Scorose - Quase sem querer escrita por Aline Lupin
Notas iniciais do capítulo
Boa leitura
Alvo entrou primeiro na Casa dos Gritos. Tentamos andar devagar, para que madeira abaixo de nós não estalasse e denunciasse a nossa presença. Procurei aguçar meus ouvidos, tentando ouvir a voz de Lilian. Não conseguíamos ouvir nada. A casa estava cheirando a mofo e a poeira era visível no ar. Várias vezes tive que conter os espirros, pois o cheiro era muito forte do ambiente. Subimos um lance de escada e foi impossível ela não ranger sobre nossos pés. Alvo foi o primeiro a entrar no cômodo. O local estava um caos. Havia uma cama com um dossel quebrado, no fundo do quarto. Os lençóis e cobertores estavam espalhados pelo chão, assim como roupas e comida. A janela estava quebrada e havia um armário tombado no chão. Podemos ouvir um barulho no andar de cima e corremos para lá. Comecei a ficar preocupado, pois alguém gritava. Era voz de Lilian. Sai em disparado pela escada e chegamos no sótão. Era um caos. Lorcan estava com uma mala de couro marrom nas mãos, entreaberta e Lilian corria de um lado para o outro, gritando com um bicho peculiar. A cena era cômica. Alvo veio em seguida, esbaforido e estancou a minhas costas, quase me derrubando no chão.
— O que está havendo aqui? – Exclama ele para Lilian e Lorcan.
Os dois para olham para nós e ficam vermelhos. Lilian para de correr e a criatura que parece um ornitorrinco dos trouxas, mas pequeno, para de se mover. Ele nos encara, curioso e se aproxima. Vem até mim e escala minha calça, roubando meu relógio de bolso. Fico pasmo diante disso. Nunca havia visto uma criatura dessa.
— Jim, solte isso agora – pede Lorcan, com voz calma.
O ornitorrinco continua olhando para ele, mas não parece inclinado a fazer isso.
— Parado aí, seu ladrãozinho. Devolva meus brincos – grita Lilian, correndo atrás dele.
O bicho desce as escadas e ela vai atrás. Começo a rir, da situação e Alvo me acompanha.
— Como você conseguiu arranjar aquilo, Scamander? – Pergunto à Lorcan.
Ele fica vermelho feito tomate e tosse um pouco antes de responder:
— Meu pai deixou eu tomar conta da maleta dele esse ano. Disse que um tesouro de família. Que preciso assumir esse legado – explica ele, sonhadoramente, segurando a maleta com força – Mas não estou indo bem nessa tarefa. Meu pelúcio escapa o tempo inteiro, ele vive roubando coisas brilhantes – Ele passa a mão pelos cabelos loiros, nervoso.
Assinto para ele, compreendendo-o. Sei como é se sentir desajeitado e não cumprir uma tarefa direito.
— Então o nome daquilo é pelúcio? – pergunto, tentando acalma-lo.
— Sim, é uma criatura mágica, Scorpius. Eles adoram coisas brilhantes e são ótimos para caçar tesouros – explica Alvo.
Lorcan apenas assente, indo para a saída do sótão. De repente aparece alguém na porta, carregando o pelúcio pela pata. Não pode ser ele.
— Perderam isso? – ele pergunta, presunçoso.
— Sim – assente Lorcan, aliviado – Muito obrigado David.
— David, você não pode ficar saindo por aí conversando com os outros. E o que combinamos? – diz Alvo, nervoso, esfregando as mãos.
David sorri, mostrando seus dentes brilhantes e caninos pontudos.
— Não sou eu que convidei essas crianças para meu castelo – responde ele, entregando o pelúcio para Lorcan, que o coloca dentro da maleta e fecha com força, não sem antes sacudi-lo, espalhando vários objetos pelo cômodo – Tente não perdê-lo dessa vez, por favor.
— Sim – gaguejou Lorcan, nervoso.
— Ok, David, você foi o salvador da pátria – zomba Lilian, o encarando, em desafio.
Ele apenas sorri, fazendo uma mesura.
— Sempre as ordens, minha dama.
— Espera, o que está havendo aqui? – pergunto, confuso – Como vocês sabem sobre David? – Aponto para Lorcan e Lilian.
— Deixe que eu explique, meus amigos – intervem David – Eu estava tirando um cochilo esses dias e esses dois apareceram no sótão, correndo atrás deste maldito pelúcio. É claro que eles se assustaram comigo – ele aponta para si mesmo, de forma teatral. Lorcan e Lilian sorriem para ele, como se fossem amigos de longa data – E bem, eu ajudei eles, na condição que não contassem nada que o tio David está hospedado nessa bela casa.
Encaro Alvo e ele parece tão preocupado quanto eu.
— Vocês estão vindo aqui desde então? – pergunta meu amigo.
— Sim, mas não vamos contar para ninguém, prometemos – responde Lilian, sincera.
— Ele não fez nada para vocês? – pergunto.
David parece ficar ofendido, pois mostra seus dentes de forma agressiva.
— Sou bem civilizado, Malfoy – se defende.
— Não sei, não conheço você bem, David – rebato irritado – Nosso primeiro encontro não foi o mais amistoso.
— Isso porque você é filho de um...- ele não chega a terminar. Arregala seus olhos e fecha a boca.
— Diga, pode dizer o que todos sabem – instigo ele, com a raiva borbulhando por dentro.
— Ele não quis dizer nada, Scorpius – Alvo interrompe, tentando apaziguar.
Fito os dois com descrença, pois sei exatamente de quem sou filho. Meu pai não aquele homem, não mais. Mas o estigma social prevaleceu. Somos sangues puros e é natural achar que ainda detestamos os nascidos trouxas, mestiços e outros criaturas mágicas. David é diferente de nós. Ele é metade bruxo e vampiro. É natural haver uma certa desconfiança, mas eu não teria se ele não tentasse me atacar. Hoje sei o motivo, mas a primeira impressão que ele teve sobre mim continua me ferindo.
— Bem, Malfoy, sabe que nos desentendemos, mas não há nenhum rancor entre nós, não é? – ele pergunta, me fitando com seus olhos amarelos. Ele faz um floreio para mim, sorrindo.
— Não sei, me diga você – respondo, encarando-o com desdém.
Ele ri, apoiando o braço nos ombros de Alvo.
— Esse aqui é meu companheiro, pelo menos – ele diz, com um sorriso descarado.
Alvo retira o braço, mas não parece incomodado.
— Ok, chega de brincadeiras – diz ele. Em seguida olha para Lorcan e Lilian, que observam tudo com curiosidade – Os dois tem que prometer que não irão falar nada sobre David. Combinado?
Os dois assentem.
— Muito bem, vamos sair antes que alguém mais saiba do nosso segredo – falo, descendo as escadas. Não espera encontrar ela no patamar da casa, olhando aflita para nós.
**
Cansei de esperar, faz exatamente meia hora que eles saíram. Olho no relógio de pulso mais uma vez. Passou mais um minuto. Está começando a escurecer. Estou com muito frio e não aguento mais. E se eles estiverem mortos? Ah, por Merlin! E se um lobisomem os atacou. Não, não, não quero pensar nisso! Ando em círculos, roendo as unhas, removendo o esmalte vermelho. O que eu faço agora? Como posso ajuda-los? Não percebo, mas estou entrando no terreno, afastado a cerca farpada e passo por entre elas e avanço. Saio correndo até a varanda da casa. Por que será que se chama a Casa dos Gritos? Será que a casa grita? Me sinto estúpida por pensar isso, mas outra ideia me ocorro. E se alguém, um assassino, está escondido ali? E se antes de matar suas vítimas, as submete a tortura, até que elas gritem de dor e pavor? Talvez é por isso que as pessoas chamem está casa dessa maneira. Sacudo a cabeça diante desta constatação, tentando afastar esses pensamentos.
Subo as escadas, com lentidão. Estou com muito medo. O assoalho range sobre meus pés, causando arrepios sobre meus pelos. Adentro a porta de entrada, parando no hall. A teias de aranha e começo a entrar em pânico. Como detesto essas criaturas. O ar tem cheiro acre e posso ver a poeira no ar e nos poucos móveis que compõem a entrada. Adentro o ressinto, e me deparo com uma escada de madeira. Ela parece perigosa para subir. Há uma que sobe e uma que desce. Talvez seja o porão da casa, mas não vou descer para conferir se Alvo e Scorpius estão lá, eles que me perdoem. De repente, escuto passos no andar de cima e risadas. Suspiro aliviada, são eles. Com certeza são eles, me aproximo e no topo da escada posso ver Lilian descer com Lorcan, Alvo e Scorpius. Surpreendo-me ao ver um quinto elemento no grupo. Ele é alto, esguio. Uma pele branca e pálida e cabelos negros, arrepiados. Ele tem a aparência de algo. O que será? Ele sorri, ao me ver. Então sinto seu pensamento. São como tentáculos, apalpando minha mente. O que está acontecendo? Ele diz claramente: “ Você é bem interessante, é inteligente a cima da média. Vou gostar de conhece-la”. Fico alarmada, ele está lendo minha mente e falando comigo? Ah, por Merlin, ele é o oclumante. Ele fala mais uma vez comigo: “É claro, sua tonta, achei que você fosse a mais inteligente”. Quero revidar, dizer que ele é um intrometido, mas ele não parece querer responder, ele apenas sorri, mostrando seus dentes. Ah, é pior do que eu pensava, ele é um vampiro.
— Rose, você deveria ter ficado lá fora, como eu havia pedido – diz Scorpius, descendo rápido, me tomando pelo braço.
Afasto-me, apontando para o rapaz de olhos amarelos.
— Quem é ele?
Alvo e Scorpius, já no térreo, se entreolharam, nervosos.
— Pode contar para ela, já está aqui mesmo – o rapaz dá de ombros, andando mais rápido e parando um pouco mais próximo de mim. Sinto-me ameaçada, mas ele apenas sorri, amistoso.
— Estamos ajudando David – explica Alvo, olhando para Scorpius, pedindo auxilio. Ele apenas assente. Lorcan e Lilian escutam, na expectativa. Espera, eles também sabem e eu não? – Ele não tem onde morar e usamos e achamos esse lugar para ele. Usamos a passagem secreta em Hogwarts para dar comida para ele e...
— Espera, passagem secreta? – interrompo, surpresa.
— Sim, Rose, existem várias passagens secretas – explica Scorpius – Achei que soubesse disso.
Sinto-me ofendida. Como eu não sabia? Eu sempre sei das coisas.
— Enfim, nós estamos ajudando porque ele não tem ninguém e é metade vampiro, metade bruxo – continua Alvo.
Fico curiosa, como eles se conheceram?
— Isso você vai ter que perguntar para seus amigos – responde David, piscando para mim.
— Pare de entrar na minha mente – reclamo, irritada.
Ele apenas dá de ombros. Ele pisca seus olhos amarelos para mim. Ele é absurdamente bonito.
— Obrigado, estou lisonjeado – ele faz um floreio.
— Pela última vez, pare com isso – fico vermelha feito tomate. Ele apenas ri.
— Você tem cabelos peculiares. Parece fogo – ele comenta.
Scorpius se aproxima de mim, tomando meu braço.
— Não se preocupe, Malfoy, não vou fazer nada com sua garota.
— O quê? – exclamo, desconsertada.
— Ele não contou para você? – ele pergunta, encarando Scorpius, com interesse.
Scorpius retesa, visivelmente irritado.
— Cale essa maldita boca! – ele explode, me assustando.
Eu me afasto para a porta, com medo.
— Calma Rose – pede Alvo, olhando com raiva para David – E você, Scorpius, controle seu temperamento – ele se vira para David – E você, pare de ler nossos pensamentos, por Merlin!
— Eu não consigo, é involuntário – ele explica, dando de ombros – Vocês carregam muitos segredos e não são sinceros uns com os outros.
Escuto interessada. O que os meus dois melhores amigos estão escondendo?
— Como vocês acharam o David? – pergunto.
— Foi Ted que achou ele – explica Scorpius, olhando para David, como se pedisse permissão para contar. Ele apenas assente – Nesse verão, Ted disse que precisava ajudar um amigo que não tinha onde morar e não poderia cuidar dele, pois foi para França fazer seu mestrado em Feitiços.
Coço a cabeça. Como Ted achou esse cara?
— Sei que está curiosíssima para saber mais sobre mim, mas hoje não é o momento ideal – diz David, lendo novamente meus pensamentos. Que cara irritante.
— Pois bem, já que esse não é o momento ideal, quero saber como vocês vão mantê-lo em segredo – me dirijo a Scorpius e Alvo – Se Lily e Lorcan já descobriram o esconderijo desse vampiro, qualquer um pode saber.
— Nós não vamos contar nada, juramos – diz Lily, esperançosa. Lorcan apenas assente – Lorcan adora criaturas mágicas – David lança um olhar penetrante – Quer dizer, o que você é mesmo?
— Sou metade bruxo, metade vampiro. Não fui transformado – explica ele – Meu pai era vampiro e minha mãe bruxa.
Fico surpresa. Nunca havia conhecido um em minha vida, apenas li sobre isso em livros. Fiquei fascinada.
— Então quer dizer que você não é afetado pelo sol? – pergunto.
— Não, mas prefiro não andar a luz do dia – responde ele.
— Enfim, já foram feitas todas as apresentações, é hora de irmos – diz Alvo, indo até a porta – Vocês não vem?
Nós o encaramos e a David também. Está estampado em nossos rostos que queremos passar mais tempo com o vampiro misterioso. Quer dizer, meio vampiro.
— Vão logo. Eu vejo vocês mais tarde? – pergunta ele, para Alvo e Scorpius.
Os dois apenas assentem e saem da casa. Eu fico parada, encarando David. Ele devolve o olhar, sem demonstrar nada. Ele é tão branco, seus traços são perfeitos.
— Se continuar encarando, vou pensar que está apaixonada – diz ele, sorrindo.
— Desculpe. Eu nunca vi um vampiro antes, nem um meio vampiro.
Ele morde os lábios. Parece tentar conter a tensão.
— Bem já me viu. Pode ir agora – ele diz, de forma ríspida.
— Desculpe, não estou querendo trata-lo como um experimento. É que fiquei curiosa sobre você e como você chegou aqui. O que aconteceu com sua família?
Ele não responde. Seu olhar está longe, como se de repente se recordasse deles, de seus pais, ou alguém que cuidava dele.
— Você pede para não invadir seus pensamentos, mas está querendo saber demais sobre minha vida – ele diz, depois de um tempo. Ele anda até as escadas, sem olhar para trás – Au revoir, Rose Weasley. Espero não vê-la novamente.
Ele desaparece tão rápido que pisco várias vezes para ver se ele ainda está subindo as escadas. Vou até o patamar e não vejo sinal dele. Saio da casa e me deparo com Alvo e Scorpius a minha espera.
— Por favor, Rose, não conte ao meu pai – pede Alvo, enquanto caminhamos para encontrar uma carruagem e voltar a Hogwarts. Lily e Lorcan estão atrás de nós e parece discutir algo de grande importância. Tsc tsc, segredinhos de crianças, penso – Ele não iria gostar nada disso.
Scorpius ri.
— Como se seu pai fosse santo na escola.
— Eu sei que não, mas isso aqui é diferente. Estamos usando as passagens secretas para alimentar um vampiro – diz Alvo, nervoso – Olha, eu gosto de David, mas não vale ser expulso.
Fico encarando os dois, com curiosidade. Quer dizer que esse era o motivo de eles estarem desaparecidos vários dias, durantes esses dias de aula.
— Relaxa, Alvo. Você tem sua capa, lembra?
— Como se ela fosse de grande ajuda. Entrar no Salgueiro Lutador é um inferno.
— Espera, Salgueiro Lutador? – pergunto, intrigada. Aquela árvore é assassina.
Os dois ficam em silêncio, como se tivessem percebido que deixaram algo importante escapar e que não deveria ser dito. Assim com Hagrid, que diz às coisas que não deveria dizer. Típico!
— Rose, isso fica entre nós, por Merlin – implora Alvo – Já quebramos regras demais. E já fizemos coisas como entrar na Floresta Proibida – Sim, é claro, nós entramos no terceiro ano. Queríamos ver os centauros e unicórnios. É claro que eu não queria ir, mas Alvo é tão convincente que cedi – Mas isso aqui é diferente. Ele é metade vampiro e nem deveria entrar em Hogwarts.
Congelo de medo. Ele está entrando em Hogwarts? Isso é péssimo. Vai ser expulsão na certa.
— Como vocês deixaram isso acontecer? – indago, nervosa.
— Ele é muito solitário, Rose – explica Alvo – Fiquei com pena e mostrei a passagem da Casa dos Gritos até o Salgueiro. Queria que ele conhecesse Hogwarts e pudesse ver coisas diferentes. Ele é muito inteligente, também. Estou sozinho em casa, quando tinha uma família e eles ensinaram tudo que podiam.
Fico condoída por David. Ele parece atormentado e solitário. Usa seu sarcasmo para afastar os outros, o que é irritante, contudo parece ser uma pessoa incrível. Chegamos à carruagem e nos acomodamos. O sol já havia se posto, nos deixando em uma escuridão quase total, se não fosse pelas lanternas externas do veículo.
— Podemos visitar o David de novo? – pede Lily, ansiosa – Ele é tão legal. Está me ensinando a ler mentes. Isso não é incrível?
Fico indignada, há quanto tempo isso vem acontecendo pelas minhas costas?
— Não, Lily. Chega de visitas – corta Alvo, irritado – Isso vai nos causar problemas. Mcgonagall vai nos expulsar se suspeitar disso. Papai vai nos matar, em seguida.
Ela revira os olhos.
— Sei guardar segredo, Alvo. Eu estava visitando David e nenhum de vocês sabia.
Scorpius suspira, esfregando a testa. Sorriu para ele e o mesmo retribuiu. Sinto borboletas em meu estômago. Vou ir à enfermaria hoje, isso não está normal.
— Isso está fora de questão – corta Alvo, sério. Ele se dirige a Lorcan – Você, parece ser o mais responsável – Lorcan arregala os olhos – Você vai cuidar da minha irmã agora. Não deixe que ela chegue perto de David. Vocês dois vivem juntos por ai então é mais fácil. Eu não tenho tempo para ser babá.
Gargalhamos, exceto Alvo. Ele parece realmente tenso.
— Ah, Alvinho, por favor – implora ela, com olhos lacrimejantes – Eu adoro o David. Não pode tirar isso de mim. Deixa-me visitar ele com vocês, pelo menos um pouco?
— Está bem – concorda Scorpius, para horror de Alvo – Com uma condição. Será no horário que estipularmos e você deve manter segredo. De acordo?
— Sim! – ela exclama feliz, apertando a mão de Lorcan. Ele fica da cor dos cabelos dela. Muito fofo – Você vai comigo, Lorcan. Há muito que aprender com David.
Ele assente, embasbacado. Está visível que está apaixonado por Lily.
***
Chegamos a Hogwarts e nos despedimos. Scorpius diz que irá me encontrar em meia hora pra fazer a ronda dos corredores. Dessa vez ele promete. Fico muito feliz e acompanho Lily ao dormitório, sem escuta-la. Parece que estou andando nas nuvens. Quando saio pelo retrato da Mulher Gorda, tenho uma surpresa.
— Oi, Rose – sussurra Leon, apoiado na parede.
Sinto minhas pernas bambas. Toda minha energia se esvai.
— Oi – respondo trêmula.
— Queria conversar com você. Podemos fazer isso antes da ronda? – pede ele, esperançoso.
Reflito sobre seu pedido, quase aceitando, mas logo a imagem de Amélia Green segurando sua mão vem à tona.
— Não temos o que conversar – recuso, com rispidez. Apoio-me da parede, para esperar Scorpius. Leon não parece ter se mexido para ir embora.
— Rose, o que foi? – pergunta ele, nervoso.
— Não acredito que você está perguntando isso – estou nervosa, parece que meu estômago resolveu se rebelar hoje. Está queimando muito.
— Eu não estou entendendo – ele me encara, com sinceridade – Fiz algo ou falei algo que você não gostou?
Hesito em responder, mas quer saber, não me importo.
— Eu sabia que você não era um cara sério – começo e ele se encole. Parece magoado – Mas confiei em você, confiei minha amizade e deixei que me beijasse. Claro que devo ter entendido errado, pois o vi ao lado de Amélia Green, hoje. Vocês pareciam bem íntimos. É isso que faz comigo também? Acha que somos garotas fáceis, que você pega e descarta. Eu pelo menos não sou.
Ele me encara surpreso e de repente esboça um sorriso. Quero jogar algo na cabeça dele, mas não tenho nada em mãos. Idiota!
— Espera, Rose, você está com ciúme? - ele se aproxima, ficando frente a frente. Estou intimidade, pois encosto mais na parede – Realmente, não temos nada sério, para você ficar assim. Mas posso garantir que respeito muito às mulheres. Na verdade, qualquer pessoa - ele passa as mãos pelo cabelo, como se quisesse dizer algo, mas hesita – Posso apenas jurar para você que não estou brincando com seus sentimentos, nem com os de nenhuma garota. Amélia é muito apaixonada por mim e nunca dei esperanças para ela. Contudo, ela insiste em estar por perto. Tentei ser amigo dela, mas ela não compreende isso.
Encaro-o, desconfiada.
— Não acredito em você – começo. Ele tenta me interromper, mas não permito – Como uma garota pode entender que você quer somente amizade, quando permite tamanha intimidade? Ela está bem próxima de você, Leon. Está bem claro pra mim que você está a iludindo.
Ele suspira, exasperado.
— Eu sei que parece isso e hoje resolvi dar um basta – ele me encara, com intensidade – Disse a ela que estou gostando de outra pessoa. Pedi para que parecesse de seguir e se quer minha amizade realmente, deve aceitar que não tenho nenhum sentimento romântico por ela.
Que tristeza me invade quando ele diz isso. Aquela garota está claramente apaixonada por ele e deve sofrer muito.
— Bem, não precisa se explicar para bem – corto, tentando encerrar o assunto – Não temos nada e você não me deve explicações.
Ele morde os lábios, tentando conter o sorriso. Seus olhos verdes reluzem, como se não acreditassem em nada do que digo.
— Rose, então por que está tão brava? Se eu não tivesse que me explicar, voltaríamos a sermos amigos sem problemas. Alias, não teríamos essa discussão.
Fico vermelha e desvio o olhar para os pés.
— Deixei você sem palavras, não é mesmo? – ele se aproxima e coloca uma mexa de cabelo atrás da minha orelha. Sinto seu hálito tocar meu rosto. Estou pegando fogo – Mas sabe, eu não me importo de explicar para você que me preocupo com seus sentimentos e não sou esse cara que todos falam. Se você me permitir, posso provar.
Reluto em acreditar nele. Estou tentada a ceder, mas respiro fundo.
— Não precisa, Leon – encaro-o, sem deixar transparecer meu nervosismo – Acho que passei dos limites e peço desculpas.
Ele parece triste e da um passo para trás, se afastando de mim.
— Não tem problema, Rose – ele coloca as mãos no bolso da calça – Pelo menos ainda somos amigos?
Eu não sei se quero continuar com esse jogo. Ser sua amiga está despertando algo que não sentia antes. Nunca tive ciúmes de ninguém. E se ele começar a namorar? E se eu surtar com isso? Não parece promissor.
— É claro – deixo escapar, mas me arrependo.
Ele sorri, genuinamente. Seus olhos estão brilhando.
— Então podemos ir ao baile de Halloween juntos, no próximo final de semana? – ele pergunta.
— Nossa isso é... – fico sem palavras. Nunca fui a um baile, nenhum baile que foi oferecido em Hogwarts, na verdade. E ele está me convidando para ir. Parece demais para mim – Sim, é claro. Vai ser ótimo.
Ele pisca para mim e parece contente.
— Ótimo – ele diz. Parece estar envergonhado – É a primeira vez que vou nesses eventos e quero estar ao lado da garota mais bonita da escola.
Ele não disse isso. Ah, mas é um galanteador.
— Não vai conseguir nada me elogiando, Leon – digo, mas acabo sorrindo – Você ainda vai ter que se esforçar muito para ser meu amigo.
— Com certeza irei me esforçar – ele me encara e se aproxima de novo. Toma minha mão, plantando um beijo nos nós dos meus dedos – Estou ansioso para levar você ao baile.
Ele se despede e sai assoviando pelos corredores. Escorrego para o chão, sentindo toda minha energia ceder. Não posso permitir me envolver com ele, vou acabar me machucando.
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Pesquisei sobre vampiros na saga de HP e achei algo interessante sobre metade bruxo, metade vampiro. Inseri um personagem neste estilo e ele vai ter um papel fundamental na história. Espero que gostem.