Depois do fim escrita por Leehsserrano


Capítulo 73
Sokóvia


Notas iniciais do capítulo

Antes de começar esse capitulo, eu gostaria de aconselhar vocês a prepararem uma pipoca bem gostosa e pegarem lenços, porque o capitulo de hoje será emocionante.



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Cerca de duas horas depois de terem decolado de Vilnius, na Lituânia, o piloto anúncia através do alto falante sobre o início dos procedimentos para o pouso.

O dia parecia estar quente, fazia sol e não haviam muitas nuvens no céu, o que favoreceu para o vôo ser calmo e sem turbulência.

Sentado no assento da janela, Visão não tirava os olhos dela, atento à capital, Novi Grad, que ia ficando cada vez maior à medida que o avião perdia altitude.

 

Para ele, era estranho estar de volta em Sokóvia depois do que houve lá envolvendo Ultron tantos anos antes.

Aquele era o lugar onde Wanda havia nascido e de onde vinham as histórias que ela contava sobre sua infância e adolescência.


—Está tudo bem com você, Visão? - Tony pergunta ao notar o nervosismo dele, evidenciado, sobretudo, pelas pernas compridas dele, que mesmo expremidas entre os assentos, não paravam de mexer

—Estou sim, só é um pouco estranho para mim estar aqui, ainda mais sem a Wanda - Visão responde, desviando sua atenção da janela para olhar para olhar para Tony

—Depois de Ultron, ela nunca mais veio? - Tony pergunta

—Não. Ela nunca demonstrou vontade de vir, nem mesmo quando soube que Novi Grad havia sido reconstruída. Eu acho que, no fundo, a Wanda não tem coragem de vir e visitar a sepultura do Pietro. Eu nem sei se ela chegou a ver o corpo do porque, na época, quem cuidou dele e do enterro foram o Clint e o Capitão Rogers. A Wanda estava muito abalada, em estado de choque quando eu a salvei da cidade em queda livre, tanto que ela precisou ser sedada e ficou apagada por dois dias. Nesse meio tempo, eu e a senhorita Romanoff ficamos com ela na aeronave da S.H.I.E.L.D. Eu só saí de perto para destruir o último Ultron e vingar o Pietro por ela. Nunca mais voltei depois disso, nem mesmo quando namoravámos, porque eu não queria ser desrespeitoso com a dor dela. Eu sentia que se vinhesse sem ela, estaria traindo-a. E a outra razão é que o nosso tempo era muito curto e eu queria aproveitar cada segundo dele para ficar com ela

—Enquanto isso, eu estava com o Thor  e o Rhodes à procura do Bruce, que havia sumido, por isso não fazia idéia disso, mas nem posso mensurar o quanto a Wanda sofreu, ainda mais por culpa minha

—O senhor não tem culpa, eu já disse isso. Nem ela mesma te culpa mais

—Mesmo assim. Espero que, algum dia, ela consiga superar totalmente e, quem sabe, numa próxima, vocês dois venham com o Tommy e o Billy


Ao ouvir os nomes dos filhos, Visão sente seu coração palpitar e sorri, um pouco triste. O que ele mais desejava naquele momento era poder pegá-los em seus braços outra vez e nunca mais soltá-los. Ele sentia tanta falta de seus dois pequenos principes.


—Sim, seria ótimo. Eu quis vir porque sinto que, depois de tudo, eu devo isso aos pais da Wanda e ao Pietro, sabe? Quero que, de onde quer que eles estejam, saibam que a Wanda está bem, quero que eles saibam que eu estou cuidando dela, do Tommy e do Billy

—Sendo pai de menina, eu acho que o que você está fazendo é o mínimo. É uma questão de respeito, afinal você se casou com a filha e irmã deles e a engravidou. À propósito, mira boa a sua, hein? Em uma única pimbada, fez dois filhos de uma só vez na bruxinha. O Bruce e a Doutora Cho fizeram um excelente trabalho com você - Tony brinca e Visão ruboriza com o comentário dele

—Primeiro, entre um casal, quem faz acontecer é a mulher. No nosso caso, a Wanda tem uma pré disposição genética para ter gestações múltiplas. Segundo, fale mais baixo porque nós estamos em um avião e tem pessoas ao redor que podem entender inglês e saber sobre o quê estamos falando - Visão chama a atenção e Tony ri

—Perdão pelo meu infeliz comentário. Você sabe que eu sou assim e levo a vida na brincadeira, não sabe?

—Sei sim, e não tem problema, está tudo bem

—Bom, eu vou ficar quieto e deixar você admirar a paisagem que eu sei que você quer - Tony fala, cruzando os braços e ficando quieto em seu assento


Visão ri e volta a olhar para a janela.

Eles estavam sobrevoando tão baixo que podiam ver carros e pessoas nas ruas próximas ao aeroporto.

A pista do aeroporto então surge na janela e em poucos segundos, os trens de pouso a tocam, fazendo a aeronave balançar e tremer um pouco até se estabilizar e começar a perder velocidade.


Assim que desacelera, a aeronave começa a taxiar para fora da pista, em direção ao terminal do aeroporto.

******

Quando a avião para por completo, os passageiros mais afoitos começam a se levantar de seus assentos e ficam em pé no corredor, esperando pela abertura das portas para que pudessem sair.


—A vantagem de se andar de jatinho particular é que isso não acontece - Tony comenta com Visão, falando baixo

—O quê? Pessoas com pressa para sair?

—Sim

—Eu nem ligo muito, só fico sentado e espero o pessoal sair para me levantar

—Pois vou fazer o mesmo, não estou afim de ser empurrado - Tony brinca e Visão ri


Alguns minutos se passam e, quando a metade dos passageiros já haviam saído, Tony e Visão se levantam de seus assentos, pegando suas malas pequenas que estavam no compartimento de malas, que ficava acima dos assentos, e andam até a porta, saindo do avião em seguida.


Depois de passarem pelos agentes da imigração e serem liberados para seguir, Tony e Visão andam para fora do aeroporto puxando suas malas.

******

O caminho até o simples hotel onde eles ficariam instalados pelas horas que ficariam em Sokóvia foi feito em um táxi.

O carro era antigo. Modelo soviético talvez, o que mais tarde Tony e Visão perceberam ser muito comuns de estarem rodando pelas ruas de Novi Grad.


Os olhos de Visão não desgrudavam da paisagem que passava pela janela do carro.

Como ele se lembrava, Sokóvia era cercada por montanhas, cujos cumes estavam cobertos pelas nuvens mais baixas.

Como muitas cidades europeias, Novi Grad era cercada por uma muralha de pedra antiga, que curiosamente não havia sido destruída durante a queda da cidade por Ultron.

Havia também um rio que corria pelo lado de fora das muralhas e ao fundo, no alto de uma montanha próxima à cidade, podia-se ver a antiga base da H.Y.D.R.A no país, lugar onde Wanda e Pietro passaram pelo experimento com o cetro de Loki e ganharam suas habilidades.

 


 Nem parecia que a cidade de Novi Grad havia sido palco do plano de Ultron. A gigante cratera que havia se formado quando a cidade foi erguida nos ares não existia mais. Tudo o que havia restado como lembrança eram alguns pedaços de rocha deixados propositalmente e demarcações no chão, que delimitavam o perímetro onde antes havia sido a cratera.

Prédios novos haviam sido erguidos e ruas novas pavimentadas. Toda essa reconstrução representava a força e perseverança do povo sokoviano, que, mesmo depois de anos de ocupação soviética, uma guerra civil e uma quase que completa destruíção, não haviam desistido.


Visão estava encantado. Sokóvia era muito bonita, muito mais do que ele tinha memória, talvez fosse pelo fato de que, na primeira e única vez que ele estivera ali, metade de Novi Grad era um pedaço de rocha flutuante.

Sentado no assento do passageiro, Tony conversava com o motorista, que surpreendentemente entendia inglês, sobre a reconstrução do país e contava ao homem que a esposa de Visão, se referindo à Wanda, era natural de Sokóvia, mas que a algum tempo vivia nos Estados Unidos e lá havia ficado com os filhos pequenos, o que não era de todo uma mentira e que Visão apenas ouvia calado.


—Visão, ele disse que nós vamos passar em frente ao monumento que construíram em homenagem à reconstrução da cidade - Tony fala, virando a cabeça para trás para olhar para Visão, que estava sentado na janela esquerda atrás do motorista do táxi

—Ok - Visão responde, desviando sua atenção da paisagem pela primeira vez desde que eles haviam entrado no carro para olhar para ele

Tony se vira para a frente e volta a conversar com o motorista, um senhor idoso, que devia ter uns 70 anos, mais ou menos, enquanto que Visão volta a olhar pela janela.


Alguns minutos depois, o motorista para em frente à uma praça, que ficava no centro da capital Novi Grad e onde antes ficava a antiga igreja. Lá estava o tal monumento.

Esculpido em pedra maciça, o monumento representava uma família de quatro e abaixo havia uma águia, animal nacional que estava presente inclusive na bandeira de Sokóvia.

Na base do momumento, havia ainda uma frase escrita em sokoviano, que, segundo o motorista, dizia "União, Liberdade e Paz", o lema do país.


Eles ficam alguns minutos admirando o monumento, que era lindo por sinal, e em seguida continuam seu caminho.

*****

Ao chegarem no hotel, Tony paga o motorista e dá ao homem uma gorjeta generosa em dólares, imaginando que a vida era díficil, já que Sokóvia sempre havia sido um país pobre em recursos naturais, sem saída para o mar e sem muito o que oferecer, que ainda estava se reerguendo depois de ter sido pacialmente destruído e de ter saído de uma guerra cívil, que havia durado décadas.

Visão também dá uma boa gorjeta em doláres ao senhor, que até ficou emocionado com a bondade dos dois.


Em seguida, eles pegam suas malas, que haviam sido colocadas no porta-malas do carro, se despedem do homem antes de entrarem no hotel.

Na recepção, eles são atendidos por uma senhora de meia idade que, muito simpática, entendia muito pouco o inglês, mas para resolver o problema, Visão usava um aplicativo de tradução instalado em seu celular.

A senhora vez ou outra olhava para as alianças de Tony e de Visão com uma cara de estranhamento. Eles não sabiam de fato o porquê, mas tinham uma suspeita.


Assim que pegam a chave do quarto, eles agradecem à mulher e andam para fora da recepção.


—Você percebeu o mesmo que eu? - Tony pergunta, falando baixo, assim que eles chegam ao corredor onde ficavam os quartos, que era próximo à recepção, afinal o hotel era pequeno, talvez pelo fato de Sokóvia não ser um país turístico

—Sim e acredite, eu gostaria de não ter percebido. Acho que ela pensa que nós dois somos um casal homoafetivo pelo fato de termos pedido apenas um quarto e usarmos alianças - Visão responde


Eles haviam reservado apenas um quarto porque, na verdade, eles não passariam a noite em Sokóvia. O vôo deles para Londres saíria às duas horas da madrugada e de lá partiriam para Washington D.C. Por isso, eles haviam reservado apenas um quarto para não terem que ficar andando de um lado para o outro com malas e terem onde tomar um banho.


—Nada contra você, Visão, mas minha preferência é por mulher, mas não qualquer uma. Eu amo a Pepper e estou muito feliz com ela  - Tony fala

—Eu sei. Também me identifico como héterosexual e estou muito feliz com a Wanda. Eu a amo mais do que tudo e não pretendo me separar dela

—Fico feliz em saber que estamos no mesmo barco - Tony brinca e Visão ri novamente

******

O quarto era simples. Haviam duas camas de solteiro, uma cômoda e um criado-mudo entre as camas e que tinha um telefone de fio encima.

Claro que, sendo bilionário, Tony não estava adaptado à essa simplicidade, mas nada mais era necessário, afinal eles apenas usariam o quarto para tomar banho e para terem onde deixar as malas.


Depois de descansarem um pouco da viagem, eles tomam um banho e, dentro do banheiro mesmo, trocam de roupa.

Primeiro, entra Tony. Ele toma banho rápido e após alguns minutos, sai do banheiro vestindo uma camiseta preta de estampa lisa e por cima, vestia uma jaqueta estilo esportiva também preta. Além disso, Tony usava uma calça jeans escura e calçava um par de tênis esportivos preto da nike.

Visão entra no banheiro assim que Tony sai e depois de alguns minutos sai já tendo tomado um banho e vestia uma camisa branca de botões, que estava posta por dentro da calça jeans que ele usava, e nos pés, Visão calçava o mesmo par de sapatos que ele vinha calçando nos últimos dias.


Já prontos, Tony e Visão guardam os passaportes em suas malas para não correrem o risco de perdê-los, pegam também suas carteiras, celulares e as chaves do quarto e saem do quarto em seguida.

*****

Westview, New Jersey, Estados Unidos da América

O sol brilhava forte do lado de fora e fazia bastante calor. Se podia escutar as risadas e vozes das crianças da vizinhança, provávelmente brincando na rua ou nos quintais das casas ao lado.

Deitada no meio da enorme cama de casal, que parecia muito maior e fria sem Visão, estava Wanda.

Ela já estava acordada, mas estava de olhos fechados, aproveitando que Tommy e Billy ainda não haviam acordado para descansar um pouco.

No entanto, ela sente algo subir em seu peito e escuta o barulhinho fofo de fungadinhas, além de sentir umas coisinhas geladas tocarem seu queixo e suas bochechas, que a faz abrir os olhos e ao olhar para baixo, se depara com os peludinhos sobre seu peito, a farejando.

—Bom dia, bolinhas - ela fala baixo. Sua voz estava um pouco rouca e ela sorria de felicidade por ver seus dois bebês peludos enquanto acaricia as cabecinhas deles


Faísca fecha os olhinhos ao sentir o carinho de Wanda enquanto Nahla lambe o queixo dela.


—Que carinho mais gostoso logo pela manhã - Wanda sussurra para não acordar Tommy e Billy, que dormiam em seus berços portáteis, ou moisés, que estavam logo ao lado da cama


Desde que Visão havia partido para a missão, os bebês estavam dormindo no quarto deles para facilitar nas hora das mamadas da madrugada, igual ela e Visão faziam quando os gêmeos eram recém nascidos.

Já Nahla e Faísca haviam dormido na cama com Wanda, como em muitas noites nas quais eles dormiam junto à ela e à Visão, o que Wanda gostava pois assim não se sentia tão sozinha naquela cama enorme.


—Sei nem que horas são - ela fala à si mesma e estica o braço em direção ao criado-mudo, para alcançar seu celular. Ao tocar no aparelho, Wanda o pega e aperta no botão home pra acender a tela e ver a hora - 7:01. O que foi que vocês dois acordaram tão cedo? - ela pergunta, bloqueando seu celular e o largando em cima da cama para dar atenção aos peludinhos, que olhavam para ela


Como resposta para a pergunta de Wanda, Faísca choraminga.

—Estão com fome?

Dessa vez, Faísca fica quieto e sai de cima de Wanda.

Sob o olhar atento dela, Faísca anda até o travesseiro de Visão e o fareja, querendo mostrar à Wanda que sentia a falta de Visão.

Vê-lo agir assim faz o coração de Wanda errar uma batida e seus olhos se enchem de lágrimas. Era óbvio que até mesmo os peludinhos se viam afetados pela ausência de Visão.


—Eu também sinto muito a falta do Vizh, mas logo ele estará de volta. Ele me disse ontem que viajaria hoje para Washington e que estará amanhã em Nova Iorque. Assim que conseguirem prender os terroristas, ele vem para casa. Nós só temos que aguardar um pouquinho - Wanda fala, acariciando a cabecinha de Nahla, que estava junto dela, enquanto olhava para Faísca, que farejava o travesseiro de Visão


Faísca então volta a se aproximar de Wanda e se aconchega junto dela e de Nahla. Wanda sorri e acaricia a cabecinha dele, assim como acaricia a de Nahla.


Wanda fica aconchegada com os peludinhos por algum tempo, dando carinho e atenção à eles, até que Billy e Tommy começam a resmungar.


—O Tommy e o Billy acordaram para se juntarem à nós, uhuuu - Wanda fala, animada e sorridente. Tudo o que ela menos queria era que o clima dentro de casa fosse pesado enquanto Visão estivesse fora. Queria levar tudo do jeito mais saudável e alegre possível pelo bem dos bebês e também pelo bem de Nahla e de Faísca, que já se viam afetados por tudo o que estava acontecendo - eu já volto, ok? Fiquem aqui - ela beija as cabecinhas deles e se levanta


Wanda anda até os berços e sorri ao ver os dois pares de olhinhos que ela tanto amava olhando para ela.


—Booom diaaaa - ela fala baixinho, mas de um jeito animado, debruçando sobre os berços e sorrindo, o que faz os gêmeos sorrirem também - que sorrisos mais lindos. O dia da mamãe já ficou mil vezes mais feliz, sabiam? - ela fala, acariciando as bochechinhas deles.

Tommy resmunga, como se quisesse responder, e sorri, enquanto que Billy mexia as perninhas e os bracinhos e  também sorria, fazendo Wanda se derreter com toda aquela fofura, mas ao mesmo tempo ficar triste por Visão estar perdendo o momento.

—Quem quer vir com a mamãe? - Wanda pergunta e os gêmeos sorriem para ela. Wanda sorri e então pega Tommy e logo em seguida pega Billy


Ela anda até a cama com os bebês nos braços e se senta, com as costas encostas na cabeceira da mesma, e coloca os gêmeos sentadinhos em suas pernas, com as costas apoiadas em seu peito, visto que eles ainda não se sustentavam sentados sem ajuda.

Faísca e Nahla se aproximam deles e começam a farejar Tommy e Billy, sob os olhares atentos de Wanda, claro.


—Estão sentindo o cheirinho dos seus irmãozinhos? - Wanda pergunta aos dois e Faísca late baixo, em resposta, fazendo ela rir


Faísca então encosta a cabecinha nas pernas de Wanda para ficar entre os gêmeos e assim ganhar carinho deles.

Enciúmada, Nahla se aproxima e se encaixa em um espacinho ao lado de Faísca, encostando a cabecinha nas perninhas de Tommy.

—O Faísca e a Nahla querem carinho  - Wanda fala usando uma voz fina e baixa, pegando nas mãozinhas de Billy e de Tommy, e as coloca sobre as cabecinhas de Nahla e de Faísca

Os gêmeos então começam a tatear Faísca e Nahla, explorando a textura macia dos pêlos deles. Os peludinhos ficam quietinhos fecham os olhinhos, apreciando o carinho.


—Bom dia, irmãozinhos humanos - ela fala com uma voz fina e olha para os gêmeos, que olhavam atentamente para Faísca e para Nahla enquanto os "acariciavam"


Era em momentos como esse em que Wanda mais sentia a falta de Visão.

Wanda queria encostar a cabeça no peitoral nú de Visão e ouvir as batidas aceleradas do coração dele depois de terem feito amor.

Queria adormecer nos braços Visão todas as noites, com braços dele a segurando.

Ela queria sentir o calor e o cheiro do corpo de Visão, e sentir como os dedos compridos dele enrroscavam em seus cabelos, lhe proporcionando um cafuné gostoso que só ele sabia fazer.


Quando Visão retornasse, a primeira coisa que Wanda faria seria pular nos braços dele, enchê-lo de beijos e diria que ele era o grande amor de sua vida e do quanto havia sentido a falta dele.

*****

Novi Grad, Sokóvia

Depois de almoçarem num pequeno restaurante que ficava próximo ao hotel e que era frequentado pelos locais, Tony e Visão se dirigem para o cemitério, que não era longe de onde eles estavam, então dava para irem a pé.


—Você sabe onde fica esse cemitério, Visão ? - Tony pergunta enquanto eles andavam

—Eu não, mas o google maps sabe - Visão responde, erguendo seu celular, que estava conectado ao aplicativo do maps

—Mas como você sabe que é nesse cemitério para onde estamos indo em que o garoto está?

—Porque foi nesse lugar que todas as pessoas que morreram no dia em que Novi Grad caiu estão. É um cemitério que construíram na parte que sobrou da cidade na época e é um memorial para as vítimas. Na época dos fatos, quando o Clint e o Capitão Rogers estavam preparando o sepultamento, eu ouvi eles dizerem que o Pietro seria levado para lá. Como te disse, eu não sei muito sobre porque fiquei com a Wanda. Eu não sabia o nome do cemitério, mas procurei na internet.

—Entendi



Após alguns minutos de caminhada, eles chegam no portão do cemitério, que estava aberto, mas antes de entrarem, Visão vai até a barraca de uma senhorinha que vendia flores na entrada do cemitério, do lado de fora do portão, e compra um ramo de rosas brancas, que representavam paz, para deixar no túmulo de Pietro.

Tony aproveita e compra um ramo de lírios, como forma de mostrar que se importava com Pietro, mesmo que não tenham tido convivência e mesmo que ele o odiasse pelo que aconteceu com seus pais.


Ao adentrarem no cemitério, Tony e Visão ficam surpresos.

O lugar nem parecia de fato um. Mais parecia um lindo jardim.

Os túmulos eram embutidos no chão e identificados por lápides de bronze que, pregadas na grama, continham os nomes, datas de nascimento e de morte das pessoas que ali jaziam, no caso dia 2 de maio de 2015, dia da destruíção de Novi Grad por Ultron.

A grama era bem verde e muito bem cuidada. Visão não pôde deixar de sorrir por ver que Pietro estava em um lugar bonito. Wanda ficaria feliz em saber que o irmão estava em um lugar bom.


—Visão, o encontrei - Tony o chama, um pouco mais à frente, e Visão olha para ele.

Tony estava em pé, parado de frente para a lápide, olhando fixamente para o nome que estava escrito nela e com o ramo de lírios na mas mãos.

Ao se aproximar, Visão suspira ao ler a inscrição:


     "Pietro Maximoff"

⭐️ 16 de fevereiro de 1998

✝️ 2 de maio de 2015

"Aspirante à Vingador. Filho e gêmeo amado"

Ao terminar de ler, Visão se ajoelha diante da lápide e deposita o ramo de rosas por cima dela.

—Olá, Pietro. Não sei se você lembra de mim, mas eu sou o Visão. Sim, sou a torradeira falante, como eu sei que você se referia à mim. Bem, isso não importa mais. Eu vim aqui te visitar e te dizer que você pode ficar tranquilo porque a sua irmã está bem. Sente a sua falta, mas está seguindo como sabemos que como você gostaria que ela estivesse. Eu estou cuidando dela e sempre cuidarei, até o fim. Nós nos casamos no ano passado e no início desse ano, você se tornou tio de dois menininhos gêmeos, o Tommy e o Billy. Os três são a minha vida e eu sempre vou cuidar deles, pode ficar tranquilo quanto à isso - Visão fala e ao terminar, se levanta e fica em pé ao lado de Tony, que assistia tudo em silêncio

Ao ver que Visão havia terminado de falar, Tony se ajoelha em frente à lápide e começa a falar:

—Olá garoto. Talvez eu seja a pessoa que você menos queria ver, mas saiba que eu compadeço por tudo o que aconteceu à você e à Wanda quando eram crianças e pelo que aconteceu aos seus pais. Espero que possa me perdoar, quer onde você esteja. Como o Visão disse, a Wanda está bem, ela está casada com ele, que é um bom homem e que a cuida muito. Agora ela é mãe de dois meninos, como o Visão disse também. Sua irmã está bem, o Visão está cuidando muito bem dela, igual como sabemos que você faria. Fique em paz, garoto - Tony fala e, ao terminar, deposita o ramo de lírios sobre a lápide.


Em seguida, Tony se levanta e fica em pé, ao lado de Visão.

Eles ficam parados por alguns minutos, em silêncio, e olhando para o nome de Pietro escrito na lápide antes de darem a meia volta e andarem em direção ao portão do cemitério.

*****

Westview, New Jersey, Estados Unidos da América

Tendo terminado de tomar o café da manhã, Wanda agora estava sentada no tapete da sala com os bebês, que estavam deitados em seus tapetinhos de atividades, atentos aos móbiles coloridos que ficavam suspensos.

Por serem novinhos, Faísca e Nahla tinham muita energia para gastar e corriam de um lado para o outro pela sala e pela cozinha, brincando.


—Ei ei, cuidado! Eu não me importo se os porta-retratos podem quebrar, nós podemos comprar novos. A minha preocupação é vocês se machucarem com o vidro - Wanda fala, atenta aos peludinhos, que agora estavam atrás do sofá, brincando de baixo do aparador, onde ficavam alguns porta-retratos com fotos tiradas durante o namoro e durante a lua de mel dela e de Visão. Em outras, eles posavam já com os gêmeos e com os peludinhos. Inclusive, em um dos porta-retratos, estava uma cópia da foto que Visão guardava dentro de sua carteira, mas ampliada.


Ao ouví-la, Nahla coloca a cabecinha para fora e olha para Wanda, que ri.


—Se quiserem, nós podemos sair para passear no parque mais tarde quando o sol abaixar, assim vocês poderão gastar toda essa energia que está acumulada e os bebês podem tomar um pouco de vitamina D, que tal? - ela propõe e escuta o latido de Faísca em resposta



Ela sorri e olha para os gêmeos. Billy estava com a mãozinha direita na boca, e observava quieto os bichinhos suspensos de seu móbile, que eram um leãozinho, um elefantinho, uma zebrinha e uma girafinha, idêntico ao móbile de Tommy.

Já Tommy esticava os bracinhos para alcançar os bichinhos, mas como não conseguia, resmungava frustrado.



—Não precisa ficar frustrado por não conseguir pegar os bichinhos, filho - Wanda fala baixinho, se debruçando sobre Tommy, que sorri todo sapeca, e deposita um beijinho na testa dele. Em seguida, Wanda olha para Billy, que continuava quietinho, e deposita outro beijinho na testa dele - vocês e o seu papai são os amores da minha vida. Eu amo muito vocês três


Como se reclamassem por não terem sido incluídos, Faísca e Nahla latem e saem de trás do sofá, mas não se aproximam de Wanda. Em vez disso, eles ficam parados junto à escada, olhando para ela.


—Eu posso com uma coisa dessas? É claro que eu amo e muito vocês dois, minhas bolinhas mais lindas! Venham cá! - Wanda fala rindo e estende os braços em direção à Nahla e à Faísca, que abanavam os rabinhos de felicidade



Ao ouvirem Wanda chamando-os e estendendo os braços para eles, Nahla e Faísca correm em direção à ela e pulam nos braços dela.

Wanda ri, os abraçando, e os enchem de beijos em suas cabecinhas e em seus pescocinhos.

Como forma de demonstrarem que também a amavam, Faísca e Nahla lambiam o queixo e as bochechas de Wanda, que sorria.

******

Novi Grad, Sokóvia

Depois de deixarem o cemitério, Tony e Visão caminham de volta para o hotel, afim de descansarem um pouco para talvez, mais tarde, darem uma volta antes de ir para o aeroporto.

Os dois estavam em silêncio, mas a mente de Visão trabalhava à todo vapor.

Ele estava em um dilema. Não sabia se deveria ou não dizer à Wanda que estava em Sokóvia por agora, ainda mais que ela estava sozinha com os gêmeos e com os peludinhos. Talvez o melhor seria contar pessoalmente, quando pudesse abraçá-la.


Eles estavam passando por uma rua bastante movimentada, onde havia uma feira livre quando Tony para de andar de repente e fica olhando para um ponto fixo.

Visão continua andando por alguns segundos mas logo para ao perceber que Tony estava parado.

Ao olhar para ele, Visão percebe que o filantrópoco estava pálido, como se tivesse visto um fantasma, ou talvez tenha mesmo.

—Que foi? Está sentindo o que? É o reator? - Visão pergunta preocupado ao ver o estado de Tony e coloca as mãos nos ombros dele

—Meu corpo está bem, mas a mente acho que não. Eu devo estar alucinando. Visão, por favor me diz que o que eu acabei de ver é uma miragem - Tony fala, sem tirar os olhos do que o havia deixado daquele jeito

—Do que você está falando? Eu não estou te entendendo

—Ali - Tony aponta na direção do que, ou melhor, de quem ele havia visto


Visão então se vira disfarçadamente e, ao olhar para onde o dedo de Tony apontava, seus olhos se arregalam e ele toma um susto.


Do outro lado da rua, a alguns metros de de onde eles estavam, no meio das pessoas, um homem de estarura alta e braços fortes ajudava uma senhora idosa a contar as moedas que tinha em sua mão para pagar por algumas verduras.

Ele vestia uma camiseta azul marinho com manga três quartos, uma calça jeans clara, que parecia estar bem surrada, e nos pés, um par de tênis cinza.

Poderia ser um homem qualquer, se não fosse pelos cabelos platinados, iguais aos de...

—Pietro? - Visão pensa alto e no mesmo instante, o tal homem se vira ao ouvir o nome, revelando seu rosto e confirmando a suspeita de Visão e de Tony


Logo de início, Pietro não reconhece Visão, afinal o pouco contato que eles tiveram havia sido quando Visão era um andróide, mas ao ver Tony, os olhos azuis do velocista se fixam nele e seu rosto se contorce de raiva.

—O que é que você está fazendo aqui, Stark? Já não basta tudo o que você fez? - Pietro esbraveja com raiva e se aproxima deles, sem tirar os olhos de Tony e avançando para cima dele

O sotaque de Pietro era bem forte e ele tinha a mesma aparência de quando o haviam conhecido, salvo pelas bolsas e das olheiras embaixo dos olhos.

—Mas como isso é possível? - foi tudo o que Tony conseguiu dizer naquele momento. Ele estava surpreso por ver Pietro vivo bem na sua frente e seu rosto pálido entregava isso

—Não se faça de desentendido, Stark! Por sua culpa meus pais e minhã irmã já não estão mais aqui! A Wanda era só uma menina que tinha a vida toda pela frente e aquele maldito robô criado por você a matou! Porque você está aqui? Veio acabar comigo também? - Pietro fala com a voz embargada ao lembrar da família que havia perdido. Lembrar de sua irmã gêmea lhe doía.

—Pietro, se acalme por favor... - Visão pede calmamente, entrando no meio dos dois para apartar qualquer briga verbal ou fisica que pudesse começar ali

—Quem é você, afinal? Guarda costas do Stark? Ele não sabe se defender sozinho? Precisa de alguém para fazer isso? - Pietro o provoca

—Eu não sou guarda-costas, sou o Visão - Visão fala super calmo, tentando acalmá-lo

—Quem? - Pietro pergunta, franzindo o cenho sem entender

—Sou a torradeira falante, como você mesmo me chamava - Visão fala e Pietro olha bem para ele, estranhando a aparência "normal" e humana dele

—Você não era um robô vermelho?

—Andróide. Eu era um andróide - Visão o corrige - a história é muito longa, se eu for contar tudo, nós ficaremos até o ano que vem aqui, mas resumindo, aquele corpo que você conheceu foi destruído quando Thanos, um titan louco vindo do espaço arrancou a jóia da mente da minha testa e estalou os dedos, fazendo com que a metade de todos os seres vivos no universo se extinguissem - Visão explica e Pietro presta atenção, agora mais calmo

—Agora você é como todo mundo?

—Sim, agora eu sou humano como vocês. O senhor Stark não veio aqui para te matar. Na verdade, estamos em uma missão dos Vingadores para acabar com os Apátridas, um grupo terrorista que anda criando muitos problemas. Nós vinhemos á Sokóvia para prestar uma homenagem à você. Acabamos de sair do cemitério para falar a verdade. Nós pensavámos que você estava morto. Como você está vivo? - Visão pergunta

—Eu não de onde vocês tiraram que eu  morri. Eu sempre estive vivo... - Pietro era quem estava confundido agora

—Mas... o Clint, você o salvou, eu não entendo... - Visão fala, tentando compreender o que havia acontecido naquele fatídico dia

—Olha, eu não sei muito bem o que de fato aconteceu. Tudo o que eu me lembro é de sentir as balas entrando no meu corpo e de sentir uma dor intensa, como se eu estivesse sendo queimado vivo. Depois tudo ficou preto e quando acordei, eu estava em uma cama de hospital, cercado por enfermeiros. Disseram que eu estava no necrotério e um funcionário notou que eu estava respirando, fraco, mas estava. Me levaram para o hospital em estado de coma e assim eu fiquei por 2 meses. Me deram alta um mês depois que eu acordei e todos os dias eu procurei pela Wanda, mas nunca a encontrei. Eu não tive nem mesmo um corpo para enterrar - Pietro conta, olhando para o chão, se controlando para não chorar ao falar da irmã

Quando Visão ia abrir a boca para contar que Wanda estava viva, Tony começa a falar, chamando a atenção dele e a de Pietro, que olham para ele.

—Acho que entendi o que aconteceu. Foi o Clint quem te levou para a nave da S.H.I.E.L.D., Pietro. Ele pensou que você estava morto e junto ao Steve, o Capitão América, caso você não se lembre, cuidaram do sepultamento. O que os dois disseram foi que de fato te levaram para o necrotério para que seu suposto corpo fosse preparado. Eu acho que no meio do caos e dos corpos que não paravam de chegar, entregaram o corpo de outra pessoa.

—Faz todo sentido - Visão fala - e como o caixão foi entregue lacrado...

—Ninguém viu que não era o Pietro - Tony conclui

—Pietro, sobre a Wanda, tem algo que você precisa saber... - Visão fala após alguns segundos em silêncio, olhando para ele

—Se é para falarem que sabem onde ela está enterrada, melhor não, por favor... acho melhor eu ir, tenho coisas para fazee - Pietro fala e, quando ia dar as costas para ir embora, Visão é mais rápido e toca no ombro dele

—Espere, por favor! - Visão pede e Pietro olha para ele, esperando pelo que Visão tinha para falar - O que eu quero te dizer é que a sua irmã está viva

—Isso não tem graça... - Pietro entra em negação e balança a cabeça negativamente, se recusando a ouvir aquilo

—É verdade, Pietro. A Wanda está viva! Ela é uma Vingadora

—Que?

—Ela está morando nos Estados Unidos, em uma cidade pequena no interior do estado de New Jersey chamada Westview - Visão conta e os olhos de Pietro se enchem de lágrimas ao saber que sua irmãzinha viva

—Como ela está? Ela está bem? - ele pergunta desesperado, alternando os olhares para Visão e para Tony à procura de respostas sobre Wanda

—Apesar de sentir muito a sua falta, ela está bem sim. Mas tem algo que você precisa saber sobre ela - Visão fala, um pouco receioso pela reação de Pietro, mas sabia que teria que contar à ele

—O que?

—A Wanda se casou  e é mãe de dois meninos gêmeos de quase quatro meses - Visão fala com um pouco de receio, pois pelo que Wanda lhe contava, Pietro era muito ciumento com ela

—Ela o quê? - Pietro fala chocado com a revelação. Por dentro ele estava feliz que Wanda havia seguido em frente e feito sua vida, mas ao mesmo tempo, estava morto de ciúmes porque sua irmãzinha era agora uma mulher e o pior: era a mulher de um homem - o marido dela, ele cuida bem dela? Ele é um bom homem?

—Você está olhando para ele - Tony, que até então estava calado, logo atrás de Visão, o dedura, fazendo o próprio ruborizar de vergonha

Pietro então volta a olhar para Visão e fica sem reação ao perceber que aquele era seu
cunhado.

Aquela palavra de sete letras era tão estranha. Ele nunca pensou que veria Wanda com alguém, já que ela nunca se interessava pelos rapazes que a cortejavam. Por isso, ele até brincava que ela ia morrer sozinha, mas estava enganado. Ela apenas não gostava do tipo de caras badboys.

—Você... e a Wanda...  - Pietro tenta falar mas as palavras não saem da boca dele. Ele estava em choque ao saber que sua irmã havia se casado e que era mãe. A última vez que ele a viu, ele era uma menina quieta que mal abria a boca para falar

—Sim, nós estamos juntos desde 2016. Ela foi dizimada juntamente com metade de toda a vida no universo e eu destruído, mas nos reencontramos à dois anos. Compramos uma casa, adotamos dois cachorros, casamos á um ano e dois meses e em março desse ano nasceram o Tommy e o Billy

—Tommy e Billy - Pietro fala os nomes dos sobrinhos com um sorriso singelo e seus olhos brilhavam

—Sim. Na verdade se chamam William e Thomas. São seus sobrinhos

—Eu sou tio - Pietro pensa alto. Os olhos azuis dele brilhavam e um sorriso bobo brotava dos lábios dele

—Sim, você é tio. Eu tenho uma foto deles, só um segundo - Visão fala, colocando a mão dentro do bolso de sua calça e pega sua carteira. Ele a abre e tira de dentro a foto que ele guardava dentro dela e a entrega à Pietro em seguida.


Na foto, Visão e Wanda estavam sentados nos degraus da entrada de sua casa com os bebês e com os peludinhos e sorriam felizes para a câmera.

Visão tinha o braço direito ao redor de Tommy, de modo que ele ficasse sentadinho em sua perna direita e ainda segurava o pequeno Faísca em seu braço esquerdo. Ao lado deles estava Wanda sorridente enquanto segurava Billy pelas axilas, de modo que ele ficasse em pé em cima de sua perna esquerda e tinha sua bochecha encostada na bochechinha dele. Por último mas não menos importante estava Nahla, sentadinha entre Visão e Wanda, e que olhava para a câmera, como se estivesse posando para a foto.

Ao ver o rosto de Wanda na foto, os olhos de Pietro enchem de lágrimas.Ela estava tão linda e diferente. Os cabelos dela ainda eram longos como ele lembrava que eram mas agoram eram ruivos.

Pietro podia notar que ela não era mais emo. Wanda agora era uma mulher e não mais uma menina como da última vez que ele a viu. Ela tinha o mesmo sorriso de quando eles eram crianças e que por muitos anos havia ficado oculto atrás das lágrimas e da tristeza. Era claro que Wanda estava feliz com Visão e Pietro estava feliz por ela, mas ainda sim não podia deixar de estar enciúmado. Visão havia transado com sua irmã e a engravidou. Wanda agora era a mulher de um homem, ou melhor, era a mulher daquele homem que estava na sua frente.

Pietro então olha para os rostinhos dos gêmeos e sente seu coração se aquecer. Como era possível ele amar duas pessoínhas sequer conhecia e que aabara de saber que existiam? Mas o mais incrivel de tudo, ele era tio! E de gêmeos! A ficha ainda não havia caído.


Pietro ergue a cabeça e olha para Visão, que apenas observava calado.

—Obrigada por cuidar da minha irmã na minha ausência e por fazê-la feliz. Eu não via esse sorriso no rosto dela desde que nossos pais morreram. Ela se fechou.

—É, eu sei e não precisa me agradecer. Ela e os meninos são a minha vida. Eu amo eles mais do que tudo no mundo - Visão fala sorrindo e Pietro sorri - A propósito, este nos braços da Wanda é o Billy, nosso caçulinha - Visão explica, se aproximando de Pietro, apontando para Billy na foto. Em seguida, Visão aponta para Tommy e continua - e este nos meus braços é o Tommy. Ele é doze minutos mais velho que o irmão e o nome do meio dele é Pietro, em homenagem à você

—Vocês deram meu nome ao seu filho em minha homenagem? - Pietro pergunta, erguendo o rosto para olhar para Visão. Os olhos dele brilhavam e tinha um sorriso singelo brotando em seus lábios. Ele estava emocionado ao ouvir que Wanda nunca havia se esquecido dele

—Sim, demos, e ele se parece muito à você, inclusive até prevejo que ele vai esfregar na cara do Billy que nasceu 12 minutos antes dele - Visão brinca e Pietro sorri. Em seguida, o velocista volta a olhar para a foto que ele tinha nas mãos, focando agora em Faísca e em Nahla

—São esses os cachorros que você disse que vocês adotaram?

—Sim, são eles. Esse é o Faísca. A Wanda o encontrou abandonado nas ruas da Moldávia durante uma missão no ano passado e o adotamos - Visão fala, apontando para Faísca - e essa é a Nahla, eu a encontrei na véspera de natal, abandonada dentro de uma caixa de sapato quando ela era bem pequenininha, então a levei para casa e a adotamos - fala apontando para Nahla

—Vocês formaram uma bela família. Parabéns - Pietro fala, devolvendo a foto para Visão. Ele tinha um sorriso triste no rosto e lágrimas nos olhos.

Visão sabia que Pietro sentia falta de Wanda e que ele queria conhecer os meninos. Os três eram a única família de sangue que Pietro ainda tinha e que havia acabado de descobrir que existia.


—Venha com a gente! Nosso vôo sai às duas da manhã. Estamos indo para Washington D.C e de lá iremos para Nova Iorque concluir essa missão. Os apátridas irão estar na sede da ONU, mas assim que tudo acabar, iremos para Westview - Visão fala e antes que Pietro pudesse falar algo, Tony interrompe, tomando a atenção para ele.

—Olha, eu sei que você não gosta de mim, mas eu quero te ajudar. Você tem uma super velocidade, já nos ajudou uma vez e sacrificou o pouco que tinha para salvar o Clint e aquela criança. Você é um homem bom, Pietro. Você poderia entrar para os Vingadores. Não foi você que se voluntariou para a H.Y.D.R.A para tirar Sokóvia da guerra? Você poderia salvar o mundo! Pensa nisso! E ainda tem o salário e as regalias que mudariam a sua vida. Imagina ganhar 10 mil dólares todo mês, sem contar ter um visto de residência, o green card? Depois de cinco anos você poderá se naturalizar americano. Sua vida iria melhorar muito e você vai estar perto da Wanda e dos meninos - Tony fala

—É uma oportunidade incrível, mas eu não posso aceitar - Pietro fala um pouco triste e abaixa a cabeça, olhando para o chão

—Porque não? Você não quer estar com sua irmã, voltar a conviver com ela e conhecer os seus sobrinhos? - Visão pergunta

—Claro que quero, mais do que tudo, mas eu também tenho alguém que precisa de mim, eu não posso deixá-la - Pietro revela

—Você casou? - Visão pergunta. Agora quem havia ficado chocado era ele

—Não, mas namoro a alguns anos. Ela se chama Crystal e eu a conheci logo  depois que eu acordei do coma. Ela é uma aprimorada, assim como eu e a Wanda. Ela também se voluntariou para o experimento com o cetro feito pela H.Y.D.R.A e pode manipular os objetos como a Wanda, a diferença entre as duas é que a Crystal não é telepata, e não, eu não sabia que havia uma terceira pessoa além de mim e da Wanda lá e aposto que minha irmã também não sabe que nós não éramos os únicos. Quando eu e a Wanda invadimos a base com Ultron, sem saber, ajudamos a Crystal a fugir. Ela ficou vagando sozinha nos dias que se seguiram e, quando Novi Grad foi erguida nos céus, ela foi evacuada junto das pessoas. Eu a conheci no alojamento para onde os desalojados foram levados e desde então, nunca mais nos separamos, sem contar com a dizimação em massa, quando nós dois fomos dizimados. Voltamos à 2 anos junto com metade do pessoal e aqui estamos. Estamos juntos desde 2016, assim como você e a minha irmã, só não nos casamos e nem tivemos filhos ainda. A Crystal não tem mais ninguém além de mim, ela perdeu toda família quando era pequena. Eu não posso deixá-la para trás - Pietro conta e Visão compadece, assim como Tony, mas não demonstra, apenas escuta de braços cruzados ao lado de Visão e em silêncio

—E vocês moram onde? - Visão pergunta curioso

—Eu alugo um pequeno apartamento kitnet, não muito longe daqui. É o que eu e a Crystal podemos pagar. Eu trabalho à noite e uso a velocidade ao meu favor, entregando comida, mas também faço uns bicos, como agora. Quando vocês apareceram, eu estava ajudando um vizinho com a barraca de frutas dele. A Crystal trabalha de garçonete em um restaurante perto daqui e é assim que ganhamos a vida. Não é fácil, mas a gente dá um jeito  - Pietro responde

—Pietro, se você e sua namorada vierem para os Estados Unidos com a gente, terão a Wanda, à mim e os bebês. Seremos uma família. Você não acha que seria bom para vocês?

—Salários muito bom como Vingadores ou com qualquer coisa que vocês dois queiram fazer, mas como Vingadores, você e sua namorada não terão que se esforçar muito para ter dinheiro no fim do mês e não terão que se preocupar com a legalização porque o próprio governo americano concede vistos de residência para Vingadores, como foi o caso da Wanda e também da Natasha, não sei se você lembra dela - Tony complementa ao fundo


Pietro assente, confirmando que lembrava quem era Natasha, mas sem tirar os olhos de Visão. Ele estava tentado à levar Crystal embora com ele para os Estados Unidos, onde ele poderia dar uma vida melhor à ela e onde estava Wanda e seus sobrinhos.


—Moradia e alimentação garantidas vocês dois já tem - Visão fala

—Você não precisa fazer isso - Pietro fala

—Isso o que? - Visão pergunta, sem entender

—Colocar o irmão da sua esposa e a namorada dele para dentro da sua casa. Além disso, tem a questão de espaço, não quero atrapalhar vocês, ainda mais vocês tendo dois bebês pequenos

—Pietro, você e a sua namorada não vão nos atrapalhar, pelo contrário, eu e a Wanda sempre imaginamos que, se você estivesse vivo, estaria com a gente. Ela nunca iria te desamparar e será ótimo ter vocês com a gente. Vocês são família. A casa é espaçosa, a única questão que pode ser um problema para vocês é o fato de que terão que dividir a casa com dois bebês de quase quatro meses que acordam de madrugada e dois cachorros que ficam correndo o dia todo pra todo lado - Visão brinca, mas já avisando como era a dinâmica na casa

—Tanto eu quanto ela já vivemos em situação pior - Pietro brinca - Eu aceito ir se a propósta sobre fazer parte da equipe ainda estiver de pé. Eu poderia ajudar vocês com esses terroristas e tenho certeza que a Crystal também adoraria - Pietro fala

—Será ótimo. Bem vindo à equipe! - Visão fala sorrindo

—É muito esquisito falar isso e sei que vou demorar para me acostumar com essa história, mas obrigado, cunhado - Pietro brinca e Visão ri

—Eu vou marcar as passagens para vocês assim que chegarmos no hotel, então fique tranquilo quanto à isso - Visão fala e Pietro assente - vocês dois têm passaporte, não tem?

—Temos sim e eu prometo que assim que as coisas melhorarem para mim e para a Crystal, nós vamos arrumar um lugar nosso. Não vamos abusar da sua boa vontade - Pietro garante

—Isso é algo que você vai ter que resolver com a sua irmã porque ela não vai deixar vocês irem embora - Visão brinca e Pietro ri baixo - mas falando sério, a casa será de vocês também. Podem ficar o quanto quiserem, até mesmo definifivo

—Obrigada. Depois resolveremos isso, agora eu acho que vou indo. Preciso avisar a Crystal para ela se demitir do restaurante e arrumar as coisas dela - Pietro fala, se virando para ir, mas Tony o impede, colocando a mão no antebraço do velocista, que olha para ele, um pouco enojado pelo toque do homem que ele odiava até minutos atrás por supostamente ter deixado sua irmã morrer. Mas agora que sabia da verdade, Pietro já não odiava Stark tanto assim.

—Espere! Nós estamos em um hotel no centro chamado Hotel Grad. Quarto 12. Nos encontrem às oito em ponto. Nós saíremos para jantar e do restaurante partiremos direto para o aeroporto. Ah, e aí tem um dinheiro para que vocês quitem o aluguel com o proprietário do seu apartamento e outras pendências que possam existir. O que sobrar é para você e para a sua namorada - Tony fala, entregando à Pietro um papel tirado de um bloco de notas, esses de bolso, que continha o nome do hotel e o número do quarto. Junto, estava o tal dinheiro, um total de mil dólares, para que ele quitasse o aluguel do mês de julho que ainda não havia sido pago - já que seremos aliados, eu espero que você possa me perdoar algum dia e que possamos nos dar bem - Tony fala e Pietro olha para ele

—Já te odeio menos que antes, Stark - Pietro fala de um jeito brincalhão e vai embora usando sua hipervelocidade, deixando para trás um borrão azul e Tony e Visão com cara de paisagem

*****

Westview, New Jersey, Estados Unidos da América


À milhares de kilômetros de distância dali, do outro lado do Atlântico e alheios ao que acontecia em Sokóvia, estavam Wanda com os gêmeos e os peludinhos.

O tempo em Jersey estava ótimo e o dia estava lindo, ensolarado e quente. O céu era de brigadeiro, sem nuvem alguma.

Uma brisa refrescante soprava, o que quebrava um pouco a sensação de quentura, possibilitando Wanda de estar ao ar livre com os gêmeos e com os peludinhos, que também eram sensíveis ao calor por serem cães de pequeno porte e ficarem dentro de casa.


Sentada sobre uma toalha de mesa xadrez vermelha, estendida embaixo de uma árvore que fazia sombra, sobre o gramado da praça que ficava próxima de casa, Wanda observava o movimento.


Haviam bastante pessoas na praça, aproveitando o clima gostoso. Haviam crianças brincando no playground sob a atenção dos responsáveis, pessoas passeando com seus cachorros e brincando com eles na grama, casais e famílias fazendo piquenique, idosos lendo jornal nos bancos ou jogando xadrez nas mesas de concreto....

Deitadinho ao lado de Wanda, estava Faísca. Ele estava descansando após ter corrido pela praça assim que chegaram, e no colo dela, sentadinha em suas pernas e recebendo carinho, estava Nahla, que também estava  descansando depois de ter corrido com Faísca.

Tommy e Billy dormiam tranquilos no carrinho duplo, que estava ao lado de Wanda, e que estava virado de frente para que ela pudesse vê-los e para que eles ficassem contra o sol, assim fazendo sombra.

Sobre eles, os cobrindo, havia um par de lençóis de berço brancos rendados que faziam parte do enxoval deles, os protegendo dos ventos.


Tudo ia bem até que Wanda sente um olhar sobre ela. Disfarçadamente, ela vira a cabeça na direção de onde sua intuição lhe dizia que vinha o olhar, e encontra um sujeito olhando para ela de longe, quase a encarando.

Um frio corre por sua espinha e ela olha para Faísca, que estava ao seu lado, quietinho. Wanda então acaricia a cabecinha dele para disfarçar o fato de ter olhado para o homem, na esperança de que ele não tivesse percebido.

No entanto, a tentativa é frustrada quando algo tampa os raios de sol que a aqueciam.

Wanda levanta a cabeça e olha para o tal homem, que agora estava em pé  na sua frente, ao lado do carrinho dos bebês.


—Oi linda, eu sou Simon Willians. Qual é seu nome? - o homem fala com um sorriso malicioso nos lábios, o que faz Wanda se sentir enojada

Nesse momento, Faísca e Nahla, que eram super mansos, começam a rosnar para o homem e querer ir para cima dele, o que faz Wanda segurá-los nos braços para que eles não atacassem e mordessem o homem, pois se isso acontecesse, ela e Visão correriam risco de serem denúnciados para o controle de animais por porte de cães considerados perigosos e acabassem perdendo a tutela dos peludinhos, que correriam o risco de serem sacrificados caso fossem levados, tudo o que Wanda queria evitar. Ela não podia correr o risco de perder suas bolinhas.

No entanto, o homem não recua. Ele parecia disposto a acabar com a paciência dela.

—Será que você pode sair da frente? Está tampando o sol e estressando meus cachorros - ela pede, usando um tom autoritário, praticamente mandando que ele se retirasse, e acaricia as cabecinhas de Nahla e de Faísca, que continuavam rosnando para o homem

—Calma aí, linda! Eu venho na paz. É que eu te vi aqui, sozinha, e quis te fazer companhia

—Não estou sozinha. Como pode ver, eu, meus dois cachorros e meus filhos estamos em um passeio familiar e você está nos incomodando - ela fala áspera e sem paciência para aturar aquele sujeito importuno



"Além de dois pulguentos fedidos, ela ainda tem dois pirralhos bastardos nas costas. Mas tudo bem, depois eu dou um jeito neles e sumo com eles e com os pulguentos. O importante é conquistar a mãe gostosa deles" - o homem pensa, olhando com repulsa para os gêmeos no carrinho, que estava ao lado dele



Ao escutar o homem chamá-la de gostosa, Wanda sente seu estômago embrulhar. Isso sempre acontecia em Sokóvia quando ela era menina, mas desde que ela estava morando nos Estados Unidos não acontecia, talvez porque Visão estava sempre com ela.

Wanda odiava ser vista como um pedaço de carne. Ela sentia nojo, repulsa, mas o pior mesmo foi ouví-lo chamando seus filhos de pirralhos bastardos.

A vontade que ela tinha era de avançar nele e usar seus poderes para ensiná-lo a nunca mais ousar falar assim de Tommy e de Billy. Porém, seu lado racional a faz pensar que ela precisava se acalmar pelo bem dos gêmeos que estavam ali ao lado. Tudo o que ela menos queria era que eles presenciassem uma briga e acordassem assustados.


Seus filhos não eram pirralhos, muito menos bastardos. Eles eram frutos de um grande amor, como Visão mesmo frizava. Eles eram sua vida.

Tommy e Billy eram a sua razão de viver, assim como eram a razão de Visão. Ele era o melhor pai que seus filhos poderiam ter.





—Perdão incomodá-los, vim apenas fazer companhia. Eu imagino o quão díficil e solitário deve ser mãe solo, ainda mais de dois e sendo tão nova como você

—Que? - Wanda começa a rir, irônica - eu não sou mãe solo, pelo contrário, eu sou casada e muito bem casada com o homem mais perfeito do mundo e que é o pai dos meus filhos - ela fala áspera e ergue a mão para mostrar sua aliança, que brilhava em seu dedo anelar

—E onde está o marido que você diz ter? Se eu fosse ele, não te deixaria sair sozinha. Você não precisa mentir, gatinha, eu consigo sentir cheiro de uma mãe solteira de longe

—Primeiro que eu não sou propriedade de ninguém. Nenhum homem vai me ditar o que eu devo ou não fazer. Por sorte, meu marido é meu melhor amigo e não é machista como você. Segundo, eu acho que você deveria procurar um médico porque seu olfato não está bom. Eu não sou solteira e, mesmo se fosse, jamais ficaria com alguém que chama meus cachorros de pulguentos fedidos e nem os meus filhos de pirralhos bastardos porque nenhum deles é isso! - Wanda fala usando um tom ameaçador e seus olhos, antes verdes, agora estavam vermelhos escarlate

—O que é você? - o homem pergunta com medo e recua, dando dois passos para trás

—Corrigindo sua pergunta, quem sou eu? Eu sou Wanda Maximoff, também conhecida como a Feiticeira Escarlate e membro dos Vingadores - Wanda responde num tom ameaçador, ainda com os olhos brilhando, e um sorriso vitorioso por ver que o homem tinha medo dela - eu acho melhor você ir embora por conta própria antes que eu me veja obrigada a usar meus poderes para te tirar daqui e isso não é uma coisa que eu gostaria de fazer na frente dos meus filhos... - Wanda fala erguendo suas mãos e liberando energia escarlate

—Perdão incomodá-la - ele fala e anda apressado para longe



Quando o homem some de sua vista, Wanda abaixa as mãos, cortando a energia escarlate que saía delas, e seus olhos voltam ao normal, ficando verdes novamente. Ela então começa a rir.

—Era só o que me faltava! Cara mais idiota, não é mesmo, bolinhas? - ela Pergunta aos peludinhos, que agora estavam calmos e olhavam para ela.

Em resposta, os dois latem e ela sorri.

—A mamãe nunca, jamais, vai permitir que alguém fale mal de vocês ou dos bebês - Wanda sussurra e beija as cabecinhas deles

******

Novi Grad, Sokóvia


Algumas horas haviam se passado e já havia anoitecido.

Tony e Visão já estavam arrumados e as malas estavam prontas.

As passagens aéreas de Pietro e de Crystal já estavam compradas a algumas horas e estava tudo certo, apenas estavam esperando por eles para fazer o check-out no hotel e saírem.


Visão não conseguia pensar em outra coisa que não fosse o reencontro de Wanda e de Pietro. Como seria isso? Visão mal podia esperar para ver a reação de Wanda ao rever o irmão que tanto lhe fazia falta.

Tudo seria mais feliz à partir de agora pois a família estaria mais completa que nunca.


—Está tudo bem, Visão? - Tony pergunta ao notá-lo tão pensativo


Ao escutar Tony falando com ele, Visão desgruda seus olhos do chão, para onde ele estava olhando, e vira a cabeça para olhar para ele por cima dos ombros.

Visão estava sentado na beira de uma cama, de costas para Tony, que estava deitado na outra cama. Ele estava com as pernas para fora por já estar calçando seus sapatos.

—Estou sim. Só estou pensando na reação da Wanda ao saber que o Pietro está vivo

—Você não contou à ela por telefone?

—Esse tipo de notícia não dá para ser dada pelo telefone, e outra, ela nem sabe que estou em Sokóvia e nem falei com ela hoje. A diferença de fuso horário é muito grande e atrapalha nossa comunicação. Sorte que estamos indo para os Estados Unidos e logo estaremos em casa porque eu não estou mais aguentando a saudade

—Sei como é. Mal posso esperar para ver a Pepper e a Morgan. Eu tenho certeza que a Wanda vai ficar muito feliz em ver o irmão

—Sim, também acho

—Por falar no garoto, já são 19:30 - Tony fala, olhando para a tela de seu celular, onde aparecia a hora

—Eles devem estar à caminho... - Visão mal termina de falar e o telefone do quarto toca. Ele se levanta e anda até o aparelho, o tirando do gancho e o colocando no ouvido em seguida - alô

—Boa noite. Tem um casal aqui na recepção se indentificando como Pietro Maximoff e Crystal Amaquelin à procura dos senhores Victor Shade e Anthony Stark - com um forte sotaque, a recepcionista do turno da noite fala em inglês

—Ah sim, estamos esperando por eles, podem deixá-los entrar

—Ok

A ligação é encerrada e Visão coloca o telefone de volta no gancho.


—São eles - Visão fala à Tony e ele se levanta, ficando em pé ao lado da cama

Segundos depois, eles escutam uma batida na porta e Visão vai abrí-la.

Ao fazê-lo, Visão vê Pietro, que vestia a mesma roupa de mais cedo, mas agora com uma jaqueta preta estilo motoqueiro por cima.

Pietro tinha duas mochilas grandes penduradas sobre seus ombros e de mãos dadas com ele, um pouco atrás, havia uma garota loira que devia ser Crystal.

—Oi, que bom que chegaram! Entrem - Visão fala, dando passagem para que eles entrassem no quarto

Pietro então entra e logo atrás entra Crystal, sem soltar a mão dele. Visão fecha a porta e adentra em seguida.

—Essa é a Crystal, de quem eu falei para vocês. Ela é a minha namorada - Pietro a introduz em inglês, e passa o braço ao redor dela - Amor, esse é o Visão. Ele é o marido da minha irmã. Visão, essa é a Crystal - Pietro fala, os introduzindo um ao outro

Crystal tinha cabelos loiros claros lisos que batiam na altura dos seios e vestia uma jaqueta jeans, uma blusa preta, uma calça jeans do mesmo tom da jaqueta e nos pés, levava um par de tênis brancos que pareciam um pouco velhos. Nas costas, ela levava outra mochila.

—Ela entende inglês? - Visão pergunta à Pietro

—Sim, eu sou fluente - Crystal responde, com um sotaque muito parecido ao que Wanda tinha quando eles se conheceram, surpreendendo Visão e Tony, que não esperavam que ela falasse inglês fluente

—Ah ótimo. É um prazer conhecê-la. Como o Pietro disse, eu sou o Visão - Visão se apresenta, estendendo uma mão em direção à Crystal

—O prazer é todo meu - ela responde sorrindo e aperta a mão de Visão - muito obrigada por tudo

—Não tem que me agradecer. Nós somos uma família afinal. Infelizmente nos conhecemos somente agora

—É uma pena mesmo. Pelo que o Pietro me conta sobre a Wanda, eu sei que vou adorá-la

—E eu tenho certeza que ela também vai te adorar - Pietro garante e beija as têmporas dela

—Vai mesmo. E os meninos vão adorar conhecer os tios - Visão fala e Crystal sorri

—Ah, e esse é o Tony Stark, amigo do Visão - É tudo o que Pietro diz. Ele ainda não estava 100% confiante com Stark por perto

—Olá - Tony fala e dá um aceno tímido

—Olá - Crystal responde sorrindo amigávelmente

—Agora que as apresentações foram feitas, que tal se nós fossemos indo? - Visão sugere

—Vamos. Eu não sei vocês, mas estou com fome - Tony fala, recolhendo seu celular e o coloca no bolso da calça. Em seguida ele anda até sua mala e a pega pelo puxador

Visão também recolhe suas coisas e pega sua mala.

Os quatro então andam até a porta e saem do quarto em seguida.

*****

Algumas horas depois, os quatro já estavam no aeroporto, esperando junto ao portão para embarcarem no avião que os levaria para Londres e de lá iriam para Washington D.C.

Tony estava, quieto, e lia algo em seu celular. Visão estava sentado ao lado dele e prestava atenção no painel que mostrava os vôos programados para decolar naquela noite.

Ao lado de Visão, estava Pietro, com os braços ao redor de Crystal, que havia adormecido e tinha a cabeça encostada no peito dele. Pietro acariciava os cabelos loiros dela e a segurava firme com o outro braço.

Já eram uma hora da madrugada em Sokóvia. A sala de embarque estava vazia e um silêncio pairava no lugar.

Mesmo cansados e com sono, Visão, Tony e Pietro queriam esperar entrar no avião para dormir durante as três horas de vôo até Londres.


Visão estava distraído com o painel de vôos quando escuta seu celular tocar. Rapidamente ele coloca a mão no bolso da calça e pega o aparelho.

—É a Wanda... - Visão anúncia ao ler o nome do contato dela aparecendo na tela - Pietro, eu vou colocar no viva voz, mas não diga nada. Ela não sabe que eu vim para cá, muito menos que você está vivo. Eu estava planejando supreendê-la quando chegarmos em casa porque esse tipo de notícias não dá para serem dadas por telefone - ele explica

—Pode deixar, não vou falar nada

Visão assente e então aceita a ligação, colocando no viva voz.

—Oi amor

—Oi Vizh. Nem nos falamos hoje. Você está bem? Onde você está? 

Ao ouvir a voz de Wanda do outro lado da linha, Pietro se emociona. Era a primeira vez em anos que ele escutava a voz dela e era do jeito que ele se lembrava.

—Você nem imagina como eu sinto a sua falta e a dos meninos... eu não te liguei hoje por causa do fuso horário, eu também estava cansado depois da apreensão que fizemos ontem, mas estou muito bem. Com saudades, mas bem - ele conta, ocultando o fato de estar em Sokóvia e ao lado dele estar o irmão dela, que supostamente havia morrido anos antes

—Também estou com saudades, muitas. Onde você está?

—Estou no aeroporto, esperando para embarcar em um avião que vai para Londres. De lá, faremos uma conexão de 4 horas no aeroporto de Heathrow e de lá seguimos para Washington. No mais tardar, estarei em casa dentro de 3 dias

—É sério? - ela pergunta animada

—Uhum

—Eu juro que vou te agarrar e nunca mais vou deixar você ir para longe de mim - Wanda fala isso e Visão fica vermelho de tanta vergonha pelo fato de ter seu cunhado ao lado, ouvindo tudo

—Eu nunca mais vou querer ficar longe de você e dos meninos outra vez. Por falar neles, como eles estão? E o Faísca e a Nahla?

—Sentem sua falta mas estão ótimos. Aqui são 6 da tarde, acabamos de chegar em casa. A Nahla e o Faísca estavam muito inquietos então levei eles e os bebês na pracinha. O Billy e o Tommy mamaram e agora estão quietinhos nas cadeiras de balanço. As bolinhas estão muito bem também. Eles estão cansados de tanto correr e dormiram no sofá

Visão sorri ao imaginá-los.

—Parece ter sido divertido

—Foi sim


Do outro lado da ligação, Wanda decide ocultar sobre o homem que apareceu na pracinha. Visão tinha uma missão para finalizar e não podia ter distrações. Por sorte, nem ele e nem Pietro perceberam nada.


—Fico feliz que tenham se divertido. Eu amo vocês

—Também te amamos e estamos com muita saudade!

—Também estou com muita saudades de vocês, mas logo estarei aí, ok?

—Uhum! Eu não esqueci da lasanha que te prometi!

—Acho bom, hein? - Visão brinca e escuta a risada gostosa de Wanda do outro lado

—Pode deixar. Me avisa quando chegar em Londres e quando chegar em Washington. Mesmo que for de madrugada, entre as mamadas dos bebês ou de manhã quando acordar eu vejo

—Ok, aviso sim. Durma bem. Uma boa noite

—Uma boa viagem. Te amo

—Também te amo e obrigada. Se cuida, ok?

—Você também. Beijo

—Beijo

A ligação então é encerrada e Visão bloqueia seu celular.

—O que é que você fez com a minha irmã? Eu nunca a vi desse jeito - Pietro pergunta surpreso ao escutar Wanda toda de chamego com Visão. Logo ela que costumava ser mais fechada com demonstrações de afeto à outras pessoas

—Desse jeito como? - Visão pergunta, olhando para ele

—A Wanda estava toda amorosa com você no telefone. Ela não era assim com ninguém

—Esses dois são unha e carne, não se desgrudam nem por um segundo. Você vai ver quando chegar em casa - Tony os dedura e Visão ruboriza

—Se você faz feliz minha irmã feliz, eu não me importo. Pelo menos eu não serei vela - Pietro fala brincando e aponta para Crystal, que dormia em seus braços, alheia à conversa deles. Visão ri, assim como Tony.


O ciúme que Pietro tinha em relação à Visão estava diminuindo. Visão fazia sua irmã feliz, então estava tudo bem para ele

******

Algum tempo depois, o avião que os levaria para Londres chega e o inicio do embarque é anúnciado.

Pietro acorda Crystal, que sonolenta, se levanta. Ele se levanta também e pega uma das mochilas que estava com eles, já que as outras duas haviam sido despachadas.

Tony e Visão se levantam também e os quatro embarcam naquele haviam, que para Pietro e Crystal, significava um recomeço.


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Notas finais do capítulo

Sim! O Pietro está vivo e sim, teremos uma nova personagem na história que é a Crystal.


Nos quadrinhos, a Crystal e o Pietro são um casal e juntos tem uma filha chamada Luna. Eu adoro esse casal e como queria muito trazer o Pietro de volta, então porque não adaptar a Crystal também, afinal ele merece ser feliz.

Canonicamente, a Crystal se chama Crystalia Amaquelin, igual na nossa fic, e é uma inhumana, irmã da Rainha Medusa, princesa dos inhumanos e membro da família real.

Eu não achei relevante introduzir os inhumanos na história, então minha decisão foi adaptar Crystal. Aqui, ela terá nascido na Croácia e foi levada para Sokóvia ainda pequena depois de perder seus pais aos 5 anos para morar com uma tia que a maltrtava Aos 15, ela foge e se voluntaria para o experimento da H.Y.D.R.A, sem que Wanda e Pietro soubessem de sua existência, pois eles oferecerem à ela abrigo e comida em troca de testá-la genéticamente. Assim, ela ganha poderes de manipulação de objetos (canonicamente ela os tem, também).



A Crystal existe no MCU e aparece na série Inhumanos. Ela é interpretada pela atriz australiana Isabelle Cornish, que será a nossa amada Crystal aqui também.

Espero que tenham gostado! Próximo capitulo tem o desfecho da missão contra os apátridas e em breve nós teremos o reencontro dos gêmeos Maximoff então não percam!❤️❤️



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