A Quinta Sombra do Fogo escrita por Pandora


Capítulo 4
Algumas coisas nunca mudam


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta^^
Bom para quem viu o número de palavras do cap, já percebeu que ele é menor que os anteriores. Decidi tentar seguir a sugestão de alguns de vocês e tentar postar mais frequentemente e com caps menores.
Se não gostarem, voltarei ao que era antes ;)
Espero que gostem! Esse capítulo é importante para o entendimento do contexto da história.



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Se não fossem as grandes caravanas com os materiais de construção e os enormes andaimes espalhados pelas ruas, Naruto pensaria que Konoha vivia mais um dos seus dias normais. Os velhos prédios de sua infância parcamente haviam mudado, mesmo agora com as constantes reformas, parecia que seus proprietários não gostam de mudanças. Muitas das construções permaneceram com suas características originais. Até suas cores dificilmente eram trocadas e aos poucos a velha e sólida aldeia voltava ao que era antes da invasão.

Seus habitantes que a alguns dias estavam lutando por sua permanência neste mundo, voltavam às suas tarefas diárias. O garoto pensou que eles estariam indignados com os acontecimentos envolvendo suas vidas, entretanto não poderia se considerar mais equivocado. Risos eram ouvidos por todos os lados. Crianças pulavam divertidas nas calçadas ajudando seus familiares. Um sentimento de complacência e companheirismo transbordavam entre a população. Depois de tantas provações que aquele povo passou, chegaria um momento que a maioria pensaria que estariam habituados com os constantes eventos e consequências de morar em uma aldeia ninja. Pelo contrário, Konoha é um povo forte e persistente. Eles enfrentam de cabeça as adversidades, não importa quais sejam.

Os breves boatos que circulavam pelas ruas, pelo menos os que Naruto ouviu, foi um crescente desgosto contra as aldeias do Som e Areia. Enquanto as pessoas tentavam entender a manipulação orquestrada na aldeia do País do Vento, a aldeia do Som era relembrada com ânimos exaltados. A hostilidade contra as duas vilas shinobis só não se comparava ao ódio pelo nome Orochimaru. A antipatia pelo Sannins das Cobras ganhou uma posição de destaque em todas as conversas, sejam elas em mercadinhos de rua, bares ou restaurantes. Muitos perderam amigos e familiares por conta das ações do desumano ninja. O pouco de conforto que tinham, veio com a notícia do Sandaime ter infringido um grave ferimento em Orochimaru antes de falecer. Porém uma coisa era clara, todos queriam que a justiça fosse feita.

Quase ninguém prestava atenção suficiente ao garoto loiro que andava curioso pelas ruas de Konoha. Um ou outro olhar era destinado ao seu cabelo áureo, mas logo a correria do dia a dia os tomava de volta aos seus próprios negócios. Ops, garoto não, jovem. Naruto estava por volta dos seus dezoito anos, e já tinha alguns anos que ele havia deixado a vila para se aventurar com seu padrinho pelo mundo shinobi. Por conta disso, poucas eram as chances de alguém de fato se lembrar dele. Levando em conta que mesmo em seu tempo morando na aldeia, era uma pessoa discreta e raramente visto em lugares públicos.

Outra das ideias do Terceiro. ‘Não chame atenção para si mesmo’. Algo que o velho repetia com demasiada frequência. Naruto não era um simples garoto ou um dos filhos dos chefes de clãs. Ele era filho do Quarto Hokage, uma figura conhecida em todo o mundo. Amado por muitos e odiado de igual forma. Após a morte dos seus pais, sua existência seria um sinal para os inimigos de Minato descontarem sua raiva, principalmente Iwa. Hiruzen achou melhor que ele sumisse do mapa, se podemos colocar desse jeito, pelo menos até que tivesse a força necessária para se proteger. Deixando para trás o sobrenome do pai, e agarrando o da mãe, passando a se chamar Uzumaki Naruto.

Embora todos sabendo de sua existência, Naruto fez o possível para tornar-se invisível às pessoas à sua volta. Suas notas não passavam da média de sua turma. Suas habilidades demonstradas nunca estiveram entre os gênios. Sua real força ficou escondida durante anos. Somente o Terceiro Hokage e Jiraiya sabiam a verdadeira extensão de suas capacidades. Depois de um tempo, as pessoas começaram a ignorá-lo, as expectativas que tinham sobre ele e sua descendência foram diminuindo, até chegar um tempo que poucos o mencionavam. Com o passar dos anos, as pessoas começaram a conhecê-lo por outro nome. O Raposa passou a ser reconhecido como o maior ANBU daquela geração. Rapidamente seu nome subiu entre as forças regulares ninja e logo foi considerado um dos shinobis mais fortes da aldeia. Entretanto, sua verdadeira identidade permaneceu um mistério. A quem ainda menciona Naruto de vez em quando, referindo-se ao garoto fraco que deixa a orgulhar os pais que possuía. Para aqueles curiosos, esse Naruto deixou a aldeia em uma missão a longo prazo. E ninguém sabia ao certo quando iria retornar.

Naruto, que havia regressado à aldeia no dia dos exames chūnin, teve pouco tempo para dar uma volta e matar a saudade de sua amada casa. Entre suas responsabilidades na ANBU, e o tempo que passou ajudando como voluntário na recuperação, não lhe sobrou oportunidade de olhar por aí.

Basicamente, Konoha manteve-se o mesmo de quando havia saído. As principais ruas com o distrito comercial permaneceram como ele se lembrava. Bem movimentados e repletos de placas com anúncios e propagandas, árvores gigantes que sombreiam prédios inteiros, onde estabelecimentos dos mais variados competem pelo melhor espaço. Se procurasse com cuidado, encontraria um ótimo local perdido entre as vielas com boa comida e um descanso revigorante. Era como andar novamente em seus dias de genin, entretanto nenhum lugar o proibiria de entrar devido sua idade. Não que isso algum dia foi um problema para Naruto.

Havia um lugar em especial onde Naruto queria ver mais que os outros. Não demorou muito para chegar até ele. A antiga barraquinha estava do mesmo jeito de suas lembranças. Sem tirar e nem por. Uma sensação de nostalgia tomou conta do jovem ninja. As cortinas brancas e a luminária cobertos de kanjis só o tornava mais único comparado aos outros estabelecimentos. Um cheiro fantástico de deixar água na boca exalava daquela direção.

— É bom saber que algumas coisas nunca mudam — sussurrou Naruto para si mesmo.

Quando Naruto entrou, o cheiro só se permitiu intensificar. Não conseguindo segurar o sorriso, se sentou em um dos banquinhos esperando o velho mexendo no caldeirão o perceber. Levou alguns Instantes para o senhor notá-lo ali.

— Ayame temos um cliente, largue tudo e vá atendê-lo.

— Estou ocupada aqui, pai. Atende você! 

— Ora, onde já se viu, daqui a pouco ela vai alegar que não pode mais me ajudar… — resmungou o homem para si mesmo. — Bem-vindo ao Ichiraku Ramen, em que posso servi-lo?

— Você não mudou nada, velho. Como anda Ayame-Nissan?

— Naruto é você mesmo? — perguntou Teuchi olhando para ele, berrando uma risada. — A quanto tempo, meu garoto. Onde você esteve? Já tem anos que não o vemos, nem sequer tínhamos notícias suas.

— Andei meio ocupado nos últimos tempos.

— Ocupado é elogio — Teuchi deu outra risada, apressando-se para cumprimentar Naruto. — Por onde andou? Perguntei várias vezes ao Terceiro, mas ele alegava que não podia me falar nada. Apenas dizia que estava bem e que logo voltaria para a aldeia, mas esse dia nunca chegava. Já presumia o pior.

— Fico feliz em saber que tem tamanha consideração por mim. Mas eu estava fazendo algumas missões para o velho Hokage, sabe, coisas confidenciais. Quanto à onde estive, digamos que por todo o continente shinobi.

— Ora essa, lembro-me do garoto que dizia que viajaria pelo mundo e não é que você fez exatamente isso.

— O velho soube disso também e mexeu uns pauzinhos — comentou divertido, Naruto. 

— Ah, entendo... Então vai ficar em Konoha a partir de agora ou vai seguir viagem? — perguntou curioso o cozinheiro, enquanto começava a preparar uma tigela para Naruto.

— Pretendo permanecer na vila por um tempo. Pelo menos até certificar que está tudo ocorrendo bem por aqui.

— É muito bom ouvir isso. Precisamos de toda a ajuda que pudermos para reconstruir. Eu tive sorte de o Ichiraku não ser tão atrativo para os ninjas destruírem. Mas não posso dizer o mesmo de alguns colegas. Eles perderam muito...

— Vejo que ainda se lembra do jeito que eu gosto — comentou Naruto.

— Nunca esqueci do meu cliente favorito. Aqui está!

Sobre o balcão de frente para Naruto, uma generosa tigela de ramen de porco descansava fumegante.

— Você sempre foi o melhor, Teuchi — disse o jovem ninja, começando a comer.

O senhor deu um grande sorriso, antes de voltar para trás do fogão e começar a mexer a grande panela.

— NARUTO!!! É VOCÊ MESMO?

Naruto e Teuchi pularam com o grito vindo dos fundos do Ichiraku. Prostrada na porta, uma menina de pele clara e cabelos castanhos avaliava furiosamente o ninja no balcão.

— Oi, Ayame-Nissan. Como vai?

— Como vai? COMO VAI? Você desaparece por anos e a primeira coisa que me fala é como vai?

Naruto temeroso engoliu apressadamente o resto do ramen em sua boca.

— Nissan se tem que entender que estava sob ordens do Hokage e…

— Não me interessa. Você podia ter visitado ou quem sabe mandado uma carta. Sabe quantas noites eu e papai fomos dormir preocupados sem saber onde você estava ou se estava bem?

— É...?

— É mais do que você pode contar.

— Desculpe-me, Niisan. Eu não tive a intenção de deixá-los preocupados… — Naruto foi interrompido por um abraço desajeitado e muito apertado. Em suas bochechas, podia sentir o roçar do lenço branco que prendia seus cabelos.

— Nem tínhamos certeza se estava vivo. Sabíamos apenas o que o Grande Hokage nos contava e mesmo depois de tanto tempo começamos a desacreditar.

— Me perdoe, Ayame-niichan, eu sei que não tem justificativa para eu não ter entrado em contato. Eu queria, de verdade, só que as pessoas com quem estava lidando, não eram do melhor tipo, se é que me entende. Eles sabiam sobre mim, de alguma forma, e se soubessem que estava em contato com vocês, temo que eles poderiam machucá-los.

— Está tudo bem, agora. O importante é que você voltou para nós — falou Ayame apertando um pouco mais o abraço.

O brilho que surgiu nos olhos de Naruto, sumiram com a mesma rapidez com as próximas palavras.

— Faça isso de novo e prometo que não terá que se preocupar com a gente, mas sim, se atentar com sua própria segurança — palavras doces, porém mortais.

— Tentarei o meu melhor — gaguejou o jovem.

— Bem, hoje é seu dia de sorte, Naruto! Todos aqueles que forem o meu cliente número um, é por conta da casa.

Naruto passou as próximas três horas conversando com Teuchi e sua filha. Eles tinham anos de conversa atrasada para colocar em dia. Em resumo, os anos haviam sido pacíficos para os proprietários do Ichiraku. Sendo um restaurante pequeno, não houve grandes transtornos envolvendo clientes ou coisas do tipo. Ayame tinha planos de viajar pelo País do Fogo, com intuito de conhecer as cozinhas de notáveis restaurantes regionais e aprender novas receitas que pudessem complementar seu menu. Alegando que seu pai estava ficando velho, ela tinha grandes planos para seu restaurante. Teuchi por outro lado, como todo homem teimoso, odiava ter que admitir que sua idade estava batendo na porta e logo teria que passar a concha para a filha. O que tirou grandes gargalhadas de Naruto.

Naruto se despediu de seus amigos quando o céu começava a entardecer.  Havia muito tempo que ele não se sentia tão bem e pacifico como naquele momento. Ele amava sua individualidade, mas às vezes, a solidão, principalmente a imposta por conta de suas viagens, mexiam muito com ele. Voltar para sua casa e reencontrar velhos amigos era o que ele estava precisando.

O laranja brilhante permitia que a aldeia se tornasse etérea. O monumento Hokage brilhava resplandecente, encantando as paisagens de vários pontos da cidade abaixo. Naruto, conforme andava, ignorava a constante comoção dos ninjas de Konoha nas ruas e telhados, em especial, na região do complexo da torre Hokage. Ele sabia que o Daimyō havia escolhido seu candidato para o cargo de Godaime Hokage. Era uma questão de tempo para os jōnins se reunirem, e se assim quiserem, eleger a próxima sombra do fogo. Como ANBU, ele estava grato por não fazer parte disso. Sua vida já teve muita influência de Hokages, não estava em seu interesse eleger um.

Ele vagou pelas ruas sem um destino em mente. Inconsciente, seus pés o levaram pelos pontos de sua infância. O velho mercado onde comprava comida. O prédio onde ficava seu outrora apartamento. A ponte sobre o Rio Naka onde conheceu seu melhor amigo. O parquinho que passou suas tardes planejando seu futuro. Lugares que marcaram sua vida depois da passagem dos seus pais. E foi em um lugar específico que parou sem coragem de entrar.

O sol há muito havia se posto. Durante todo esse tempo, refletiu em sua decisão. Já faz uma semana que ele evitava aquele lugar. Sete dias criando coragem para reencontrar o homem que considerou parte de sua família. Durante esses longos dias, ele evitou esse momento mais do que qualquer outro. Ele se ocupou por horas, apenas para não ter que pensar nisso, porém isso não permitia sair dos seus pensamentos. Para alcançar sua paz, ele precisava dar um fim, ele precisa se despedir do homem que cuidou dele. Ele precisava dizer adeus a Sarutobi Hiruzen.


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Notas finais do capítulo

Enfim, é isso.
Espero ter sanado algumas dúvidas de vocês. Caso tenha mais dúvidas, tentarei explicar nos próximos capítulos hehe
Voltarei o quanto antes para complementar essas novas informações a respeito do Naruto e porque decidi ser assim...
Logo voltarei com mais atualizações^^ bjs



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