A Quinta Sombra do Fogo escrita por Pandora


Capítulo 3
O Conselho


Notas iniciais do capítulo

Estou de volta com mais um cap :)
Espero que gostem!



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Todos aguardavam ansiosamente a chegada do Daimyō. Sendo o chefe de estado com a mais alta patente, somente ele tem a autoridade para dar início a um evento tão importante como aquele que estava prestes a acontecer. Enquanto esperavam, ninguém ousou quebrar a quietude que reinava na sala. Em seus olhos, refletiam aquela ocasião singular. Possuem consciência de que a decisão tomada naquele dia, impacta a vida não somente de Konohagakure e do País do Fogo, mas de todo o mundo shinobi como um todo. Estavam para eleger a próxima sombra do fogo, e entregar para ele, todo o poder de uma das grandes potências ninjas.

O poder de um Hokage é absoluto e ilimitado. Em outras palavras, ele pode realizar e ordenar qualquer coisa que lhe for conveniente. Criar ou abolir leis, deslocar ou banir clas, ordenar assassinatos, iniciar guerras, são algumas de suas vastas liberdades. Entretanto, saiba que suas escolhas também implicam em reações iguais ou opostas. A todo instante, seu parecer e suas atitudes acarretam opiniões. Um líder com má reputação ou de atitudes extremistas tem grandes chances de acarretar sua própria destruição.

Como líder de Konoha, o poder do Hokage é soberano, nem mesmo o Daimyō é permitido intervir em suas decisões na aldeia. A vila é o que podemos chamar de cidade-Estado. Embora pertença a Hi no Kuni, seu território é considerado neutro quanto ao governo do País do Fogo. Possuindo seus próprios acordos comerciais, políticos e sociais. Privilégios que beneficiam a aldeia melhor que muitas regiões da própria nação. Porém, deve-se sempre levar em consideração a relação do país como um todo.

Essa configuração política, cimentou as desavenças entre os membros originais da ordem dos Doze Guardiões Ninja. Metade dos seus associados acrediavam que apenas o Senhor Feudal deveria liderar o País do Fogo. Então eles planejaram um golpe de estado contra o Hokage, para depois conquistarem os outros países. Os ideias diferentes, levaram posteriormente, a uma divisão do grupo e uma guerra interna. O lado em prol dos dois líderes venceu, porém apenas três membros sobreviveram.

A mesa de mármore em estilo oval, compartilhava junto a sala, a mesma característica peculiar. Pilastras vermelhas sustentavam o teto abobadado, cujo centro possui uma abertura iluminando todo o ambiente. Sem janelas, a câmara mantinha-se preparada para reuniões sem que precisassem se preocupar com olhos e ouvidos curiosos. Em uma das extremidades da mesa, uma grande cadeira ricamente esculpida era usada para aqueles que presidem o encontro. Ao seu redor, dez outras cadeiras acompanhavam o conjunto, entretanto sua aparência simples pouco se destacava em comparação.

Com todos os assentos ocupados, de um lado, a delegação do Daimyō, composta de seus conselheiros, esperavam a chegada do seu senhor. Abarrotados de papéis, tentavam parecer firmes, mas em seus olhos demonstravam a angústia e a pressão de participarem de uma cerimônia tão solene. Afinal de contas, quando o Yondaime Hokage foi eleito, sua indicação partiu do próprio Sandaime. Sua fama, atributos e realizações na guerra o tornaram o candidato ideal sem que precisassem de uma reunião formal para sua nomeação. Uma realidade totalmente diferente da qual se encontravam naquele momento.

Do outro lado, os membros mais importantes da cúpula do governo de Konohagakure esperavam pacientes, ou pelo menos, eram o que demonstravam. Da ponta mais extrema da mesa, oposta a cadeira reservada ao Daimyō, Nara Shikaku folheava vários pergaminhos atentamente enquanto lançava olhares regulares aos demais integrantes da reunião. Embora olhasse para os conselheiros 'estrangeiros', sua atenção estava mais focada nos membros de sua própria aldeia, principalmente os três idosos que compunham seu grupo. Shikaku representava as forças regulares ninja, sua posição é a mais alta do escalão normal shinobi na aldeia, mas ainda é oficialmente um jōnin. Como comandante, ele possuía um lugar no alto concelho da vila e importante papel na tomada de decisões referentes às forças shinobis de Konoha.

Sentado ao lado do jōnin comandante, estava o comandante ANBU. Da mesma forma que Shikaku, o comandante representava toda a organização ANBU. Uma especialização independente das forças regulares da aldeia. Por serem uma organização separada, seu representante também possuía uma cadeira no alto concelho. Para os conselheiros do senhor do fogo, o comandante também era uma visão intimidadora. Como se sua caracterização ANBU não fosse assustadora o bastante, sua máscara, pouco ou quase nada deixava transparecer qualquer expressão. 

No outro extremo da mesa, os dois lugares mais próximos ao reservado para o Daimyō, os dois conselheiros e membros do time do falecido Sandaime, esperavam solenes. Homura e Koharu eram o exemplo do profissionalismo que se espera dos membros do governo da aldeia. Não há dúvidas que suas contribuições ajudaram Konoha em muitas situações através das décadas, porém suas opiniões conservadoras e de mão firme, levaram a grandes atritos entre Hiruzen e os demais associados ao alto conselho. Suas feições sérias não deixavam passar nada. Seus únicos movimentos ocasionais, provinham de suas pálpebras e suas suaves respirações, indicando que estavam acordados e presentes na câmara.

O último membro representante de Konoha, estava sentado entre os demais. Um homem de aparência frágil, trajado com uma camisa branca e uma túnica marrom por cima, cobrindo apenas o seu ombro direito. Seu cabelo escuro desgrenhado era parcialmente coberto por ataduras que cruzavam seu rosto cobrindo também seu olho direito. A parte que não se encontrava obstruída, mostrava a fase marcada de um homem que viu muito e que escondia uma obsessão de que tinha muito pelo que lutar ainda. Uma cicatriz cruzada em X marcava seu queixo. A todo instante, seus olhos desprovidos de vida, cruzavam os ocupantes da câmara, em uma análise minuciosa, deixando aqueles que não estavam familiarizados mais nervosos do que já estavam. Encostado à mesa, uma muleta sem adornos repousava.

Cada minuto a mais de espera parecia uma eternidade, aumentando ainda mais o nervosismo presente. Quando o tédio começou a se abater sobre alguns dos membros do conselho, foi quando escutaram as grossas portas da sala se abrirem. Todos se levantaram para receber a única pessoa que faltava para dar início a reunião. Um por um, os delegados de ambos os governos observaram os membros dos Doze Guardiões Ninja tomarem suas posições em volta da sala. Embora fosse desaprovado pelo protocolo, pessoas que não fossem participar da reunião permanecerem na câmara, abriram uma exceção visto que o líder anterior havia falecido nas dependências da aldeia.

O Daimyō do Fogo caminhou em direção ao seu assento vestido com roupas cerimoniais. Consistia em uma camisa branca coberta por um manto listrado em verde e amarelo. Sobre sua cintura, uma túnica cinza descia até o chão. Em sua cabeça repousava seu chapéu em formato de leque gravado com o símbolo do País do Fogo, indicando sua posição e cargo. Ao primeiro ver, o homem demonstrou um certo interesse pelos ocupantes da sala, mas seu rosto logo voltou a manifestar o costumeiro tédio. Ao sentar em sua cadeira, foi entendido como uma ordem silenciosa para os demais, fazerem o mesmo. Apesar disso, eu os aviso, não tenham um pré-julgamento para com as atitudes do Daimyō, saibam que ele não era uma pessoa ruim, apenas que sua ocupação e modo de vida o tornaram uma pessoa um pouco preguiçosa e desligada para alguém de sua posição.

— Então, acho que está na hora de darmos procedimento a esse encontro. Como Daimyō de Hi no Kuni abro este conselho para a escolha e indicação do Godaime Hokage de Konohagakure.

Ninguém quebrou o perpétuo silêncio, entretanto uma leve mesura foi manifestada pelos shinobis de Konoha. Do lado dos conselheiros estrangeiros, se seguiram sons de papéis sendo manuseados e passados de pessoa a pessoa até o alcance do senhor do fogo. Pegando-os, levou alguns minutos lendo até que se voltou para os moradores da aldeia. De suas vestes, um leque manual, semelhante ao seu chapéu foi retirado e começou a se abanar com movimentos calmos e graciosos.

— Como havia mencionado ontem, durante a cerimônia de sua chegada, é uma honra para nós recebermos o senhor em nossa aldeia — iniciou Koharu. — Pedimos perdão por sua vinda repentina. Não esperávamos os recentes acontecimentos.

— Não há com que se desculpar. De fato, não havia como prever que nossos aliados estariam tramando contra nossa casa. Só lamento pelo falecimento de Hiruzen, ele foi um grande amigo — falo o Daimyō infeliz. — Pois bem, aqui estou para escutá-los e ver quais são os candidatos que Konoha julga serem os mais qualificados para ocupar o cargo como o Quinto.

— Separamos os mais seletos shinobis que achamos aptos para ocupar o cargo — respondeu Homura. — Suas escolhas levaram em consideração suas idades, experiências, convicções, personalidades e contribuições em prol da aldeia.

— E quem são?

— Os primeiros da lista são os Sannins afiliados a Konoha. Jiraiya ou como é também conhecido o Gama Sennin (Sábio dos Sapos) e Senju Tsunade também conhecida como princesa lesma de Konoha. Contudo, nós particularmente temos nossos receios quando a Tsunade...

— Ah sim, grande shinobis. Konoha se beneficiaria muito com suas supervisões. Os dois são uns dos meus favoritos. Embora acredito que Jiraiya não gostaria de tomar o chapéu. Ele o negou há quinze anos e não acho que ele o aceitaria agora.

— Isso ainda está para ser discutido, Daimyō-sama. Se ele acabar sendo escolhido, esperamos que ele aceite o cargo pelo bem da vila — falou pela primeira vez Shikaku.

— Terei isso em mente comandante. E quanto a jovem Tsunade? Ela é uma opção interessante. Além de ser muito poderosa, sua rica herança junto aos líderes anteriores, qualificam-na para a posição. Creio também que a população seria muito favorável à sua posse...

— Daimyō-sama, eu me oponho a isso.

Não só o líder, mas todos se voltaram para o orador. O velho sentado no meio da delegação de Konoha.

— Hum? Ah… Danzō… Existe um motivo pra essa objeção?

— De fato, há! Eu não acredito que os dois Sannins estão em condições de assumirem a vila.

Um olhar avaliativo foi tudo que o Daimyō demonstrou. 

— Peço que esclareça para nós.

— É bastante simples. Jiraiya não está na vila há anos, e quando volta, não permanece por mais que alguns dias. Tempo insuficiente para criar laços e compreender as complexas situações que Konoha tem enfrentado nas últimas décadas. Não posso discordar de suas habilidades shinobis, ele é o ninja mais poderoso que temos no momento, mas quando se trata de governar, ele não tem as habilidades necessárias para tratar das políticas internas e externas. Ele nunca foi um exemplo de compromisso e seriedade, basta levarmos em consideração seus livros fantasiosos e imorais.

— Entendo... e quanto a Tsunade?

— Tsunade é poderosa. Sem sombra de dúvidas que está pouco atrás ou a par de Jiraiya em poder, e suas habilidades como ninja médica são incomparáveis. Porém, em seu auto isolamento, se afastou, tempo mais que o suficiente, da aldeia. Sua compreensão de Konoha está há mais de duas décadas atrasada. Sem contar seu temperamento lendário. Ela causaria mais problemas para a aldeia em uma única conversa do que o terceiro fez em toda uma década de mandato. Assim como Jiraiya, não a vejo fazendo um bom Hokage.

Por mais que quisesse negar, os fatos apontados por Danzō não podiam ser ignorados. Os dois Sannins eram mundialmente conhecidos e considerados os shinobis mais poderosos da atualidade de Konoha. Sua fama é reconhecida por todos os ninjas, com avisos prévios de fugirem caso encontrem com algum deles. Os ninjas de sua própria aldeia tinham conhecimento que não poderiam enfrentar nenhum, a menos que quisessem encontrar um meio de sair desse mundo de forma rápida e muito dolorosa. Entretanto, não basta somente uma força imensurável para ganhar o chapéu, ser Hokage vai muito além de saber jutsus poderosos e destrutivos. 

— Entendo seus temores, Danzō. Irei levá-los em consideração quando escolher o candidato ideal — falou o Daimyō, abanando seu leque pensativamente. — Mas algum?

— Também indicamos Hatake Kakashi — falou apressadamente Shikaku.

O jōnin comandante olhou de soslaio para Danzō. Ele tinha total consciência do jogo que o ninja idoso estava implementando. Sua ambição pelo cargo queimava em seus olhos opacos. Shikaku a muito decidiu que se dependesse dele, faria tudo ao seu alcance para impedir que o velho conselheiro ganhasse o chapéu.

— Hm… Ouvi muito sobre ele nos últimos anos, Kakashi o Ninja Copiador ou Kakashi do Sharingan. De fato, sua reputação chegou até meus salões. Aluno do Quarto que por sua vez foi aluno de Jiraiya. Antes disso, aluno do Terceiro. Instruído pelo Primeiro e Segundo. Uma combinação muito interessante...

— Eu me oponho a isso.

Novamente todos se voltaram para o idoso orador. Dessa vez, uma leve expressão indignada transpareceu no rosto do senhor do fogo não acostumado com esse comportamento. A interrupção do Daimyō por Danzō, foi uma falta de respeito gritante. Outras pessoas foram condenadas por muito menos.

— Porque isso agora, Danzō? — Um tom leve de aborrecimento podia ser percebido por trás daquelas palavras. 

— Konoha é uma casca do que já foi, nós como aldeia, falhamos em alcançar o potencial que possuímos e isso é devido a essa crença na vontade do fogo. Foi exatamente essa ideologia, passada entre todos eles, que culminaram para Konoha estar nas condições que encontramos agora. Hatake carrega essas mesmas ideias das quais fizeram de nossa aldeia fraca e suscetível à invasão. Precisamos de um Hokage forte e que não tenha medo de agir sobre nossos inimigos, antes que eles possam agir contra nós.

Expressões surpresas fitavam o homem. Os representantes de Konoha o olhavam com sentimentos mistos. Pouco era a confiança em um homem cujo apelido intitulado era ‘falcão de guerra’. Não era segredo que Danzō tinha uma visão extremista em como lidar com certos assuntos, sejam eles internos ou estrangeiros. Não pouparia meios e ninjas para alcançar suas ambições. Ele mesmo deixava claro que os shinobis não passavam de ferramentas para serem usadas em prol de um bem maior.

— Se você tivesse me deixado terminar, saberia que eu não considero o Sr. Hatake apropriado para o cargo de Godaime.

Danzō não se deixou demonstrar nada, mas por dentro, sua surpresa misturada com satisfação era maior que qualquer repreensão recebida do Daimyō.

Os comandantes jōnin e ANBU ficaram preocupados e estarrecidos que alguém como Kakashi tivesse sido desconsiderado antes mesmo de exporem suas razões. Eles poderiam indicar muitos outros shinobis para o cargo, mas quase nenhum chegava às qualidades necessárias ou perto das quais Kakashi possuía.

— Como eu estava dizendo, não considero o Sr. Hatake apropriado para o cargo. Em relação às suas habilidades não há dúvidas que estão em níveis aceitáveis. Contudo, li em sua ficha, e tenho grandes reservas sobre seu estado mental. Sua infância desagradavel e a morte prematura do seu time, culminaram em agravar essa situação. A menos que ele aprenda a deixar esse ódio e tristeza para trás, não poderei indicá-lo para Hokage.

Um olhar surpreso cruzou a delegação de Konoha. O que chamou a atenção de todos não foi a recusa de Kakashi, porém o que levou a isso.

— Com sua permissão, Daimyō-sama — um acenar de cabeça foi toda a autorização necessária para o jōnin continuar. — Gostaria de saber como o senhor conseguiu a ficha com as informações do Sr. Hatake.

Aquela pergunta elevou os ânimos dos habitantes de Konoha. Esse tipo de informação era restrita aos próprios ninjas, somente o Hokage e o alto conselho tinham permissão para olhar aqueles arquivos e apenas o líder poderia permitir que terceiros os tivessem acesso. Uma possível falha na segurança poderia significar um grande problema para a aldeia. Se alguém conseguisse invadir o prédio dos arquivos, teria acesso a todas as informações dos habitantes, sejam eles shinobis ou civis.

— Isso é simples, jōnin comandante. Sarutobi o enviou para mim.

— O que? — Perguntaram Homura e Koharu ao mesmo tempo.

— Hiruzen em sua vida erudita, sabia que não poderia ocupar o cargo para sempre. Ele era um homem velho e não tinha a mesma disposição de sua juventude. Secretamente, antes do exame de seleção chūnin, começamos a discutir um possível sucessor.

A sala foi pega desprevenida. Ninguém esperava por aquilo. Até os conselheiros do Daimyō ficaram surpresos por seu líder.

— Vocês estavam discutindo sobre um futuro Hokage? — Questionou Danzō. — Sem o consentimento do conselho?

— Sim! — respondeu bruscamente o Daimyō para o velho. — A escolha de um sucessor é decisão somente do Hokage e não necessariamente precisa de outras opiniões. Não era uma reunião formal, claramente um conselho seria convocado e informado da situação caso chegássemos a uma escolha. Mas com tudo o que aconteceu, não tivemos tempo suficiente para tirar essa ideia do papel.

Maldito Sarutobi, sempre a um passo a minha frente e estragando meus planos’ pensou o velho furioso. Por fora sua expressão voltou ao mesmo desinteresse obscuro do início da reunião.

— O que Danzō quis dizer, é que uma decisão dessas requer a opinião do conselho antes de ser levada em consideração — tomou a palavra Homura. — Os candidatos precisam ser acatados cuidadosamente e previamente selecionados...

— Tenho conhecimento dos seus protocolos, conselheiro. Entretanto, a segurança de Hiruzen sobre sua escolha não o deixava com dúvidas. Sua confiança e fé podiam ser sentidas através das palavras em suas várias cartas.

— O que isso significa, Daimyō-sama? Vocês chegaram a algum candidato? — perguntou Shikaku atônito.

— Sim! Chegamos a um candidato interessante, e é por isso que estou aqui hoje — Se os delegados já não estivessem surpresos, pouco teria mudado em suas expressões. — Primeiramente deixe-me explicar porque chegamos a sua escolha. Konoha é uma das aldeias mais influentes economicamente do nosso país, e a mais importante militarmente. Embora eu preferisse alguém com mais experiência de vida como algum dos Sannins assumindo o cargo, me levou a considerar que não desejo um líder instalado a cada década ou mais. O que nos levaria a mais uma reunião como essa devido a sua idade. E sabemos que toda troca de governo cria um momento de fraqueza e instabilidade.

— Daimyō-sama, isso significa que seu candidato é jovem?

— Perfeitamente, comandante ANBU. Mais jovem do que o Quarto quando assumiu seu mandato...

Um alívio tomou conta dos dois comandantes ao descobrirem que as chances de Danzō assumir o cargo agora eram quase nulas. A alegria era tamanha cujos sorrisos não foram possíveis serem evitados de aparecer, embora somente um deles pudesse ser observado. Shikaku em especial, finalmente conseguiu retomar um sentimento de paz que há dias havia sumido com o aproximar da reunião. Porém, o alívio deu lugar a dúvida. As pessoas se entreolharam confusas, havia alguém tão poderoso e jovem na aldeia?

— Estou totalmente em contradição com esses planos — tomou a palavra Danzō. — Konohagakure precisa de uma liderança forte, calculista e ousada. Não podemos permitir que alguém jovem e inexperiente assuma o manto do Quinto. Essa nova geração não passou pelo que passamos, não viram em primeira mão do que esse mundo shinobi é capaz. Precisamos de um líder que não se esconda em políticas baratas. Não tenho fé nesse candidato, mesmo se esse jovem for indicado por Sarutobi. O mundo ninja é simples, mate ou morra. Garanto a vocês que, se tiverem a chance, Kumo, Iwa e Kiri aproveitariam a oportunidade para se livrar de nós. Estou surpreso que não tenham dado início a um ataque até agora, desfrutando dessa bagunça orquestrada por Suna e Orochimaru. Vivemos em um mundo cruel para todos, e como um homem que participou e sobreviveu a incontáveis guerras, garanto que esta é a verdadeira vida de um ninja.

Danzō tomou um momento de preparo, limpando a garganta, antes de olhar com confiança para os delegados do outro lado da mesa.

Danzō é um louco paranóico'. Pensou Shikaku, enquanto cerrava os dentes em aborrecimento com a fala e os pontos de vista do homem.

Porém nem todos pensavam como o comandante jōnin. Por toda a extensão da câmara, os sentimentos em relação ao velho variam de medo, admiração e até mesmo um certo desprezo.

— Prometo fazer de Konoha um nome a ser temido mais uma vez. Não seremos mais ridicularizados e desrespeitados, o tempo para isso acabou, a ascensão da vila está próxima e eu pretendo liderar essa revolução. Com isso em mente, eu me indico para...

— Eu não quero mais ouvir suas palavras por agora Danzō. Essa é a última vez em que serei interrompido por você e não mais tolerarei qualquer falta de respeito comigo — levantou a voz furiosamente o Daimyō, para a surpresa de todos. Para demonstrar seu descontentamento, seu leque sofria com a enorme pressão que o monarca exercia para descontar sua raiva. — A decisão de escolher o candidato ao posto de Quinto Hokage de Konoha depende somente de mim, não preciso da aprovação de ninguém nesta sala. Todos aqui fazem o papel de conselheiros e me auxiliam na escolha, não exijam que eu escolha seus candidatos prediletos, mesmo se forem vocês concorrendo. No final, a decisão não depende de nenhum de vocês, mas sim do conselho jōnin.

Atordoados, ninguém ousou olhar diretamente para o Daimyō. Por muito tempo, o líder de Hi no Kuni agiu de forma despretensiosa em relação ao seu cargo. Em sua vida de luxo e regalias, o monarca pouco demonstrou interesse na maioria de suas responsabilidades. A maior parte dos assuntos do País do Fogo eram realizados por subordinados que administravam seu reino para sustentar sua vida supérflua. Aquele foi um dos poucos momentos em que seu Daimyō assumiu o cargo em que ocupa e demonstrou a força e o poder que somente ele possuía.

Danzō se calou, não ousando afrontar esse patético Daimyō. Para ele, esse homem não passava de um atraso para seu objetivo de adquirir o chapéu. Entretanto, não podia sair desafiando abertamente sua liderança. A fim de se tornar Hokage, precisaria estar nas graças desse idiota. Por um instante desviou o olhar em direção às paredes da sala. Os guardiões ninja apertavam suas espadas intimidantes, olhando para ele em especial. Suas expressões mostravam que bastava uma simples ordem para atacar. Agora suas chances estavam contra ele, mas esse jogo se jogava com paciência, esperaria uma oportunidade oportuna.

— Peço seu perdão, Daimyō-sama — respondeu o velho conselheiro.

— Hum… Quando eu quiser sua opinião eu perguntarei, no momento, permaneça silencioso em seu lugar.

Vejo que ainda não descobriram de quem estou falando — retomou o Daimyō alguns instantes depois, ignorando totalmente o últimos acontecimentos. — O shinobi que eu tenho em mente não está em um posto genin ou chūnin, suas habilidades são de alto jōnin ou já chegaram em nível kage. Hiruzen pouco descreveu sua real força, mas garantiu que somente outra pessoa em toda a aldeia estaria a par dele, exceto ele mesmo.

Um momento de realização cruzou os olhos do jōnin comandante. Ele olhou para seu senhor surpreso recebendo um pequeno sorriso em troca. ‘Seria possível?'

— Daimyō-sama você está se referindo…

— Esse shinobi foi considerado um dos melhores ninjas da ANBU de todos os tempos — acrescentou, abanando seu leque banalmente.

Aquele comentário atraiu a atenção do comandante ANBU. Assim como Shukaku, uma espécie de realização cruzou seus olhos.

— Não pode ser…

Um olhar pensativo foi emitido pelos dois membros do time do Terceiro. Homura e Koharu sabiam de quem seu Daimyō se referia. Eles tinham discutido aquela possibilidade e a negado firmemente, tanto que não levaram sua opção em consideração, deixando-o de fora dos candidatos para apresentar para seu senhor. Entretanto não achavam que seria abordado na reunião e que Hiruzen o faria, mesmo não estando mais entre eles.

Danzō não era estupido, ele também sabia sobre quem era mencionado. Não havia como competir com alguém como ele, não agora que suas chances para ganhar o cargo no momento haviam expirado. Enquanto esperava os novos acontecimentos se desenrolar, sua mente já estava montando planos para o futuro.

— Uzumaki Naruto foi a indicação de Hiruzen como seu sucessor para o cargo de Quinto Hokage de Konohagakure. Depois de uma análise minha, ele também é minha indicação.

— Daimyō-sama não sei se é uma boa ideia — falou Koharu insegura. — O menino é novo e imperito, e levamos em consideração que não está na vila há anos. Até onde sabemos ele se enquadra nos mesmos problemas dos Sannins. Sem falar que desconhecemos a real extensão de suas habilidades. Acho que Danzō seria uma opção melhor para a aldeia neste momento.

— Nós dois sabemos que nos dias de hoje a idade está cada vez menos condizente com poder, conselheira. Como havia mencionado, não quero também alguém mais velho tomando o chapéu. Quanto ao seu temor em relação ao conhecimento atual do shinobi sobre Konoha, Hiruzen e Jiraiya garantiram prepará-lo para o cargo sem seu conhecimento, é claro. O Terceiro também o treinou em situações hipotéticas e avaliou suas ações em tentar solucioná-las. Garantindo-me que ele estava pronto.

— Isso é absolutamente correto, Daimyō-sama — acrescentou Homura. — Porém, tome Kirigakure por exemplo, elegeram o jovem Karatachi Yagura como seu Quarto Mizukage e acabaram vivenciando um dos piores eventos de sua história. O mundo inteiro os conhece agora como a vila da "Névoa Sangrenta", devido à sua regência cruel e opressiva. Estaríamos fazendo o mesmo em Konoha?

— Não vejo o mesmo acontecendo com esta aldeia.

— Esqueceu de mencionar a guerra civil que eclodiu no País da Água — apoiou Koharu.

— Milhares de refugiados desembarcaram nos litorais do nosso país e dos países vizinhos — decidiu acrescentar um conselheiro do Daimyō. — Pelos relatos obtidos, atrocidades irreparáveis foram cometidas por lá.

— O garoto não é alguém sem juízo. Sua descendência garante sua lealdade mais que qualquer outra — respondeu o Daimyō amargo.

— Você sabe...?

— Se eu sei que ele é filho do Quarto Hokage, sim.

Aquele comentário chamou a atenção de todos na sala que desconheciam aquela informação. O que incluía somente os delegados estrangeiros e os Guardiões Ninja.

Depois da trágica morte do Yondaime, seu filho foi escondido de todos e viveu uma vida sigilosa até que estivesse em condições de se proteger. Somente Hiruzen e Jiraiya sabiam de seu verdadeiro paradeiro.

— Isso e o fato de Jiraiya ser seu padrinho é garantia mais que o suficiente para eu saber que ele fará um trabalho fantástico.

— Mas sua história se assemelha ao de Kakashi. Seu time se desfez e sua família está morta...

— Está decidido! — cortou o senhor. — Ele tem a herança. Ele tem o poder. Com a autoridade concedida a mim como o Daimyō do País do Fogo, escolho Uzumaki Naruto como Godaime Hokage de Konohagakure.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, é isso por hoje...
Prometo trazer mais ação nos próximos capítulos. Sei que está meio parado, mas devo lembrar que eles acabaram de sair de uma tentativa de invasão. Tenho que preparar terreno para os futuros acontecimentos.
Para aqueles que amam o Danzō, espero que sintam o desprezo que tenho por ele kkkk Um dos melhores/piores antagonistas do anime.
Logo voltarei com mais atualizações^^ bjs



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