Um estranho no fundo dos olhos escrita por Yokichan


Capítulo 7
Capítulo VII




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Na sexta-feira, Marcos a deixa em casa depois do trabalho – ficam beijando-se no carro por quase meia hora, diante do prédio dela, as pessoas que passam pela calçada lançando olhares esquisitos na sua direção – e, no sábado, eles combinam de sair para jantar. Marcos quer levá-la a um lugar legal, a um restaurante apropriado, com direito a todo aquele romantismo clichê que as mulheres costumam adorar, mas detesta a ideia de parecer careta – Ana já havia achado graça de seus gostos antiquados – e inventa uma mentira que, do seu ponto de vista, é absolutamente inocente: diz a ela que ganhou um sorteio de aplicativo cujo prêmio é um jantar para dois em um restaurante chinês, com tudo pago, e a convida para acompanhá-lo.

Ana aceita, surpresa com o golpe de sorte.

Então, um pouco antes das sete, ele vai buscá-la. Ana usa um vestido preto de comprimento médio, levemente acinturado, que deixa a base do pescoço e boa parte do colo descobertos. A disposição de seus seios possui uma curva graciosa, valorizada pelo corte do vestido, e o rosto é emoldurado pelos cabelos que caem em ondas suaves sobre os ombros. Marcos deixa escapar um suspiro entrecortado enquanto aproxima o carro do meio-fio da calçada e pensa que ela está linda.

Ele a beija quando Ana entra no carro, o aroma delicado de seu perfume o envolve e então se vai, e sente-se aquecido pelo sorriso dela. Ana comenta que precisou vestir-se às pressas cinco minutos antes de sair do apartamento, caso contrário, sua roupa estaria repleta dos pelos amarelos de Boris. Ela diz que é incrível como parece que pelos de gato são especialmente atraídos por roupas pretas e Marcos ri, declarando com ironia que Boris deve ser um gato adorável.

Ao longo do trajeto até o restaurante chinês, eles conversam sobre coisas triviais que começam por comentários a respeito da notícia divulgada no portal online da cidade sobre o aumento do número de acidentes de trânsito no segundo semestre do ano, passando pelo assunto eleições – que Marcos logo descarta por não querer estragar a noite deles com aquela sujeira de corrupção – e terminando pela observação de Ana de que Marcos está elegante. Ele não acha que há qualquer coisa de especial na camisa de tom grafite, no jeans escuro e nos sapatos sociais de couro preto, mas gosta do elogio.

O restaurante possui aquele aspecto oriental refinado da maioria dos estabelecimentos do ramo e seu interior está iluminado por luzes baixas de tom amarelado que proporcionam conforto. Como ainda é cedo, não há muita gente, e uma recepcionista os conduz até sua mesa após verificar uma lista de nomes em uma prancheta. Marcos percebe que ela o reconhece, afinal, não foram poucas as vezes em que almoçou ali, fugindo da comida abominável do refeitório da empresa, e fica aliviado pelo fato de a garota não ter mencionado nada inconveniente. Contudo, seu alívio acaba se mostrando precoce quando ela sorri, apontando para uma mesa, e diz:

— Fiquem à vontade, por favor. – e dirigindo-se a Marcos: – Espero que a mesa reservada seja do seu agrado.

Ele assente, dispensando a recepcionista, e finge ignorar o cenho franzido de Ana. Embora nada tenha sido dito, ele sabe que ela está se perguntando por que teve a impressão de que a mesa tinha sido reservada e não simplesmente ganha em um sorteio. Mas parece considerar que existe pouca importância naquilo, já que não há mais qualquer sombra de dúvida em seu rosto quando ela se acomoda em seu lugar. Pendura a bolsa no encosto da cadeira e sorri ao ver que Marcos a observa. Então ele se permite relaxar também.

O jantar, servido na mesa por um garçom, consiste em uma entrada de edamame com óleo de gergelim e camarão empanado, macarrão salteado com carne e legumes como prato principal e uma porção de maçã caramelizada como sobremesa. Apesar de ser uma admiradora da comida japonesa, Ana confessa que nunca havia experimentado a chinesa e, até então, nunca tinha se sentido muito curiosa a respeito. Agora, porém, afirma ter sido conquistada pela culinária chinesa até o último fio de cabelo.

Ela mastiga o último pedaço de maçã caramelizada com uma copiosa expressão de deleite e Marcos acha graça de seu entusiasmo.

— Como é que eu não te encontrei antes? – ele pergunta, o sorriso ainda no rosto.

Ana apenas balança a cabeça numa negativa, também não faz ideia, e bebe um gole de sua água saborizada. Seu rosto está levemente corado.

— Tu sempre morou aqui?

— Sempre. – ela sorri. – Durante esses longos vinte e seis anos.

— E tua família?

— Uhun.

— Como assim uhun? – Marcos ri. – Me fala sobre eles.

— Céus... – ela sorri e suspira, derrotada. – Duas irmãs mais novas, uma dentista e a outra professora de matemática. Um cunhado gente boa. Alguns tios e tias, muitos primos irritantes. Um gato chamado Boris. Um pai, funcionário público aposentado, e uma mãe professora de magistério, ainda não aposentada, mas quase.

Atento a cada linha de expressão de seu rosto, Marcos percebe uma ponta de mágoa perpassando seu semblante quando Ana menciona os pais. Tem vontade de ir mais fundo naquilo, penetrar naquela nódoa de sua história, mas então se dá conta de que Ana ainda rumina o assunto e aguarda em silêncio até que ela esteja pronta para prosseguir.

— Meus pais se separaram há alguns meses. – com um olhar perdido, ela encara o guardanapo sobre a mesa, dobrado várias vezes feito um origami. – Na verdade, minha mãe descobriu que ele tinha outra família e que a traiu durante anos, e então o casamento acabou.

— Eu sinto muito.

— Eu me pergunto como ele pôde mentir por tanto tempo.

Marcos sente que não há nada que ele possa dizer. O ressentimento apaga qualquer resquício de alegria do rosto de Ana e endurece seu olhar. Seus lábios se crispam numa expressão de pesar enquanto ela luta consigo para afastar uma lembrança ou um pensamento. Observando sua angústia, Marcos arrepende-se de ter tocado no assunto de forma tão leviana.

— Por isso eu detesto gente que mente. – ela continua. – Detesto gente que engana, que finge ser algo que não é, que brinca com os sentimentos dos outros. Detesto gente que leva uma vida dupla, como o meu pai.

Marcos torna-se gelado como se lhe tivessem arrancado a alma do corpo. Então o coração dá um salto nervoso que faz doer o peito e ele tem a impressão de que a verdade é uma sensação sufocante. É como se Ana tivesse acabado de dizer que o detesta, que o odeia com todas as forças, que ele é o tipo de ser humano mais asqueroso que já existiu. Naquele instante, há duas vozes batalhando dentro dele – uma que o condena por ter mentido para Ana em mais de uma ocasião e outra que o perdoa por ser apenas um homem apaixonado que faz tudo errado.

Marcos repara no brilho molhado tremulando nos olhos dela e promete a si mesmo que nunca mais contará qualquer mentira àquela mulher, que nunca mais a envolverá nas suas artimanhas estúpidas, que nunca mais vestirá uma máscara para estar junto dela. Decide que, do contrário, jamais será digno de amá-la.

— Tu está certa.

— O quê? – ela murmura, erguendo os olhos para ele e parecendo vê-lo ali pela primeira vez.

— Ninguém deveria fazer esse tipo de coisa com quem ama.

***

Ao deixarem o restaurante, a tensão já havia se dissipado como a última nuvem escura de uma tempestade que é soprada para longe por uma brisa nova e raiada de sol. Sentado ao volante, Marcos detém a mão sobre a chave já metida na ignição e pergunta, antes que a coragem esmoreça, se Ana gostaria de ir para o apartamento dele. O olhar que eles trocam nesse momento vacila, carregado de receio e desejo, de uma excitação que arde sob a pele.

Ele está a ponto de desculpar-se pela ideia quando ela diz que sim.

***

Eles já estão aos beijos quando as portas do elevador se fecham. No tempo que leva para subir da garagem até o quinto andar, Marcos pressiona o corpo dela com o seu contra uma das paredes metálicas e a escuta arquejar num sussurro, o que parece fazer com que uma onda de eletricidade percorra sua coluna até perder-se na nuca. Ana tem os braços ao redor de seu pescoço e, no meio de um beijo, morde de leve seu lábio inferior.

Marcos leva algum tempo atrapalhando-se com as chaves diante da porta do apartamento e Ana sorri, achando graça da situação. Quando, enfim, consegue entrar, ele pega-a pela mão e, em meio à escuridão silenciosa em que repousam os móveis, a conduz até o quarto. As persianas da janela estão erguidas e da rua vem a claridade tênue dos postes de luz, suficiente apenas para permiti-los distinguir a posição das coisas ao seu redor. Quando, contudo, seus olhos se acostumam às sombras, é como se a própria noite tivesse se tornado mais luminosa.

Ana vira-se de costas para Marcos e pede baixinho, como se alguém pudesse ouvi-los, para que ele abra seu vestido. O som abafado do zíper sendo aberto é como um segredo sendo sussurrado no escuro. Então ela vira-se outra vez para ele, o vestido embolado ao redor dos tornozelos e sendo empurrado para longe, e Marcos contempla a brancura de sua pele em contraste com as peças íntimas de tecido preto. E pensa que Ana é tão perfeita em sua palidez delicada que ele só tem vontade de beijá-la.

Ela abre os botões de sua camisa enquanto ele desafivela o cinto e vai livrando-se da roupa.

E no instante em que se deita sobre ela, Marcos tem tanta necessidade daquela mulher – de seu cheiro, do calor de sua pele, de tudo o que há de belo, mas também de nebuloso em seu ser – que deseja consumi-la por inteiro. Então ele a penetra e Ana o recebe com um gemido que mal se ouve. Ela é quente e úmida, doce quando o acaricia, lânguida quando respira contra o lóbulo de sua orelha, contra a pele de seu pescoço. Ele beija seus ombros, os bicos de seus seios, e a ama ainda mais sem saber que isso é possível.

O resto do mundo desaparece enquanto eles fazem amor.

***

Marcos desperta no momento em que os primeiros raios de sol invadem o quarto. A parede oposta à da cabeceira da cama adquire um tom dourado ao ser tocada pela luz e o ar ainda fresco e úmido da manhã entra pela janela sobre sua cabeça como um sopro suave. Ele sente o cheiro verde da mata que, ao longe, contorna o perímetro da cidade. Então vira o rosto para olhá-la, a mulher adormecida sobre seu braço esquerdo, a cabeça repousando em seu ombro, e teme acordá-la porque agora seu coração está batendo mais depressa. Ana está abraçada ao seu torso, os cabelos castanhos esparramados às costas dela e seus corpos, nus por baixo da coberta, compartilhando o mesmo calor.

Ele não se lembra de ter estado mais feliz em outra ocasião.

Desliza as pontas dos dedos sobre o contorno do quadril de Ana e inspira o perfume dos cabelos dela. Ela se mexe com um gemido baixinho e sonolento, um joelho deslizando por entre os de Marcos, e ele sente a pressão delicada dos seios dela junto ao seu corpo. Antes que possa fazer qualquer coisa a respeito, tem uma ereção e a impressão de que o quarto se torna quente. Ana parece perceber o que se passa, pois ergue o olhar na sua direção, uma curva de sorriso despertando no rosto, e sussurra um “bom dia”.

Marcos a beija e eles ficam juntos outra vez.

***

Depois de prometer a Ana que fará o melhor café da vida dela quando sair do banho, Marcos afasta-se em direção ao banheiro. Ana permanece na cama, enrolada à coberta que agora tem o cheiro deles, e só então repara melhor no lugar em que Marcos vive. Todos os móveis possuem um ar simples e sóbrio, mas percebe-se que são peças de qualidade e bom gosto. Sobre a mesinha de cabeceira, apenas um abajur e os objetos pessoais de Marcos – carteira, relógio e celular. Na outra extremidade do quarto, onde encontram-se um guarda-roupas e uma cômoda, uma poltrona de estofado claro parece deslocada e solitária. Não há cortinas nas janelas ou qualquer decoração sobre as paredes.

O som da água caindo do chuveiro preenche o apartamento quando Ana levanta-se e veste a calcinha abandonada aos pés da cama e a camisa que Marcos havia usado na noite passada. Observa a bagunça de roupas largadas pelo chão do quarto e reprime um sorriso, lembrando-se do que eles tinham feito, enquanto tenta organizar as coisas. Estende seu vestido sobre a cama, o sutiã sobre ele, e pega as calças jeans de Marcos com a intenção de deixá-las sobre a poltrona. Porém, nota que coisas caem dos bolsos e apressa-se a juntar tudo: moedas soltas, um preservativo – o rubor se espalha rapidamente por seu rosto – e um pedaço de papel meio amassado.

Ana não quer bisbilhotar o que não é seu, mas não pode evitar e acaba percebendo que o papel se trata de um comprovante de pagamento de um jantar que custou caro. De um jantar em um restaurante chinês – o mesmo ao qual eles tinham ido e, inclusive, na mesma data. Ela então se lembra da impressão que teve quando a recepcionista falou sobre a mesa, como se ela tivesse sido reservada, como se tudo tivesse sido acertado antecipadamente, e sente que algo ali está muito errado. Ainda encarando o comprovante, Ana se dá conta de que Marcos mentiu.

E se pergunta, as lágrimas toldando sua visão, que outras mentiras ele lhe contou.

***

Marcos não a encontra quando sai do banho, nem no quarto, nem nos demais cômodos do apartamento. Encontra, porém, o comprovante do pagamento da reserva largado sobre a cama. Desolado, ele se deixa cair na poltrona e afunda as mãos nos cabelos ainda úmidos, imaginando como Ana havia descoberto o maldito comprovante. Ele tinha deixado aquilo na carteira? Em um bolso? Com pôde ser tão descuidado? De todo modo, ele pensa que agora como aconteceu não importa mais, apenas o fato de que Ana sabe que ele mentiu e que o odeia de todo o coração.

Ele imagina o que ela deve estar pensando – que foi enganada por um cara que provavelmente só queria levá-la para a cama, que ele a iludiu com jogos baratos de manipulação enquanto se divertia com a sua ingenuidade, que tudo não passou de mentira e fingimento, de uma brincadeira sádica, e que ela desempenhou perfeitamente o papel de tola ao longo daquela farsa – e aperta os olhos com as palmas das mãos sentindo raiva de si mesmo. Ao fim de todo o seu esforço para conquistar o afeto de Ana, só tinha conseguido magoá-la da pior forma possível e arruinar qualquer chance que eles pudessem ter de ficarem juntos.

Embora tivesse decidido nunca mais contar outra mentira a ela e deixar todos os seus erros no passado, é como se eles se recusassem a ficar para trás, abandonados em um esquecimento cheio de culpa, como se aquele arrependimento silencioso não fosse o suficiente. Mas então Marcos se ergue da poltrona, tomado por uma angústia exasperada que o faz sentir-se, ao mesmo tempo, repugnante e injustiçado, e diz a si mesmo que aquelas coisas não são verdade. Ele não se aproveitou da confiança de Ana para fazer-lhe mal, não brincou com seus sentimentos, jamais teve a intenção de levá-la para a cama e então descartá-la, e muito menos fingiu apaixonar-se por ela – porque realmente a ama e talvez a tenha amado desde a primeira vez em que a viu.

Enquanto veste-se apressadamente, Marcos tem a consciência de que, apesar de seus métodos infames e condenáveis, tudo o que sente por Ana é verdadeiro. Ela precisa compreender isso, precisa entender que ele a ama – um idiota que achou preferível contar mentiras ainda mais idiotas a uma mulher ao invés de simplesmente admitir como se sentia. Ana precisa saber.

***

A determinação de Marcos dura enquanto ele dirige até o prédio dela, enquanto toca o interfone de todos os apartamentos até que alguém libere a porta de entrada, enquanto sobe as escadas até o terceiro andar, dois degraus a cada passo, ensaiando mentalmente o que deve dizer – “por favor, me perdoa por ter sido um cretino e mentido pra ti, mas foram bobagens e aquilo não importa, porque eu te amo e isso nunca foi uma mentira” –, enquanto tenta imaginar qual é o apartamento dela pela posição da janela que ele vê do lado de fora e decide bater à porta do 304, enquanto espera no corredor silencioso porque é domingo e ainda é cedo, enquanto engole nervosamente a ansiedade e o medo de que o que se quebrou não possa mais ser consertado. Mas quando a porta finalmente se abre e Ana aparece do outro lado, o vestido da noite passada ainda no corpo e os olhos molhados, a expressão de choro nublando seu semblante, Marcos sente-se desmoronar.

O sofrimento dela é um arrependimento pesado demais.

Ana pisca, sem entender o que está acontecendo ali, e seu rosto vai gradativamente ganhando ares de indignação e uma raiva que acaba por suplantar o pranto magoado. Ela o teria deixado outra vez sozinho no corredor, ruminando a própria culpa, se ele não tivesse detido a porta com uma mão firme.

— O que está fazendo? Vá embora!

— Ana, por favor... me deixa explicar.

— Explicar o quê?! Que tu mentiu pra mim, mesmo sabendo que é a única coisa que eu não perdoaria? E como tu sabia que eu moro nesse apartamento? Que outras coisas tu está escondendo de mim? Que outras mentiras tu me contou?

— Eu sinto muito, eu fiz tudo errado, eu sei! Mas foram bobagens, não muda o que...

Bobagens?!— ela o corta, uma lágrima rolando do canto do olho. – Eu nem sei mais se a pessoa com quem eu andei saindo é real e tu chama isso de bobagem?

— Claro que é real! Ana, por favor...

— Todos aqueles encontros repentinos que pareciam ser sempre por acaso... – a voz começa a sair embargada, e Ana solta uma risada em que há apenas sofrimento. – Então tu aparece na feira, e eu tenho certeza de que nunca tinha te visto lá antes. E o jantar... não existiu nenhum sorteio, não é mesmo? E todas as vezes em que a gente se viu... eu me sinto suja e estúpida como se tivesse sido vigiada esse tempo todo!

Ana soluça e tenta fechar a porta outra vez, mas Marcos a impede. Cada palavra dela e cada tremor em sua voz que tenta se manter firme é um golpe profundo que vai empurrando Marcos para um desespero escuro e sem fundo. Ele sabe que merece toda a sua raiva e decepção – se ela o esbofetear ou se começar a pegar os objetos do interior do apartamento para parti-los em sua cabeça, ele achará justo –, mas ainda se agarra à esperança ínfima de que Ana o perdoe.

— Não! Eu não te vigiei... eu apenas... queria saber mais sobre ti. Eu queria estar perto, só isso...

— Ah, meu Deus! – ela desiste de tentar empurrar a porta e leva as mãos à cabeça. – O que foi que tu fez? E por quê?! Isso foi algum tipo de aposta? Tu só queria um troféu pela conquista? Algo do tipo “vamos ver se tu consegue dormir com ela em menos de um mês”...

— O que tu está dizendo?! Não foi assim!

— Não foi? Porque eu não sei! Eu não sei quem tu é, eu...

Ana cobre o rosto com as mãos e começa a chorar, um choro ofendido de ódio e desprezo, mas também profundamente ressentido, seus ombros sacudindo enquanto ela pede, aos soluços, que ele vá embora. Atordoado, Marcos recua um passo, sem saber como reagir. Suas mãos tremem e ele sente-se a mais abjeta das criaturas por fazer sofrer a mulher a quem ama. O olhar que ela lhe lança quando descobre o rosto o destrói, porque Marcos tem a certeza de que a machucou e ofendeu em um nível que não suporta perdão.

Ana diz que nunca mais quer vê-lo e então bate a porta.


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