No primeiro segundo que Jenny pediu a Gibbs que a ajudasse com a tarefa de diminuir um pouco sua ingestão de cafeína, ela deveria ter atirado o marido pelas escadas. Mas era apenas o efeito da cafeína em suas veias.

— Jethro, entre e feche a porta, sim? – Jenny se sentou na própria cadeira, ansiosa. – Eu preciso de sua ajuda.

— Está tudo bem com você? – Ele se levantou e ela revirou os olhos para o marido.

— Sim, esta. – Jen puxou uma caixa de cafés que ela guardava sob a mesa de seu escritório. – Eu preciso que você me ajude a acabar com esse habito.

— Café? – Gibbs olhou para os frascos cheios de café. – Você está viciada?

— Em cafeína? – Jenny se serviu de um café sem mesmo perceber. – Acho que estou sim.

— Bem, eu posso te ajudar a superar isso, amor. – Ele pegou os potes de café da mesa e os levou consigo para fora da sala. – A partir de agora, eles estão confiscados.

— Ei, posso dar uma ideia para você? – Ela se aproximou dele e o olhou nos olhos. – E se nós dois fizéssemos esse desafio?  Tipo, uma semana sem café.

— Sério? – Gibbs olhou para os potes e os colocou em uma caixa de papelão. – Devo jogar fora então?

— Não, são caros demais. – Ela olhou para Tony, Tim e Ziva. – Acho que você deveria dar aos três um pote. Afinal de contas, todos eles tem namorados e namoradas.

— Eles namoram entre eles, Jen. – Gibbs deixou a caixa na mesa de Cinthia. – Para você.

— Obrigada, agente Gibbs. – A moça sorriu, sabendo que se os dois começariam a fazer um regime anti cafeína, ela teria que providenciar todos os tipos de chá sem cafeína.

— Vamos fazer um acordo. – Jenny pegou um papel e uma caneta. – Se em uma semana nós dois estivermos bem, sem ter tentado matar um ao outro por café, você e eu vamos para o Old Hunt.

— E se a gente não conseguir, eu te levo em uma cafeteria de produtos inteiramente feitos de café. – Gibbs e ela assinaram a pequena folha e se beijaram. – Provavelmente você deveria mudar seu brilho labial.

— Nah, esse é o único café que eu preciso. – Jenny trancou a porta e Cinthia pegou suas coisas e saiu. – Acho que eu posso lidar com creme.

Enquanto isso, a notícia de que Jenny e Gibbs estavam fazendo uma pequena tentativa de não virarem cafeinalotras correu pelo prédio muito mais rápido que Lewis Hamilton em interlagos.

— Eu soube que eles estão se livrando de todo o café daqui. – Abby olhou para Tim. – Que pena, adoro os milk-shakes de morango com café.

— Também gosto, querida. – Tim sorriu para Abby e a beijou. – Agora, vamos terminar aqui para que a gente consiga ir para casa tomar esse café.

— Vocês dois. – Gibbs apareceu, já irritado. – Menos beijos e mais trabalho.

Abby olhou para Tony e Ziva, mas não disse nada. Fazia apenas dez minutos que Gibbs estava sem cafeína, mas pareciam mais horas.

Tirando a máquina de moer do porta-malas e a guardando no porão, Gibbs se sentou. Abby e Ziva haviam vindo até a casa do casal e levado cada pequeno vestígio de café.

— Aqui, espero que fique bem. – Jenny quase jogou um prato na frente dele. – Desculpe, eu nunca pensei que ficar sem cafeína fosse tão ruim.

— Tudo bem, amor. – Ele se levantou. – Eu também estou estressado, mas vai melhorar.

Mas a verdade era que a vontade de Gibbs não pensava assim. Ele acordou no automático e decidiu que faria um bife. Ele não estava nem de longe feliz por comer carne pela manhã que não fosse bacon, mas ele precisava de algo para mastigar.

Jenny tomou um gole de chá de limão com cidreira. Tinha sido perfeito para dormir na noite anterior. Ela dormiu como uma pedra e estava se sentindo perfeita.

— Talvez tirar a cafeína faça algum bem ao humor do chefe. – Tony deixou um cookie de chocolate na frente de Ziva. – E minha cabeça tenha um pouco de folga.

— Bem, eu estou esperando seu bebê, Tony. – Ziva mordeu o biscoito. – Isso significa que além de um chefe em processo de retirada de cafeína, vai ter que aguentar uma agente treinada grávida. Acha que pode ministrar isso?

— Posso administrar você. – Ele a corrigiu de um jeito sutil. – Afinal de contas, vem um mini DiNozzo ou mini Ziva.

— Eu realmente quero descobrir. – Ziva sorriu e terminou seu biscoito. – E talvez posamos dar a ele ou ela um porco suíno.

Tony pensou no que ela disse, mas apenas acenou com a cabeça. Ele não a corrigiria e esse “zivaismo” era algo que ele adorava.

De volta a casa dos Shepards-Gibbs, as coisas estavam indo devagar. Jenny se sentou, cansada.

— Eu acho que esse suco de melancia ajudaria você. – Gibbs colocou a jarra na frente dela. – Tem um pouco de vinho dentro.

— Bem, talvez eu deva fazer uma bebida para mim. – Ela sorriu para Gibbs, o beijando nos lábios. – Você é um homem perfeito demais, Leroy Jethro Gibbs.

— E você uma mulher incrível, Jeniffer Shepard-Gibbs. – Ele a deitou no sofá. – Nós ainda nem bebemos.

— Não preciso de bebida. – Ela o puxou para seus braços e sorriu para ele. – Não quando eu tenho você.

Por alguns momentos, a falta de cafeína e tudo mais ficou esquecido. Na verdade, foram quase duas horas de prazer grande e delicioso.

A semana felizmente estava chegando ao fim. Jenny estava radiante no elevador. A dependência de café havia desaparecido por completo e agora ela poderia trabalhar melhor e mais atenta.

— Desculpe, diretora. – Cinthia chegou com uma caixa. – Chegou essa caixa para a senhora.

— Ah, obrigada. – Ela deu a amiga uma nota de dez dólares. – Não conte para ninguém. Você merece.

Cinthia deixou a sala feliz. Jenny se sentou e começou a abrir a caixa. Todos pensavam que era uma nova cafeteira, mas na realidade, ela escolheu essa caixa justamente por ser discreta.

— Eu achei que tivesse desistido do café. – Gibbs entrou e olhou para a caixa aberta. – Estou chateado.

— Na verdade, essa caixa era apenas para que ninguém daqui soubesse. – Ela se levantou e entregou uma caixa menor para ele. – Eu encomendei essa manhã, logo depois de sair do banho.

Gibbs se sentou, curioso. Uma garrafa de Bourbon rosé, um pequeno par de sapatinhos e uma chupeta. Tirando o papel de seda, ele olhou para a pequena roupinha e olhou para Jenny.

— Oh, meu Deus! – Gibbs deixou tudo sobre a cadeira e beijou Jenny. – Isso é incrível.

— Eu sei. – Ela sorriu. – E foi na hora certa.

Dizer que Jenny e Ziva eram as agentes mais mimadas da NCIS era um eufemismo.

Abby se uniu as duas e tanto Tim, Gibbs e Tony estavam prevendo situações épicas com as três gravidas ao mesmo tempo.