Abby estava se sentindo um grande pedaço de merda naquele momento. Ela geralmente nunca pensava assim, mas a situação em que ela se encontrava era uma rara exceção.

— Gibbs, eu não posso ir trabalhar hoje. – Ela ligou para seu chefe e uma figura paterna. – Eu não me sinto muito bem.

— Abbs, fique deitada então. – Gibbs se preocupou com ela. – Se levante o mínimo possível. Vou mandar alguém para cuidar você.

— Não precisa, Gibbs. – Abby espirrou, gemendo em frustração. – Eu vou ficar bem.

Ela desligou, sem esperar uma resposta de Gibbs. Deixando o celular cair ao seu lado, Abby adormeceu, nunca prestando a atenção se sua temperatura estava subindo ou não.

Enquanto isso, na NCIS, Gibbs não conseguia parar de pensar. Ele havia dito a Ziva, Tony e Tim para irem ao local da desova da segunda vítima e Ducky estava por lá, mas ele se arrependeu disso.

Pegando o telefone, ele discou para Abby, impaciente enquanto ela não sequer atendia sua ligação.

McGee estava na cena de crime, preocupado. Se ele tivesse mais cabelos talvez eles ficariam prata iguais aos de Gibbs.

Seu telefone tocou e ele deixou um pouco o que estava fazendo para atender.

— Pode falar, chefe. – Tim sabia que Abby estava doente.

— Tim, eu preciso que você vá para a casa de Abby agora mesmo. –Gibbs foi direto. – Algo me diz que ela precisa de alguém para cuidar dela. E eu não deveria ter deixado a teimosia dela me consumir.

— Estou indo, chefe. – Tim iria desligar, mas Gibbs o chamou. – Sim, chefe?

— Tim? – Gibbs o ouvir responder. – Tire a semana de folga e me ligue se precisar de qualquer coisa.

— Obrigado, chefe. – McGee pegou suas coisas e foi em direção a casa de Abby.

O carro fúnebre dela estava estacionado e todo fechado. Ele suspirou. Pelo menos ela não tinha tentado dirigir.

Colocando sua própria cópia da chave na porta de Abby, ele percebeu como o lugar estava a ponto de cozinha. Estava quente enquanto todo o resto na rua estava na meia estação.

Abaixando o termostato, ele subiu para o quarto de Abby, onde a viu dormindo. Porém, não era um sono bom.

— Abby! – Tim correu, pegou o termômetro na cabeceira dela e colocou contra ela. – Meu Deus.

— Hã? – A voz de Abby mal acima de um sussurro. – Lucca?

— Não, sou eu. – Ele puxou os cobertores antes de pegar o celular e ligar para Gibbs. – Timothy.

— McGee, me de boas notícias. – O barulho de chaves já nas mãos de Gibbs.

— Chefe, eu vou estar dando um banho gelado em Abby. – Tim disse. – A temperatura dela está quase 40 graus. Mesmo com a temperatura alta, ela treme.

— Estou chegando. – Gibbs literalmente correu para o carro. – Eu vou enviar uma ambulância apenas no caso.

McGee mudou a temperatura do chuveiro para frio enquanto Abby ficava sentada na cadeira. Assim que a agua esfriou, Tim a puxou de pijama e tudo para baixo. Ele apenas tirou os sapatos, o relógio e o telefone antes de também entrar de roupa.

Gibbs estacionou no prédio de Abby e fechou a porta com uma pancada, assustando um casal se beijando próximo.

Jenny chegou junto com ele, uma vez que ele ligou para ela assim que desligou com a emergência.

— Você quebrou todos os limites de velocidades. – Ela disse. – Vou escrever isso como uma perseguição.

— Obrigada, meu amor. – Ele a beijaria, mas ambos estavam preocupados com Abby.

Tim olhou para Abby que parecia não melhorar quando a porta foi aberta. Logo Jenny e Gibbs surgiram e olharam para a cena.

Dois homens entraram às pressas e pararam a vista do que Tim decidiu fazer. Colocando Abby na banheira, único lugar seco, os dois fizeram a medição dos sinais vitais.

— Quanto você disse que ela estava de temperatura? – O paramédico perguntou.

— 39,9 Graus. – Tim se sentou, não se importando com as roupas molhadas. – Eu pensei que eu poderia fazer a temperatura dela abaixar um pouco.

— E deu certo. – Ele olhou para Tim. – Eu preciso que alguém troque os lençóis da cama e que alguém a troque também.

— Algum remédio? – Gibbs estava a postos para comprar algo para Abby.

— Sim, aqui está a receita. – Ele entregou para Gibbs. – Eu recomendo também que ela tenha alguém sempre com ela, que a ajude a tomar os remédios e que a faça comer bem.

— Eu sei que o agente McGee vai gostar de cuidar dela. – Jenny sorriu para Gibbs e para o paramédico. – Eu o acompanho até a porta.

Gibbs voltou para dentro enquanto Tim terminava de trocar o pijama de Abby. O segundo paramédico foi gentil e o ajudou trocando os lençóis da cama dela.

— Timmy? – Abby parecia ter recuperado um pouco a razão. – O que aconteceu?

— Você estava com uma febre bem alta, Abbs. – Ele se sentou com ela. – E eu coloquei você debaixo do chuveiro enquanto Gibbs e Jenny chamavam uma ambulância e chegavam aqui.

Abby ficou parada apenas olhando para ele e sabia que se eles se beijassem, Gibbs e Jenny descobririam que eles estavam juntos. E havia uma pequena possibilidade de Tim pegar gripe.

— Por favor, não deixem de se beijar por nossa causa. – Gibbs se sentou na cadeira do quarto de Abby. – Jenny, pode ajudar Abby? Preciso de um papo de pai com Tim.

— Papo de pai? – Tim pensou várias coisas. – Você é pai de Abby?

— De certa forma, eu sou pai de todos vocês. – Ele se sentou no sofá. – De Abby, de Ziva, Tony, Jimmy, você. Sei que cada um tem seu próprio pai, mas alguns são uns verdadeiros idiotas.

— Eu sei. – Tim sabia que ele estava se referindo ao seu próprio pai. – Mas voltando...

— Tim, Abby é uma das pessoas mais importantes para mim. De algum jeito, ela seria tudo o que desejaria para Kelly. – Gibbs suspirou. – E elas teriam a mesma idade. Então, qualquer coisa que aconteça com ela, me traz medo de perder.

— Chefe, eu juro que nunca vou machucar Abby. – Tim olhou para Gibbs. – E se um dia eu fizer isso, eu mesmo vou acabar comigo. Eu não posso viver sem Abby. Estamos pensando em casamento, filhos...

— Você tem a minha benção. – Ele olhou para Jenny, fechando a porta do quarto de Abby. – Como ela está?

— Dormindo. – Jenny sorriu. – Já teve a conversa com ele?

— Sim. – Gibbs se levantou e deixou Jenny se sentar. – É a sua vez. Eu vou comprar os remédios.

Tony, Ziva, Ducky e Jimmy vieram a casa de Abby assim que souberam o que havia acontecido. Ziva trouxe uma sacola cheia de chocolate e bis. Elas se sentaram com Jenny, olhando algumas novelas brasileiras.

Tony, Ducky, Gibbs, Jimmy e Gibbs estavam cozinhando. As meninas cheiraram a comida e Tim ficou feliz vendo Abby comer três pratos de sopa.

Ele deu um pequeno sorriso para ela e os dois ficaram felizes por tudo ter acabado bem.