda não deve saber disso, ele vai ficar muito feliz também – Rukia sorriu ao lembrar-se de como o amigo se tornara órfão, embora ele só soubesse dos detalhes contados pelas pessoas que o ajudaram quando era muito pequeno.

— Capitã Kurosaki – Isane chamou com alegria, divertindo Rukia com a forma como ela a chamava cada vez por um sobrenome, alternando entre o seu e o de Ichigo, ainda não habituada à mudança – Ainda devemos ter pouco mais de três horas até o nascimento realmente começar, então sugiro irmos pra clínica quando suas dores aumentarem. As visitas podem vê-la por enquanto, mas quando a hora chegar seremos apenas eu e minha irmã, nossas oficiais, você e seu marido. Seu sogro disse que não ficará conosco para deixa-la mais à vontade, mas que estará a postos e por perto se precisarmos de mais ajuda. Quanto a você, pelo bebê, é melhor nos esperar aqui fora, chamaremos você quando tudo terminar, pra que possa curar Rukia – ela disse à Orihime, que assentiu.

As três foram interrompidas por mais um toque da campainha, e viram Ichigo atender a porta. Os olhos de Rukia se iluminaram ao ver Chad, Renji e Byakuya entrando. Renji nas roupas descoladas de humano que ele adorava, e seu irmão em roupais sociais mais sérias. Ela teve o impulso de correr para eles, mas a dor que sentia a travou no sofá.

— Ei, Rukia! – Renji sorriu, já andando em sua direção e se abaixando para abraçá-la, ouvindo a pequena rir – Rukia! Você tá bem?! Conseguiu se alimentar direito hoje?! Você dormiu bem?! O Ichigo cuidou de tudo que precisam?! Tá com muita dor?! – O tenente perguntou loucamente em sua eterna preocupação com ela.

— Estou ótima, Renji. E com dor moderada. Mas vou ficar mais dolorida ainda se você não soltar meus ombros logo – ela respondeu, fazendo Renji se dar conta do próprio nervosismo e soltá-la, ouvindo Orihime, Isane e Kiyone rirem.

— E aí?! – Ele as cumprimentou.

— Você fala tanto como os humanos quando vem aqui que eu nunca pensaria que você está morto se não te conhecesse, Renji – Rukia falou.

— Agora que ele aprendeu. Lembra da confusão que ele causou da primeira vez que veio aqui? – Ichigo surgiu ao lado do amigo.

— Ah... Não foi tão grave assim.

— Só se for pra você.

— Oi, Rukia – Chad apareceu acenando para ela – Como se sente?

Ela sorriu de volta.

— Ansiosa e dolorida, mas bem.

Byakuya, que estava falando com Isshin até então, finalmente chegou até a irmã, e ninguém ali era novato em lidar com o capitão para saber que ele não gostava de plateia.

— Eu e Kiyone vamos verificar uma última vez se está tudo em ordem na clínica – Isane falou se retirando com a irmã.

— E eu vou contar a Chad, Renji e Uryuu do pesadelo que fui obrigado a viver assistindo As aventura dos Coelhinho Chappy pra juntar ao choque do Coelhosomem – Ichigo falou indo para outro lugar com os dois amigos, e ficando apenas Orihime com Rukia e Byakuya.

A ruivinha fez menção de sair, mas um olhar do nobre a disse para ficar.

— Rukia – Ele disse se agachando para ficar numa altura mais próxima da irmã, mais uma prova do quanto o capitão havia mudado nos últimos anos, antigamente falaria com ela de pé – Há algo que você queira ou precise? A capitão Koketsu já avaliou seu estado de saúde pra hoje?

— Eu estou bem, nii-sama. Estão cuidando tanto de mim desde a madrugada que até me senti na nossa casa.

Byakuya sorriu por ela continuar se referindo à mansão Kuchiki como sua própria casa também, apesar de agora ela e Ichigo terem uma casa dos dois na Soul Society, mais simples e menor, mas aconchegante, como ambos gostavam.

— Nós estamos gratos por você se dispor a cuidar de Rukia hoje, e em tantas vezes antes. E eu e Renji desejamos saúde para você e seu descendente – o shinigami disse a Orihime, que arregalou os olhos por um segundo, surpresa em ouvir isso do capitão, mas por fim a ruivinha abriu seu sorriso encantador.

— Obrigada. Todos nós aqui faríamos tudo por Rukia. Será um prazer ajudar.

******

— Você já a anestesiou? – Byakuya perguntou a Isane enquanto se preparavam para deixar o casal e a 4ª divisão na clínica.

— Já. A dor dela deve aliviar em alguns minutos.

— Nós vamos sair por enquanto – Chad disse enquanto todos eles estavam em volta da cama de Rukia – Mas voltamos mais tarde pra conhecer nossos sobrinhos.

A shinigami sorriu.

— Hime, eu quero que você vá também.

— Mas...

— Estou feliz por você estar aqui pra me ajudar, mas não tem obrigação de ficar presa aqui esperando. Nós estaremos bem, e você vai ficar ansiosa, isso não é bom pra Daichi. Vá se divertir com Uryuu, Chad e Renji. Eu ficarei tranquila sabendo que nenhum de vocês está enlouquecendo de preocupação.

— Tudo bem – ela sorriu para a amiga.

— Estaremos atentos a nossos celulares de qualquer forma, e não vamos pra locais longe daqui – Uryuu disse – Eu também tenho conhecimentos medicinais caso uma ajuda extra seja necessária.

— Eu sou muito grata a todos vocês por isso.

— Vê se não deixa a Rukia nervosa, seu cabeça de cenoura – Renji disse a Ichigo – Você é a pessoa mais importante daqui pra ela e é o pai dos meus sobrinhos. Tem a obrigação de ajuda-la, segurar a mão dela e aguentar toda a pressão.

— Como se eu precisasse levar sermão de um cara tatuado pra me lembrar disso.

— Ei, o que minhas tatuagens tem a ver?!

Rukia riu antes de fazer os dois calarem a boca, e observou seus amigos acenarem e deixarem o quarto, ficando apenas seu irmão, Isshin, Yuzu e Karin, e Renji por enquanto.

— Seja forte, Rukia – Renji falou beijando uma das mãos da amiga – Eu tô muito ansioso pra conhecer meus sobrinhos.

— Se você não tiver um treco de ansiedade antes, eles estarão aqui esperando mais tarde. Obrigada, Renji.

Renji riu e também se despediu dos dois, saindo em seguida.

— Eu também vou sair, mas não deixem de nos chamar se necessário – Byakuya falou para os dois – Cuide dela, como você sempre tem feito – disse a Ichigo.

— Eu vou – o ruivo respondeu com confiança.

— Estou orgulhoso de você, Rukia.

Os olhos violetas brilharam quando ela sorriu.

— Obrigada por ter vindo, nii-sama.

Byakuya sorriu para a irmã, permitindo que Rukia o abraçasse a retribuindo antes de também deixar o quarto. Mas tão rápido quanto o nobre saiu, dois borrões coloridos passaram correndo pela porta, ainda fazendo Byakuya se virar para olhá-los por um instante antes de se virar novamente e seguir seu caminho.

— NEE-SAN!!! – Kon saltitou na direção de Rukia – Eu estarei aqui pra segurar sua mão... – Kon ficou parado tentando correr no ar quando Ichigo o agarrou pela cabeça.

— Você não vai coisa nenhuma! – Ichigo falou – Você e Chappy vão sentar e esperar em casa ou arrumar qualquer outra coisa pra se distraírem enquanto esperam como todo mundo.

— Aliás... Onde vocês estavam todo esse tempo? – Rukia perguntou, ajudando Chappy a subir na cama.

— Acha mesmo que íamos ficar por perto com aquele monte de gente, tinha muito barulho – a soul candy reclamou – Estávamos no quarto de vocês admirando as decorações fofinhas que colocaram pra os bebês.

— Sem falar que já basta o Ichigo me mal tratando toda hora pra ainda me arriscar perto daquele tatuado maluco e o irmão assustador da nee-san – Kon reclamou quando Ichigo o largou no colchão ao lado de Rukia.

Rukia tentou segurar riu baixinho, tentando se conter por causa da dor.

— O nii-sama não ia fazer nada com você. Ele sabe que Chappy em pertence e que eu salvei sua vida, logo coloca-la em risco de novo está totalmente fora de cogitação. E além disso, você ainda em a proteção do amuleto que Isshin fez pra você, o nii-sama já sabe disso.

— A nee-san em ama mais até do que ama o Ichigo!!! – Kon abraçou Rukia, que riu enquanto Ichigo dava um tapa na cabeça do bichinho.

— Você está bem, Rukia-sama?

— Com dor, mas deve aliviar um pouco quando a anestesia fizer efeito. Isso deve demorar, então sigam a sugestão de Ichigo, arrumem algo pra se distrair e NÃO façam nenhuma besteira.

— Sim!! Sim!! – Os dois soul candys responderam juntos, se curvando em juramento para uma Rukia sorridente, e logo se despedindo e deixando o quarto também.

— Finalmente chegou a nossa vez – Isshin falou, se aproximando dos dois junto com as gêmeas – Rukia-chan, nós vamos ficar em casa como seu plantão de emergência particular. Se precisarem de nós estaremos bem atrás daquela porta – ele apontou dramaticamente para a porta que levava para o restante da clínica e para a casa da família.

— Para de fazer drama, assim parece que estamos num set de gravação – Karin falou.

Yuzu riu.

— Ele parece até calmo pra o dia que é hoje – ela disse.

— Eu nunca sei o que dizer nessas horas – Karin falou sem cerimônia – Mas você pode bater no Ichigo quando tiver com muita dor, a gente conserta ele depois.

— Não diga isso, Karin! – Yuzu reclamou.

— É o pai dos seus sobrinhos que você tá autorizando essa anã a danificar! – Ichigo disse enquanto Rukia morria de rir.

As atenções foram voltadas para a pequena quando ela parou de rir e gemeu de dor.

— Você está bem? – Ichigo imediatamente segurou sua mão e se pôs a seu lado.

— Sim... É que dói rir.

— Se até isso está doendo, então você está mais perto – Kiyone advertiu.

— Vamos deixar vocês conversarem um pouco por enquanto. Daqui a pouco vamos verificar seu progresso e ficar apenas nós aqui.

O casal assentiu.

— Então essa é a hora do destino fazer uma nova aposta – Isshin falou dramaticamente – Ichigo! Você será o encarregado de proteger minha terceira filha e suportar todos os socos que ela quiser lhe dar pra aliviar seu sofrimento. Já que tem sido um filho ingrato por todo esse tem...

— Seu velho idiota! – Ichigo reclamou após acertá-lo.

— Bem feito pra você deixar de ser crianção até numa hora dessas – Karin falou olhando Isshin se levantar.

— Acho que agora realmente devemos ir. Eu quero verificar se todas as coisas estão no quarto – Yuzu disse.

Os três se despediram do casal dando um grande abraço nos dois e as gêmeas seguiram na frente.

— Filho, Rukia-chan, vocês não podiam me deixar mais feliz. E sua mãe, e Hisana... E Kaien... – ele falou pausadamente, pensando em tudo que essas três pessoas eram para eles – Eu tenho certeza que eles estão muito felizes agora.

Rukia inspirou fundo e sorriu.

— Obrigada.

— Obrigado, velho – Ichigo sorriu para o pai.

Isshin sorriu de volta para os dois e virou-se para a porta, logo deixando a clínica. Divertiram-se ao ouví-lo dramatizar para o pôster de Masaki, sua voz já distante, Karin reclamar com ele e Yuzu com ela, enquanto Isane e Kiyone trocavam um olhar assustado.

— É assim mesmo – Ichigo falou – Logo vocês vão se acostumar.

Isane riu baixinho.

— Sua família é interessante – ela disse – E alegre. E ainda assim muito responsável. Podíamos ter mais disso na Soul Society.

— Voltaremos em breve, tentem descansar enquanto isso – Kiyone disse aos dois.

Ela, Isane e as outras duas shinigamis saíram do quarto, fechando a porta e deixando o casal sozinho.

— Finalmente tenho você só pra mim de novo – Ichigo falou, entrelaçando suas mãos com as da esposa e beijando-a suavemente, ouvindo Rukia rir no beijo.

— Você se casou com a shinigami mais adorável da Soul Society. Eu sou irresistível.

Ichigo riu.

— É, as pessoas gostam de coisas minúsculas e fofinhas.

Ele riu novamente quando Rukia deu um tapa em sua cabeça, também rindo, mas logo se encolhendo novamente com a dor. Ichigo sentou na beirada cama e a abraçou contra o peito.

— Fique quieta, sua Chappy travessa. Amanhã a essa hora estaremos todos bem.

— Amanhã ainda parece longe...

— Eu sei – ele a consolou esfregando suas costas – Não aliviou nem um pouco desde que Isane te anestesiou?

— Mais ou menos. As contrações ainda doem e estão vindo mais rápido.

— Rukia... Você ainda está com medo?

Ela refletiu, sabendo que Ichigo estava lhe perguntando isso porque ele estava com medo.

— Eu tive tanto medo desse momento, mas agora que estou bem na frente dele... Só consigo me concentrar em sobreviver à dor a cada segundo. Me sinto mais tranquila, mas ainda com medo sim. Eu nunca passei por isso, e sei que coisas acontecem de repente...

Ichigo a encarou, não sabendo exatamente o que lhe dizer.

— Eu estou aqui, e nós vamos ficar bem.

Ele entrelaçou novamente uma de suas mãos com a dela, e colou a testa na sua, olhando-a profundamente. Rukia sabia que ninguém podia prometer isso, Ichigo não poderia trocar sua vida pela dela como ela fizera por ele no Massacre da Lua Vermelha anos atrás se fosse necessário, mas no conforto e no amor de suas palavras, ela se sentia salva, e segura.

Levou a mão livre ao rosto do ruivo, acariciando a pele gentilmente e o beijando. Ichigo respirou fundo e a retribuiu. Se demoraram no contato, deixando todos os medos de lado por enquanto, sentindo o espírito de sua promessa jogada ao vento, para manter suas almas unidas para sempre, queimando no peito. Separaram-se para respirar e Ichigo a beijou novamente por mais alguns instantes.

— É melhor você descansar. Dormir um pouco enquanto ainda tem tempo. Eu vou ficar aqui. Você quer que eu rebaixe o colchão?

— Não. Assim está confortável.

Rukia se recostou na parte superior levemente inclinada da cama. Ela já havia trocado seu vestido por uma de suas camisolas e roupas íntimas mais leves e fáceis de mover quando necessário para os bebês. Um sol bonito clareava o dia do lado de fora da janela e os dois se sentiam em paz, apesar da ansiedade e preocupações comuns aquele momento.

— Eu te amo, Anã – Ichigo sussurrou perto de seus lábios, antes de beijá-la brevemente mais uma vez.

— Eu te amo, Ichigo – ela sorriu.

O sorriso iluminou seus olhos violeta. Ichigo riu junto com ela, grato pelo quanto, tantas vezes, ela tinha mudado seu mundo, e sempre para melhor do que antes. Rukia era sua lua particular, sua estrela guia e sua luz, e de todos os eclipses de quando seus caminhos se cruzaram, se ele podia chamar assim, esse seria o mais belo.


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