Vilnius, Lituânia

 Naquele mesmo dia, só que algumas horas depois, por volta das 16 horas da tarde, horário local da Lituânia, um jatinho à serviço do governo tcheco aterrisa no aeroporto internacional de Vilnius.

 Dele, desembarcam Tony, Rhodes, Bruce e Visão, e são recebidos por um forte esquema de segurança em sua chegada, composto por um carro preto forte e blindado que os levaria para o hotel onde se hospedariam, e mais dois carros, que os escoltaria.

 O objetivo do esquema era evitar que  os quatro fossem reconhecidos como sendo membros dos Vingadores, para que caso os Apátridas tivessem gente infiltrada, não pudessem saber sobre sua chegada e avisar os outros, o que garantiria o sucesso da operação que aconteceria aquela noite e que havia sido esquematizada durante o vôo.

 Havia sido recém descoberto pelo serviço de inteligência tcheco e pela S.H.I.E.L.D, que estava trabalhando em parceria à CIA e com serviços de inteligência de vários outros países aliados no combate ao terrorismo a existência de um antigo bunker anti bombas abandonado desde o fim da segunda guerra mundial, localizado no subsolo da cidade, perto do local do último atentado, e que suspeitava-se ser este o esconderijo do grupo.

 Se tivessem sucesso, conseguiriam prendê-los e acabariam de vez com o movimento.

 Sem perder mais tempo, Tony, Bruce, Rhodes e Visão entram no carro que os esperava e são conduzidos até o hotel.

*****

 Assim que adentra o quarto de hotel onde ficaria durante sua estadia na Lituânia, Visão tira os óculos escuros que ele estava usando como disfarçe e coloca sua mala em um canto, próximo à cama, e a chave magnética da porta ele coloca sobre o criado-mudo que havia ao lado da cama.

 O quarto que ele ficaria era simples, mas aconchegante. Tinha uma cama de casal, dois criados-mudos, um de cada lado, e uma janela escondida por trás de uma cortina branca de linho. 

 O hotel não tinha nada de luxuoso. Sendo 3 estrelas, foi escolhido para que mantivessem um baixo perfil que não chamasse atenção, mas não era um hotel ruim, muito pelo contrário, era muito bem limpo e organizado.

 Além do cuidado com a escolha do hotel, eles estavam hospedados com 

nomes falsos para preservarem suas identidades e evitar ao máximo que pessoas de fora, que não faziam parte das equipes da S.H.I.E.L.D ou da CIA ou da STB, que era a agência de inteligência da República Tcheca, soubessem, afinal não se sabia até onde os Apátridas tinham pessoas infiltradas que dessem informações ao grupo.

 O contexto todo fazia Visão recordar de quando ele se hospedava todos os meses em hotéis simples como esse, usando seu antigo disfarce humano e usando documentos falsos para se encontrar às escondidas com Wanda.  Era exatamente assim. Ele chegava primeiro e esperava por ela no quarto onde ficariam hospedados. Nos últimos meses que eles fizeram isso, os encontros estavam acontecendo em Edimburgo, onde, naquela época, eles pretendiam ficar e construir sua vida juntos, ou seja, se de fato ele e Wanda tivessem se mudado para a Escócia ao invés de Westview quando se reencontraram, Tommy e Billy seriam escoceses e não americanos.

 Ao se lembrar deles, um sorriso bobo se forma no rosto de Visão e ele então decide ligar para Wanda, que devia estar preocupada, e avisar que ele estava bem.

 Visão se senta na beira da cama e pega o celular no bolsa de sua calça. Ele desbloqueia o aparelho usando a digital e disca o número de Wanda antes de iniciar a chamada e colocá-lo no ouvido. Não demora nem cinco segundos para Wanda atender.

—Vizh? - pelo tom de voz dela, Visão percebe que do outro lado da linha Wanda estava bem aflita

—Ei, meu anjo, sou eu…

—Você está bem? Onde você está? Quer dizer, eu sei que você ia para a Lituânia - diante do nervosismo, Wanda nem conseguia se expressar direito

—Eu estou, meu amor. Acabamos de chegar na Lituânia. Estamos em uma cidade chamada Vilnius, estou agora um quarto de hotel

—Você está bem? 

—Estou sim, minha princesa. Só que estou com muita saudades de você, dos meninos e do Faísca e da Nahla. Como você estão?

—Incompletos sem você aqui com a gente. Estamos sentindo a sua falta, mas estamos bem. O Billy e o Tommy acabaram de mamar à pouco tempo e agora estão tirando uma soneca. Quanto ao Faísca e à Nahla, os dois estão aqui comigo no sofá da sala assistindo sitcom enquanto os bebês estão dormindo

—Inveja branda… 

 Wanda ri do outro lado da ligação.

—Então trate de voltar para casa são e salvo… - ela brinca e Visão ri

—Eu vou, e parece que será muito em breve

—Sério? - ela pergunta esperançosa e animada

—Sim, mas não tenho certeza. Tudo irá depender do resultado da operação de hoje de noite 

—Como assim? Que operação? Vizh, o que está acontecendo? - toda a alegria de Wanda havia se esvaído aí

—Você sabe o que é um Bunker, não sabe? 

—Sei sim, é um abrigo antibombas. Em Sokóvia haviam centenas deles, mas porque a pergunta?

—Logo após o último ataque, agentes da STB, o serviço de inteligência da Lituânia, foram enviados ao local e andaram vasculhando as redondezas à procura de pistas. Eles encontraram um bunker da época da segunda guerra mundial e parece ter gente lá. Vamos invadí-lo hoje de noite para saber. Pode ser que seja apenas um acampamento de pessoas sem-teto, mas pode ser que seja o esconderijo dos Apátridas, não sabemos

—Mas porque esses tais agentes não vão? Porque são vocês quem tem que ir? E quanto à equipe do Steve? Eles estarão com vocês?

—É tudo uma questão de estratégia para não chamar tanta atenção, meu amor. Além disso, não sabemos se são todos que tem o soro do super soldado o se são apenas os líderes, no caso a garota e quem mais esteja junto à ela no comando. Sempre há uma hierarquia dentro dessas seitas, grupos, não sei como chamá-los. Os agentes de nenhum serviço de inteligência são preparados para lidar com super soldados como nós. Por isso chamaram os Vingadores. Nós temos equipamentos e armaduras próprios para lidar com aliens, robôs e o que mais vinher. E quanto à sua pergunta, a equipe do Capitão deixou Madripoor hoje mais cedo e estão à caminho de Praga, até onde eu sei, se precisarmos de reforço, eles vem para cá

—Toma cuidado, Vizh, por favor. Nem é tanto por mim, mas sim pelo Tommy e pelo Billy. Eles precisam de você.

—Eu sei, eu te prometo que vou tomar cuidado, minha princesa. Não se preocupe, ok? Se tudo der certo e conseguirmos pegá-los, o que espero que aconteça, amanhã mesmo pego o primeiro vôo que tiver disponível para os Estados Unidos. Aguenta só mais um pouquinho que logo estarei aí

—Promete? 

—Não posso te prometer que estarei aí amanhã, mas prometo que assim que tudo se resolver, entrarei no primeiro vôo que tiver 

—Ok…

—Me promete que vai se cuidar, que vai continuar comendo direitinho? 

—Prometo. Daqui a pouco vou começar a preparar uma lasanha. Eu nem estou tendo muita fome devido ao estresse, mas estou comendo por causa dos bebês 

—Acho bom você comer direitinho, uh? - ele brinca ela ri baixo - Agora fiquei com vontade de comer lasanha

—Quando você voltar, eu te faço uma bem gostosa e caprichada

—Vou cobrar!

—Pode cobrar - ela ri - Já almoçou? Aí são que horas?

—Já sim, comi no vôo vindo para cá - Visão responde e olha no relógio que ele tinha no pulso - aqui são 16:30 da tarde

—Aqui ainda são 9:30 da manhã

—Quando nos falamos a primeira vez era bem cedo, não?

—Eram umas 6 horas, eu acho

—Hoje você madrugou, amor

—Você acha que eu tenho condições de dormir direito com você estando longe? Correndo riscos? Tive um pesadelo também… 

—Quer conversar sobre isso, igual nos velhos tempos?

—Obrigada, mas dessa vez eu passo, Vizh. Eu não quero falar sobre coisas ruins…

—Ok… mas se quiser falar, já sabe 

—Obrigada. Enfim, mesmo se eu conseguisse dormir direito, o Billy e o Tommy acordam cedo para mamar

—É, eu sei. Mas amor, fica tranquila que está tudo bem, ok? Logo mais eu estarei aí 

—Promete? 

—Prometo, minha princesa

—Eu te amo muito, Vizh

—Também te amo demais, mais do que tudo. Assim como amo o Tommy e o Billy

—Eles também amam muito o papai deles e sentem a sua falta. Não só eles, mas eu também sinto sua falta, assim como o Faísca e a Nahla

 Ao ouvir isso, Visão sente um aperto no peito e fecha os olhos, sorrindo tristemente.

—Vocês não têm idéia do quanto eu sinto falta de vocês. Eu prometo que farei tudo que estiver ao meu alcance para voltar o quanto antes para casa e para vocês

—Eu só quero que volte para casa são e salvo

—Eu prometo que vou… 

—Eu juro que por mim ficaria o dia todo conversando com você, mas sei que você tem mais o que fazer então vou deixar você ir se cuidar, descansar e fazer o que tiver que fazer antes de ir para a missão, mas por favor, se cuida, ok? 

—Prometo que vou. Vai ficar tudo bem, eu te ligo mais tarde para dar notícias, combinado? 

—Combinado

—Te amo muito

—Também te amo muito. Fica bem, ok?

—Você também. Dê um beijo no Tommy e no Billy e também no Faísca e na Nahla por mim

—Darei sim, beijo

—Beijo

 A chamada então é encerrada.

******

Westview, New Jersey, Estados Unidos da América

 Wanda suspira fundo e tira o celular do ouvido. Ela o bloqueia e o deixa ao seu lado, sobre o braço do sofá. Ao sentir dois pares de olhinhos voltados para ela, Wanda olha para baixo e sorri ao ver Nahla e Faísca.

 Como havia dito à Visão, ela estava sentada no sofá, com pernas de índio, e tinha Faísca e Nahla deitadinhos em suas pernas. 

 Eles estavam quietinhos e prestavam atenção, como se quisessem saber o assunto de sua conversa com Visão.

 Wanda ri baixinho, não aguentando a fofura e a esperteza dos peludinhos. Ela e Visão amavam tanto, mas tanto aqueles dois serzinhos peludos que era impossível imaginar suas vidas sem eles.

 Ela acaricia as cabecinhas de Nahla e de Faísca, que fecham os olhinhos ao sentirem a carícia dela.

—Eu estava conversando com o papai. Ele disse que está com muita saudade de vocês, do Tommy e do Billy, mas que logo estará de volta - ela conta baixinho aos peludinhos, tomando cuidado para não acordar os gêmeos, que dormiam tranquilamente em suas cadeiras de balanço

 Faísca abre os olhinhos, levanta a cabecinha, e late em resposta.

—Shhhh… não pode latir alto, neném, se não os bebês vão acordar 

 Faísca então se vira de barriguinha para cima, com a cabecinha deitada sobre a perna de Wanda.

 Ela sorri para Faísca e fica fazendo carinho na barriguinha dele, como o pequeno tanto gostava.

 Wanda então desvia a atenção para Nahla, que estava encolhidinha, de barriga para baixo, com a cabecinha deitada na outra perna de Wanda. Ela estava quietinha e com os olhinhos ainda fechados, apreciando o cafuné que Wanda lhe proporcionva.

 Ela sorri e acaricia a cabecinha de Nahla, por trás das orelhinhas caídas dela, ao mesmo tempo que acariciava a barriguinha de Faísca com a outra mão.

—Vocês são os melhores cachorrinhos que nós poderíamos ter, sabiam? Eu, o Vizh e os bebês amamos muito vocês dois - Wanda sussurra e se debruça sobre Nahla e sobre Faísca, depositando um beijo na cabecinha de cada um em seguida

 Querendo demonstrar que também a amavam, Nahla e Faísca lambem as bochechas e o queixo de Wanda. Ela ri baixo e pega os pequenos nos braços, segurando um em cada braço, e os enche de beijinhos e cheirinhos em suas cabecinhas e nos pescocinhos, o que deixava os dois bastante eufóricos e querendo lambê-la de volta

—Vocês são dois anjinhos, sabiam?

 Como se respondesse, Nahla, que prestava atenção, resmunga baixinho e lambe o queixo de Wanda, que sorri.

—É, vocês dois são nossos anjinhos de quatro patas - Wanda afirma sorrindo e beija a cabecinha de Nahla e em seguida beija a cabecinha de Faísca

 Wanda fica por mais alguns minutos assim, curtindo um pouco seus bebês peludos, quando um dos gêmeos começa a chorar.

—A mamãe já volta, é rapidinho - Wanda fala à Faísca e à Nahla e deposita um beijo na cabecinha de cada um. Em seguida, se levanta e coloca os dois em cima do sofá

 Wanda se aproxima das cadeiras de balanço e, ao se aproximar, nota que tanto Billy quanto Tommy haviam acordado.

—Olha quem acordou da sonequinha - ela fala com uma voz fina. Billy sorri e Tommy resmunga, como se quisesse respondê-la

—Que “felicitati” - Wanda conversa com eles, com uma voz fina e sorrindo. Ela se agaixa para desligar as cadeiras de balanço e em seguida se levanta e desafivela os cintos que prendiam os gêmeos nelas

 Aleatóriamente, Wanda pega Billy nos braços primeiro e, com medo de ser deixado de lado, Tommy começa a chorar.

—Tommy, que foi, filho? A mamãe vai te pegar também, meu “anzo” - com um tom de voz calmo e baixo, Wanda fala e pega Tommy nos braços também, o segurando com o braço direito e Billy com o braço esquerdo, os apoiando em seus quadris

 Ao ser pego, Tommy se acalma e encosta sua cabecinha no peito de Wanda. Ela sorri e deposita um beijo na cabecinha dele e na de Billy, que estava quietinho.

—Vocês também estão sentindo a falta do papai, não estão, meus amores? - Wanda conversa com os gêmeos, mesmo sabendo que eles não lhe responderiam, enquanto caminhava pela sala com eles nos braços - a mamãe também está com muita, mas muita saudade dele, mas logo o papai estará aqui com a gente, eu prometo

 Ela deposita um beijo na bochechinha de Billy e outro na de Tommy e se senta no sofá com eles, os colocando sentadinhos em suas pernas.

 Os peludinhos, que estavam deitados ao seu lado, se aproximam e deitam suas cabecinhas nas pernas de Wanda, ao alcance de Tommy e de Billy, querendo um afago também.

—Hoje todos meus bebêzinhos estão carentes - Wanda fala baixinho e faz carinho em Faísca e em Nahla, alternando entre eles por estar com apenas uma mão livre, já que tinha o outro braço ao redor dos gêmeos 

 Com curiosidade, Billy coloca sua mãozinha direita sobre a cabecinha de Nahla e tateia a textura dos pêlos da cadelinha, que estava quietinha e os olhinhos fechados, apreciando o carinho de Billy.

—Isso filho, é carinho. Assim a Nahla gosta, não é, meu amorzinho? - ela pergunta, com a voz fina, à cadelinha

 Nahla então coloca cabecinha sobre as perninhas descobertas de Billy e ele coloca sua outra mãozinha sobre ela e a acaricia.

 Com ciúme da atenção que Nahla estava recebendo, Faísca desce do sofá e sobe de novo pelo outro lado. Ele coloca sua cabecinha sobre as perninhas de Tommy, como forma de pedir-lhe carinho. 

—Olha Tommy, o Faísca também quer carinho, filho - Wanda fala e pega na mãozinha esquerda de Tommy, a colocando sobre a cabecinha de Faísca e deslizando-a pelas costas do pequeno, para que Tommy soubesse como fazer carinho em Faísca

 Ela eventualmente solta a mãozinha de Tommy e ele tateia a cabecinha de Faísca, que fecha os olhinhos com o carinho.

—Olhe como o Faísca está gostando do carinho

 A televisão continuava ligada, e nela passava uma sitcom dos anos 1960 chamada “Bewitched” (A feiticeira), mas Wanda nem prestava atenção. 

O mais importante estava ali com ela, que era sua família, ou melhor, parte dela, pois só estaria completa quando Visão retornasse.

*****

 Vilnius, Lituânia

Sentado na beira da cama, Visão tira o celular do ouvido ao se despedir de Wanda e encerra a ligação. Ele então bloqueia o aparelho, o deixando sobre a cama, e coloca as mãos no rosto, com os cotovelos apoiados em suas pernas.

 Estava ficando cada vez mais difícil conter a saudade que ele sentia de Wanda, dos gêmeos também e dos peludinhos. 

 Visão sentia do cheiro embriagante do creme corporal que Wanda usava todas as noites. Dos abraços e beijos dela. Sentia falta de dormir com ela em seus braços. 

 Sentia falta do cheirinho de colônia infantil dos gêmeos, das pequenas e gorduchas mãozinhas explorando a textura de sua mão ou brincando com sua aliança ou com seu relógio de pulso. 

 As gargalhadas gostosas que Tommy e Billy soltavam quando ele e Wanda davam cheirinhos em seus pescocinhos e dos barulhinhos fofos que eles faziam quando estavam mamando.

 E claro, não podia se esquecer de Faísca e de Nahla. Visão sentia falta dos chorinhos dos dois pedindo para subir na cama, do barulho que suas patinhas faziam no chão quando eles andavam pela casa.

 Tudo o que ele mais queria era poder voltar para sua família e nunca mais se separar deles.

 Visão ergue a cabeça e olha para seu celular ao escutar o som de um lembrete sonoro vindo do aparelho. Ao pegá-lo, ele vê uma notificação de mensagem de Tony aparecer na tela.

 Visão desbloqueia o celular e clica na notificação para ser redimencionado para o aplicativo de mensagens e começa a ler.

“Visão, estou passando para avisar que terá concentração pré missão às 18:00hs no meu quarto. Nós vamos discutir alguns detalhes de como vamos agir. Meu quarto é o de número 42”

 Visão responde com um “ok” e olha a hora. 

 Como já eram 17:05, ele decide tomar um banho e começar a se arrumar.

 Visão bloqueia o celular, o deixando na cama, e se levanta. Ele anda até sua mala, a deita no chão e a abre ali mesmo. 

 Ele se agaixa ao lado da mala e pega uma camisa social branca, que havia sido comprada mais cedo em Praga, uma cueca limpa e pega ainda suas coisas de higiene antes de se levantar. 

 Ele coloca a cueca e a camisa em cima da cama e começa a tirar sua roupa atual. A calça jeans ele voltaria a usar depois do banho, assim como o sapato, apenas trocaria a cueca e a camisa. 

 Ao se desnudar por completo, Visão coloca a calça sobre a cama e coloca a cueca dentro de um saco de roupa suja que estava na mala antes de ir até o banheiro.

*****

 Cerca de 15 minutos depois, Visão sai do banheiro com a toalha amarrada ao redor de sua cintura e anda até a cama.

 Em silêncio, Visão veste a roupa que havia separado e por cima, mesmo estando no verão, ele coloca uma jaqueta cinza escura, pois pela noite fazia um pouco de frio. Para finalizar, ele se senta na beira da cama e calça seu sapatos.

 Ao terminar de se arrumar, Visão olha a hora em seu celular, que estava ao seu lado. Como ainda eram 17:30, ele decide aguardar um pouco. 

 Visão então pega sua carteira, que estava dentro do bolso de sua calça, e a abre. 

 Ao ver a fotografia de sua família, os olhos azuis de Visão se enchem de lágrimas, tampando sua vista, e ele sente um aperto no peito.

 Visão tinha a consciência que estava partindo para uma missão arriscada e sabia do grande risco que corria de não voltar para casa e de nunca mais voltar a ver Wanda e seus filhos, mas como Vingador, era seu dever tentar fazer do mundo um lugar melhor, mesmo que isso lhe custasse a vida.

—Se algo acontecer comigo essa noite e eu não voltar para casa, quero que saibam que eu amo vocês mais do que tudo nesse mundo. Eu quero que vocês sigam em frente sem mim e que sejam felizes - ele fala, focando nos rostos de Wanda e dos gêmeos. Em seguida, ele aproxima a fotografia de seu rosto e deposita um beijo nela

*****

 Quando a hora de ir chega, Visão se levanta e pega carteira e o celular, os guardando novamente no bolso de sua calça, e anda até a porta, saindo do quarto em seguida.

 Ele anda pelo corredor, olhando para as numerações dos quartos, que iam abaixando conforme ele andava, até chegar no quarto de número 42. 

 Eles haviam ficado todos no mesmo andar do hotel, mas seus quartos eram afastados uns dos outros. 

 Enquanto o de Visão era o de número 49, no fim do corredor, o de Rhodes era o de número 44 e o de Bruce 47.

 Visão se aproxima da porta após confirmar que de fato aquele era o quarto certo, e bate duas vezes na porta.

 Segundos depois, a porta se abre, relevando Tony com a cara amassada e os cabelos um pouco bagunçados.

—Hey Visão, entre… - Tony fala, dando passagem para que Visão entrasse no quarto, e assim ele o faz - não repara na minha cara de acabado, eu acabei dormindo assim que enviei a mensagem. Acordei agora a pouco e apenas tomei um banho e me vesti - ele se justifica ao fechar a porta

—Imagina, senhor 

—O Rhodes e o Bruce devem estar chegando, enquanto isso, fique à vontade

—Obrigada…

—Não sei quanto à você, mas essa situação toda está sendo bastante estressante. Eu penso na Morgan e na Pepper e em como elas estão. Ainda penso sobre os terroristas e em como vamos acabar com eles para voltar o quanto antes para elas

—Então somos dois, senhor. Também penso na Wanda e nos meninos a todo momento… 

—Se conseguirmos ter sucesso essa noite e prendermos os bardeneiros, amanhã cedo tentarei embarcar no primeiro vôo de volta para casa

—Eu pensei o mesmo, mas gostaria de passar em um lugar antes

—Qual? 

—Sokóvia…

—Fazer o quê lá? - Tony pergunta sem entender 

—Eu gostaria de visitar os túmulos dos pais e do irmão da Wanda. Prestar uma homenagem. Eu sinto que devo isso à eles, sabe? Eu me casei com ela, que é a filha e a irmã deles e sou ainda o pai dos netos/sobrinhos. 

—Eu acho bacana de você querer fazer isso, afinal eles seriam sua família se estivessem vivos, não?

—É, seriam, mas o mais provável é que eu jamais teria conhecido a Wanda se os pais dela estivessem vivos - Visão fala com um tom de pesar na voz. Ele não conseguia imaginar como seria sua vida se Wanda não fizesse parte dela. Ele não teria tido seus filhos e nem conheceria o amor de sua vida.

—Nunca diga nunca, meu amigo. Você e a Wanda são almas gêmeas e certamente o destino arrumaria um jeito de juntá-los. Ele faz coisas maravilhosas - Tony fala, dando dois tapinhas no ombro de Visão

—É, quem sabe 

—Se estiver tudo bem para você, eu adoraria te acompanhar em Sokóvia e prestar minhas homenagens aos Maximoff, como uma forma de me desculpar por todo sofrimento que lhes causei. Eu ainda me sinto culpado por ser o responsável pela fabricação dos mísseis que causaram a morte dos pais dela. Ainda há o agravante Ultron, já que ele foi uma criação minha e matou o irmão dela. Espero de coração que a Wanda possa me perdoar algum dia - Tony fala, apenado por tudo o que ele causou na vida da sokoviana

—Mas o senhor não sabia para que fins seus mísseis eram usados. O senhor criou Ultron para proteger a humanidade, não para destruí-la. Não é sua culpa

—Mesmo assim, não isento dela

—A Wanda te perdoou a muito tempo. Acha mesmo que se ela não tivesse, o senhor teria sido um dos padrinhos do nosso casamento? Acha que ela iria na sua casa ou que te deixaria ficar perto do Tommy e do Billy? A Wanda amadureceu. Ela não é mais aquela adolescente rebelde e revoltada com o mundo. Ela sabe que o senhor não tem culpa alguma do que aconteceu. 

—É, faz sentido…

—Acredite em mim, a Wanda gosta do senhor e à muito tempo já não te culpa pelo que aconteceu com os pais e com o irmão

—Fico feliz em saber disso. Ela nos deu trabalho no passado, mas é uma boa pessoa quando a conhecemos de verdade

—Ela só não gosta de receber ordens, por isso agia daquele jeito, mas é uma pessoa incrível e eu sou supeito para falar isso - Visão fala com um sorriso bobo no rosto e coça a nuca, nervoso

—A bruxinha te enfeitiçou mesmo… - Tony brinca e Visão ri, um pouco sem graça

—A propósito, se o senhor quiser, pode vir comigo para Sokóvia

—Adoraria

 A conversa é interrompida por dois toques na porta. Tony anda até ela e a abre.

—Oi gente, entrem! O Visão já está aqui - ele escuta Tony dizer e então Bruce e Rhodes adentram o quarto

—Olá Visão - Rhodes fala ao vê-lo

—Olá coronel, olá Doutor Banner

—Olá Visão! - Bruce responde sorrindo

—Bom, já que estamos todos aqui, acho bom começarmos a discutir o que faremos - Tony propõe

—Tony, eu e o Rhodes andamos conversando e estavámos pensando se não seria melhor nos dividirmos em duplas. Rhodes e você, eu e o Visão. Uma dupla invade o bunker enquanto a outra fica de vigia, aguardando. Se realmente forem os Apátridas, com um comando pelo ponto eletrônico, os outros dois invadem também. Se formos os quatro de uma vez e não forem os Apátridas, mas mendigos, a questão da discrição vai por água baixo - Bruce fala

—Eu acho uma boa - Tony concorda e olha para Visão - O que você acha?

—De acordo… - ele confirma

—Ok. E quanto ao equipamento? - Rhodes pergunta

—Usaremos… - Tony fala, andando até sua mala, que estava aberta no chão, e pega uma maleta média cinza claro. Ele volta a se aproximar dos amigos, com a maleta virada para eles - Isso - fala e bre a maleta, revelando quatro armaduras em miniatura e quatro dispositivos, que pareciam o controle de um carro, mas que tinham formato de relógios de pulso para serem encaixadas nos pulsos - Esses são os dispositivos de ativação. Funcionam por bluetooth e cada armadura tem o seu. Eles servem para aumentá-las e diminuí-las, além de encaixá-las em nossos corpos se apertamos o botão verde. O botão vermelho é para tirá-la, o amarelo serve para aumentá-la e o botão laranja para diminuí-la. Usei um pouco da tecnologia do Pym, com a permissão dele, é claro. Sobre o funcionamento delas, é o mesmo esquema das armaduras anteriores, todas as funções têm que der feitas por comandos ao software. A mesma coisa serve para voar, atirar e etc… - Tony fala todo, orgulhoso de si, por suas novas criações

—Não dúvido de suas capacidades técnologicas, senhor, mas estas armaduras estão seguras para serem usadas contra os Apátridas? - Visão pergunta com os olhos fixados nas armaduras

—Podem ficar tranquilos, gente. Essas armaduras estão equipadas com softwares de última geração e estão blindadas com duas camadas de revestimento feitas de Vibranium com alto grau de pureza de Wakanda, que me foi concendido pelo Rei T’Challa. Elas aguentam até mesmo a energia de todas as jóias do infinito juntas. Eu comecei a desenvolvé-las no ano passado quando voltei à vida, mas só agora ficaram prontas porque queria fazer algo bem feito e bem reforçado, com materiais de primeira e à prova de tudo o que já enfrentamos antes. Com elas, não corremos o risco de sermos feridos e nem de perdemos controle se nos atingirem com balas. Eu inclusive usei esse mesmo material para reforçar o escudo do Steve e para aprimorar o traje do Sam - Tony explica

—Perfeito! - Rhodes fala aliviado

—Ah e detalhe, são suas, portanto podem levá-las consigo ao final da missão - Tony completa

—Muito obrigada, senhor - Visão agradece

—Verdade, obrigada Tony - Rhodes agradece também

—Não precisam me agradecer, pessoal - Tomy responde sorrindo

—Acho que está na hora, pessoal. Já são 18:30 - Bruce fala, olhando a hora em seu relógio de pulso 

—Vamos! - Tony concorda, pegando sua armadura e o dispositivo que a aumentaria e a encaixaria em seu corpo. Ele coloca o dispositivo em seu pulso direito e a armadura dentro dele

 Visão, Rhodes e Bruce pegam suas armaduras e seus dispositivos e fazem o mesmo que Tony.

 As armaduras de Tony e de Rhodes eram iguais as de sempre, nunca os descaracterizando como Homem de Ferro e Máquina de Combate.

 Já a armadura de Bruce era verde musgo, uma homenagem ao Hulk, enquanto a armadura desenvolvida para Visão era vermelha com prata, uma clara homenagem à sua antiga forma como andróide.

*****

 Quando ficam prontos, um a um, eles saem do quarto, e sempre conferindo se não havia ninguém e chamando o próximo pelo ponto eletrônico que eles tinham em seus ouvidos para se comunicarem.

 Na ordem, saem Tony, Rhodes, Visão e por último Bruce. Os dois primeiros descem pelos elevadores e os dois últimos descem pela escadas, de modo que ninguém soubesse que estavam juntos para não levantarem suspeitas.

 Na entrada do hotel, havia um carro preto de vidros escuros que pertencia ao governo, estacionado à espera deles, e à medida que iam saindo do hotel, iam entrando no veículo.

 Quando o último integrante do quarteto, no caso Bruce, entra no carro, o motorista dá partida, rumo ao local onde a operação aconteceria.

*****

 No trajeto, Visão aproveita para passar uma mensagem para Wanda, avisando o que estava acontecendo, assim como Tony avisava Pepper e Bruce avisava Betty.

“Oi meu amor. Estou passando para te avisar que estamos à caminho do Bunker e se tivermos sorte, essa noite pegaremos os Apátridas e tudo isso vai acabar.

 O Senhor Stark desenvolveu um conjunto de armaduras novas usando as tecnologias mais atuais. A minha é das cores do meu antigo corpo, vermelho com prata. Muito bonita. Mal posso esperar para te mostrar, amor. 

 Eu quero que você saiba que eu amo você, o Tommy, o Billy e a Nahla e o Faísca mais do que tudo no mundo.

 Assim que eu puder falar, te ligo ou te mando uma mensagem para avisar como estou e o que aconteceu.

 Um beijo, Visão❤️”

 Visão envia a mensagem e desliga o celular para evitar se distrair durante a missão caso Wanda lhe enviasse alguma mensagem. Ele guarda o aparelho no bolso de sua calça e olha pela janela a cidade passar por ele.

*****

 Ao chegarem no centro da cidade, o carro para um pouco distante do Bunker, formando assim um cerco que faria impossível uma fuga. 

 Eles descem do carro e se deparam com agentes da VSD, departamento de segurança do Estado da Lituânia, da STB, que era o serviço de inteligência da Repúplica Tcheca e mais alguns agentes da CIA e da S.H.I.E.L.D. 

 Todos estavam disfarçados e agiam como cidadãos comuns para não chamar a atenção, salvo que estavam equipados com armas escondidas em suas vestes. 

—Sou Andrius Kazlauskas, chefe do departamento de segurança estatal da VSD. É um prazer finalmente poder conhecer alguns dos Vingadores. Gostaria também de agradecer por sia ajuda - um homem calvo, gorduxo e de barba feita, que devia ter em torno de uns 60 anos, se aproxima ao vê-los, e fala com inglês bastante carregado, que lhes custava entender um pouco

—Obrigada senhor, o prazer é todo nosso por podermos ajudar - Visão toma frente e agradece pelos outros três

—Acredite, é um enorme prazer estar diante de vocês. Os Vingadores são uma lenda desde que trouxeram de volta metade da população mundial a dois anos

—Apenas fizemos o que era certo - Tony responde e o homem sorri 

—Bom, não sei se alguém passou as informações, mas acreditamos que o bunker localizado a 100 metros daqui é o local de encontro dos Apátridas. Uma espécie de covil. Nosso departamento de polícia encontrou  movimentações estranhas por esses dias vindas justamente desse bunker, que está desativado desde o fim da guerra, mas até então não havíamos feito nada pois às vezes a igreja usa o espaço para armazenar doações. Mas então houve o primeiro atentado de autoria do grupo em Nova Iorque e em Washington e desde então essas movimentações estão mais frequentes. Cremos que seja esse o local onde eles planejam suas ações e por isso avisamos os governos tcheco e americano, nossos aliados nessa luta contra o terrorismo - o homem explica

—Já nos disseram sim, senhor, e esperamos que estejam certos e que tudo isso termine o quanto antes - Bruce confirma

—É o que todos queremos. Bom, menos mal que já saibam sobre o que está havendo - ele responde - entrarão com vocês mais um grupo de agentes. Caso precisem de armas e equipamentos, temos de sobra em nossos veículos

—Temos tudo aqui, senhor, mas muito obrigada - Rhodes agradece 

 O homem abre a boca para dizer algo, mas fica quieto e coloca a mão no ouvido direito, onde havia um ponto eletrônico que ele usava para se comunicar com seus agentes 

—Taip, supratau, pradėkime ruoštis (tradução: sim, entendi, vamos começar a nos preparar) - ele fala em lituano com um de seus homens e em seguida olha para os quatro - Pois bem. Iniciaremos em cinco minutos, preparem-se senhores 

 Os quatro assentem e então homem se afasta um pouco, indo em direção al chefe do departamento de polícia local, que também estara presente na operação. 

—É pessoal, está chegando a hora… - Tony comenta

—Melhor irmos nos posicionando. Tony, vamos para a entrada do Bunker - diz Rhodes 

—Melhor mesmo. Nos vemos em breve, rapazes - Tony fala à Visão e Bruce e ele e Rhodes se despedem deles com um aperto de mãos. Em seguida, se afastam até sumirem do campo de visão deles

—Vamos então? - Bruce pergunta

—Vamos sim - Visão responde e ele e Bruce andam lado a lado em direção ao Bunker, mas param na esquina e ficam escondidos ali, pois apenas entrariam caso fossem realmente os Apátridas que estavam ali

 Bruce e Visão, assim como Tony e Rhodes acionam suas armaduras e elas se encaixam ao redor de seus corpos.

—Sistema iniciado com sucesso. Boa noite, Visão - uma voz robótica masculina soa dentro de sua armadura assim que os sistemas da mesma são ligados

—Boa noite… como posso te chamar? 

—Me chamo W.A.L.L - E. É um prazer ajudá-lo 

—Obrigada, W.A.L.L - E - Visão fala, achando um pouco curioso ele estar conversando com um sistema de inteligência artificial, sendo que ele própria havia sido criado à partir de J.A.R.V.I.S, a antiga IA de Tony.

 Certamente, quando fossem maiores, Tommy e Billy se divertiriam horrores brincando com W.A.L.L - E, isso é se Wanda permitisse que Visão o ligasse em casa.

—Se divertindo com seu novo amigo, Visão? - Tony brinca através do ponto eletrônico

—Ceús, vocês me escutam? - Visão pergunta aflito e sem graça por ter sido pego conversando com sua IA

—Aham - Rhodes e Bruce respondem e e Visão fica vermelho de vergonha dentro de seu traje

—Um minuto, pessoal. Estejam todos a postos - atráves do ponto eletrônico, eles escutam o comando vindo do chefe do departamento de segurança estatal lituano, Andrius Kazlauskas, com quem eles haviam conversado minutos antes

 Os seguintes sessenta segundos de espera que se seguem são de total apreensão para todos. 

 Visão mentalizava a imagem de sua família. Flashes desde seu reencontro com Wanda em Wakanda até a manhã do dia que ele partiu para aquela missão passam por sua mente como um filme. Ele tinha que voltar vivo para Wanda, Tommy e Billy.

—Entrada autorizada - depois de um minuto, um novo comando pôde ser ouvido através do ponto eletrônico e um ensurrecedor barulho de explosão vindo da entrada do Bunker pode ser escutado à seguir. O som se dava por conta dos explosivos usados para se abrir a pesada porta de chumbo do bunker.

 Tony, Rhodes e mais alguns homens entram logo em seguida pelo rombo que havia sido feito no chumbo da porta.

 Visão e Bruce então se aproximam da entrada do bunker e aguardam do lado de fora até que alguém desse o comando para que eles entrassem, o que de fato acontece minutos depois, com a voz de Tony vinda do ponto eletrônico.

—São eles mesmo, gente. Os achamos - Tony comemora do outro lado

—Precisamos de reforço, pessoal - Rhodes pede 

—Estamos entrando - Visão fala e ele e Bruce entram no bunker, seguidos de vários agentes da CIA, da S.H.I.E.L.D, da VSD e da STB para reforço

*****

 Os corredores internos do bunker eram bastante estreitos e escuros, era quase um labirinto. Bruce andava à frente e Visão andava logo atrás dele. 

—C.I.N.D.Y, ativar visão noturna, por favor - Bruce pede à inteligência artificial que havia em sua armadura 

—Visão noturna ativada, Senhor - a voz feminina da inteligência artificial de Bruce responde e o comando é ativado

—W.A.L.L - E, ativar visão noturna - Visão pede à sua IA

—Visão noturna ativada, - W.A.L.L - E responde e o comando é ativado na armadura de Visão, possibilitando que ele enxergasse melhor na escuridão

 Visão e Bruce, guiados pelo sinal que as armaduras de Tony e de Rhodes emitiam, se dirigem até uma espécie de sala, cujas luzes estavam acesas, e lá encontram Rhodes e Tony em pé, junto aos agentes das agências de segurança e inteligência envolvidas e, com armas apontadas para eles, estavam cerca de 20 indivíduos, membros dos Apátridas. 

 Eles se posicionam ao lado deles, de frente para o grupo.

—Acabou a brincadeira! Entreguem-se! - a voz firme de um dos agentes da CIA soa, se aproximando deles

—Se se aproximarem de nós, vamos atirar! - um homem ameaça com uma arma apontada para a cabeça do agente, que recua dois passos para não provocar a ira do homem

—Entreguem-se agora! - exige outro agente, dessa vez um da STB

—Porque faríamos isso? Vocês não ligam para as pessoas, apenas para seus próprios umbigos. O mundo estava bem melhor antes desses idiotas chamados Vingadores trazerem todos de volta. Todos se ajudavam, não havia política imigratória, programas de vistos. Erámos livres pra ir e vir, mas vocês, como sempre, acabaram com tudo - um rapaz membro dos Apátridas fala, com uma arma apontada para eles, e olhando atentamente à Tony, Rhodes, Bruce e Visão, com raiva deles

—Nós entendemos o que vocês estão querendo propor. A causa é nobre, eu reconheço, mas existem formas pacíficas de resolvermos isso. Podemos levar isso para a ONU. Não precisam matar pessoas inocentes ou planejar atentados - Visão fala do modo mais pacífico, tentando acalmar o rapaz e tentar negociar algo que fosse benéfico para ambas as partes

—Não queremos nada do que venha de vocês! Não confiamos em ONU, nem em Vingadores, muito menos em governos - o rapaz responde

—Garoto, o único culpado por tudo se chama Thanos e está morto! Foi ele quem causou todo esse caos que ainda existe pelo mundo. A culpa do que está acontecendo com vocês é dele, somente dele, mas ele já está morto - Tony fala 

—Nós não vamos desistir do nosso propósito! Nós ainda vamos derrubar todos os governos mundiais para formar um só - outro rapaz proclama, batendo a mão em seu peito enquanto segurava uma arma com a outra mão

—Acho que não. Em nome dos orgãos internacionais de segurança e como chefe do departamento de segurança estatal do Estado, eu, Andrius Kazlauskas, declaro que vocês estão presos - o chefe da VSD, Andrius Kazlauskas anúncia ao adentrar o bunker, escoltado por dois policiais armados. Em suas mãos, ele segurava um papel que validava o ato de prisão do grupo - terão sorte se não pegarem uma perpétua porque o que vocês estão fazendo é muito grave!

—Podemos ser presos, mas não vamos parar até conseguirmos alcançar nosso objetivo. Nos prender não irá deter os Apátridas porque temos pessoas que continuarão por nós - o mesmo rapaz que falou anteriormente fala usando um tom de deboche

—Quem vai continuar por vocês?

 Silêncio.

—Eu vou perguntar outra vez. Quem vai continuar por vocês? - Kazlauskas pergunta, começando a ficar nervoso

—Karli - uma moça que estava entre o grupo responde falando baixo, talvez intimidada com tantos agentes e com quatro membros dos Vingadores

—Onde está ela? 

 Silêncio.

—Anda, nos responda, onde a garota está? 

—Em Nova Iorque - um dos rapazes responde

—Fazendo o que? - Kazlauskas pergunta

—Haverá uma cúpula daqui a dois dias na sede da ONU, onde será discutida a repatriação de quem foi levado para outros países onde se houve déficit de pessoas por conta da dizimação. Nós não somos coisas, somos pessoas e temos sentimentos, queremos uma chance de termos uma vida digna. Os governos não podem simplesmnente nos largar de onde vinhemos como se fossemos nada. Por isso, Karli planeja parar com a repatriação, atacando-os - ele responde e Visão sente pena por esse ser o motivo, mas nada justificava as ações violentas deles

—Seu idiota! Você não tinha que dar informação nenhuma à eles! - um homem se enfeza e atira bem no peito do homem que disse tudo, o matando instantaneamente. Em seguida, ele começa a atirar nos agentes, que começam a atirar de volta

 Protegido dentro de sua armadura, Visão via horrorizado a troca de tiros acontecer diante dele e revidava quando era preciso, já que às vezes, um ou outro tentava derrubá-lo para abrir a armadura à força para atirar nele.

 Por isso, Visão se via obrigado a atacá-los de volta e imobilizá-los com choques que sua armadura emitia pelas palmas das mãos.

*****

 Alguns minutos depois, as munições de ambos os lados se acabam e os tiros cessam. 

 Haviam alguns corpos caídos no chão e poças de sangue espalhadas por todo ele, o que fazia Visão sentir repulsa.

 Haviam alguns agentes feridos, mas nada muito grave. Por sorte, Visão estava bem, assim como Tony, Bruce e Rhodes, o que Visão agradecia, pois só o que vinha em sua mente era sua família naquele momento.

 Kazlauskas, que ainda estava lá, com roupas à prova de balas e com uma arma na mão, fala algo em lituano pelo ponto eletrônico e segundos depois uma equipe da polícia entra no bunker. Eles algemam os terroristas remanescentes e os retiram de lá.

—Vocês estão bem? - Tony pergunta à eles, tirando sa armadura

—Um pouco nervoso ainda, mas estou sim - Bruce responde um pouco ofegante e tira a parte da cabeça de sua armadura para respirar um pouco de ar puro

—Até que não foi dificil lidar com eles - Tony fala 

—Porque não são super soldados - um dos agentes da S.H.I.E.L.D se aproxima deles com um tablet na mão

—Isso eu reparei porque morreram rápido - Tony fala e todos olham para ele 

—O quê? Se fossem super soldados, nós estaríamos ferrados 

—Eles são  apenas os serviçais da Karli, os mais baixos da hierarquia que existe - o tal agente fala, virando a tela do tablet para que eles pudessem ver as fotos de todos os membros do grupo terrorista, e mostra à eles - Karli é a lider e existem os membros do alto rango, que são ligados diretamente à ela. São eles quem orquestram os atentados, mas não os que executam. Eles deixam o trabalho sujo para os peões, que são estes que acabamos de prender. Na terça-feira, porém, será diferente, Karli em pessoa estará lá junto de seus comparsas

—Como sabem disso? - Tony pergunta

—Um dos que acabamos de prender confessou quando o pressionaram. Eles foram usados por Karli como bodes espiatórios para desviar a nossa atenção - o agente responde

—E sabem qual foi o motivo do atentado de hoje mais cedo? - Visão pergunta

—Eles pegaram mantimentos para se alimentarem aqui… 

—Eu tenho pena, afinal são pessoas que não tem casa, nem trabalho, às margens da sociedade, mas quando me lembro de que para tudo eles usam a violência, tenho raiva - Bruce fala

—Igualmente - Visão concorda

—Uma coisa que não entendi até agora é: se esses não eram super soldados, porque roubaram o soro com o ex cientista da H.Y.D.R.A? - Rhodes questiona

 -Aí que está. Com estoque limitado de soro do super soldado, apenas a Karli e os que estão mais alto na hierarquia se beneficiaram, tornando-se super soldados. Precisaremos de reforço em Nova Iorque, pois será uma luta árdua. Fury foi avisado. Ele, a agente Hill e o time do Capitão América embarcarão de Praga pela manhã para os Estados Unidos. Vocês vêem conosco? Embarcaremos daqui pela manhã também em um quinjet e nos reuniremos em Washigton D.C, na sede da S.H.I.E.L.D

—Sim, eu irei - Rhodes fala e o agente assente 

—Também - Bruce fala também

—Na verdade, eu irei embarcar depois, acho que pela tarde ou pela noite, vai depender do horário do vôo que tiver saindo de Novi Grad. Tenho algumas pendências lá - Visão fala, retirando sua armadura

—Eu também - Tony responde 

—Que pendências vocês dois têm lá? Não é a capital de Sokóvia? - Bruce pergunta, sem entender nada

—Sim é. Meus sogros e meu cunhado estão enterrados lá. Eu vou para lá para visitar a família da Wanda, do Tommy e do Billy - Visão responde com pesar

—E eu irei acompanhá-lo como forma de me desculpar pelo que aconteceu à eles - Tony responde e Bruce assente 

—Entendi, mas agora podemos sair daqui? Está um calor… - Rhodes fala, tirando a parte da cabeça da armadura

—Boa, vamos - Tony concorda

 Os quatro então andam até a saída do bunker e, ao chegarem do lado de fora, se deparam com uma multidão formada por populares e repórteres de veículos de comunicação locais e internacionais que faziam a cobertura da operação.

 À essa altura, Rhodes e Bruce já haviam tirado suas armaduras, assim como Visão e Tony, mas mesmo assim são reconhecidos pelos repórteres, que tentam se aproximar deles para tirar informações, mas eles se limitam a dizer que não poderiam falar nada à respeito.

*****

 Ao retornarem para hotel, cada um segue para seu quarto para arrumar suas coisas, já que iriam embora no dia seguinte. 

 Ao adentrar no quarto dele, Visão se lembra que seu celular ainda estava desligado dentro do bolso de sua calça. Ele então pega o aparelho e o liga.

 Assim que o celular se inicia, um monte de notificações de mensagens de Wanda começam a aparecer na tela. 

 Dentre as dezenas de mensagens, Visão lê uma rapidamente que pedia que ele ligasse para ela quando visse. 

 Ele então desbloqueia seu celular e disca o número dela, iniciando a chamada em seguida e colocando o telefone em seu ouvido. No segundo toque ela o atende.

—Vizh, é você? - ela parecia aflita do outro lado 

—Eu disse que tudo ia ficar bem, não disse?

—Ai meu deus Vizh! Você está bem? 

—Estou ótimo, exausto, mas ótimo

—Os noticiários não param de falar sobre a operação. Eu fiquei nervosa quando disseram que haviam 15 mortos e vários feridos. A Pepper me ligou desesperada querendo saber se você havia feito contato comigo e se sabia de algo. Só fiquei tranquila quando vocês apareceram na tv dizendo que não falariam nada sobre o que havia acontecido

—Me desculpa, amor. Eu desliguei meu celular, liguei agora que voltei para o hotel. 

—Entendi, mas e aí, o que aconteceu? Você pode contar para a sua esposa que te ama muito, não pode? - o tom de voz que Wanda usa para perguntar era tão meigo que Visão sorri ao imaginar a carinha fofa que ela devia estar fazendo 

—Chantagista - ele brinca e ela ri do outro lado da linha - Vou te contar, sim. Você sabe que eu não tenho nada para esconder de você, não sabe? 

—Acho bom mesmo… vai fala! 

 Visão ri.

—Bom, nós prendemos uma parte dos Apátridas. A garota que comanda o grupo, assim como os que estão no topo da hierarquia interna interna deles não estavam lá. Os que foram presos eram os peões dela. Ao que parece, haverá uma reunião na sede da ONU que fica em Manhattam em dois dias para fecharem os acordos sobre a repatriação de quem foi realocado durante os últimos sete anos desde o estalo de Thanos. A garota está planejando um ataque para impedir que isso ocorra. Eles nos odeiam por terem revertido o que Thanos fez, acredita? 

—Gente doente…

 Visão ri.

—A boa noticia é que nós estamos indo para os Estados Unidos amanhã. A má é que eu ainda não vou poder ir para casa. Vou para Washington D.C, onde eu e o pessoal que está aqui comigo vamos nos reunir com Fury, Hill e a equipe que está com o Capitão Rogers na sede da S.H.I.E.L.D. A Karli e o seleto grupo dela são super soldados, são eles que estão com o soro que foi roubado do ex cientista da H.Y.D.R.A

—Ótimo, eu vou deixar as bolinhas e os bebês sob os cuidados da Agnes e do Ralph e me encontrarei com vocês lá

—Nada disso, você vai ficar aí em Westview!

—Porque? Eu não estou grávida como a Nat, posso lutar. É só eu deixar um estoque grande de leite que tudo vai dar certo

—Amor, por favor, faz o que eu te peço, fique aí, em segurança e me espera. Assim que puder, eu alugo um carro em Nova Iorque e vou para casa. Quando formos devolver o carro, estaremos com o nosso e podemos aproveitar para passear por Nova Iorque com o Tommy, com o Billy e com o Faísca e a Nahla, que tal?

—Urgh tá, mas da próxima eu vou lutar com vocês - ela finge estar brava

—Ok, da próxima eu deixo - Visão brinca e ela ri baixinho - te amo 

—Também te amo. Se cuida viu? 

—Pode deixar. Você também hein?

—Eu vou 

—Boa noite 

—Aqui é boa tarde… são 13:30

—É, eu sei que aí são sete horas a menos, mas não vamos mais nos falar por hoje porque eu estou cansado. Vou arrumar minhas coisas e dormir porque o dia será cheio amanhã, então boa noite 

 Wanda ri.

—Boa noite então. Estamos todos com muita saudade

—Também estou com muita saudade de vocês. Amo vocês 

—Também te amamos, muito 

—Beijo

—Beijo

 A ligação é encerrada. Visão suspira fundo e tira o celular do ouvido.

 Ele havia preferido não falar nada sobre estar indo para Sokóvia pois não queria causar um gatilho emocional em Wanda, ainda mais ela estando sozinha com os bebês e com os peludinhos.

 Em silêncio, ele arruma suas coisas e em seguida se prepara para ir dormir, pois partiria cedo para Sokóvia com Tony e precisava estar descansado.

 Ao se deitar na cama, Visão fecha os olhos e a última coisa que vem em sua mente antes de cair no sono são Wanda e os gêmeos e em como estava ansioso para reencontrá-los.