Xeque-Mate escrita por Dani, Sannybaeez, Braguinhah


Capítulo 3
Paulo - Será?




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— Com certeza uma tempestade.

O clima estava nublado, nuvens pesadas enfeitavam o céu e até mesmo o ar parecia ter uma certa tensão e a temperatura deve ter caído alguns graus.

— Ou Zeus ta irritado ou vai ser um baita de um temporal.

Murmurei sozinho entre as árvores da floresta. Naquela manhã era a minha vez de buscar lenha para a grande fogueira do dia seguinte, onde eu e meus irmãos iriamos nos apresentar como sempre e dar ao acampamento o melhor presente: Nossas incríveis habilidades musicais.

E é exatamente por causa disso que espero que os céus não aprontem nada.

Já fazia algumas horas que estava do lado de fora da barreira — já que todas as árvores de dentro do acampamento tinham ninfas, e a última vez que sequer cogitei quebrar o galho de uma, fui ameaçado de morte por uma garota verde e que tinha um ninho na cabeça de pássaros tão furiosos quanto ela — e levava aos poucos os longos galhos de madeira e tocos de árvore para a entrada do pequeno atalho secreto que, modéstia a parte, eu havia descoberto alguns anos atrás, e que facilitava bastante o trabalho nas noites de fogueira.

Já havia conseguido juntar duas pequenas pilhas de material na entrada, e quando senti os músculos dos meus braços latejarem, aquele foi o sinal para parar, e juntando o último rastro de força que havia em mim, caminhei — fazendo algumas paradas obviamente, não sou de ferro — me dirigindo para o chalé.

— Então quer dizer que é o nosso novo conselheiro Fafá? — Laís falava divertida com sua adorável enquanto partia um boneco de treino ao meio com um chute — Incrível!

— É, incrível... — Fabrício falava, parecendo não muito interessado.

— O que foi, não está animado? — Falei enquanto rodava minha espada como se fosse um pino de boliche, brincando.

— Estou Paulo, mas a situação não é a ideal.

Eu não pude conter o riso, nunca havia uma situação ideal para semideuses.

E após mais algumas provocações por parte não só de mim como de nosso novo conselheiro, já empunhávamos nossas armas um contra o outro. O sorriso de Fabrício exalava confiança, enquanto eu girava minha espada debochando dele.

Mas no momento em que nossas lâminas iriam se chocar, alimentando mais de nossa rivalidade o chão sob nossos pés tremeu, fumaça levantou, gritos ecoaram por todo o lugar, fogo subiu em labaredas pela barreira tremeluzente que começava a rachar e então...

Um Minotauro voou em nossa direção.

Meu corpo reagiu mais rápido que a minha mente, e meus reflexos de semideus me fizeram rolar para o lado bem a tempo de uma enorme massa de carne atingir o lugar onde estava e fazer a poeira subir e o chão tremer novamente, o piso havia se estilhaçado e voado para todos os lados, me atingindo com pequenos fragmentos que por conta da velocidade deixaram pequenos cortes nos meus braços.

Levantei em um pulo, não fazendo barulho, mas rodeando a cratera que havia se formado, olhei aflito para os lados, o coração batendo a mil, a respiração ofegante e com o corpo tomado pela adrenalina. Não havia sinais de Fabrício, Laís ou do monstro.

— Mas que droga — Praguejei, apertando o cabo de minha espada até sentir meus dedos formigarem — Lais?! Fabrício?!

Eu buscava atônito por todos os lados, enquanto o caos se desenrolava por todo o acampamento, mas não havia nada. Urrei por fim, frustrado, eu sabia que não podia mais continuar, tinha que ajudar os outros, além de que eles dois tinham tanto treinamento quanto eu, mas ainda sim a ideia de abandoná-los me irritava...

Respirei fundo, para deter o tremor que começava a se espalhar pelo meu corpo, e então olhei para fora da arena. Os chalés destruídos e monstros atacando impiedosamente os campistas foram o suficiente para fazer meus pés se moverem e com um grito de guerra corri para o combate.

O primeiro monstro era um ciclope, ele chacoalhava alguns semideuses de Ares e de Afrodite como se fossem brinquedos, enquanto ria como um idiota. Corri para perto, observando que em meios aos cortes e hematomas que ele havia ganho, tinha um buraco ensanguentado logo abaixo do joelho, me aproximei rápido e furtivo quando ele se virou, me colocando em sua frente apenas para cravar a lâmina na ferida e rasgar sua pele, puxando a arma para baixo.

O monstro gritou, lançando os semideuses presos não muito longe. Seu único olho me focalizou e ele gritou de ódio, eu corri com o ciclope em meu encalço, atraindo-o para um enorme poste de madeira e parei esperando que se aproximasse, quando o monstro estava perto, ele urrou mais uma vez abrindo a boca e mostrando os dentes enormes e afiados, suas mãos enormes se levantaram e caíram com velocidade na minha direção, neste momento me aproveitando da adrenalina, saltei com todas as minhas forças no poste que foi derrubado pelo corpo robusto da criatura, saltando no último segundo para pousar em seus braços, correr e atingir em cheio seu olho, ele deu um último grito e se desintegrou em pó.

Eu estava exausto, mas não havia tempo, corri para ajudar os outros campistas. Diversas batalhas se sucederam, e pude perceber que não haviam muitos monstros, não sei dizer um número exato, mas não pareciam um exército, entretanto, em compensação eles pareciam ter o dobro ou triplo da força e conseguiam causar estragos consideráveis a todo o lugar.

Eu corri de um lado para o outro, lutando e resgatando campistas machucados os levando para perto de meus outros irmãos especializados em medicina, mas sabia que aquilo não poderia durar para sempre, nós não aguentaríamos.

E então eu o vi. Fabrício estava afundando devagar no lago de uma das clareiras do acampamento, o que era estranho, pois ele sabia nadar, olhei atentamente e constatei que não havia ninguém perto e me apressei até ele, um pequeno rastro de sangue ia até a água. O pior passou pela minha mente, joguei a espada no chão e me joguei.

— Fabrício! — Gritava enquanto chacoalhava seu corpo na grama — Temos que sair daqui, agora!

E então seus olhos se abriram, buscou desesperadamente o oxigênio ficando de lado para cuspir água, lembrando-se em seguida de sua perna ensanguentada e pobremente enfaixada com um pedaço de sua camisa.

Ele me olhava atônito, as pupilas dilatadas e com o corpo inteiro trêmulo.

— Bela... — Balbuciava — Mo...morreu.

O olhei confuso.

— Do que está falando, a Bela nem tá no acampamento, vem vamos sair daqui logo.

Ele puxou meu colarinho, impedindo de levantar.

— O Webs... — Balbuciou novamente — Temos que ajuda-lo.

— O Webs está bem, está com os outros lanceiros, pare de falar e vamos sair daqui, você precisa de ajuda.

Ele não relutou mais, e me levantei apoiando o seu corpo fraco e frio em mim, e começamos a andar lentamente. Fabrício estava fraco e quase não conseguia se manter acordado, ele estava colocando todas as forças que podia para se manter em pé, e eu não estava muito melhor. Estava cansado e machucado, minha camisa estava em retalhos e meu corpo parecia um festival de cortes e hematomas, com certeza se não fosse por toda essa adrenalina, eu já estaria no chão ao lado de Fafá.

Caminhamos o mais silencioso possível, nos escondendo e despistando de monstros, estava ficando mais difícil carregar nosso conselheiro, minha visão desfocou e tudo começou a rodar e tive que parar por um momento, que foi tempo o suficiente para ouvir um sibilar bem próximo e ao olhar para trás quase soltei um grandessíssimo palavrão.

Uma empousai alta e com um sorriso satisfeito e sanguinário nos olhava, come se soubesse que seríamos as presas mais fáceis do dia. Ela começou a se aproximar rindo, sua perna de bronze rangia enquanto ela lambia as presas e os lábios se deliciando com o meu medo que eu falhava em esconder.

Repousei Fabrício em qualquer lugar do chão. Na verdade, eu joguei ele e apontei a espada para a mulher.

— Ownnn — Ela riu em deboche — Acha que pode realmente ganhar? Eu consigo sentir o cheiro do seu sangue e do seu medo cordeirinho.

— Já derrotei criaturas maiores e mais feias que você.

Um sorriso macabro tomou conta do rosto da empousai.

— Veremos, e meu nome não é criatura, pode me chamar de Katy.

E então ela avançou, mirando as garras afiadas nas minhas costelas, me joguei para o lado, desviando no último segundo e cortando parte de sua perna, ela se virou rapidamente fazendo o que parecia ser um rugido.

— Correr só vai ser pior pra você — Seu tom de voz agora estava diferente, muito mais selvagem e irritado.

E então avançou novamente.

Katy estava irritada, muito irritada, mesmo com a perna machucada o que a deixava parcialmente mais lenta, ela se mexia com mais fúria e força, um dos socos dela fez um buraco em uma árvore, se aquilo tivesse me acertado eu iria conhecer meus antepassados. Eu desviava o mais rápido que podia, e sempre prendendo a atenção dela em mim,  pois o idiota do novo conselheiro ainda estava desmaiado um pouco mais atrás.

A empousai socou uma outra árvore e fugi passando a centímetros abaixo das garras, o imenso tronco chacoalhou e simplesmente quebrou, pendendo bem para o lado de Fabrício, ofeguei tropeçando para correr em sua direção, mas então fui agarrado pelo colarinho e puxado abruptamente para trás, colidindo com as costas com força contra uma pedra.

Urrei de dor, minha visão turvou, o ar parecia não entrar mais nos meus pulmões e tudo girava. Eu podia escutar os passos ruidosos da perna de bronze cada vez mais pertos, enquanto as folhas secas e galhos se partiam aos seus pés, patas, sei lá.

— Cordeirinho — Katy sibilava, sua voz pingando fome e raiva — Muito obrigada pelo banquete — Riu esganiçada.

Minha visão ainda não havia voltado, tudo era um imenso borrão, e Katy era o borrão mais feio que já vi na minha vida. Não conseguia ver seu rosto, mas sabia que ela sorria vitoriosa, sabia que não dava pra fazer mais nada, não tinha como lutar ou gritar por ajuda, eu iria morrer. Olhei para o lugar onde Fabrício estava, e um leve alívio me tomou, a árvore estava pendendo sobre ele, mas ainda não havia caído, ele pelo menos ainda tinha alguma chance.

A empousai estava agora bem a minha frente, podia sentir seu hálito fedorento e quente no meu rosto e escutar seu sibilar irritante mais alto do que nunca. Era o meu fim, eu sabia, e meu corpo também e simplesmente aceitou.

Meu coração não estava acelerado, minha respiração havia finalmente normalizado e minha mente estava quieta, Katy se aproximou de meu pescoço, apertei o cabo de minha espada uma última vez, com a última força que restava em mim.

Eu iria matá-la.

Mas então algo aconteceu e a figura desforme de Katy simplesmente voou para o lado, e um ponto vermelho surgiu a minha frente juntamente com a voz mais adorável do mundo.

— Paulo! — Laís gritou, segurando em meus ombros e me chacoalhando.

— Eu estou acordado — Falei com a voz fraca, piscando diversas vezes, conseguindo após algum tempo focalizar no rosto da minha irmã.

Ela sorriu quando eu sorri.

— Você está muito machucado? Onde? — Ela me enchia de perguntas.

A garota estava preocupada comigo, mas pude ver os diversos cortes e hematomas que ela mesma exibia, sua camisa estava rasgada em diversas partes e até mesmo parte de seu cabelo havia sido cortado.

— Minhas costas e minha cabeça — Sussurrei, com dor.

Ela me virou cuidadosamente, olhando o estrago que havia sido feito, pude sentir o seu toque fazer todo o meu corpo arder e gemi de dor, ela retesou se pondo novamente a minha frente, procurando algo numa pequena bolsa que vi apenas agora que carregava. Tirando de lá um pequeno pedaço de ambrosia que não demorei a mastigar.

— O Fabrício.

— O quê? — Se aproximou.

Apontei ainda com dor para o corpo de nosso irmão, a alguns metros dali, Laís me olhou uma última vez, assentiu e correu, socorrendo-o também.

— Malditos semideuses!

Katy se levantou, bastante machucada e bastante irritada.

— Eu ia brincar mais um pouco com vocês — Ela se aproximava mancando — Mas agora irei mata-los sem pie...

E novamente ela voou, busquei Laís com o olhar, ela estava do lado de Fabrício, então olhei novamente para o lugar onde o monstro estava, e me aliviei ao ver outro rosto conhecido.

San estava parado, girando suas duas espadas, uma em cada mão enquanto ria do que havia acabado de fazer. Katy gritou.

— Malditas crias de Apolo!

E ela avançou de novo, San olhou para Laís.

— Quer brincar?

Laís sorriu, terminando de dar um último gole de néctar para ele e correu para cima do monstro.

A garota se mexia com tamanha velocidade, desviando de todos os ataques, e acertando golpes de mãos nuas, ela chutava e socava Katy sem dó, parecendo na verdade se divertir, em um momento eu posso jurar que ela deu um golpe de luta livre, prendendo o pescoço da empousai no braço a jogando direto no chão a deixando completamente inconsciente, que San aproveitou e cravou uma de suas lâminas fazendo ela se desfazer em pó.

— Foi divertido — Laís ria, dando um High Five no moreno.

— Você ficou com a maior parte — San reclamou.

Pigarreei chamando a atenção dos dois.

— Será que podem competir depois?

Eles riram e cada um ficou responsável por um de nós, apoiando e retomando o caminho.

Estávamos a poucos metros de uma das cabanas improvisadas de Apolo, já estava mais acordado, e a ambrosia e o néctar fizeram Fabrício acordar, ambos caminhávamos sozinhos, deixando nossos outros dois irmãos livres para lutar.

Os barulhos pelo acampamento e as batalhas haviam diminuído, estava finalmente acabando, como eu pensei, não eram tantos monstros assim, mas fortes o suficiente para destruir mais da metade do lugar.

Entretanto, mesmo assim caminhávamos com cuidado, não sabíamos o que ainda poderia ter, e não queríamos chamar atenção, quer dizer, pelo menos eu não queria, por que os outros não paravam de falar.

— Como assim a Bela não está aqui? Eu juro que a vi sendo estilhaçada por um Minotauro — Fabrício sussurrava, confuso e inquieto.

— A Bela está fazendo estágio em um escritório de advocacia — Laís sussurrava de volta — Não tem como estar aqui.

— Mas eu juro...

— Fabrício — San interrompeu, mantendo também o tom de voz baixo — Você ta comendo morangos estragados por acaso?

— Eu estou falando sério.

— Que nem quando viu o Webs sendo jogado? — Murmurei de volta — Relaxa cara, você está vendo coisas, você sumiu logo após o ataque.

— Eu não sumi, eu fui ajudar os outros.

— Bela ajuda você deu, sendo acertado e dormindo por quase toda a luta.

— Eu estava inconsciente! — Ele gritou.

— Cala a boca, quer nos matar?

Nós olhávamos, irritados.

— Opa, parou ai vocês dois, isso não é hora — Nossa irmã falou autoritária — Despejem essa energia nos monstros.

— Não tem mais monstros, derrotamos todos, não por sua causa Fabrício.

— Cara é melhor falar direito comi...

E então novamente houve um estrondo não muito longe de nós, estávamos andando pelo meio do acampamento, avistando os destroços do chalé e um grupo de feridos na casa grande quando um Minotauro imenso urrou olhando para nós.

— Ótimo, outro Minotauro — Praguejei em grego.

O monstro urrou de novo, e sem nos dar tempo pra pensar correu em nossa direção, mirando seus chifres pontiagudos em nossas cabeças, desviamos antes de literalmente perder as cabeças.

— Ei, calma ai vaquinha! — San gritou, se apoiando em suas armas.

O Minotauro urrou de novo, correndo.

— Dá pra parar de provocar?! — Dessa Laís que reclamou.

E desviamos de novo, mas em um último momento o monstro conseguiu agarrar a mim e a Laís em cada mão, apertando com fúria.

Gritávamos de dor, outros semideuses se juntaram a luta, todos estavam machucados e visivelmente fracos, mas mesmo assim não recuaram.

Um grupo de semideuses de Ares começaram a jogar tudo o que tinham em mãos para chamar a atenção do monstro, uma parcela dos filhos de Hermes o amarrara com cordas que logo se partiram perante a força furiosa que ele apresentava, os filhos de Hefesto e de Afrodite chegaram com mais armas, atacando todos em conjunto.

— Morram! — O monstro gritou em uma voz animalesca quando alguém conseguiu fazer um corte profundo em suas costas e o fez afrouxar o aperto.

Eu e Laís caímos no chão machucados, sendo rapidamente retirados do meio por nossos irmãos.

— Ei!

A voz de San ecoou e quando olhei ele estava na frente do monstro que o olhava com raiva e fome. Meu irmão se colocou em posição de ataque, abrindo seu típico sorriso debochado.

E uma batalha se desenrolou entre eles, os outros campistas o ajudavam, mas ele era ágil e desviava de todas as investidas da vaca gigante, cravando sua lâmina no mesmo ponto repetidas vezes fazendo o monstro fraquejar e espelhando o maior número de machucados possível no corpo robusto do inimigo.

E então aconteceu.

O monstro caiu, San correu com as lâminas em punho, quase foi atingido por um tapa, ele desviou, jogou-se por debaixo do Minotauro deslizando na areia, rodou em seu calcanhar e cravou as duas lâminas de bronze celestial rasgando a ferida por inteira, o Minotauro gritou pela última vez e choveu pó.

Todos gritaram em comemoração, era o último afinal.

E então eu desmaiei.

Eu não sei em que momento havia chegado ao terraço da casa grande — que agora funcionava como uma enfermaria temporária — apenas flashs surgiam em minha cabeça, de ver o corpo do Minotauro cair e se desfazer antes de chegar ao chão, ser arrastado e ser despido por alguém que não reconheço.

Meu corpo estava coberto de ataduras, remédio e se não fosse pela bermuda — que eu tenho certeza não ser minha — estaria totalmente nu. As pessoas corriam de um lado para o outro, vários dos meus irmãos gritavam ordens para os outros semideuses que conseguiam andar sozinhos. O cheiro de sangue e álcool tomava conta do recinto triste e caótico.

E sem perceber eu desmaiei de novo.

Uma semana havia se passado, já conseguia andar e cuidar dos outros que haviam tidos ferimentos tão graves e severos que nem mesmo o alimento dos deuses dava conta sozinho, além de ajudar em descobrir na arrumação do acampamento.

Os campos de morango estavam totalmente destruídos, levaria semanas até voltar a sua beleza de outrora. A maioria dos chalés haviam tombado, metade da floresta estava destruída e as ninfas quase não conseguiram sobreviver. E uma parte dos campistas de Ares e Apolo estavam desaparecidos.

Eu estava frustrado e de luto pela minha casa e pelos meus irmãos e amigos desaparecidos, então quando Quíron chamou a mim, Fabrício, San, Laís e Webs alegando que tinha notícias de nossos desaparecidos, não demoramos a chegar.

A sala de reuniões estava arrumada como eu nunca havia visto antes, não havia comida ou coca espalhada pelo chão, o ambiente estava sério e levemente mórbido.

— Achamos uma gravação aos arredores do acampamento.

— Que tipo de gravação? — Fabrício perguntou com a voz séria como nunca vi.

— Tudo indica que de uma de suas irmãs.

Laís e San se remexeram em seus lugares.

— Maria Clara, ou Braguinha como podem conhecer.

Sim, eu lembrava, ela era novata, uma das mais novas do chalé. Aquele pensamento fez meu coração apertar.

— O que diz?

Quíron cruzou os braços, parecendo receoso de falar algo, mas logo dirigiu-se até a mesa, soltando um gravador no meio de nós.

— Bem, é melhor ouvirem por si mesmos.

E então deu Play. Um chiado veio primeiro, gritos e então o silêncio.

E por fim uma voz angustiada e chorosa.

Tem alguém ouvindo? Minha casa está sendo destruída, tudo está indo aos pedaços, meus irmãos... — Tossiu — meus irmãos estão morrendo, alguém deixou eles entrarem, alguém...alguém nos traiu.


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