— Então quer dizer que Shayera está grávida? - perguntou o General Hol George

— Sim, mais por que o interesse? Você a renegou George - disse a mãe de Shayera.

— Na verdade, me interessa sim Melinda. Se ela estiver esperando um menino, ele poderá me suceder. Esqueceu que além de Shayera nos trair, Selena se recusa a casar-se com o Timeus?

— George, elas têm vida própria, você não pode interferir nas suas vontades. Já perdi Shayera, não quero perder Selena. Por favor, George, deixe Shayera e seu bebê em paz, você a renegou, ela não tem nenhuma obrigação conosco.

— Se eu bem a conheço, agora que está esperando um filho, pensa ainda mais em Thanagar. Ela foi criada para ser uma guerreira.

— Você sente falta dela não sente, George? - perguntou Melinda na esperança de que ele demonstrasse afeto por Shayera.

— Isso não importa, agora somos eu, você e Selena e tenho que me preocupar com o futuro dela, já que você apoia todas as suas ideias malucas.

— Você é muito teimoso George. - disse Melinda e mudando de assunto disse: - Quero te pedir algo querido. Desejo sua permissão para visitar Shayera, preciso ver nossa filha.

— Agora não Melinda, chega desse assunto. Preciso voltar para o quartel, avise a Selena que quero vê-la no jantar hoje, sem desculpas.

Melinda assentiu, sabia que não adiantava falar, George sempre foi teimoso e agora, sabendo que Shayera seria mãe, ela tinha certeza que ele estava arquitetando algo. Só não sabia se seria bom ou não.

...

Shayera e John curtiam a nova vida, agora a três. Ela continua em missão, mais cuidadosa para não comprometer a vida do seu bebê e John, estava preparando uma surpresa para Shayera. Ele estava terminando uma casa, bem grande, como ele sempre sonhou, com um imenso quintal. Ele queria viver uma vida normal com seu filho, ou ao menos, tentar.

Ele se desdobrava em missões, junto a Liga, e com Shayera em suas folgas. O presente seria dado juntamente com o pedido oficial de casamento.

— John?! - chamou Shayera, percebende ele distraido. - John?

— Oi Shay - respondeu ele

— Você veio trabalhar hoje? Seu corpo está aqui mais seus pensamentos parecem longe... - disse curiosa

— Imagine, mesmo pensando "longe", é em você que penso. - disse sincero

— Sendo assim, me conta no que tanto pensa... fiquei curiosa...

— Em nós, no nosso filho. - Dizia ele olhando para o monitor, estavam trabalhando - Nossa vida será um pouco diferente agora. Eu estava pensando: precisamos planejar nosso casamento Shay.

— Casamento? - perguntou um pouco assustada - Já moramos juntos John, você já tem até um lado no meu guarda roupa - disse rindo, tentando desconversar.

— Mais não é a mesma coisa. - disse ele e encarando-a perguntou: - Por que você desconversa sempre que falamos em casamento? Tem alguma coisa acontecendo?

— Você acha que tem alguma coisa? - perguntou ela sem responder

— Respondendo a minha pergunta fazendo outra, Shay? - respondeu ele e encarando-a prosseguiu: - Posso estar errado, mas tem alguma coisa te incomodando e eu gostaria de saber. Você é a mulher que eu amo e a mãe do meu filho, não quero que você pense que está sozinha.

A resposta de John a pegou de surpresa. A maneira carinhosa como ele disse que se preocupava com ela quase a fez chorar.

— John, eu sei que posso contar com você. Eu só não queria preocupá-lo, só isso, são coisas da minha cabeça.

— O que foi Shayera?

— Tudo bem - disse, rendida e disposta a falar a verdade - Prometemos não esconder nada um do outro. Eu tenho pensado e muito em Thanagar. Fico pensando como seria se meus pais soubessem do nosso bebê.

Aproximando-se dela, John disse:

— É compreensível Shay, você sente falta da sua família, do seu povo. - e percebendo que ela o encarava, surpresa, prosseguiu: - Não me olhe assim, você acha que eu nunca percebi? Eu te conheço Shay. Mais o que isso tem haver com o nosso casamento? Eu sei que pensar em Thanagar é o motivo.

Shay o encara com seus grandes olhos verdes:

— Em Thanagar, o primogênito se torna um guerreiro quando o casamento dos seus pais é aprovado por suas famílias. Eu sei que nosso filho será um grande guerreiro, mas eu sinto tanto por saber que ele não conhecerá meus pais, meu povo. É como se eu me sentisse incompleta. Eu te amo John e quero viver com você, mas tenho pensado tanto em meu povo que...

— ... que chegou a pensar que os trairia de novo, casando-se comigo? - perguntou John. - Shay, eu não te julgo, acredite. Eu entendo e sei como deve ser difícil para você. Seu povo está em Thanagar e aqui é apenas você e nós, seus amigos. Mais não permita que seus medos atrapalhem sua felicidade. Eu sei que posso te fazer muito feliz como também sei que jamais conseguirei substituir seu povo. Só precisamos tentar.

— Obrigada John, até me sinto aliviada... me promete uma coisa?

— Claro, o que você quiser?

— Eu vou cuidar bem para que o nosso filho venha com saúde e em segurança, mais, se por algum motivo você precisar escolher entre mim e o nosso bebê, me prometa que vai salvar a vida dele.

—  Você enlouqueceu? Por que acha que vou precisar fazer uma escolha absurda dessa?

— Eu não sei John, eu não estou com bom pressentimento, não sei. - disse Shay preocupada.

— Eu acho que você está muito sensível Shay. Não fique com esses pensamentos, vai dar tudo certo e vou cuidar de você e do nosso filho. - John abraçou Shayera.

...

Os nossos heróis estavam bem ocupados, principalmente porque Shayera não estava saindo tanto em combate para não comprometer sua gestação. Diana e Bruce lideravam parte das missões, então, pouco se viam. Bruce amava a Diana e havia se conformado, sabia que ela estava cada vez mais envolvida com Steve Trevor.

Num dos momentos de sossego, Diana vai almoçar e encontra Batman no refeitório, sozinho. Ela decide sentar com ele.

— Posso sentar aqui? - perguntou, receosa da negativa dele. Bruce, leva um susto, surpreso com ela:

— Diana - disse levantando-se - Claro, sente-se!

— Obrigada - agradeceu, sentando-se um pouco desconfiada. - Faz tempo que não conversamos, você está bem?

— Sim, estou sim, obrigada por perguntar. E você?

— Eu também. - disse ela e já um pouco impaciente com esse abismo entre eles, sem assunto, foi direta: - Bruce, por que será que eu tenho a impressão de que você me esconde algo?

— Escondo?? - fingiu não entender ele: - Por que você acha isso Princesa?

— Desde aquele dia que você foi ao meu apartamento. O que você ia me dizer? - perguntou ela.

— Aquele dia foi um erro Diana, eu sinto muito. Eu não queria atrapalhá-la e nem fazer com que você pensasse que escondo algo. - Desconversava ele.

— Bruce, olha pra mim - pediu ela - Fazia tempo que esse "Bruce" não conversava comigo e agora que ele está de volta, quero conversar sim.

— É um pouco tarde Diana, agora... - dizia ela até ser interrompido por ela

— Você vai dizer que estou com Steve e é tarde para se entender comigo? - disse ela

— Isso mesmo, não quero que você se sinta pressionada. Você cansou de me dizer que não adiantaria nada quando eu... - ele ia dizer, "quando eu percebesse meu erro" mais ponderou e mudou de assunto, vendo Steve se aproximar. - É melhor eu ir.

— Não precisa sair só porque eu cheguei, Batman - disse, percebendo que Batman já estava saindo quando ele chegou.

— Eu preciso conversar com Jo'nn, eu já estava de saída mesmo. - disse cordialmente. Steve até estranhou.

— Tudo bem Batman, mas ainda não terminamos nossa conversa.  alertou Diana

Bruce apenas assentiu, sem responder nada. O velho Batman sempre fora fechado, isso não surpreendeu Steve.

Steve e Diana conversavam enquanto almoçavam, mais o pensamento da Amazona estava em Bruce. Ela o percebia "diferente", diferente do Bruce com quem vinha convivendo. Era o mesmo Bruce de antes, que havia conquistado o coração dela.

Ela tinha certeza de que Bruce tinha algo para contar, no dia em que foi ao seu apartamento e como sabia que ele não falaria e nem tocaria no assunto, estava decidida a arrancar dele a verdade. Isso ficou na cabeça da Amazona a tarde inteira e a noite, ela foi ao quarto de Bruce

Ele estava quase dormindo quando se assustou com Diana entrando em seu quarto,

— Calma, sou eu Bruce. - disse ela, acalmando-o - Pelo que vi a senha de acesso continua a mesma.

"Eu tinha esperança de que você voltasse" - pensou Bruce, sem revelar a amazona o que passava pela sua cabeça. Coçando os olhos para espantar o sono ele disse:

— Não foi pra falar da senha que você veio até aqui, não é?

— Não. - Concordou ela - Precisamos conversar Bruce e não dá pra esperar mais. Então serei direta, o que você ia me dizer aquele dia?

— Diana, já conversamos sobre isso.

— Bruce?! - chamou sem acreditar que ele ainda insistia em negar - Eu não sou boba.

Ele bufou, sabia que ela ia insistir até arrancar dele a verdade e não adiantaria esconder dela, uma hora ela descobriria.

— Tudo bem - Bruce assentiu e começou a contar tudo para Diana. Ela, por sua vez, ficou bem atenta a cada palavra dele, parecia não acreditar no que ele dizia.

Depois de falar tudo, os dois cairam num silêncio torturante. Diana estava imóvel, sem demonstrar reação alguma. Ela ficou encarando Bruce até que por fim, rompeu com o silêncio.

— Desde quando você sabe disso? - perguntou por fim

— Foi na ultima visita de Zatanna. Ela me contou. Disse que já estava me achando um pouco estranho e quando soube o que Selina fez, teve certeza de que era verdade.

— Você nunca acreditou em magia, por que acreditaria agora, Bruce? - questionou Diana

— Porque eu não vejo outra explicação para a forma como eu agi e te tratei Diana. Eu posso ser um pouco ciumento sim, mais nunca a trataria com desprezo e desrespeito, como aconteceu. Eu lamento por cada coisa que eu fiz e disse pra você... - dizia ela até Diana o calar, colocando o dedo em sua boca, pedindo que ficasse quieto.

— Psiuuu... - disse ela - Não precisa se desculpar Bruce. Você disse que a magia foi desfeita quando você acreditou que ela existia, é isso?

— Isso. De acordo com Zatanna, como Selina sabia que eu não acredito em magia - dizia ele olhando para Diana e então corrigiu: - como ela sabia que eu não acreditava em magia, assim seria mais dificil desfazer o que ela havia preparado pra mim.

— Mais que safada, Bruce! - disse nervosa - Selina é obcecada por você, ela não tem limites. - E olhando para ele prosseguiu: - Era isso que você ia me contar quando foi ao meu apartamento? Tem alguma outra coisa que eu precise saber?

— Era só isso Diana. Estou atrás de Selina, não serei mais tolerante com ela e assim que eu a encontrar, vou prendê-la. Você estava certa o tempo todo.

— Pelo que vejo o Bruce está de volta - Diana se aproximava ainda mais a pouco de sentir a respiração ofegante de Bruce com a proximidade dela.

— Princesa, eu a desejo muito. Acho melhor você ir embora. - disse ele quase sem conseguir pronunciar as palavras.

— Bruce, eu também o desejo - disse ela beijando-o. Um beijo desesperador e de saudades.