Jenny Shepard-Gibbs estava sentada em sua cadeira. A sala da diretoria era seu refúgio nesses dias mais corridos. Porém, alguma coisa estava errada com ela.

Na noite passada, ela teve um problema intestinal horrível. Gibbs estava preocupado com a saúde da esposa.

— Querida, tem certeza que deveria estar aqui hoje? – Ele massageou as costas dela, tentando fazer com que ela relaxasse um pouco. – Você não passou bem a noite.

— Jethro, eu estou apenas com uma dor de cabeça detestável. – Jenny se deitou com a cabeça sobre a mesa. – Mas eu adoraria um café.

— Vou pedir que a Cinthia traga. – Gibbs se recusava a sair do lado dela naquele momento. – Se você não melhor até amanhã de noite, eu mesmo te algemo no carro e te levo para a emergência.

— Com certeza. – Jenny sorriu pela preocupação e recebeu de Cinthia o café. – Obrigada.

— Imagina, diretora. – Cinthia suspirou depois de trancar a porta da sala de Jenny.

No último mês ela secretamente vinha administrando pequenas doses de arsênico. Ela se odiava pelo o que estava fazendo, mas sua família corria perigo e o único jeito era tomando algo desesperado.

Abby estava com uma pulga atrás da orelha. Ela esperou que Cínthia fosse ao banheiro e abriu a gaveta dela em busca de algum tipo de veneno. 

Passando um cotonete sobre a gaveta, ela se sentou na cadeira, como se estivesse esperando para falar com Jenny. Cínthia apareceu e olhou para Abby, quase como se a mulher morena estivesse atrás dela.

—Está esperando a diretora? - Cínthia perguntou a Abby. - Eu acho que ela está doente. 

— Nah, eu já falei com ela. - Abby colocou o frasco com a amostra da gaveta de Cínthia. - Eu vou voltar para o meu laboratório. 

— Ok. - A mulher estranhou a atitude de Abby. 

Descendo para o laboratório, Abby colocou a amostra dentro de seu espectrômetro de massa. Ela se sentou, esperando de verdade que conseguisse descobrir o que estava acontecendo com Jenny. 

Jenny se sentou no sofá. Seu corpo parecia de gelatina e ela mal teve tempo antes de vomitar tudo o que comeu, embora tudo fosse uma xicara de café.

— Oh meu Deus! – Jenny se deitou no sofá, sentindo como se estivesse flutuando.

Ela alcançou o celular e embora Gibbs estivesse na parte de baixo, a simples ideia de gritar a fazia ficar mais fraca. Discando o número do marido, ela nem percebeu o momento que seu corpo cedeu completamente e o telefone caiu no chão.

Gibbs ouviu o celular tocar e sorriu quando viu que era a esposa.

— Jen? – Gibbs ouviu silencio do outro lado da linha.

Ele desconectou, largou o celular e quase pulou de sua mesa, assustando Timothy no processo que junto com Tony e Ziva correram para cima. Gibbs mal ligou e chegou dando um chute na porta, mesmo que ele só precisasse virar a fechadura.

— JENNYYYYY1 – Gibbs deslizou até a esposa, desmaiada e completamente pálida no sofá. – CHAME UMA AMBULÂNCIA!

Timothy pegou o próprio celular. Tony correu até a autópsia para pegar Ducky. Mesmo sendo mais velho que Gibbs, o legista correu escada acima com sua maleta.

— A ambulância chega em 3 minutos. – Tim pegou a mão de Abby que havia subido e estava com uma expressão de puro choque. – Vem comigo, Abbs.

— Jen, você precisa ficar comigo, meu amor. – Gibbs quase gritou. – Por favor, a gente precisa viajar para Paris, fazer um bebê na torre Eiffel.

— Jethro, você sabe o que estava acontecendo com ela? – Ducky tirou o estetoscópio da maleta e verificou os batimentos e a pulsão de Jenny.

— Ela não conseguia comer nada. – Gibbs se bateu por não levar a esposa logo. – Ela me disse que seus cabelos estavam caindo, que ela estava cansada e tonta. Pensei que ela estava grávida.

— Não quero que me bata, então eu vou dar um passo longe. – Ducky se levantou. – Mas pelos sintomas, acho que a diretora está sendo envenenada.

— Gibbs, ela está sendo envenenada. - Abby entrou novamente na sala. - Com arsênico. Acho que é o café. 

— Que diabos? – Gibbs gritou, mas parou assim que os paramédicos chegaram e foram até Jenny. – Por favor ajudem ela!

— Senhor, preciso que se afaste. – O paramédico e seu companheiro colocaram Jenny em uma intravenosa e em uma máscara de oxigênio. – Senhor, venha com ela.

Enquanto isso, Cinthia entrou em uma casa desconhecida. Ela odiava esse lugar e desejava de todo o coração ter coragem.

— Eu fiz a merda que você me pediu. – A mulher gritou, sabendo que ele estava ali. – Eu com certeza vou ser presa por matar a diretora federal. E tudo por sua causa.

— Bem, escolhas são assim mesmo. – Vance apareceu. – Eu controlo quem vive e morre.

— Eu não vou ir para a cadeia sozinha. – Cinthia o enfrentou. – Não me importo se eu moro depois. Você não vai ficar impune.

— Eu acho que você não está em posição de fazer exigências e ameaças. – Vance puxou Cinthia, a jogando em um sofá. – Agora, eis o que você vai fazer.

Olhando para o homem, Cinthia descobriu o que ele queria que ela fizesse. E então, ela saiu pela porta.

Gibbs estava andando pelos corredores, quase subindo pelas paredes. Ele odiava a parte da espera.

Finalmente o médico se sentou e suspirou.

— Sua esposa está com uma alta dose de arsênico no sangue. – Ele viu Gibbs, Abby e Ziva começarem a chorar. – Entubamos ela, precisamos disso para que o corpo dela se recupere.

Entrando no hospital, Cinthia olhou para a equipe sofrendo pela diretora.

— Tim, eu gostaria que Abby viesse comigo. – Cinthia falou. – Eu encontrei uma loja no centro e ela vende alguns muffins. Queria trazer para todos.

— Claro. – Tim olhou para Abby. – Se ela quiser.

— Eu preciso de um tempo mesmo. – Abby disse, sem saber que era uma armadilha para Gibbs. – Eu volto.

Gibbs olhou para Abby indo com Cinthia e por um momento, seu peito começou a doer.

Vance jogou outro dardo em uma foto da equipe NCIS. Gibbs era seu alvo. Ele nunca havia se contentado pelo agente conseguir tudo o que ele queria. Uma mulher a quem ele amava há muito tempo, uma garota a qual ele considerava como filha.

É claro que apesar de haver outros alvos na equipe, Abby e Jenny pareciam ser as menos difíceis. Ele não lidaria com Ziva ou mesmo com Tony e Tim. Mas a doce Abby era inocente e ele iria gostar de se divertir vendo Gibbs sofrendo.

Um carro entrou na garagem e Vance sorriu, vendo Cinthia com uma Abby totalmente nocauteada.

Cinthia se sentiu como uma párea no momento em que Abby entrou no carro com ela. Nem bem as duas tinham saído do estacionamento o homem escondido no banco traseiro atacou Abby com uma seringa cheia de sedativos.

Vance abriu a porta e puxou Abby para fora, a amarrando na cadeira. Ele bateu uma foto dela e enviou para Gibbs e Tim.

Desde que Abby deixou o hospital, Gibbs sentiu um peso no corpo. Seu celular recebeu uma mensagem e o de Tim também.

— Não! – Tim gritou ao ver a foto. – Abby!

Pegando o celular do colega, Tony precisou fechar a boca antes de gritar. Ziva xingou em israelense e Gibbs estava possesso.

— Filho da puta! – Gibbs deixou o telefone e sabendo que tinha a arma e o distintivo, ele deixou a identificação com Tony.

— Chefe, me deixe ir com você! – McGee correu atrás dele, mas Gibbs o empurrou para a parede. – Gibbs.

— Não Timothy. – Gibbs puxou a arma de McGee e colocou em sua cintura. – Essa luta é minha. Eu vou trazer Abby de volta e provavelmente trazer o corpo de Vance para o necrotério. Fique com Tony e Ziva.

Gibbs saiu pela porta, pegou o carro e foi em direção ao endereço que Vance havia dado a ele. O celular foi deixado de propósito. Ele sabia que pelo menos Tim e Ziva viriam atrás dele.

Jenny estava progredindo lentamente, mas o remédio que o médico administrou nela a fez pelo menos ter condições de sair do coma. Ela iria ficar com o respirador mais uns dois dias antes de finalmente ser capaz de voltar a respirar sozinha.

Estacionando na frente da casa, ele viu Cinthia amarrada a cadeira. Seus olhos estavam abertos, mas ela já não respirava mais. Vance havia matado a mulher. Gibbs parou, fechou os olhos dela e entrou.

Olhando para a sala de estar, ele viu a poltrona em que Vance estava sentado.

— Leon! – Gibbs disse, apontando a arma para o homem. – Onde está Abby?

— Jethro. – Vance girou a cadeira onde ele estava sentado e agora ambos estavam de frente um para o outro. – Finalmente você chegou. A senhorita Sciuto e eu estávamos nos divertindo.

— Se você tocou nela... – Gibbs sentiu seu sangue ferver. – Eu só quero saber o porquê antes de eu meter um tiro entre seus olhos.

— Você sempre teve tudo, Gibbs. – Vance virou outra poltrona e mostrou que Abby estava amarrada e amordaçada. – E eu tive e perdi. Jenny, é agora sua esposa. Talvez dê um pirralho para você. E Abby aqui, é uma das suas preferidas.

— Abbs... – Gibbs viu o olho roxo nela. – Você vai pagar, Vance.

— Não antes de levar a senhorita cientista aqui comigo. – Vance apontou uma arma para Abby, que deixou uma lagrima cair. – Diga adeus a ela.

Saltando para cima de Vance, Gibbs deixou a arma de lado. O homem negro saltou na direção de Gibbs, que apesar de ser mais velho que ele, o dominou e deu um soco na cara de Vance. 

O homem bateu em Gibbs, o jogando direto na parede. Gibbs sacudiu a cabeça e foi novamente na direção de Vance, o jogando contra o chão. 

Vance pegou a arma do chão e se levantou, sangrando por feridas na cara. Olhando para a cientista ainda amarrada e com lágrimas nos olhos e apontou a arma para a cabeça de Abby. 

Abby fechou os olhos quando Vance destravou o gatilho e Gibbs fechou os olhos quando um tiro soou. Ele mesmo deu um tiro em Vance antes de perceber que dois tiros tinham sido diretos em Vance e agora ele estava completamente morto.

Ziva e Timothy haviam chegado guiados pela dica no celular. Pegando uma faca, Gibbs cortou as cordas de Abby, que estava tonta.

Tim pegou a namorada nos braços e a deitou no banco de trás do carro, deixando Ziva correr para o hospital.

Uma semana se passou. Jenny se recuperou com os medicamentos que agora deveria tomar por dois anos até que o arsênico fosse eliminado de sua corrente sanguínea.

Abby havia sido tratada por causa de uma alta dose de sedativos. Ela precisaria de uma licença, que Tim tomou junto.

Gibbs tinha sido tratado por causa de cortes no rosto. Ele tinha um par de curativos néon, mas não se importou porque entrando no quarto de Jenny ele viu a esposa sorrindo em sua direção. 

Aquilo fez todos os machucados valerem a pena. 

Eles podiam ver Tim e Abby juntos e sorrindo um para o outro, apesar de tudo o que aconteceu. 

Jenny e Gibbs pagaram o enterro de Cinthia. A família dela contou a Jenny que Vance ameaçou a todos de morte para que ela cooperasse com ele.

Tony e Ziva foram para o necrotério reconhecer o corpo de Vance com um proposito. O corpo acabou sendo doado para a CIA com um bilhete para fazer o que fosse preciso.

No final, todo mundo do time acabou tirando férias em Miami, incluindo Ducky e Palmer.

Jenny e Gibbs, provando que o clima em Miami era quente voltaram esperando um bebê. Mas essa é uma história para um tempo a frente.