Filhos da Noite escrita por Scar Lynus


Capítulo 2
Capitulo 2 - Mudanças


Notas iniciais do capítulo

não sei bem o que devo dizer alem de pronto.



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[Salão de Guerra]

 

— Não iremos recuar nem um centímetro! – Protestei contra a sugestão do meu chefe de guerra sulista Hodvar. – Essas terras são minhas e irão continuar a ser minhas!

— Minha rainha, se dermos mais espaços para outros ascenderem, poderemos ter uma boa aliança futura. – Argumentou o velho e flácido lorde.

— Não! – Eu tinha ciência do que esse idiota realmente queria. – Não irei ceder nada das minhas terras a sua sobrinha vampira em uma "marcha para conquista!"  - Toquei na ferida, o velho franziu o cenho. – Isso mesmo! Ela não vai encontrar nada além de um bando de monstros esperando na minha fronteira!

— Não será necessário, minha senhora. – Colomun o chefe de guerra norte interveio. – Acredito que o Lorde Malik já entendeu a situação.

— Está correto. – Hodvar concordou a fim de salvar a própria pele. – Agora irei me retirar majestade. – Ele fez sua reverencia e rapidamente saiu da sala, provavelmente para contatar sua sobrinha com medo de que ela avançasse e perdesse o exército dela, que na verdade era dele.

— Todos já podem sair também. – Um dos dois remanescentes iria protestar, mas, eu não queria discutir mais naquele lugar. – Estou indisposta. Agora saiam!

Recostei-me na cadeira, imediatamente levando uma das mãos a testa. Sentia-me esgotada de ter de passar por coisas assim todos os dias. – “Era assim que você se sentia? Sempre em guerra com todos, tendo dentro do próprio conselho estes velhos nojentos com inveja do que possuía? Como é que eu posso lidar com isso pela eternidade sem enlouquecer? Por que eles tinham que tirar você de mim? — Minha mente fazia as mesmas perguntas para o fantasma do meu falecido marido todos os dias, todos os dias o silencio prevalecia.
   Ainda estava na mesma posição quando Lilith entrou pela janela, deslocando o vento da sala na tentativa de bagunçar meus cabelos.

— Isso nunca vai dar certo. – Falei sem olhar pra ela. – Você não tinha aulas para dar hoje? – Perguntei referindo-me aos ensinamentos dos meus filhos.

— Eu já ensinei. – Ela estava orgulhosa. – Eles aprendem muito rápido, me lembram de mim mesma quando precisava estudar alguma coisa!

— E o que eles estão fazendo agora? – Questionei.

— Estão deitados no seu Jardim. Provavelmente dando risada após assustarem algum empregado. – Ela se sentou ao meu lado. – É bonitinho ver meus adolescentes ameaçarem os outros... Por enquanto. – Ela encarou a mesa com o mapa, Lilith nunca escondia o fato de que assim como eu, ela não suportava esse salão.

— Eu odeio essa mesa. Só serve para despertar a ganancia daqueles velhos ou para me deixar irritada! – Fiz uma marca no mapa com minhas unhas. – Quem dera fosse fácil assim expurgar uma região que dá trabalho.

— Tenha paciência. – Falou ela com sua voz calma enquanto tocava meu braço. – Ninguém se torna mestre no jogo político e militar em uma década!

— Está tentando usar seu poder de sedução em mim? – Eu sabia o que acontecia quando os olhos dela trocavam do vermelho para o azul.

— Para te ajudar a relaxar a mente, apenas por isso! – Admitiu ela. – Você precisa descansar e passar um tempo com seus filhos!

— Primeiro; seus poderes não funcionam em mim. – Comecei. – E segundo; eu realmente preciso passar mais tempo com eles antes que se tornem adultos irritantes.

— Nossos adultos irritantes! – Ela me lembrou sorrindo. – Talvez encham a sua paciência, mas, eu continuo a plena boa mãe que eles amam.

— Claro, você os mima e os deixa fazerem tudo que sentem vontade. – Me levantei e passamos a caminhar até o elevador. – Eu sou a responsável pela regra de não sair do castelo e também tenho de repreender ambos quando necessário. – Paramos dentro da máquina.

— Andar é muito irritante Katrien! – Ela reclamava sempre que caminhávamos juntas.

— Nem todos conseguimos asas querida.

— De um tempo e verá seu corpo mudar par melhor! – Orgulhosa como sempre.

 

 

[Arredores do Castelo]

 

 

Parados aguardando o sinal estavam, Andrew Belmont e seu irmão Vikta Belmont. Armados com seus chicotes, espadas, água benta, adagas e amuletos. Ao lado da dupla a feiticeira Beatrice Meyer, treinada em todas as artes místicas inclusive as proibidas para apenas um fim.
    O trio orquestrou por meses o plano de infiltração no castelo, o fim da linhagem de Dracula estava próximo e o mundo não precisaria mais sentir medo.

— Está demorando muito. – Reclamou Vikta impaciente.

— Talvez queira entrar pela porta da frente e enfrentar um exercito de monstros? – Perguntou Beatrice. – É imaginei que ficaria quieto.

— Nós não somos seus subordinados bruxa! – Andrew defendeu o irmão. – E está demorando. Seu “aliado” já deveria ter dado o sinal a uma hora!

— Planos precisam de margens de erro Belmont! – Respondeu sem paciência. – Achei que sua família soubesse disso.

— Nossa família mata monstros como os que vivem ali dentro! – Vikta apontou o castelo. – Só precisamos da luz do sol, aguardar o amanhecer e entrar!

— Eu poderia literalmente dar mais de cem explicações de como esse plano é ridículo! – Beatrice respondeu com um tom de desaprovação. – Você sabe que as “criaturas da noite” também protegem tudo de dia certo? Que os vampiros dentro do castelo estão protegidos da luz, que há encantamentos em toda a estrutura do mesmo. Não dá pra invadir!

— Sua... – Andrew não deixou o irmão prosseguir. – O que?

— O sinal! – Andrew apontou a luz dourada em uma das janelas. – Vamos Beatrice, nos coloque para dentro!

A feiticeira usou os sinais de mão junto a língua antiga, palavras sem significado para os homens e também complexas demais para qualquer ser sem magia. Desenhando habilmente no ar a imagem de uma porta de energia, Beatrice só precisava se conectar ao outro lado com cuidado para que não sentissem seu poder.
    O portal ficou pronto ao mesmo tempo que os Belmont recolocaram suas armaduras, eles entrariam no castelo através do segundo pátio, em seguida abririam caminho até o quarto dos filhos de Dracula e uma vez lá dentro os Belmont continuariam o trabalho de seu avô.

— Isso não me parece o pátio. – Falou Vikta observando um portão para uma área com arvores e uma predominância notável da cor vermelha.

— Esse é o Jardim deles. – Beatrice respondeu. – Significa que eles estão aqui!

— Ótimo! – Respondeu Andrew com o chicote em mãos. Dando um chute no portão. – Vamos matar esses animais!

 

 

[Jardins do Castelo]

 

 

Nefertari estava abusando de seu talento com a magia para remodelar as arvores ao seu redor após suas aulas com Lilith, Adamas estava deitado sobre as folhas vermelhas, apenas assistia sua irmã brincar com a física ao seu redor.

— Faça alguma coisa diferente... – Falou ele apoiado sobre o cotovelo esquerdo. – Alguma coisa com um pouco mais de mim!

— Que grande ideia! – Respondeu ela zombando do irmão e reduzindo a arvore a pó. – Gostou?

— Bom se essa poeira parecesse comigo... – Ele se levantou, parando ao lado da irmã.

— Tenho uma ideia. – Declarou a garota. A princesa começou a guiar o pó agora, movendo-o como um cardume pelo ar, devagar as formas iam aparecendo, mãos, olhos...

— Agora sim está linda! – Admitiu o irmão após ver a conclusão da obra, Nefertari havia feito uma estatua maciça com o que antes era uma poeira sem forma. Agora uma bela estatua dos dois irmãos.

— Obrigada. Eu sei que sou talentosa! – Ela apontou o chão. – Agora deite!

— Acabei de me levantar.

— Eu não quero folhas no meu cabelo! – Declarou.

— Tudo bem. – Ele obedeceu sorrindo. Logo que estava no chão a irmã também de deitou com a cabeça sobre a sua barriga.

— Você poderia cantar pra mim. – Sugeriu ela.

— Você já está meio abusiva. – Respondeu cutucando a bochecha da mesma. – Esse é outro dos seus talentos, não meu.

— Eu não quero cantar! – Respondeu baixo encarando a lua. – Não aqui.

— Então aonde quer fazer isso? – Perguntou Adamas.

— Em qualquer lugar, mas, não dentro desse lugar! – O tedio de era mutuo, ambos estavam cansados de não deixar o castelo, não interagiam com ninguém diferente desde que haviam criado noção de quem eram.

— Logo nós estaremos aptos a sair daqui. – Respondeu ele brincando com uma folha. – Estou ansioso para vermos arvores com outras cores. Ver o mundo!

— Vai precisar criar asas pra conseguir sair. – Lembrou ela. – Ou nossa mãe vai atrás de você.

— Preferível encarar uma do que as duas! – Ironizou. – Você vai poder cantar em todo lugar, vai seduzir nosso jantar, podemos até criar um castelo novo.

— Nós nem saímos de um e você quer outro? – Ela havia ficado indignada. – Pare de ser idiota e aproveite a falta de paredes!

— Tudo bem. – Ele se rendeu. – Quando estivermos fora daqui, paredes não mais estarão entre nós e o mundo!

— Melhor! – Finalizou ela.

Os irmãos poderiam ter permanecido ali por horas, mesmo em silencio total, não precisavam de muito além da companhia um do outro. Todas as noites eram apenas eles e suas mães, porém, ninguém nunca poderia ter a conexão que eles possuíam, só precisavam que o destino continuasse ao seu lado, entretanto, seus planos eram outros.

Um recipiente de vidro voou na direção dos irmãos, ambos conseguiram enxergar o objeto lançado em sua direção e rapidamente o garoto segurou o mesmo. Infelizmente para ele, os Belmont esperavam essa reação, logo a mão do jovem vampiro estava em carne viva ao tocar um recipiente coberto com água benta.
    Os irmãos encararam o trio agora entre eles e a entrada. “Como eles entraram no castelo”. – Algum geles pensou, mas, sem tempo para respostas. Ambos tiveram de se separar para fugir dos ataques precisos e velozes dos chicotes Belmont, eles sabiam que não dava para vencer um vampiro com velocidade humana, então compensavam isso com os movimentos serpenteantes dos chicotes sagrados com lâmina de prata na ponta.
    Nefertari estava se esquivando dos golpes de Andrew com muita graça, movimentos que poderiam vir de um ser felino, saltando entre as arvores, tentando de alguma maneira engana-lo para obter a vantagem.
   Vikta ataca Adamas enquanto observava o jovem vampiro tentar se aproximar em vão, não haviam falhas na performance de Vikta que estava controlando a situação para não deixar o vampiro usar as arvores como a irmã, Vikta se aproveitou do segundo em que Adamas encarou as arvores ao ouvir um estrondo. O caçador acertou-o com um golpe certeiro no tórax, gerando uma pequena explosão, lançando o jovem contra as cercas metálicas. Em seguida o caçador pulou sobre o vampiro, bloqueando seus braços com algemas magicas de prata, em seguida apontando uma estaca prateada apontando para o coração do mesmo.

— VIKTA! – Uma voz aguda chamou o caçador que virou-se segurando o jovem pelos cabelos, com a Adaga em seu pescoço. Saindo da pequena floresta vinha Nefertari com um rasgo em seu vestido, porém, trazia Andrew segurado pelo cabelo, sangue escorria do pescoço do caçador onde haviam duas marcas, indicando que a jovem havia conseguido morder o mesmo.

— Solte o meu irmão! – falou Vikta apertando a estaca contra o pescoço de Adamas.

— Estamos em um impasse! – Declarou a vampira. - Solte o meu e tem a minha palavra de que podem sair inteiros daqui!

— Você bebeu o sangue dele, você tem informações sobre nós! – Respondeu Vikta. – Não posso deixar você continuar viva.

— Uma pena que seu irmão vai ter que morrer então! – Respondeu ela apertando o pescoço de Andrew com as unhas. – Você escolhe.

— Não preciso. – O caçador sorriu antes de Nefertari conseguir bloquear a bola de fogo que foi disparada pela feiticeira. – Esqueceu que estávamos em três!

Com ajuda da Feiticeira Andrew Subjugou Nefertari, também preparando uma estaca prateada diante do peito da mesma.
    A feiticeira então se posicionou entre ambos os caçadores e iniciou um cântico, uma musica devagar, mas, extremamente perigosa. Ela estava conjurando uma magia que faria impossível trazer qualquer um deles de volta se fossem mortos por aquelas Estacas, tal como Edgar Belmont havia feito com o pai de ambos.

— NEF! – Adamas estava tentando em vão se soltar das algemas, queria desesperadamente correr até a irmã, contudo, lhe faltava força para vencer.

— Nem adianta, elas não vão soltar. – Vikta falou para Adamas. – Não que isso importe para vocês, mas, pelo menos vão pro inferno juntos!

— Vamos cortar o seu pescoço juntos! – Declarou o jovem.

— Se eu ganhasse uma moeda sempre que um vampiro me ameaça no leito de morte... – Ironizou o caçador.

— Obrigada. – Falou Nefertari para Andrew.

— Ahn? – O caçador não havia entendido. – Você é idiota?

— Não. Só queríamos tempo! – Respondeu a jovem vampira sorrindo ao encarar Vikta ser retirado do chão por Lilith que subia em direção a noite com o caçador.

— ACHAM QUE PODEM MACHUCAR MINHAS CRIANÇAS! – Falou ela subindo mais rápido, o caçador em vão tentou puxar seu chicote. Antes que pudesse perceber a vampira alada já o havia empalado em uma saliência do castelo, em seguida puxou a parte inferior de seu corpo, tripas e órgãos enfeitaram o céu antes da vampira lançar aquele meio homem ao chão.

A feiticeira conjurou seu feitiço o mais rápido que pode quando viu Lilith, Andrew ainda encarava o corpo do irmão a metros de distância, no céu um borrão descia em alta velocidade. Seu tempo estava acabando e teve certeza ao ver uma dúzia de criaturas da noite serem conjuradas perto de si.
    A Rainha Katrien estava ali também, com seus olhos totalmente negros, e veias saltadas em seu corpo, era sempre assim quando ela invocava as criaturas da noite para o combate.

— Está pronto! – Gritou a feiticeira para o caçador antes de começar a combater os monstros.

Andrew não pode matar Nefertari, ficou ocupado ao se esquivar dos ataques de feras enquanto brandia o chicote contra as mesmas.
Lilith desceu direto para Adamas, pronta para quebrar as algemas e sentindo o arder de agua benta ao tocar nas mesmas. A mulher então usou sua magia, um fogo verde saiu de sua pele como se fosse uma extensão de seus braços, laçando a algema para então rompe-las.
    Andrew não conseguiria retornar para terminar o serviço e dificilmente sairia vitorioso na situação que se encontrava, resolveu usar seu ultimo recurso. O caçador jogou para cima um vidro de água benta e acertou o mesmo com seu chicote, estilhaçando-o e espalhando o liquido pelo local, momentaneamente recebendo uma vantagem. Lilith havia aberto as asas para proteger o garoto, a garota estava fora da área de alcance da água benta, a Rainha aproveitara o tumulto e estava com o braço atravessado no peito da feiticeira. Sem opções restantes Andrew lançou a estaca na direção da jovem imobilizada e o próximo segundo, assombraria aquela família para sempre.
   Lilith correu até o caçador, quebrando seus braços com o impacto da sua chegada, Adamas correu para impedir a estaca de chegar ao alvo. Infelizmente não fora rápido o suficiente.

— NÃOO! – Gritou o moreno retirando a estaca do peito da irmã, a mais nova já cuspia sangue junto ao buraco em seu peito que jorrava sem se curar.

— Adam... – Nefertari não completou a frase devido ao sangue na garganta.

— Estamos aqui! – Falou ele vendo as mães se aproximarem, o garoto já estava chorando muito mais do que havia feito em toda a vida.

— Meu... Vestido. – Tentou falar.

— Eu sei... É seu favorito! Podemos consertar! – O garoto estava desesperado com irmã em seus braços. Sua mãe estava junto a ambos enquanto Lilith destruía todo e qualquer vestígio da presença Belmont ali antes de voar para o Castelo a fim de achar quem fosse que os colocara ali.

— Tem folhas? - perguntou.

 

— Algumas, mas, eu vou tirar! - Respondeu ele alisando seus cabelos, podia sentir os fios se soltarem da mesma.

— Cante... – Pediu ela, seus olhos vermelhos agora estavam perdendo a cor, no mesmo ritmo que sua pele começava a descascar.

— Nefi... – Ele fungou antes de tocar suas cabeças, ambos tinham lagrimas nos olhos. – Me desculpa.

— Não é sua culpa... – Ela tocou o rosto do irmão. – Eu te amo... Adeus.

Nefertari então se esvaiu das mãos de Adamas, se desfazendo pelo ar. EM vão o jovem tentava com as mãos nuas capturar as partículas da mesma no vazio, sobre as folhas vermelhas estava o vestido dela.
    Quinze anos, era a idade que ele tinha no dia que perdeu a irmã, no dia em que a Rainha perdeu sua filha e Lilith havia perdido uma parte de si. A família nunca mais estaria completa e eles também jamais esqueceriam do crime que a humanidade cometeu ao tira-la deles.
    Séculos passaram, guerras foram travadas, inúmeros humanos, monstros e imortais foram eliminados, mas nunca, nunca seria suficiente. Katrina, Lilian e Adam agora tinham novos nomes, novos lares e se escondiam em plena vista, diferentes de quem foram no passado, mas, com o mesmo objetivo de sempre. Vingança!


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Notas finais do capítulo

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