Wicked escrita por T in Neverland


Capítulo 7
É só dançar - parte II




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Dancing through life

— A Dominique fez o quê? – perguntou Rose, sem acreditar na história de Hugo.

— Isso mesmo que você entendeu! – afirmou ele, sorridente.

Na hora do jantar, Rose nunca se sentava na mesa da Grifinória, junto de seus companheiros de Casa. Sentava-se na mesa da Lufa-Lufa, onde podia fazer suas refeições na companhia de seu irmão. Algumas pessoas a olhavam de cara feia, mas ela já estava acostumada e não ligava, e nenhum professor parecia se importar também.

A Granger-Weasley mais velha comia um sanduíche, e quase cuspiu sua refeição ao receber a notícia. Hugo lhe contou o que havia acontecido, sobre como Alvo o havia convidado para a festa de Victoire, como seu acompanhante, e tudo graças a Dominique, que o incentivara.

— Você tem certeza de que Dominique Weasley foi a responsável? Ela não é o tipo de pessoa que pensa nos outros assim – Rose insistiu, recusando-se a aceitar que sua colega de quarto houvesse feito algo de bom para o seu irmão.

— Tenho! Eu vi, Rose, eu vi quando os dois conversaram e Alvo também me disse que era ideia dela. Talvez ela não seja tão ruim quanto pensa, deveria lhe dar uma chance.

— Não sei Hugo, ainda não estou convencida de que Dominique faria algo assim com intenções boas – suspirou, já cansada do debate.

— Não consegue dar uma segunda chance a ela? – perguntou o ruivo, segurando a mão de sua irmã, tentando lhe passar segurança – Por mim?

Não havia como negar o apelo de Hugo. Rose acabou cedendo contra a sua vontade e colocou em sua mente que ainda naquela noite agradeceria a Dominique por ter sido bondosa com o seu irmão, colocando suas diferenças de lado.

Enquanto os irmãos Granger-Weasley continuavam sua conversa no Salão Principal, Dominique se encontrava acompanhada de suas melhores amigas no Salão Comunal da Grifinória, Lily Potter e Roxanne Weasley. As duas também eram suas primas, já que os Weasley pareciam dominar Hogwarts.

Lily era mais nova, se bem que isso não importava muito, já que Dominique parecia se dar bem com pessoas de todas as idades – sua única exceção era Rose, é claro. Já Roxanne, era da mesma idade e pegava muitas matérias junto de Domi, sendo sua parceira de mesa em quase todas as classes.

Após terminar o seu jantar, o trio correu para o Salão Comunal, onde sabia que iria encontrar presentes enviados pela família. Molly, a avó das três, costumava mandar mimos vez ou outra e havia dito que estava terminando de fazer uma lembrancinha para cada uma delas, que passaram pelo quadro da Mulher Gorda animadas para ver o que ganhariam.

Algumas caixas estavam espalhadas sobre a mesa de centro que ficava de frente a lareira, e cada uma recolheu a que tinha o seu nome. Todas as três ganharam itens de tricô, que eram a especialidade da vovó Weasley.

Lily ganhou um gorro de cor verde-escura que cobria perfeitamente o início de seus fios ruivos e era enfeitado no topo com um pompom bastante caprichado. Verde era um tom que combinava muito com os cabelos laranjas da caçula dos Potter.

Já Roxanne, ao rasgar os embrulhos de papel pardo, descobriu um cachecol muito bem trabalhado, de um amarelo que contrastava com sua pele escura e iluminava o seu rosto.

Quando Dominique abriu o seu presente, não pode disfarçar o seu descontentamento. Era horrível! Um xale de tonalidade apagada e estranha, não sabia identificar se a cor era verde-vômito ou marrom-diarreia. Não combinava em nada com ela e com as suas características.

— Meu Merlin! Vovó está ficando louca, é a única explicação – afirmou, mostrando o seu novo acessório às amigas.

Possuía uma franja também, que mais pareciam fiapos saindo de seus extremos. Domi não conseguia se imaginar usando aquilo, e não conseguia também pensar em algo que, junto ao xale, pudesse deixá-lo aceitável. Mas, poxa, Lily e Roxy haviam recebido itens tão bonitos, por que justo ela ganharia algo do tipo?

— Acho que é tão feio que não consigo nem imaginar alguém que eu odeie tanto a ponto de presentear com isso – proferiu enquanto retornava-o para a caixa, segurando-o com as pontas dos dedos como se ele a enojasse.

— Não consegue? Mesmo? – Lily Luna comentou com um tom sugestivo.

Dominique sempre gritava para quem quisesse ouvir o quanto odiava Rose Granger-Weasley e sua mania de superioridade. Ela não suportava o fato de todos os professores puxarem o saco da sua prima esquisita, com os seus surtos mágicos, principalmente o professor Firenze e a vice-diretora Martin.

— Não... Eu não faria algo assim – Domi respondeu, dando uma última olhada para o acessório. Ou faria?

Como uma coincidência desafortunada, Rose entrou no Salão Comunal no exato momento em que Dominique pensava nela.

— Dominique! Eu estava procurando por você – disse a Granger-Weasley, parecendo deslocada, sem saber exatamente o que diria a ela.

— Pois eu também estava pensando em você neste exato momento, Rose – respondeu a loira, arrancando risadinhas de Lily e Roxy, que logo entenderam o que ela estava prestes a fazer.

— Então, Dominique, é que eu estava com Hugo agora a pouco e ele me contou que... – Rose começou, porém logo foi interrompida por sua prima.

— Tome! Uma lembrancinha para você – a loira cortou a Granger-Weasley no meio de sua frase, lhe entregando a caixa que havia acabado de ganhar de Molly – Vovó mandou para mim, mas acredito que vai combinar muito mais com você.

— Obrigada, mas...

— Sem mas! É um presente e eu não aceito devoluções. Aliás, Victoire vai dar uma festa no Três Vassouras amanhã, é uma ótima oportunidade para estrear o seu novo acessório.

E, sem dar a Rose a chance de responder, a bruxa parte veela partiu, junto de suas amigas, para o dormitório, deixando a filha de Ronald Weasley sozinha com sua caixa.

Ao abrir a caixa e descobrir ali um xale, de tricô, e muito provavelmente feito por sua avó, Rose sentiu-se mal por tratar Dominique tão rudemente o tempo todo. Claro, tinha seus motivos, mas pessoas mudam e amadurecem, e até mesmo alguém como Domi merecia uma segunda chance...

A ruiva agarrou o acessório, e o apertou contra o peito, cheirando-o logo em seguida. Não se lembrava muito de sua vó, somente de algumas poucas interações que tiveram quando era mais nova e ainda não havia sido mandada para a África. Assim, não se lembrava muito de Molly, apenas de seu sorriso acolhedor e seu abraço confortante. Sentia falta de ser próxima da família.

Não sabia da real intenção de Dominique com o presente, contudo, após a sua conversa com Hugo, Rose estava esperançosa de que talvez, agora, elas pudessem ter uma boa relação. Não teve tempo de agradecer à Weasley, pois ela se apressara em sair com as amigas, no entanto daria um jeito de recompensar a gentileza.

Quando o dia e horário da festa de Victoire chegaram, o Três Vassouras lotou, com muito mais estudantes convidados do que o planejado. Pode-se dizer que grande parte da culpa deste acontecimento havia sido de Dominique, que convidara suas amigas, Scorpius e Hugo (ainda que indiretamente). Rose também, porém ela ainda não havia aparecido por ali.

As mesas do bar haviam sido afastadas para que se criasse um espaço ao centro onde as pessoas pudessem dançar, uma vez que Victoire havia conseguido até mesmo uma banda para tocar.

Dominique já estava suada por causa de todos os rodopios que havia dado com Scorpius pelo salão. Talvez ninguém adivinhasse, mas o Malfoy conseguia ser bem animado quando o assunto era música.

Alvo estava cabisbaixo desde que notou que Dominique e Scorpius haviam parado de dançar e sumido por um tempo considerável. Chegou a procurá-los, e se arrependeu logo em seguida ao encontrá-los trocando beijos, escondidos no andar de cima. Percebendo que sua obsessão por Domi naquela noite estava fazendo mal a Hugo, que era o seu verdadeiro par, o Potter tentou se redimir, puxando-o para uma dança.

Embora não fosse grande coisa, até mesmo porque não seria fácil para Alvo empurrar e rodar a cadeira de Hugo pelo salão, aquilo foi o suficiente para divertir ao ruivo e ocupar um pouco a mente do Potter, que parecia não se distanciar de Domi por nada.

Todos aproveitavam a festa quando a porta da frente foi aberta com um estrondo, chamando a atenção da maioria dos ali presentes. É claro, Rose não conseguia chegar a lugar algum sem fazer uma cena.

A Granger-Weasley estava claramente deslocada, e até mesmo a banda havia parado de tocar, somente para observar aquela bruxa que parecia não pertencer àquele lugar.

Usava um vestido preto liso, que lhe alcançava metade das canelas sem corte algum, e botas escuras com cadarços gastos. Cobrindo seus ombros estava o xale que Dominique lhe deu uma noite antes. Horrível, com sua cor verde amarronzada que ninguém entendia como alguém poderia escolher. O cabelo, como previsível, estava preso em uma trança, porém com alguns cachos lhe escapando, o que denunciava que ela provavelmente estava com o mesmo penteado desde a hora que acordou.

A banda logo voltou a tocar uma música, uma Rose não conhecia, mas ainda assim resolveu que a dançaria. Dirigindo-se para o centro do salão e, com movimentos estranhos, a Granger-Weasley começou aquilo que não se sabe bem se alguém chamaria de dança.

Dominique e Scorpius, que observavam toda a cena do andar de cima, repararam que algumas pessoas começavam a rir da situação.

— Ela realmente não liga para o que pensam, não é mesmo? – Scorpius comentou, observando com admiração.

— Na verdade ela liga sim, só finge que não – respondeu a loira, percebendo que Rose continuava sua dança, só que agora com uma expressão que deixava claro o quanto se sentia desconfortável como todos aqueles olhares sobre si.

Observaram por mais alguns minutos, em silêncio, até serem interrompidos por Victoire, que subiu as escadas em silêncio e apareceu atrás dos dois repentinamente.

— Domi, a vice-diretora Martin pediu para eu lhe entregar isso – afirmou aquela que parecia uma cópia um pouco mais velha de Dominique, entregando-lhe uma espécie de envelope.

— O que é? –  perguntou enquanto aceitava a carta que sua irmã lhe entregava.

— Não faço a mínima ideia, só sei que me atrasei para minha própria festa por causa disso, então espero que seja importante – alegou Victoire, deixando a irmã sozinha com Scorpius e o envelope.

Dominique o rasgou assim que Vic se afastou, sem muita cerimônia.

Srta. Weasley,

Venho através deste pergaminho informar-lhe que está convidada a juntar-se à turma de feitiços do sétimo ano na minha próxima aula.

Acredito eu que a senhorita não seja capacitada o suficiente a ponto de acompanhar o conteúdo avançado a este ponto, porém a senhorita Granger-Weasley insistiu bastante para que eu lhe aceitasse na classe, portanto agradeça a ela.

Espero não me decepcionar.

Madame Wanessa Martin.

Sentindo-se pior do que antes, com um grande sentimento de culpa, Dominique voltou a observar Rose, que ainda dançava de forma esquisita, usando o xale feio que ela mesma havia dado.

Viu-se em um impasse, com a sua consciência pesada, sem saber o que faria. Rose nunca havia feito nada tão ruim a ela, e a rivalidade das duas não passava de infantilidade, por parte dela própria, inclusive. Talvez a ruiva fosse realmente talentosa como os professores a descreviam, e ela só não enxergasse isso por ciúmes bobos, já que estava acostumada a sua vida toda a sempre ser o centro das atenções, social e academicamente. 

Rose não era culpada de nada, e havia sido bastante estúpido e impensado de sua parte dar a ela aquele xale horrível e convidá-la para a festa na intenção de vê-la se tornar uma chacota para quem estivesse ali. Arrependeu-se, e resolveu intervir.

Decidiu, então, que a Granger-Weasley não passaria mais vergonha sozinha, e desceu as escadas, deixando Scorpius e juntando-se a Rose em sua dança, para que ela não se sentisse mais deslocada.

Dominique não era considerada popular sem motivos, e depois de alguns movimentos, todos que antes estavam rindo e cochichando sobre a ruiva agora dançavam junto das duas. 


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