Os dias que se seguiram a partida de Jéssica foram de silêncio e murmúrios. Apesar de tudo eu sentia a falta dela, mas também sentia o peso dos olhares curiosos e cautelosos das pessoas ao meu redor. Eles ainda me temiam, e era compreensível. Não era todo dia que se convivia com alguém como eu.

A cada dia eu tentava me aproximar mais deles, compartilhando histórias e ajudando nas tarefas diárias. Eles começavam a ver além da criatura que imaginavam que eu fosse. E Jacob… ah, Jacob vinha sendo minha rocha. Ele me entendia sem palavras, e nossos momentos juntos eram o refúgio que ambos precisamos.

Liah e eu estávamos empenhadas com os preparativos da festa, era uma forma que eu tinha de ocupar meu tempo quando não estava com Jacob, ele e os demais lobos tratavam da fase final para a viagem de resgate de nossos parentes.

Confesso que estava ansiosa. Conhecer meus avós Renée e Charlie era um sonho que estava prestes a se tornar realidade. A ansiedade de finalmente encontrá-los preenchia cada parte de mim. Imaginava seus sorrisos, suas expressões de surpresa, e meu coração batia mais rápido só de pensar.

Eu me preparava para esse momento, ensaiando conversas em minha mente, antecipando o calor de seus abraços. Mas, junto com a empolgação, vinha o medo. O temor de que eles pudessem me rejeitar por ser quem eu sou, que o choque seja maior do que o amor que pudessem sentir por mim.

Queria tanto que eles me vissem como sua neta, que olhassem além das histórias e lendas. Desejava criar laços fortes, compartilhar momentos e memórias, mas a incerteza me assombrava. Será que eles iriam entender? Será que iriam aceitar?

Se por um lado eu estava ansiosa, por outro estava com medo. Saber que Jacob Iria partir, que ficaria longe do abrigo por muitos dias, e cada segundo seria um risco, com o clã Volturi à sua procura. Eu entendia a necessidade de sua partida, mas isso não alivia o peso da preocupação que carregava.

— Terra para Nessie- A voz de Liah interrompeu meus pensamentos me trazendo de volta a realidade- Essa carinha de preocupação por acaso tem um nome?

Dei um tímido sorriso tentando disfarçar enquanto voltava a dedicar minha atenção para os corpos que eram organizados em uma mesa – Não estou preocupada – Respondi olhando para o lado onde algumas senhoras tentavam afastar algumas mesas e cadeiras, imediatamente me aproximei oferecendo ajuda a elas.

— Definitivamente mentir não é sua praia – Liah sorriu se colocando ao meu lado e pegou uma das cadeiras – Sei que essa cabecinha está na viagem de resgate, eu entendo você, meus pais irão com o tio Jake.

Deixei a cadeira ao lado das outras seguindo a organização e a olhei – E como você se sente?

Liah sorriu – Nem sempre vivemos seguros nesse abrigo Nessie, eu já enfrentei muitas coisas, eu tenho medo e isso é normal, mas precisamos confiar neles, eu confio em meus pais – Ela deu um aperto carinhoso em meu queixo e pegou outra cadeira levando para o local indicado.

As palavras de Liah me deixaram pensativa foi quando eu senti aquele cheiro conhecido se tornar mais forte e sorri quando seus braços envolveram minha cintura me abraçando por trás.

— Você está aqui – Falei dando um sorriso deixando o peso do meu corpo cair sobre o peitoral duro dele e acariciei seus braços - Como foi a reunião?

— Não importa agora-  Ele sussurrou próximo ao meu ouvido ignorando minha pergunta - Só quero estar com você.

— Isso por acaso é um convite? – Perguntei enquanto sentia seus lábios quentes e macios em contato com meu ombro me dando um beijo carinhoso.

— Na verdade é uma intimação – Jake respondeu enquanto girava meu corpo fazendo com que eu ficasse de frente para ele – Eu acho que elas não sentirão sua falta se desaparecer por algumas horas.

 – Eu prometi a Sara que almoçaríamos juntos.

Ele olhou para o relógio de parede – Temos duas horas ainda para o almoço, então posso ter minha namorada só para mim e depois dividi-la com minha filha.

E para onde vamos?

— Para o nosso lugar secreto – Ele respondeu me puxando carinhosamente pela mão, olhei para Liah e ela cruzou os braços com um semblante de desaprovação por eu estar a deixando com o trabalho sozinha, mas Jake e eu havíamos combinado que aproveitaríamos cada minuto juntos antes dele partir.

Minutos depois nós estávamos no nosso refúgio, o lugar onde havíamos tido nosso primeiro encontro e dado nosso primeiro beijo. Estava sentada entre suas pernas de costas para ele enquanto suas mãos deslizavam por meus braços e minhas mãos, olhávamos para o céu em silêncio, observando os poucos pássaros que sobrevoavam o local. O ar frio da altitude contrastava com o calor que sentia quando ele estava por perto. Tinha um sentimento de segurança, um calor que irradiava meu coração e se espalha por cada parte do meu ser.

— São nesses momentos que desejo ter o poder de seu pai e poder ler sua mente – Jake falou quebrando o silencio entre nós.

O olhei por cima dos ombros e sorri – Não é necessário, eu posso mostrar a você, fecha os olhos.

Ele obedeceu, confiante. Virei meu corpo ficando de frente para ele e toquei sua têmpora suavemente deixando que meus medos fluíssem através do nosso vínculo. O fazendo ver o que eu via: a escuridão que se aproxima, a possibilidade de perda, o medo que me consome ao pensar que algo terrível pode acontecer enquanto ele estiver longe.

Ele abriu os olhos e olhou dentro dos meus – Você agora vê o futuro? Ele perguntou em um tom brincalhão.

Fiz uma careta de desgosto – Foi como uma sensação, não uma visão.

— Foi apenas o medo – Ele puxou meu corpo um pouco mais me deixando em seu colo, minhas bochechas queimaram, era a primeira vez que tínhamos aquele tipo de aproximação, mas confesso que em alguns momentos sentia que nossos corpos desejavam muito mais do que beijos.

— Jake.

— Shi- ele sussurrou encostando o polegar em meus lábios, em seguida deslizou sua destra até minha nuca e aproximou os lábios dos meus iniciando um beijo que iniciou com movimentos suaves, mas depois se tornou urgente cheio de paixão, minhas mãos deslizaram por sua nuca até suas costas puxando sua camisa e deixando que meus dedos tocassem sua pele.

Naquele momento eu percebi que meu corpo desejava muito mais do que beijos, desejava ser inteiramente dele.