Wake up call. escrita por Jones


Capítulo 1
how long has this been going on?


Notas iniciais do capítulo

Hello!
Eu me divirto com plots estranhos, espero que vocês também ♥



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— JÁ VAI! SE ACALMA. – Astoria caminhou em passadas largas até a porta, pisando duro e irritada. – SE DERRUBAR MINHA PORTA VAI PAGAR OUTRA.

— E cadê ele? – o rapaz muito loiro de olhos cinzentos irritados por linhas vermelhas em seu globo ocular demandou com o nariz em pé.

— Bom, meus pronomes são ela e dela. – a mulher de cabelos negros, cruzou os braços e levantou uma sobrancelha em desafio.

— Obrigado pelo esclarecimento – o homem disse sarcasticamente e girou os olhos. – Isso aqui é uma piada para você?

— Primeiramente eu não sei o que “isso” é. – ela franziu o cenho preocupada e um pouco aborrecida se tivesse que ser sincera. – E piada é esse seu uniforme de mauricinho.

— Ah, claro, roube minha namorada e insulte minhas roupas! – o homem disse consternado.

— Espera, o que?

— Eu nem sabia que ela gostava de mulheres também, acho que é isso, todo dia a gente descobre algo novo sobre a sua ex-futura esposa.

— Há algum engano aqui, meu chapa. – Astoria arregalou os olhos.

— Você não gosta de garotas?

— Não essa parte. – ela girou os olhos. – A parte de que eu roubei alguém, pra começar eu sou bem comprometida e com um individuo que possui um pênis.

— Mas eu achei o endereço do número que eu encontrei na conta de telefone. – ele murmurou confuso. – Você não é C. McLaggen?

— Não. – ela fechou os olhos com desgosto. – Mas o meu namorado é.

Ela gesticulou com a mão que não segurava a maçaneta defensivamente para que ele entrasse na casa. Sem dizer mais uma palavra, pegou uma garrafa de tequila, a examinou e devolveu para a prateleira.

— Tequila é muito alegre. - ela murmurou pegando uma garrafa cheia de Bourbon. - Aceita?

— Eu deveria ir.

— Sua noiva te chifrou, você não tem lugar melhor para ir. - Astoria ergueu as sobrancelhas. - Ou tem.

Ele encolheu os ombros e aceitou um gole direto da garrafa.

— O Córmaco. - ela pegou a garrafa e os conduziu para a varanda. - Eu sabia que ele me colocaria um par de chifres em algum momento.

— Então por que estava com ele? - ele falava como se estivesse na fila do trono inglês, pelo seu jeito de andar, se portar e se sentar com a coluna retinha. Astoria odiava isso, a lembrava da própria família.

— Porque ele é bonito. - ela o devolveu a garrafa. - Porque eu sou uma idiota, porque às vezes a gente acha que pode mudar as pessoas mesmo sabendo que a gente não pode... O que é completamente não condizente com a minha filosofia de vida. Agora se o filho da desgrama ia me trair, poderia não ter colocado o endereço da conta na minha casa. Porque além de bonito é burro.

Ela riu de maneira sardônica e aceitou outro gole da sua própria garrafa.

— Deve ter um gráfico por aí que correlaciona beleza e burrice.

Draco se permitiu rir pela primeira vez na noite. Afrouxou sua gravata e encostou as costas na parede, sentando-se ao chão ao lado dela.

— Assim como minha noiva não deveria ficar no telefone por duas horas com o cara todos os dias, sendo que eu pago a conta. - Draco riu, fazendo Astoria sorrir também. - Tem as mensagens de texto também com uns apelidinhos horrorosos e melosos que a Daphne não conseguiu minha adesão. Eu não queria ler as mensagens, mas... Eu precisava ter certeza.

Ele tomou um grande gole do Bourbon.

— Ela me dizia que talvez eu não a amasse o suficiente. - ele olhou para os próprios sapatos italianos. - Talvez fosse verdade, mas não deixa de ser doloroso.

— É uma foda de uma merda. - Astoria concordou e mordeu o lábio inferior. - Sua noiva. Ou ex-noiva... Se chama Daphne?

— É. - ele a olhou confuso. – E parece estranho eu estar aqui na sua casa bebendo e você não saber nem meu nome, nem o da minha ex... Eu sou Draco.

Ela olhou para a mão estendida dele e teve vontade de gritar. De quebrar a garrafa e de pular da sacada. Analisou que era apenas o segundo andar, apenas quebraria uns ossos e isso seria completamente contraproducente.

— Astoria. - ela apertou a mão dele e se levantou. - Greengrass.

— Greengrass? - ele pareceu se engasgar na própria saliva e ficar ainda mais pálido do que já estava.  - Astoria Greengrass?

— Sim, como em irmã de Daphne Greengrass. - ela soltou o berro que estava preso em sua garganta como uma louca.

— Sua irmã me traiu com o seu namorado? - Draco ignorou o rompante de Astoria incrédulo.

— Caralho.

— Caralho de fato.

Dois segundos depois ambos começaram a rir descontroladamente, Astoria voltou a se encostar na parede, com o corpo curvilíneo deslizando até o piso gelado da varanda segurando firmemente a garrafa de Bourbon. Lágrimas escapavam do rosto anteriormente composto e agora vermelho de Draco Malfoy, enquanto ele tentava colocar ritmo em sua respiração.

— Você vai me desculpar, Astoria. – Draco respirou fundo, tentando se controlar. – Mas sua irmã é uma pessoa péssima.

— Hey! Estamos falando da minha irmã! – Astoria tentou prender o riso, mas seus lábios soltaram o sorriso de seu rosto. – Que é definitivamente uma péssima pessoa.

— Por que a gente nunca se conheceu?

— Porque os Greengrass não vão muito com a minha cara, se você não notou. – ela riu mais uma vez, mas dessa vez a alegria não atingiu seus olhos âmbar. Ela prendeu os cabelos em um coque bagunçado. – Daphne faz mais o estilo deles.

— Mas eu fui a dezenas de festas da sua família.

— Eu também vou a todas elas, aparentemente sou obrigada, mas Daphne é a mais fotogênica, ia se unir em matrimônio à família certa, e é e a mais obediente, para não os envergonhar dizendo o que realmente pensa, no caso se ela realmente pensa em alguma coisa além dela mesma. Então ela aparece e eu sou como o Batman: vivo nas sombras! – ela girou os olhos, levemente embriagada. – Eu só vou pela bebida cara e os camarões.

— Mas Daph me disse que a irmã dela mais nova é médica! Geralmente os pais gostam de médicos, quem não gosta?

— Sr. e Sra. Greengrass. – ela pareceu se coçar para mudar de assunto. – Sabe o que seria engraçado, se eu ligasse para o meu até então namorado e perguntasse o que ele está fazendo.

— Daphne está no pilates.

— Às 9? – ela girou os olhos. – Córmaco disse que ia treinar mais tarde hoje, mesmo tendo academia aqui no prédio. Como eu sou burra.

— Imagino como eles estão gastando calorias.

— Eu estou tão irritada e tão bêbada. – ela confessou. – Nós deveríamos nos vingar.

Ele ponderou por uns segundos silenciosos, tomando mais um gole da garrafa quase vazia de Bourbon. Vingança não parecia algo digno de um Malfoy, o que o fez querer mais que nunca participar de qualquer plano idiota que o fizesse sentir qualquer coisa além de apatia por toda aquela situação. Era chato ser traído? Sim. Vergonhoso até, ele diria. Mas quando pensava no término de seu relacionamento do Daphne só pensava no alivio que sentia, livramento é a palavra certa.

— Como você propõe que nos vinguemos?

— Ainda não sei...

Ela pegou o celular e ligou para Mclaggen. Ele atendeu ao terceiro toque, o que a fez sorrir e colocar os dedos nos lábios de Malfoy para evitar que ele falasse, enquanto ela colocava o telefone no viva-voz.

— Alô. – ele respondeu em um tom quase sussurrado.

— Ei, meu amor. – ela disse de maneira empolgada, fazendo Draco rir e ela silencia-lo com um tapa. – Por que você está sussurrando? Eu achei que você estava na academia.

— Ah, porque.... Porque o personal não gosta que a gente atenda o celular durante o treino.

— Hmmm. – ela mordeu os lábios, ele mente bem, né? — Mas você está estranho, está tudo bem?

— Aham, tudo ok. – ele falou, distante.

— Está bem silencioso aí para uma academia, você não acha?

— Não tem muita gente nesse horário.

— Por que você está tão monossilábico?

— Por que você está fazendo tantas perguntas? Você não é disso.

— Ah, você reclama que eu nunca me interesso pelos seus hobbies. – ela deu de ombros mesmo que ele não pudesse ver. – Estava querendo saber como vai a queima de calorias, quem tá te ajudando e essas coisas.

— Ah.

— Você não vai imaginar quem eu conheci hoje. – Astoria olhou para um Draco de olhos arregalados. Não sabia que ela pretendia falar sobre por telefone.

— Você parece embriagada.

— Eu tomei aquele seu Bourbon, muito bom inclusive. – ela riu.

— Entendi.

— Meu bem, sua amante não gosta que você fale meu nome quando está perto dela? – Draco mal conseguiu prender o riso para o tom de voz aparentemente ingênuo de Astoria. – Ela se sente culpada ou algo assim?

— O que? Do que você está falando? – ele gaguejou fingindo-se de desentendido.

— Fale meu nome.

— Por que?

— Porque eu sei que ela não gosta, se ela não estivesse por perto você diria meu nome. – Astoria girou os olhos e Draco sentiu que não deveria estar ouvindo aquela conversa, mas ela segurou o braço dele.

— Não sei do que você está falando.

— Você não me perguntou quem eu conheci hoje. – ela mudou a abordagem e empurrou Draco com a perna para que ele dissesse oi.

— Oi, Córmaco. – Draco disse naquele seu tom formal da família real. – Acredito que a gente não se conheça ainda, o que é estranho já que você namora uma nova amiga minha e transa com minha noiva.

Astoria não conseguiu não rir enquanto McLaggen parecia ter se engasgado com o ar novamente.

— Sou Draco Malfoy. – ele completou, gesticulando para que Astoria parasse de rir.

— Meu novo melhor amigo! – Astoria falou, empolgada. – Temos muito em comum, inclusive uma Daphne sacana na nossa vida.

— Verdade! – Draco comentou.

— Mamãe e papai queridos vão adorar saber que Daphne está com um cara comum. – Astoria riu, já consciente de que a irmã a escutava. – E o mesmo cara comum que não servia para mim, de acordo com eles.

— Mas não servia mesmo, não é? – Draco comentou, terminando a garrafa de Bourbon. – Apesar de que minha noiva de família boa também não presta, sem ofensas.

— Ofensa nenhuma. – Astoria garantiu. – Córmaco, meu bem, você está tão silencioso.

— Você vai contar para eles? – foi a voz fina de Daphne que eles escutaram ao fundo, era tão baixa que parecia hesitante, mas Astoria sabia que a frase era para ela.

— Essa é sua preocupação? – pela primeira vez Astoria pareceu demonstrar o que sentia. – É isso que você quer me dizer?

Quando Astoria só ouviu silêncio do outro lado da linha quis gritar de novo.

— Isso é típico de você, não é Daphne? Sempre Daphne em primeiro lugar e fodam-se os sentimentos dos outros. – Astoria disse com a voz ríspida e dura. – Vocês dois se merecem.

— Ninguém vai acreditar em você. – Daphne disse, com a voz embargada.

Draco olhou para o semblante magoado de Astoria. Normalmente ele não se importaria com isso, fora ali tirar satisfações sobre sua situação e não fazer amizades com a irmã de uma mulher que ele nunca mais gostaria de ver na vida. Porém, algo em seu olhar o fez querer abraçar o plano de vingança e destruir Daphne apenas por fazer Astoria se sentir assim. Apenas isso, que sejamos claros.

— Ah, mas em mim eles vão. – Draco respondeu e tomou o celular da mão de Astoria para desliga-lo.

— Você vai mesmo contar para os meus pais que seu noivado acabou por causa disso?

— Eles vão descobrir de qualquer modo. – ele encolheu os ombros. – Qual o nosso próximo passo no incrível plano de vingança?

— Vamos destruir e colocar fogo em algumas coisas! – ela pareceu se animar novamente. – Vai ser apocalíptico!

— Vai ser algo mesmo. – ele murmurou preocupado, coçando o cabelo enquanto ela pegava as chaves do carro.

Draco mal sabia que destruir coisas e queima-las era o menor de seus problemas. Em alguns dias estaria envolvido em encontros, brigas, confusões e um relacionamento tão falso como uma nota de sete libras.

— Viva um pouco, Malfoy. – ela lhe lançou uma piscadela e ele não admitiria para ninguém, mas fora ali, quando o seu coração se acelerou que ele soube que estava lascado.


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